O Livro dos Cavaleiros Parte I escrita por MagicPencil


Capítulo 3
II Jake: O primeiro dia de treinamento e revelações




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Aquilo foi totalmente inesperado para Jake. Como um reflexo, pulou na hora, quase arriscando a cair no grande buraco que havia sido feito. Olhou para os lados, checando se todos estavam bem.

Danny estava do seu lado, enquanto Randy, que havia praticamente se pendurado na “boca” da cratera, escalava com sucesso. Finn e Kai não foram tão rápidos, caindo em cima dos destroços, e felizmente tiveram apenas alguns ferimentos leves. Erroria pousava, batendo suas asas lentamente, e pousava Dipper no chão usando a magia de seu chifre.

Quando se recuperou do choque, Jake levantou-se e perguntou:

–Está tudo bem com vocês?

Danny fez um sinal de positivo com a mão, e Randy assentiu com um aceno de cabeça. Erroria também estava em bom estado, e olhava para Dipper como se “salvar alguém de se extrapolar no chão” fosse a conquista de sua vida, apesar de poder ser considerado um ato heroico. Dipper estava meio envergonhado, principalmente por ter sido salvo por um “cavalinho colorido”, mas pelo menos havia conquistado uma possível amiga.

Todos foram até a borda do buraco para ver o estado de Kai e Finn. Eles responderam, com leve sarcasmo:

–Tudo legal. –Respondeu Finn, enquanto se levantava- Só mais alguns aranhões para adicionar a coleção.

–Estou bem, acho. –Kai disse erguendo a cabeça- Quem sabe eu tenha ganho mais uma cicatriz...

Outros soldados, inclusive os recrutas próximos, foram socorrê-los. Mesmo os que pareciam mais ariscos ofereceram alguns cuidados. Os inspetores, de broche verde escuro, os encaminharam para a enfermaria.

...

Após irem à enfermaria, terem colocado alguns curativos e feito o resto do tour, foram aos dormitórios e assim desfazerem suas malas. Nessa hora, já estava de noite, e haviam jantado no refeitório, mas desta vez em um lugar bem longe do anterior.

Por coincidência, haviam reservado camas próximas para eles. Jake dividia a beliche com Dipper, Danny com Randy e Kai com Finn; enquanto Erroria tinha ficado na ala das meninas, na construção ao lado.

–Sobre o “acidente” hoje, -Começou Dipper, enquanto tirava alguns livros da mochila- o que vocês acham que aconteceu?

–Obra dessa tal de Chaos, com certeza. –Opinou Finn, pegando algumas coisas da mochila verde e colocando no criado mudo ao lado do beliche- Quem mais iria querer destruir a H.E.R.M.?

–Uma gangue ou corporação rival, talvez. –Sugeriu Kai- Já ouvi falar que algumas organizações, mesmo com objetivos parecidos, procuram acabar com outras. Talvez para ficar com o crédito ou conseguir mais seguidores.

–Ou talvez... –Falou Jake enquanto pegava algumas camisetas na mala- Tenha um traidor entre nós. Um espião que finge ser soldado, ou até mesmo recruta, para pegar informações essenciais.

–Você acha que tenha um espião aqui? –Perguntou Randy- Mesmo com toda a segurança...

–Não pode ter só um –Danny afirmou- Pode ter vários. Talvez a metade dos soldados daqui sejam espiões ou traidores.

–Pode ser isso. –Concordou Dipper- Mas tem várias possibilidades, se formos analisar. Poderia ser sido um espião mesmo, um agente da Chaos que invadiu sem ninguém perceber, ou, como Kai disse, uma gangue inimiga, quem sabe? Precisamos esperar para ver se descobrem quem foi.

Nessa mesma hora, Ethan chegou. Estava um pouco mais amarelado do que o normal. Anunciando que daria um recado importante, aos poucos os recrutas ficaram em silêncio, e ele anunciou:

–Pessoal, nós descobrimos que a explosão que deu tanta polêmica hoje deu-se por causa de uma bomba de um de nossos inimigos. –Era possível perceber que sua maneira de puxar o “s” também estava mais forte- Não sabemos ainda se pertence à Chaos ou à gangue da Robótica. Porém, prometemos que a todos que, assim que descobrirmos algo, vamos informa-los, ok?

Escutou-se murmúrios pelo recinto. Os jovens pareciam excitados e nervosos. Mas os sussurros foram interrompidos por Ethan:

–Mais uma notícia, gente, e dessa vez é bem sério. Preciso falar que este ataque será apenas o começo. Essa bomba, talvez, talvez tenha sido apenas uma ameaça. Podem vir muito mais. Porém, não precisam ficar medrosos. Os soldados estão aqui para protege-los dos inimigos. Só isso gente, até mais.

