Percy’s POV

Eu estava no térreo do Empire State esperando Annabeth descer de mais um dia de trabalho no Olimpo. Já havia virado costume, todos os sábados, eu a esperava sair para que pudéssemos passar um tempinho juntos. Às vezes só caminhávamos sem rumo, ás vezes íamos ao Central Park, mas quando queríamos mais privacidade (o que era quase sempre), íamos ao meu apartamento. E, na maioria das vezes, Annabeth acabava dormindo lá em casa, porque passávamos do horário do toque de recolher. Não que ela reclamasse!

Annabeth apareceu literalmente do nada (ela tava usando o boné dos Yankees), me dando um baita susto. Ela riu da minha cara.

- Calma cabeça de alga, não tem nenhum monstro aqui pra te atacar.

- Tem certeza? – eu perguntei rindo e ela deu um tapa na minha cabeça. – Tá, parei!

Nós dois rimos e nos beijamos. Ouvimos um relâmpago próximo e rimos.

- Sua mãe ainda não está muito contente com nosso relacionamento, né?

Annabeth soltou um pesado suspiro e pareceu ficar um pouco constrangida.

- É que... Hoje ela teve “a conversa” comigo. – ela alou, fazendo aspas com os dedos. – Foi um pouco... Constrangedor.

Até eu fiquei sem graça agora. Mas ao mesmo tempo tive vontade de rir, fiquei imaginando Athena tendo essa famosa “conversa” sobre sexo de mãe pra filha com Annabeth. Eu comecei a rir igual a um idiota. Annabeth se irritou.

- O que tem de engraçado nisso? Você sabe o quão constrangedor é esse tipo de conversa, principalmente com uma mãe deusa?

Eu continuei rindo, mas respondi:

- Eu sei, minha mãe já teve essa conversa comigo, mas ainda é engraçado pensar em Athena falando disso com a própria filha. – E continuei rindo, ou melhor, gargalhando. Annabeth chegou a abrir um sorrisinho, mas logo ficou séria novamente.

- Mas você já pode se preparar, porque se chegou ao ponto da minha mãe vir falar comigo, pode esperar que seu pai também vá falar contigo. Principalmente por causa de semana passada!

Eu parei de rir na mesma hora, lembrei da semana anterior. Fora um dos dias que Annabeth não pudera entrar no internato por ter passado da hora do toque de recolher.

Flashback

Já passavam das 22 horas, mamãe e Paul já haviam ido dormir. Estávamos assistindo um filme qualquer na televisão e, como estava chegando o inverno, tava um frio de rachar. Por isso, estávamos dividindo um edredom e estávamos abraçados. Annabeth deitou a cabeça no meu ombro e eu me curvei para beijá-la. Eu juro que não havia segundas intenções, juro que começou com apenas um beijinho inocente! Mas após algum tempo, bem, digamos que eu já não estava mais sentindo frio...

Incrível como um beijo inocente sem segundas intenções levam a gente a loucura. Veja: eu e Annabeth começamos nisso até minha boca escorregar para o seu pescoço dando um beijinho rápido e fazendo Annabeth ficar de frente a mim. Eu a beijei com paixão e ela respondeu da mesma forma, até que Annabeth começou a tirar minha camiseta e a deixar suas delicadas mãos passearem pelo meu abdômen e eu tirei sua blusinha do pijama rosa com detalhes de flores em espiral e comecei a beijá-la com força, exigindo mais da minha namorada seminua a minha frente. Ela agarrou meus cabelos com mais força gemendo entre o beijo e eu escutei a porta do quarto da minha mãe se abrindo (Como sei? Simples se não fosse ou minha mãe ou o Paul seria um fantasma... Ou um monstro) e eu me separei de Annabeth quase de imediato. Ela havia notado a mesma coisa, mas ela estava vermelha ate a raiz do cabelo e eu não fiz questão de colocar minha camisa, que estava jogada no braço do sofá. Só dei a blusinha do pijama da Annabeth e ela vestiu passando por sua cabeça e tirando seu cabelo de dentro da blusa, deixando seus longos cabelos loiros cair pelo seu ombro. Eu a puxei para um novo beijo e murmurei a ela:

- Desculpe-me

- Hm... Sem problema... - ela respondeu e eu dei um selinho rápido nela. Eu me levantei e fui checar se realmente havia alguém vindo e sorri para Annabeth.

