Tudo havia ficado de certa forma bem confuso, eu não sabia bem como eu deveria reagir ou falar, a voz de Castiel no outro lado parecia um tanto decepcionada com minha pergunta, fora até que minha voz ressoava um tanto baixa, não sabia da onde tirava aquilo, mas simplesmente as palavras saíram.

– Você, me ajudaria a descobrir? – Meu rosto ferveu um pouco, mas as palavras continuavam a sair – D..digo, poderíamos fazer algo que me ajude a lembrar, você pode me ajudar?

– Ah... – Eu ouvi a risada dele do outro lado da linha, eu tinha dito algo engraçado? – Você não muda mesmo assim, tudo bem, porque não vamos a um encontro?

– Encontro?

– Sim, talvez isso lhe ajude a algo. E você esta me devendo isso no final das contas, tem certas coisas que não foram acabadas.

– C...certo.. tudo bem por mim.

– Certo, só vou ver o dia certo para irmos e lhe aviso, durma bem, Moranguinho.

Ele desligou o telefone e eu olhei um pouco confusa, realmente, para mim aquilo era estranho, eu chegava a tentar a imaginar como era aquele Castiel, não me lembrava de sua fisionomia, e pelo que parecia eu não tinha nenhuma foto dele no meu celular, ele era algo meu? Bem eu só poderia descobrir isso com o tempo, mesmo que o médico tivesse dito que a memoria demoraria um pouco para voltar, eu queria ela o mais rápido possível, me sentia perdida sem saber o que fazer e nenhuma lembrança para me guiar era complicado. Depois de praticamente descobrir a onde ficava o banheiro finalmente tomei um banho e voltei para meu quarto, incrivelmente aquela sensação pesada havia passado rapidamente, achava que talvez só precisasse conversar com aquele que era nomeado “Castiel”.

O toque do alarme me fez finalmente despertar de meu sono pesado, assim que abria os olhos aquela figura de cabelos castanhos estava em meu quarto me olhando, eu o olhei me assustando um pouco pela presença repentina.

– Own! – Ele quase pulou para trás quando me levantei assustada – O que esta fazendo aqui? Quero dizer...porque esta aqui? Que diabos?

– Desculpa! Eu vim lhe acordar e você estava dormindo tão calma que fiquei receoso de lhe acordar e bem... eu acabei ficando olhando você dormir.

– Me olhando dormir? – Eu o olhei confusa – Você vem me acordar sempre?

– N...não sempre... – Ele realmente ficou com o rosto bem vermelho aquele momento e eu apenas o olhava confusa – É que fiquei preocupado por causa de ontem, achei melhor vir aqui lhe olhar.

– Ah, tudo bem. Desculpa, é que minha memoria não voltou ainda, então estou desacostumada com essas coisas.

– Você realmente não se lembra de nada, não é? – Aquela pergunta de certa forma começou a se tornar irritante para mim, quantas vezes teria que repetir?

– Não, ah...Kentin. Eu vou me trocar.

Ele ficou me olhando por longos minutos, eu abri a boca para falar algo e ele se aproximou de mim o que me fez recuar e cair sentada na cama, o rosto dele estava realmente perto até que um flash na minha cabeça passava meu rosto automaticamente se tornava vermelho ao me lembrar de que ele me beijou aquilo me fez me afastar para trás e colocar a mão em meu coração, o que era aquilo?

– Porque nos beijamos? Somos irmãos não? – O rosto dele se formou uma expressão de surpresa, e assim ele se afastou com um sorriso amargo nos lábios.

– Desculpe a primeira coisa que se lembrou de mim foi isso? Que ironia. – Ele dizia enquanto voltava a se aproximar a me abraçava de repente, meu corpo tremia de certa forma e meu coração inexplicavelmente acelerava, e assim ele se afastava levemente e se ajoelhava a minha frente pegando em minhas mãos – Talvez não se lembre disso, Momo, mas eu te amo, muito, não sei se sua memoria vai voltar ou não, mas eu quero que saiba disso. Eu não sei o que aconteceu para você se afastar ou ter ficado brava comigo antes, mas me desculpa.

Não sabia o porquê, ou como, mas as lágrimas começaram a cair, mais de uma vez e de repente não sabia o porquê daquilo, mas uma dor aguda invadiu meu peito doía mais do que qualquer coisa que havia sentido, fora quando me lembrava o porquê daquilo, Íris. Era esse o motivo que estava chorando, praticamente via o meu primeiro amor ser levado embora porque aquilo não era permitido, era sufocante, assim eu o gentilmente o afastei de mim.

