O Livro dos Cavaleiros Parte I escrita por MagicPencil


Capítulo 4
III Randy: Encontrando o recruta novo e dormindo em um livro




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Por um momento, ficaram pasmos. Pararam o que estavam fazendo e começaram a falar, todos ao mesmo tempo, confusos:

–Quem é?

–Por que a pessoa fez o pedido só agora?

–Aceitaram recrutar esse alguém?

Sam não gostava que a interrompessem, e logo gritou:

–Fiquem quietos! Me deixem falar!

Depois de ela ter mostrado seu lado de fera, os recrutas a obedeceram. Ela suspirou, agora o lado “humano” tomando conta dela:

–Não sei quem fez o pedido. O documento só diz que vem da Floresta das mil Coisas e tem alguém interessado em ser recruta, além da assinatura do chefe do clã que vive lá.

Teve uns segundos e silêncio, todos olhando para Sam como se esperassem mais uma informação.

–E sim, aceitamos o pedido. –Concluiu ela- Por isso iremos buscar a pessoa essa noite.

...

Os garotos já arrumavam as mochilas para o “passeio educacional” de Sam, a forma que ela chamou a viajem até a Floresta das mil Coisas para buscar o recruta novo. Estavam apressados e ansiosos, curiosos para ver que recruta novo seria este.

Erroria esperava do lado de fora. Sua mochila vermelha se assemelhava a uma cela.

–Andem meninos! –Apressava, batendo as asas pela ansiedade- Estou tão curiosa quanto vocês, então agilizem!

–Estamos indo! –Avisou Dipper, tentando enfiar seu livro antigo dentro da mochila com muito esforço- Caramba! Esse livro não entra aqui nem com reza!

–Por que você tem sempre que levar um livro? –Perguntou Finn, colocando um pacotinho de guloseimas na bolsa verde, entre outros objetos que com certeza não ia usar- Quer dizer, a floresta é escura, como pretende ler lá?

–A questão não é ler. –Respondeu Dipper- Lembra que eu fiz um feitiço na hora que Sam nos desafiou? Tirei ele deste livro. Além disso, nele tem muitas coisas importantes para se saber.

Depois disso, ele foi desistindo de pôr o livro na mochila.

–Quer saber? Vou levar na mão mesmo. –Disse- Estou indo.

Um a um, foram se retirando. Só tinha ficado o trio. Danny e Jake esperavam Randy, que já terminava de organizar suas coisas.

–Afinal Randy, se você é um ninja, por que precisa de um livro? –Perguntou Danny.

O livro de que Danny falava era um livro de capa preta num formato quadricular, e não retangular como a maioria dos livros, cujos detalhes eram em vermelho brilhante, lembrando o traje ninja de Randy. Na frente, um símbolo em verde que lembrava a máscara que ele usava. Randy o chamava de Ninja-Nomicon.

–Eu sei que parece besteira de início, mas o Nomicon ensina coisa pra caramba. –Respondeu Randy- Mais que as armas, mais que a máscara.

–Você tinha tempo para ler ele? –Dessa vez a pergunta foi de Jake.

–Digamos que eu não leio... –Explicou- A forma dele de ensinar é ...diferente. –Por fim, colocou o Nomicon na mochila- Vamos!

...

A Floresta das mil Coisas era um lugar fascinante e misterioso, além de ser perigoso. Definitivamente não era um lugar próprio para um passeio. Sam havia dito que recebia aquele nome havia lá vários tipos de plantas, animais e criaturas fantásticas singulares e desconhecidos viviam lá.

Começava a ficar escuro, pois anoitecia. Erroria e Dipper usavam magia para iluminar o caminho dos seus companheiros, mas Sam ainda ia de dianteira. Quando perguntaram como ela enxergava o que estava à sua frente, ela simplesmente respondeu:

–Meus olhos são de gato. –O que indicava que ela não poderia ser apenas uma mistura de robô com ser humano.

Na floresta as espécies eram diferentes de tudo o que os recrutas já haviam visto. Os animais eram selvagens e ariscos, alguns bem grandes e outros minúsculos. As plantas eram chamativas, algumas com um ótimo perfume. Já as criaturas fantásticas, as que realmente eram literalmente lendas, não apareciam para eles de corpo inteiro, e sim como vultos, tocavam-nos levemente, faziam barulhos... semelhantes aos fenômenos que presenciamos e logo relacionamos à essas criaturas.

Estava muito escuro, e, logo, viram uma luz alaranjada no final da trilha. Isso já indicava que eles estavam próximos da tribo. Quando o brilho já aumentava, eles tiveram uma visão melhor do seu destino.