O recado não surtiu efeito. Agora os recrutas estavam mais excitados ainda. Alguns já pensavam em sair, outros tentaram manter a calma entre seus amigos, sem sucesso.

–Afinal, ele queria acalmar ou deixar todo mundo em pânico? –Perguntou Finn.

–Acho que os dois. –Respondeu Kai- Não fui com a cara dele desde o começo.

–E quando ele falou “só isso, até mais” deu mais raiva ainda. –Citou Randy.

–O que importa mesmo é que ainda estamos sob ameaça. –Disse Danny- Precisamos nos preparar para o que está vindo.

–Uma coisa que ele falou e é realmente uma afirmação –Começou Jake- Foi que a batalha está realmente começando. E estamos no meio dela.

...

No dia seguinte acordaram cedo novamente, umas seis da manhã, prontos para o treinamento. O dormitório estava calmo e meio vazio... por um momento, pensaram que tinham acordado meio tarde e todos tinham ido ao treinamento antes deles. Especialmente Erroria, que era a única no seu dormitório. Pensaram errado. Só havia sete pessoas recrutas dentro da H.E.R.M., e esses recrutas eram eles mesmos.

Iniciando seu primeiro dia de treinamento, foram até a sala de aula. Provavelmente recebia esse nome porque simplesmente recebiam o treinamento lá. Na verdade, a “sala de aula” era algo como uma quadra coberta.

Quando chegaram lá, viram alguém que provavelmente deveria ser sua professora. A criatura (que não conseguiram decifrar se era garoto ou garota) tinha mais ou menos um metro e meio e era um ciborgue, pois possuía um par de grandes braços mecânicos, dando um contraste forte à sua silhueta magricela de menininha. Possuía cabelos longos de menina loiros com pontas rosas e olhos vermelhos e esbugalhados, e também dentes pontiagudos. Não usava uniforme, apenas um distintivo verde claro com a inscrição “Membro Honorário”. Ela parecia ser alguém irritadiça (se é que era mesmo menina) mas que poderia ter seu lado legal.

Ela estava sentada na arquibancada, entediada, escrevendo em uma agenda cor-de-rosa. Não havia percebido a presença dos recrutas quando chegaram e se aproximaram dela. Foi Jake que conseguiu cumprimenta-la primeiro:

–É... Com licença?

A ciborgue olhou para cima e se levantou. Seus braços eram tão grandes que ela não podia deixá-los relaxar para que não se arrastassem pelo chão.

–Pois não? –Disse, cruzando os braços. Sua voz era grave e rouca, meio desengonçada- Imagino que sejam os recrutas que sobraram. Vieram se despedir, assim como todo mundo?

Os sete se entreolharam, ninguém lá iria se despedir. Por que ela estaria pensando daquela maneira?

–Por que diz isso... professora? –Perguntou Erroria, sem saber por qual nome chama-la.

–Prefiro que me chamem de Sam. –Corrigiu ela- E, respondendo sua pergunta, cavalinho: todos os recrutas –Dava ênfase especial a cada palavra- ficaram com medo do ataque de ontem e resolveram ir embora.

Os outros soltaram uma exclamação muda. Como eles poderiam fazer algo assim? Depois de tudo o que Solaria havia falado e das coisas em jogo, era de se esperar que ao menos quisessem defender a H.E.R.M.

–Então... –Interrompeu o ar espantado- tchau! Voltem para suas famílias, seus lares, seus amigos e deixa a gente aqui, tentando a sorte!

E sentou novamente na arquibancada, voltando a escrever em sua agenda. Sem reação, ficaram parados, olhando para Sam. Depois de alguns segundos, olhou para eles, perguntando:

–Por que não foram embora?

–Porque não queremos. –Respondeu Randy por todos. Aquilo não teria sido algo muito educado de se falar, especialmente para alguém como ela.

Sam olhou para eles, duvidosa. Riscou o que havia escrito na agenda, não precisando mais dar qualquer recado. Levantou-se, deu uma risada e apenas falou com um sorriso, mostrando todos seus dentes pontiagudos:

–Espero que não tenham se arrependido de sua escolha. Posso garantir que é pior do que as aulas de educação física das escolas.

Dipper e o trio tiveram calafrios. Simplesmente detestavam educação física, tinha algo pior e que trazia tanto sofrimento?

–Então pessoal, -Sam posicionou-se mais ou menos no centro da quadra- vamos começar por uma coisa simples: finjam que eu sou uma inimiga. O que vocês fariam para me derrotar?

A maioria sentiu um calafrio. Para isso, teriam que revelar vários segredos. Mas ela completou:

–Mesmo que tenham algum segredo em jogo. O que é mais importante? Um segredo ou a vida de indefesos?

Agora aquilo parecia mesmo o exército. Sam parecia um general de aparência e voz distorcidas, mas a forma de falar e pensar eram as mesmas. Apesar de tudo... como ela sabia que possuíam segredos?

