“Nanda acorda! Você vai chegar atrasada.” eu digo entrando no quarto da minha filha, ela responde ainda sonolenta “Eu já tô acordada mãe”. Deixo um sorriso involuntário escapar “Ah sim, estou vendo o tanto que você está acordada preguiçosa” ela sorri e se levanta passa por mim e me dá um beijo seguido de um “Bom dia, mamãe” e segue rumo ao banho.

“Então tudo pronto?” eu pergunto ao terminarmos de tomar café, “Sim, mãe. Só falta ir pra escola”. O trajeto até a escola não demora muito, mas é tempo suficiente para abordar um assunto complicado, respirando fundo eu começo “Não vai dar para o seu pai te pegar esse fim de semana”. Ela olha para o lado, acho que recebeu bem a notícia, mas logo ela responde “Aposto que Beth deve estar aqui”. Permaneço calada, se tem uma coisa que aprendi com Amanda é não colocar lenha na fogueira, por algum motivo ela é franca demais, acho que são os genes de Aaron. Por algum motivo ela não gosta de Beth, a namorada do pai dela, eu não me intrometo, afinal de contas esse é o nosso trato. Se o problema é relacionado a ele, quem resolve é ele e assim vice versa, desse modo nem eu nem ele se intromete na vida do outro, porém logicamente ela não sabe desse nosso combinado. “Chegamos” anúncio e ela claro responde sarcasticamente “Eba, mais um dia no adorável mundo adolescente”. “Tchau baby” eu digo quando ela está saindo, “Tchau mãe”.

Não muito tempo após deixa-la na escola, chego ao meu escritório. Sento em minha cadeira, e analiso a pilha de papeis em minha frente, quem diria que ser supervisora de uma equipe da tanto trabalho. “Prentiss, Strauss quer te ver” era Fred, um de meus subordinados “Bom dia Fred, pode entrar” eu disse, ele entrou sorrindo e sentou na cadeira a minha frente “Como está Amanda?” ele me perguntou, “Bem”. Eu e ele saímos algumas vezes, porém não deu e nunca daria certo, porém viramos amigos, e Amanda gostava dele. “Sabe Emily, não que eu não goste de conversar com você, mas se tem uma coisa que aprendi aqui é que quando Strauss quer te ver agora, você tem que estar lá duas horas antes”. Eu rolei os olhos “Já estou indo Fred, que tal me acompanhar até a porta?”

Estava sentada na frente de Strauss, ela possuía alguns papeis a sua frente, e de algum modo ela parecia procurar as palavras certas para o que diria a seguir, e isso era o que eu temia. “Sabe Emily você é uma agente muito qualificada, com o seu nível, você poderia trabalhar para qualquer um” opa, acho que vai dar zebra, além de me chamar pelo meu primeiro nome Strauss ainda está falando das minhas qualificações. “Eu sei Erin, mas eu gosto daqui.” O que eu disse pareceu afeta-la, mas ela tomou fôlego “Serei sincera com você agente Prentiss, o departamento de estado lhe convocou para uma missão”. Demorei um pouco para absorver tal informação “Como?”. “Não sei ao certo qual sua missão, mas tenho suspeita de estar ligada a terrorismo”. “Erin eu não posso. Eu sai da CIA justamente para não fazer mais isso, e além do mais tenho minha filha”. Ela pegou um dos papeis que estava em sua mesa e o entregou a mim “Oficialmente você foi realocada para outro departamento. Extraoficialmente você está em uma missão na qual não pode rejeitar, e você sabe muito bem disso. Prepare-se você parte no fim dessa semana”.