Na entrada, de guarda, estavam dois soldados daquela tribo armados com lanças. Eles só eram vestidos da cintura para baixo com tangas de peles de animais. Da cintura para cima possuíam pinturas nos braços, barriga e rosto. Eles tinham pele morena e cabelos castanhos cacheados envoltos em penas, com olhos estreitos, escuros e cheios de desdém.

Quando olharam para Sam e cruzaram as armas para que não passasse, ela indicou o distintivo com o dedo. Assim, descruzaram as lanças e deixaram-na passar. Porém, cruzaram-nas novamente quando viram os recrutas. Eles repetiram o gesto da professora, e receberam o mesmo direito que ela de entrar.

O lugar era muito bonito e receptivo. As tendas eram coloridas e sustentadas por troncos de madeira, com tochas em fogo para iluminar o local. Ao redor da fogueira, crianças e jovens dançavam e brincavam. As roupas dos nativos eram feitas de peles de animais, haviam pinturas coloridas em suas peles e penas em seus cabelos cacheados e castanhos. Todos apresentavam os mesmos olhos escuros, pele morena e porte alto e forte; mas claro, olhavam para eles com muita curiosidade.

Será que o recruta novo vai ser como aqueles guerreiros? Perguntou-se Randy, observando que os homens da tribo eram bem fortes. Quando se perguntou isso, apareceu em sua frente um idoso, com mais penas e pinturas que todos os outros. Ao seu lado, uma moça que vestia roupas “comuns”, como camiseta e calças, mas ainda preservava uma linda pena azul presa em seus cabelos.

O idoso, que usava um cajado para apoio, levantou-o como uma saudação. Ao mesmo tempo, os cumprimentava em uma língua desconhecida. A moça repetiu o que ele disse, mas desta vez na língua conhecida por Sam e pelos outros:

–Salve Kansa, guerreira do país de céu! Bem-vindos a tribo de Bestaan! Sou o chefe do nosso povo, Baas, e esta é a minha ajudante, Shasta.

–Salve Kansa, senhor Baas! –Cumprimentou Sam- Obrigada pela consideração, chefe. Viemos pelo pedido de recrutamento.

Shasta traduziu a frase para ele. Os meninos acharam curioso não só as roupas modernas que usava, mas o fato de cortar os cabelos, e não os deixar crescer como o resto das mulheres.

Baas falou outra coisa e virou-se.

–Sobre isso, peço que me sigam até o forte do chefe. –Traduziu Shasta.

Seguindo-os, chegaram ao forte de Baas (na verdade uma tenda), que por sinal era maior que a dos outros. Ela era cheia de presentes e riquezas, como comida, vasos, máscaras e flores. Ele sentou-se no chão, mais ou menos no centro do lugar, cruzando as pernas. Shasta fez o mesmo, ficando ao seu lado. Os recrutas e Sam também repetiram a ação.

Baas começou e deixou o cajado de lado. A cada frase, Shasta traduzia rapidamente:

–Na época do plantio, recebemos uma ameaça da rainha sombria. Já estávamos sendo observados por ela durante um tempo, mas, enfim, ela descobriu que apoiávamos à dama da luz. Deu um aviso de que iria tomar tudo e levar-nos no dia de Kansa. Antes disso, decidimos enviar um de nós para ser um de seus soldados, pois soubemos que vários seus desistiram. Aqui está ele.

Esperaram por um momento. Nada. Esperaram mais um pouco. O que estariam esperando? Que aparecesse um nativo totalmente forte e pronto para batalha? Randy comentou:

–Onde está o recruta novo?

Shasta traduziu, e Baas riu. Depois, ele disse algo, e Shasta traduziu, desta vez sorrindo:

–Está do meu lado, jovem com cabelos de ametista.

Obviamente ela estava falando sobre si mesma. Ou seja, era totalmente diferente do guerreiro forte e bravo que esperavam. Olhando para ela, Baas comentou sobre a situação.

–Não devem se preocupar. –Começou ela- Shasta é boa com os punhos e pés, além de saber muito sobre o mundo de fora. Por isso que viajou por quatro ciclos para lá e voltou para contar a história!

Sam analisou Shasta por um momento. De fato, ela não era fraca, e parecia ter potencial. Por fim, concluiu:

–Está bem, considere-se uma recruta, Shasta.

Shasta ficou muito feliz, e agradeceu Baas em sua língua, abraçando-o. Ele retribuiu, orgulhoso pela forte garota. Assim que todos saíram da tenda, viram que os nativos já os esperavam do lado de fora. Shasta ergueu os braços, em gesto de triunfo, e foi ovacionada por todos. As crianças queriam abraça-la, as moças lhe ofereciam flores exóticas da floresta e os rapazes aplaudiam e erguiam as armas, em sinal de respeito.

