“Quando penso em alguém, só penso em você.”

(Renato Russo)

Acordei e devagar fui abrindo meus olhos. Eu me encontrava em uma sala pequena, as paredes eram cinza e estavam todas sujas com marcas e sangue seco. A porta era velha e branca, assim como as paredes, estava suja. Havia uma lâmpada que iluminava a sala. Sentei e notei que haviam mudado minha roupa, agora eu estava vestindo uma blusa branca larga e velha, junto com um short também branco. Meus pulsos estavam presos por uma corrente no chão, assim como meus tornozelos. Eu também sentia uma dor enorme na minha cabeça e no meu corpo, especialmente no meu braço. Olhei para ele e vi duas marcas, provavelmente feitas pela seringa que injetaram em mim, agora estavam bem vermelhas e um pouco roxas.

Respirei bem fundo, o que não ajudou muito, pelo fato de tudo estar fedendo a mofo e sangue.

Fique calma, não é a primeira vez que você fica presa. Analise e pense bem no que fazer.

O único detalhe de diferente nessa situação era o fato do remédio que eles haviam criado que anulava os efeitos do soro de super. Espiã que eu tinha em minha corrente sanguínea. E isso era uma coisa muito ruim.

Eu tinha habilidades, que mesmo sem o soro funcionavam, mas não tão bem e precisas quanto com o soro. Era com ele que eu havia sido criada, quando injetaram aquilo em mim, eu me transformei na Viúva Negra, assassina, espiã...

Era difícil ser otimista em uma situação como essa. Eles inventaram essa “vacina” testando em outras pessoas, outros aprimorados, eles já sabiam como controlar pessoas assim. Seria muito complicado simplesmente enganá-los e sair dali pela porta da frente.

Com certeza a SHIELD já estaria me procurando, mas se Kyle ainda estiver lá, pode estar os enganando, fazendo com que eles sigam pistas falsas para nunca me achar, e até por em risco suas próprias vidas.

Eu tinha que fazer alguma coisa, não poderia por em risco a vida de nenhum deles por minha causa.

Nesse momento com que estou mais preocupada é Tony... Ele não merecia correr esse risco, ele era importante demais. Eu não sei o que faria se ele pudesse se machucar por minha causa.

Olho para todos os lados por longos minutos, estudando bem toda a sala e seus detalhes, olho para meu corpo procurando sinal de algo, vejo minhas correntes e até puxo meus braços para ter certeza que elas estavam bem presas.

Depois de um tempo analisando tudo, bufo frustrada, nada que realmente importasse ou ajudasse existia naquela sala.

Escuto o barulho da porta e paraliso, respiro fundo e a porta se abre, revelando três homens. Um que parecia ser um médico, o outro era o homem de cabelos pretos que estava no baile, ele tinha em seu nariz uma faixa, e o outro era Kyle.

– Vejo que a Bela Adormecida acordou finalmente. – Kyle fala enquanto o médico mexe em seu bolso procurando algo.

O homem de cabelos negros se aproxima de mim, ficando a centímetros do meu rosto.

– Vendo você aqui, toda perdida e indefesa, até me dá vontade de te perdoar pelo que fez em meu rosto. – O homem passa a mão pelo meu rosto sorrindo.

Cuspo em seu rosto, fazendo ele se afastar.

– Sua vadia... – Ele soca meu rosto com força e depois chuta minha barriga, me fazendo arquear as costas e abaixar a cabeça. – Aprenda a respeitar seus superiores, ou vai acabar morta, ou até pior.

Depois de dizer isso o homem me dá um ultimo tapa na cara. Ele deveria estar usando um anel, pois algo arranha meu lábio, que já começa a sangrar.

– Vai com calma, Dake, vai ter tempo para se divertir. – Kyle sorri cínico para mim.

Meu estômago embrulha de nojo, não posso acreditar que o considerava legal. Odiava que as pessoas me fizessem de submissa e eu não pudesse fazer nada.

– Você é um idiota cínico e quando eu sair daqui, eu posso garantir que vou adorar ser a ultima pessoa que você irá ver na vida. – Encaro com fúria Kyle que continua com seu pequeno sorriso.

– Pode injetar, vejo que a pequena Viúva está meio alvoroçada.

O homem que parece médico se aproxima de mim, analisa a seringa em sua mão. Calculo o que fazer e espero que ele se aproxime de mim, quando está perto o suficiente, em um movimento rápido pego a seringa de sua mão e enfio com toda a força perto do seu coração.

O homem grita de dor e cai para trás, o sangue começa a escorrer e um sorriso de vitória transparece em meu rosto. Vejo Kyle se aproximar, ele pega o meu pescoço com força e sobe meu corpo até perto do seu rosto, meus pés são tirados do chão.

Kyle aperta mais o meu pescoço, sinto todo o ar sair do meu pulmão, tenho certeza de que se ele quisesse, poderia quebrar meu pescoço com apenas uma mão.

Vejo o homem de cabelo preto tirar o médico da sala.

– Eu acho melhor você ficar bem quietinha e se comportar, você pode não se importar com o que vai acontecer com você aqui, mas se não quer que outras pessoas paguem o preço pela sua ousadia, no seu lugar eu não mexeria um dedo. – Kyle olha fundo em meus olhos.

Começo a ficar vermelha e sem ar, minha visão começa a escurecer e meus pulmões gritam de dor. Kyle aperta mais forte para então me jogar no chão. Bato novamente a minha cabeça. Respiro fundo várias vezes, deixando o ar invadir meu corpo.

Sinto uma agulha perfurar minha nuca, o que é extremamente desconfortável, já que a agulha é grosa. Fecho com força meus olhos, quando o ouço a porta se fechando abro eles de novo.

Olho para a porta e passo a mão pelo meu pescoço. Kyle com certeza havia mudado seu DNA, a força dele era sobre humana.

Mas não era com isso que eu estava realmente preocupada, eu tinha que me controlar, não poderia cometer mais algum erro como esse, não poderia por a vida de Tony em risco.

Sinto meu corpo ficar mole novamente. Logo eu ficaria inconsciente, o que era bom já que a dor em meu pescoço, pulmões e cabeça era insuportável.

Deito no chão e minhas pálpebras começam a pesar, logo adormeço.