- Alarme falso. – eu estava com um tom de voz decepcionado, mas foi bom isso por que impediria Annabeth de fazer qualquer coisa que ela não quisesse, então me sentei ao lado dela e ela deitou no meu colo e disse:

- Melhor pararmos... E seria um tremendo de um desrespeito se tivéssemos prosseguido com aquilo – ela disse. Eu concordei e dei um beijo nela.

Fim do Flashback

Realmente, seria uma coisa muito bizarra, mas ao mesmo tempo constrangedora se Poseidon viesse falar comigo sobre esse tipo de assunto. Pensando nessa hipótese, minha vontade de rir cessou.

- Mas... Como eles poderiam saber do que aconteceu semana passada? – eu perguntei. Percebi que não foi uma pergunta lá muito inteligente, já que Annabeth revirou os olhos do jeito que ela faz quando eu faço algum tipo de pergunta idiota.

- Eles sabem por que eles são Deuses, Cabeça de Alga! – ela respondeu e foi aí que a ficha caiu. Isso queria dizer então que eles viam tudo. Ai meus Deuses, eu tava realmente ferrado com Athena. Foi um pouco constrangedor pensar nos deuses, principalmente o meu pai, observando aquela cena. Cara, isso não é nada legal!

- Okay, agora eu entendo como você deve ter se sentindo! – admiti e Annabeth riu!

- Prepare-se, pois você será o próximo!

Nós dois rimos e seguimos nosso caminho para o Central Park (era melhor não arriscar!).

****

Estávamos caminhando pelo Central Park, que ficava realmente muito bonito no final do ano, quando se aproxima do Natal. Eu e Annabeth conversamos sobre a escola, alguns colegas de Acampamento que matinhamos contato de vez em quando. Paramos um pouco em um banco e nos sentamos.

- Percy, tem algo que eu gostaria de falar com você. – Ela me chamou de Percy, com certeza é algo sério.

- O que aconteceu? – Perguntei preocupado.

- Nada demais. – Ela respondeu, mas parecia um pouco sem graça de falar o que queria. – É que você sabe que vou passar as férias de Natal em São Francisco com meu pai... – Ela parou um pouco, parecia que não sabia como continuar a falar o que queria.

- Sim, e daí?

- Bem... Vamos ficar um tempo sem nos ver e...

Aquilo estava realmente muito estranho, ela tava começando a ficar vermelha. Eu tentei não pensar besteira, mas do jeito que ela estava eu não consegui evitar. E, bem, foi algo involuntário, mas eu acabei sorrindo.

- Por que você tá rindo? – ela perguntou.

- Nada! Continue... – Respondi. Ela lançou um olhar desconfiado pra mim, mas continuou.

- É que... Vai haver um Baile de Fim de Ano na minha escola na última semana antes das férias e podemos levar acompanhantes de fora e, bem, eu achei que talvez pudéssemos ir juntos... E o tema é Mitologia Grega. – Ela explicou, rindo no final. Eu também ri, afinal, o tema tinha tudo a ver conosco. Mas devo confessar que fiquei um pouco decepcionado. Bem, eu esperava qualquer coisa, ou melhor, uma coisa só, mas isso não vem ao caso. Enfim, eu imaginava algo bem mais... Interessante, mas não esperava um convite para um baile de escola. Eu devo ter deixado praticamente estampado na minha cara que havia me decepcionado, porque Annabeth perguntou:

- O que houve? Você não quer ir comigo? – ela fez aquela carinha de cachorro quando cai da mudança. Droga! Desde que ela descobrira que eu nunca negava nada a ela e sempre fazia o que ela queria quando fazia aquela cara, ela começou a usar como arma contra mim.  Eu suspirei e respondi:

- Não é isso, é que... – Droga! Pára de fazer essa cara!, pensei. – Ah, Annie, você sabe que eu não curto muito bailes e festas!

Sua expressão de cachorrinho abandonado para irritada.

- Eu já falei pra não me chamar de Annie! – ela disse entredentes. – E nem vem com essa de que você não gosta de festas e bailes! Você adora as festas olimpianas, que eu sei!