Uma mulher um pouco mais velha, no final do mar de povo, segurava uma mochila. Ao chegar nela Shasta pegou a mochila e deu um forte abraço na mulher. Como eram muito parecidas, dava para crer que eram mãe e filha.

E essa foi a despedida que Shasta recebeu da tribo de Bestaan.

...

No caminho de volta, Shasta revelou que era um tanto séria no meio de estranhos. Na verdade, ela tinha uma longa história e era uma espécie de grande viajante de Bestaan, sempre contando histórias sobre suas viagens. Porém, desta vez, a pessoa mais curiosa era ela, diante de pessoas tão diferentes como aquelas que via, especialmente Erroria, que nem chegava a ser uma pessoa, na verdade.

Mesmo com sua simpatia, Shasta não puxava papo com ninguém, somente se o fizessem com ela. Definitivamente, alguém quieta perto dos outros recrutas.

Depois de andarem um pouco, Sam perguntou:

–Alguém tem horas?

Kai consultou seu relógio de pulso, respondendo:

–Sete e vinte e oito.

Ela parou e murmurou algo. Randy perguntou:

–O que aconteceu, prô?

–Os guardas vão dormir às sete, e colocam robôs no lugar para cuidar da H.E.R.M. –Respondeu ela.

–E o que tem esses robôs? –Dessa vez quem perguntou foi Finn.

–O que tem é que eles são programados para atirar em tudo o que move.

–Então vamos ter que dormir aqui, na floresta? –Disse Danny, visivelmente preocupado.

Demorando um pouco para responder, ela finalmente concluiu:

–É... Sim.

Obviamente, eles ficaram frustrados com isso. Para acalmar as coisas, completou:

–Bem...vocês trouxeram seus sacos de dormir, certo?

Infelizmente...é, eles esqueceram. Até Danny e Dipper, que foram um pé no saco do grupo na hora de arrumarem as malas. Iam dormir no chão, então.

–Esperem, gente! –Surgiu Randy, com a ideia salvadora- Tenho uma solução para isso! –E tirou o Ninja Nomicon da mochila, mostrando-o para eles.

–Deixa eu ver se eu entendi... –Disse Finn- Você vai resolver nosso problema com um livro?

–Daí, que esse não é um simples livro. É o Ninja Nomicon, o livro do ninja, que tem um jeito diferente de ensinar...

–Disso sabemos. –Interrompeu Jake- Mas de que jeito ele vai nos ajudar?

–Eu ia falar disso, até que você me interrompeu. Como vocês são uns impacientes, só peço para olhar para ele atentamente...

Eles se posicionaram atrás de Randy, de uma forma que poderiam “ler” junto com ele. Abriu em uma página qualquer do livro, ela emitia um grande brilho. Assim que olharam para ela, desmaiaram.

Suas consciências haviam sido transportadas para dentro do Nomicon, deixando os corpos do lado de fora, como se tivessem desmaiado.

O problema era que Randy não sabia disso. Para ele, os corpos tinham ido junto para dentro daquelas páginas. Você acha que isso não é um problema, certo? Bem, pois está muito enganado.

...

Por dentro, o Nomicon parecia um daqueles desenhos japoneses na época feudal, de forma que parecia que você estava dentro de um. Porém, parecia que alguns traços não pertenciam aquele lugar, pois eram brilhantes e chamativos, como se tivessem sido riscados por um marca-texto.

–Legal aqui. –Elogiou Kai. –Lembra os tempos que eu era ninja do fogo...onde vamos dormir, Randy?

–Vou ver. –Respondeu ele- Ei, Nomicon! Pode arrumar um lugar para a gente dormir?

Em vez de alguém responder, emergiu do solo do livro uma casa, daquelas japonesas tradicionais. Como se alguém estivesse escrevendo em marca texto, setas apareceram para indicar que poderiam entrar.

–Acho que ele está de bom humor hoje. –Comentou- Vamos entrar!

Dentro da casa, haviam exatamente nove colchonetes para eles dormirem, com travesseiros e cobertores à vontade. Como estavam bem cansados, não enrolaram para se deitarem.

–Obrigada pela ajuda, Randy. –Agradeceu Sam, pela primeira vez chamado alguém pelo nome. Ele sorriu para dizer “de nada”- Boa noite, alunos. –Também era a primeira vez que os chamava assim.

–Boa noite. –Disseram eles, mas ela já havia pegado no sono. Como ciborgue, o modo “dormir” deveria ser automático, como apertar um botão.

E assim, eles também dormiram.


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Notas finais do capítulo

(Só veja essa nota depois de ler o capítulo!) Pelo capítulo anterior e pelo título deste, era óbvio que viria um recruta novo. Sim, estava planejado que Shasta se tornaria recruta depois dos outros. E sim, ela é um personagem fixo, vai ficar até o final da trilogia.



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