–Nessa hora, quase todos que vem aqui tem algo a esconder. Mas estou esperando. Onde estão aqueles jovens magníficos que Solaria disse que tinham poderes maravilhosos?

Eles têm para falar a verdade. Jake agora estava com medo... prometera que jamais mostraria seu talento, que era passado de geração para geração em sua família, para ninguém de real confiança. Randy e Danny eram, no mínimo, colegas próximos ou até amigos, e nada a mais que isso. Mas agora que Sam sabia que tinham segredos, não tinha mais o que arriscar certo?

Fechou os olhos e não pensou em mais em ninguém, somente em si mesmo. Agora ele não era mais um garoto. Havia se transformado em um dragão de dois metros de altura vermelho, com olhos amarelos e escamas da mesma cor na região da barriga (que a deixavam parecida à uma couraça), uma cauda, asas e dentes pontiagudos. A única coisa que lembrava o Jake humano eram as escamas acima de sua cabeça que se assemelhavam com seu cabelo.

Assim que abriu os olhos, esperava ver os seus colegas olhando para ele, assustados ou até mesmo fascinados com a aparência exótica do colega. Acertou na parte que olhavam para ele. Não só para ele como para todo o mundo. Percebeu que não era o único que possuía segredos afinal.

Danny estava completamente diferente. Sua pele adquiria um tom bronzeado, seus cabelos estavam num tom prateado de grisalho e os olhos ficavam em um verde intenso. Suas roupas também haviam mudado. Usava um traje, parecido com um macacão, preto com um “d” prateado ilustrado nele. Não apenas isso, mas luvas, botas e um cinto prateados. Ele criava em suas mãos uma esfera brilhante, verde como seus atuais olhos.

Randy estava quase irreconhecível. Usava um traje ninja preto com uma faixa vermelha na cintura, onde a única parte descoberta era os olhos. O único detalhe estranho, na opinião de Jake, era um longo cachecol vermelho, que não sabia para o que poderia servir. Em suas mãos, uma espada daquelas que vemos quando assistimos um filme de samurais.

Não se esquecendo dos outros quatro, que não chamavam tanta a atenção quanto os citados acima. Dipper, que havia pego um livro de aparência antiga da sua mala sem ninguém perceber, murmurava algumas palavras estranhas escritas nele e criava pequenos raios com suas mãos. Erroria batia suas asas em pleno ar, enquanto emitia um brilho avermelhado de seu chifre mágico. Finn manuseava uma espada com absurda facilidade (como Dipper, havia pego-a de suas malas). Por fim, Kai criava uma bola de fogo com suas mãos, aparentemente um processo indolor e isento de queimaduras.

Sam deu um assobio e confirmou:

–Solaria não estava tão errada sobre vocês afinal.

...

Aquele tinha sido um dia difícil, que tinha exigido muito esforço deles, com certeza. Sam afirmou que só tinha deixado o treinamento mais difícil naquele dia para ver como eles se sairiam diante de um desafio. Mas não foi porque havia sido difícil que não foi legal. Na verdade, foi quando descobriram mais sobre si mesmos, e contaram seus principais segredos, não é à toa que continuam sendo unidos desde então.

No entardecer, estavam na horta de plantas medicinais, perto da enfermaria. Plantavam algumas mudas de plantas e cuidavam das já presentes, regando e adubando-as. Aquilo, tecnicamente, era um treinamento, pois era uma atividade realizada pelos enfermeiros da H.E.R.M.

Alguns, como Erroria e Dipper, se divertiam ao plantar e descobrir as funcionalidades das plantas. Outros, como Kai, estavam detestando a experiência com terra e queriam queimar tudo até sobrar as cinzas.

–Mais uma flor de camomila, –Começou Erroria, que estava cavando um buraco com a magia do chifre, para não sujar ainda mais os cascos- para acalmar os pacientes. –Concluiu, espalhando a terra para fixar a planta.

–Assim fica fácil! –Reclamou Kai, cavando buracos tortos e sujando as mãos- Se Cole estivesse aqui...

–Quem é Cole? –Perguntou Finn, regando as alfazemas.

–Um amigo meu. –Respondeu Kai- Digamos que... ele é bom com terra.

Ficaram por uma hora nesse ciclo: Erroria gostando daquilo, pois já tinha experiência na área, e a maioria reclamando pela sujeira e a falta de prática. Quando já não aguentavam mais fazer aquele trabalho (e Kai e Jake estavam com a intenção de queimar tudo), Sam apareceu com um documento nas mãos, anunciando:

–Pessoal, aproveitem seus momentos sozinhos.

–Por quê? –Perguntaram em uníssono.

–Porque, -Começou- acabamos de receber um pedido de recrutamento. E vem da Floresta das mil Coisas.


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