– Não podemos... você tem alguém, e somos irmãos. Eu não me lembro direito o que aconteceu, não com todos os detalhes, mas por favor, Kentin, não faça isso comigo enquanto tem outra pessoa... eu não quero ser um tapa buraco de algo com quem você esta não tem.

Ele parou, e se levantou completamente em silêncio, ele saiu do quarto em completo silêncio e fechou a porta. Demorou um pouco para me recuperar, mas eu estava um pouco melhor com o tempo, me trocava colocando um shorts e uma blusa branca com uma pequena jaqueta, assim que olhava para o espelho imaginava que era melhor lavar o rosto antes de sair. Pegava o tênis e colocava nos pés e ia direto para o banheiro e jogava um pouco de água no rosto. Assim que saia do banheiro via que Kentin estava esperando ao lado de fora.

– Vamos? – A expressão não parecia das melhores, mas eu apenas afirmava com a cabeça.

O caminho para escola fora realmente silencioso, ele não dirigiu a palavra a mim em nenhum momento, mas assim que chegamos à escola uma garota de cabelos laranja estava esperando na porta da escola, pela minha memoria falha aquela devia ser Íris. Assim que nos aproximamos só faltou aquela garota pular nos braços de Kentin que apenas adentrava na escola deixando os dois ali, o problema que assim que chegava eu já me sentia perdida, não sabia nem ao menos onde era minha classe. Enquanto tentava me guiar senti algo tocar em meus ombros, quando eu olhava era um garoto de cabelos loiros, quem era aquele?

– Momo? Soube que passou mal e foi ao hospital, esta tudo bem?

– Ah, sim, esta não me machuquei nem nada do tipo. – Tentava disfarçar um pouco e assim desviava o olhar um pouco – Hm, desculpe, mas eu tenho que ir para a sala.

– Eu lhe acompanho, vamos. Eu lhe guio o caminho, enquanto isso conversamos, certo?

– Ah, tudo bem. – Dizia de forma calma enquanto acompanhava o loiro de modo calmo o deixando me guiar – Sobre o quer falar?

– Conseguiu falar com o Castiel ontem?

– Castiel? – Falava um pouco pensativa, então realmente eu tinha algo para falar com ele, mas o que era? – Acho que não, eu me lembro de ter acordado na casa do Lysandre, mas não de ter conseguido falar com ele.

– Oh, entendo. – Ele dizia enquanto parava de caminhar em frente a uma sala – É uma pena, você parecia ter que dizer algo importante para ele, afinal veio praticamente de pijama aqui na escola.

– Pijama? – Meu rosto ficou completamente vermelho de tentar imaginar a cena, o que eu queria diabos fazer? – D..desculpa...

– Haha, não peça desculpas. Afinal, depois do beijo que você me deu valeu toda a pena.

– Beijo? Eu lhe beijei?

– Sim, não se lembra?

Minha cabeça agora parecia mais bagunçada do que nunca, porque diabos eu havia beijado aquele garoto? Nós tínhamos alguma coisa? Se tínhamos eu não me lembrava, assim quando menos dava por mim o rosto dele estava bem próximo do meu.

– Mesmo que eu tenha falado que daria o melhor de mim com a Melody, eu não consigo lhe tirar da minha cabeça, sabia?

– Ah...sabe...eu preciso entrar para a aula...

Fora quando ouvi alguém tossir perto de mim, era alguém de cabelos vermelhos e assim que olhava ele não parecia com uma expressão muito boa. Na verdade, parecia realmente irritado com algo.

– Sempre se aproveitando das brechas, não é? Vaza. – Aquela voz, eu conhecia.

– Castiel?

– Você que aparece em momentos errados, o que esta fazendo aqui?

– Eu vim pegar o que é meu por direito.

– Pegar o que é seu por direito? Você não tem nada com ela até onde sei.

– Não? – Castiel falava e assim me puxava pelo braço me tirando para longe dele, eu não estava entendendo mais nada o que estava acontecendo ali – Vou lhe mostrar como eu tenho todo direito e o que ela é minha.

– H..hm..d..desculpa e..eu não estou entendendo mais nada...