Eu mal podia acreditar, eu estava prestes a embarcar em uma missão e não poderia nem ao menos dizer não. Sai do escritório de Strauss e fui ao único lugar no qual poderia estranhamente sentir que estava segura, acompanhada da única pessoa, pelo menos nesse continente, que confiaria minha filha e esse novo segredo. Passo pela sua equipe, a qual um dia eu pertenci, subo as escadas e bato em sua porta, ouço um “Entre” e assim o faço. “Emily? Aconteceu alguma coisa” ele me perguntou, “Mais ou menos, podemos conversar?” eu digo, ele assente que sim e me aponta uma cadeira em frente a sua. “Então o que houve?” “Oficialmente? Fui realocada para o departamento de estado”. Ele me analisou, “Extraoficialmente?” “Fui convocada para uma missão”. “Você não parece contente” ele fez essa observação, eu logo ironizei “Oh sim Aaron estou morrendo de felicidade. Você sabe muito bem que deixei essa vida para trás quando ela nasceu”. “Você não quer ir” ele traduziu em palavras meus pensamentos, como ele fazia isso bem “Não, mas tenho e você sabe muito bem disso”. Ficamos em silêncio por alguns segundos “Então em que posso te ajudar?” Ele perguntou, mas creio que ele já sabe a resposta “Preciso que você cuide da Nanda”. Ele assentiu, mas fez uma objeção “Você sabe que ela não vai querer ficar comigo, ainda mais depois que eu disse que não ficaria com ela esse fim de semana” “Ela não tem que aprovar Aaron, é questão de necessidade.”. “Mas ela ficará com raiva Emily, e você sabe muito bem o quanto ela pode se tornar rebelde”. Me levantei para sair do escritório dele, mas antes eu disse a ele “Talvez ela não fosse tão rebelde com você, se você desse atenção a ela.” “Você diz isso por experiência própria?” Ele me perguntou. “Talvez” e sai. Aaron sabia da minha adolescência rebelde, assim como sabia do meu antigo emprego na CIA.

Estava esperando ela do lado de fora da escola, não a busco sempre, apenas quando dá, mas devido a minha atual condição terei que amansar a fera. Ela me vê de longe e eu aceno para ela, ela vem ao meu encontro, entramos no carro, para descontrair pergunto “Então como foi o seu dia?” Ela dá de ombros “Normal, mas por que a senhora veio me buscar?” Agora é minha vez de dar de ombros “Uma mãe não pode buscar a filha na escola?” Ela sorri “Pode né mãe, mas a senhora não me busca na escola exceto...” eu a interrompo “Podemos apenas curtir o momento?” Ela ergue a sobrancelha “Minha nossa, agente Prentiss ficou louca”. Nós rimos, e eu dei a partida.

Passamos o resto da tarde juntas, agora estamos sentadas no sofá assistindo uma série policial, eu comento meio que sem perceber “Bem que seria fácil se a realidade fosse assim, em alguns minutos se descobre o culpado”. Ela apenas sorri com meu comentário, mais tarde quando o programa acabou ela desligou a televisão e virou-se de frente para mim, “O que está acontecendo mãe? E não venha me dizer que não é nada, eu te conheço muito bem.” Sorrio e a abraço “Quando é que você cresceu tanto assim?”. “Mãe a senhora tá fugindo do assunto”. Respiro fundo, para o que direi a seguir “Nanda fui realocada para o departamento de estado” ela me encarou “Isso é bom não é?” Eu dei de ombros “Não se você tem que viajar e ficar muito tempo longe de casa” Ela pareceu se assustar “O que a senhora quer dizer?” “Eu terei que viajar por um tempo Nanda, e não posso levar você” Ela arregalou os olhos “O quê!? A senhora vai me abandonar?” “Não! Está ficando louca?” eu digo a ela meio que indignada. “Mas então por que a senhora vai?” “Porque sou meio que obrigada querida, as vezes isso acontece." “Então quando a senhora vai?” É agora “No fim dessa semana”. “Mas isso é amanhã mãe” eu faço que sim com a cabeça “Com quem irei ficar?” Essa era a pergunta que eu estava tentando que não viesse à tona, dou um sorriso de lado, acho que ela desconfiou “A não mãe a senhora não pode fazer isso, eu terei que conviver com a Beth?” “Querida seu pai é a escolha mais lógica”. Ela ironiza “Claro que sim, o homem que troca nosso fim de semana para ficar com a namoradinha dele? Perfeito mãe, e de brinde ainda terei que conviver com aquela chata que ninguém gosta”. “Ei ela não é chata, e você sabe disso” eu defendi a adorável namorada de Aaron “Se fosse pelo menos Haley até que ia né mãe, mas Beth? Ninguém gosta dela, é só papai chegar com ela em algum lugar que todo mundo corre procurando o que fazer. E não finja que não é verdade, é só Morgan vê-la que ele corre, e olha que nunca em minha vida vi Derek Morgan fugir de uma mulher”.