- Ah, mas as festas olimpianas... Bem, são as festas olimpianas. – Eu respondi como se explicasse que dois mais dois fosse quatro. Estranho, normalmente era ela quem falava comigo desse jeito.

- Se a Rachel te chamasse você com certeza iria! – ela falou, bufando. Ai, deuses, tem menina pra ser mais ciumenta? Aliás, por que a Rachel entrou na história?

- O que raios a Rachel tem a ver com isso? – Perguntei. Agora eu também estava irritado.

Annabeth se levantou irritada.

- Se você não quer ir ao baile comigo, então diga logo!

- Eu nunca disse que não queria ir ao baile contigo, eu não quero ir ao Baile! E ainda quero saber porque você falou da Rachel!

- Você ia viajar com ela ano passado mesmo com a profecia! Com certeza, se ela não tivesse se tornado o oráculo e te chamasse para um baile, você aceitaria!

Eu bufei. O que aquilo tinha a ver com qualquer coisa? Namorada ciumenta é fogo, cara! Eu realmente gostaria de saber o porquê dela estar lembrando disso justo agora.

- Annabeth, eu nunca gostei da Rachel desse jeito! Você que via algo que não existia entre a gente. Eu sempre gostei de você! Mesmo depois da Rachel ter me beijado, eu... – Ops, falei merda!  Os olhos de Annabeth brilharam de fúria. Ela me assustou mais do que uma fúria de verdade.

- Ela fez o que? – ela perguntou espumando.

Eu engoli em seco.

- Nada... Eu... – Tá, agora não havia mais volta. – Foi antes do Beckendorf ir me buscar pra irmos ao Princesa Andromeda pra nossa missão...

- E por que raios você nunca falou nada? – ela começou a elevar o tom de voz.

- Pra que eu iria te falar que a Rachel me beijou? Você já vivia tendo ataques de ciúmes mesmo sem eu contar nada! – Respondi no mesmo tom de voz.  

- Eu dou ataque de ciúmes?! E você que ficou com ciúmes do Jake que é gay ainda por cima!

- Eu nem sabia que ele era gay quando eu fiquei com ciúmes! É até provável que você também tenha ciúmes dele também! – respondi irritado.

- Tá, agora eu que sou a ciumenta paranóica aqui?

- Eu não falei isso!

- Não precisava! Você deixou bem implícito isso!

- Ah tá! Tudo bem, eu vou dizer agora: você é uma ciumenta paranóica! Só porque eu não quis a uma merda de um baile, você já colocou a Rachel no meio da história!

Annabeth estava realmente furiosa agora.

- Ótimo, Perseus Jackson! Não me procure mais! Já que eu sou tão ciumenta e paranóica assim, por que você ainda está comigo?

Ela se virou e começou a caminhar com passadas violentas. Merda! Apesar de ter ficado com raiva, também não era isso o que eu queria. Fui atrás dela e segurei seu braço. Ela soltou, percebi seus olhos marejados de lágrimas. Até que me toquei: Annabeth estava de TPM. Eu aturava isso todo mês, como pude me esquecer disso? Ela costuma ficar irracional nessa época do mês.

- Eu falei para você não me procurar mais, Percy Jackson!

- Tá, Annabeth, vamos conversar direito. Estávamos de cabeça quente e...

Ela puxou o braço, irritada.

- Tá... Se é isso o que você quer então, vai logo embora! – falei irritado. Eu ainda vou morrer por conta dessa minha instabilidade também. Ela me olhou incrédula. – E não me olhe com essa cara! Você vem dizendo que quer conversar algo comigo de um jeito... Sei lá... E eu pensando que... – Ops, quase falo merda de novo! Se ela soubesse o que eu pensei que ela ia falar, ai sim to morto.

- O que você pensou que eu queria falar com você? – Agora a voz dela era baixa, e um pouco chorosa.

- Nada! – respondi rapidamente.

- Tá vendo! Você nunca fala nada comigo! Imagino o que mais você não deve esconder de mim!

Nisso, ela começou a correr, indo embora. Eu chutei a árvore mais próxima, com raiva. Depois disso, fui caminhando para minha casa. Estava um pouco preocupado com Annabeth, era noite e ela havia ido sozinha para o internato.

Ao chegar em casa, encontrei minha mãe, Paul e a última pessoa que esperaria encontrar na minha casa naquela hora...

Continua...