Quando acabei de falar aquilo praticamente senti os lábios do ruivo pressionarem contra o meu, meu rosto tornou uma coloração mais avermelhada, instintivamente segurei sobre a roupa dele com mais força, eu não sabia, mas era como se eu já tivesse sentido aqueles lábios tanto que o beijo se tornou algo fácil para mim, parecia que já havia feito aquilo alguma vez, a língua dele logo pedia passagem para adentrar em minha boca enquanto sentia a mão dele firmemente segurar em minha cintura, o senti apenas parar quando meu pulmão clamava por ar, assim ele interrompeu o beijo enquanto olhava para meus olhos.

– Ah, mesmo estando desse jeito, parece que se lembra bem como eu lhe beijo.

Quando olhei a minha volta praticamente parecia que toda escola estava olhando para nós dois, assim senti Castiel me segurar mais firme nos braços dele com um sorriso grande estampado no rosto.

– Escutem aqui! Todos vocês! E principalmente você! – Ele apontava para Nathaniel – Ela é minha! E não vou deixar ninguém mais tê-la além de mim, então vazem! Parem de olhar!

Meu rosto inteiro ficou vermelho, via Nathaniel sair furioso e algumas pessoas pararem de olhar e outras fazerem mais barulho pelo que Castiel havia falado meu coração de alguma forma mesmo estando acelerado daquele jeito, de alguma forma me sentia realmente feliz com que ele havia dito. Ele me puxou para longe do pessoal que estava ali e me levou para algum lugar, não sabia bem, mas parecia o terraço daquele lugar.

– Eu deveria perguntar como conseguiu a chave daqui?

– Haha, relaxe, se ninguém pegar não tem problema. – Ele falava enquanto se aproximava de mim novamente sorrindo – Eu conversei com Lysandre hoje. – Ele gentilmente tocava meu rosto se aproximando levemente – Com mais algumas perguntas descobri que aquele canalha lhe enviou para o lugar errado ontem, eu não sei o porquê você veio na escola de pijama, ou o porque parecia com tanta pressa, mas saber que você estava procurando por mim me deixou feliz, muito feliz.

– Na verdade nem eu mesmo sei. Mas eu ainda não me lembrei do que queria falar para você, mas devia ser algo importante então até que eu lembre, por favor, espere.

– Haha, isso é o que eu mais faço Moranguinho.

Quando senti os lábios dele tocando os meus novamente senti uma felicidade imensa me invadir, timidamente eu estiquei minhas mãos e toquei gentilmente sobre o rosto dele fora quando ele acabou parando o beijo quando ouvimos um barulho atrás de nós, quando eu olhei vi alguém com uma expressão de choque, aqueles olhos azuis e cabelos tão negros como corvos, quem era ele?

– Kamui?

– Ah, eu pensei que fosse mentira aquilo que eu acabei de ouvir, mas parece que é verdade, eu nunca imaginei que isso aconteceria.

– Não sei como nos achou aqui, mas já vamos descer.

– Não, não precisa. – Ele falava parecendo forçar um sorriso – Eu só vim avisar a Momo que a aula vai começar, e você também a aula já vai começar. E sobre achar vocês, pelo que você se lembra eu sou seu irmão, é fácil pensar como você nesses momentos.

Assim que aquele garoto saiu da porta algo dentro de mim me falava para segui-lo de alguma forma, assim que me virava para ir atrás dele Castiel segurava meu pulso me parando com o mesmo sorriso de antes.

– Eu estarei esperando você se lembrar, certo? E sobre nosso encontro, que tal final de semana?

– Por mim tudo bem, creio que estarei livre.

– Certo.

Assim Castiel me deu um rápido selinho e me acompanhou até minha sala de aula, que assim que entrava na sala via os olhares praticamente quase me metralharem todos ao mesmo momento, pedia desculpas ao professor pelo atraso que me repreendia falando que eu deveria ficar ao final da aula para ajudar depois os professores, não via mal algum nisso, apenas ficava um pouco feliz que praticamente o único lugar vazio devia ser o meu, a aula passou rápida até. Assim que terminava a aula o professor se aproximava parecendo um pouco com pressa, ele apenas dizia que eu deveria ir a sala do Grêmio que lá me dariam as informações do que eu deveria fazer. Assim que eu chegava na sala do Grêmio minha espinha gelava um pouco ao ver quem estava ali.

– Porque não estou surpreso? Momo.

– Nathaniel.