Boa parte da minha noite foi consumida com aquele urso de pelúcia que jogava praticamente a minha raiva como se fosse o Kentin, no final não conseguia odiá-lo pelas coisas que ele fez, apenas estava com raiva pelo modo que agiu, não entendia mais nada da cabeça dele, ele agia simpático uma vez e depois virava o rosto para mim, como eu poderei acompanhar toda essa bipolaridade? Meu sono fora quebrado quando ouvi meu celular tocando, meus dedos dedilharam até o aparelho, era o número do Castiel.

– Alô? Castiel, eu estava ainda dormindo...

– É bom saber que você dorme até mais tarde. – Aquela não era mesmo a voz do Castiel.

– Kamui? O que esta fazendo com o telefone do Castiel?

– Bem, digamos que ele estava no banho e eu sutilmente peguei o celular dele e anotei seu número e aproveitei e liguei para você.

– As vezes sua sutilidade da medo.

– Haha, é final de semana e logo depois começa a semana de escola e não sei se você esqueceu, mas vamos a praia, sabe? Lembra? – Era verdade, ele havia me convidado, mas não havia falado o dia.

– Eu não me esqueci, mas só não imaginava que você ia querer ir hoje.

– Bem, é que Castiel parece de tão bom humor que conseguiu esquecer o celular dele assim jogado, então eu resolvi aproveitar antes que ele fique de mau humor e me mande para o inferno, e seria uma boa oportunidade para desenha-la, ver você em um biquíni deve ser realmente muito bom. – Meu rosto inconscientemente ficou vermelho e apenas conseguia o ouvir rindo de fundo – Eu vou buscar você com o Castiel.

– Com o Castiel? Mas você sabe a onde eu moro?

– Não, mas chuto que ele deve saber então estou tranquilo com isso, vamos passar em alguns lugares antes e chamar mais pessoas, então fique sossegada para se trocar e tomar um banho e fazer seja lá o que for.

– Mas, espera eu tenho um problema.

– Problema?

– Eu não tenho roupa de banho para ir em uma praia, nem me preparei para isso.

– Ah, mesmo? Não se preocupe com isso, eu dou um jeito, apenas esteja pronta quando chegarmos, chame seu irmão também, a Íris também vai.

– Ah, certo. – Falar com meu irmão, é?

Eu desliguei o telefone e olhei para o ursinho de pelúcia que estava sobre minha cômoda, e soltei um suspiro um tanto pesado.

– Eu não posso levar você e chamar de Kentin, não?

Eu bem que queria aquilo, seria mais fácil conversar com um bicho de pelúcia do que com ele no momento, sentia falta do tempo que ele não demostrava estar tão irritado. No fim depois de tanto ficar criando coragem, resolvia que pelo menos ia tentar falar com ele, e já imaginava que havia possibilidades de ignora-la. Pegava a toalha e antes de ir para o banheiro passava no quarto de Kentin e batia na porta, assim que batia na porta eu via que a porta estava aberta, eu abri a porta um pouco receosa, eu não entrava muito no quarto de Kentin, dês que começamos a morar juntos era rara as vezes que entrava ali, ele parecia estar dormindo, e assim por curiosidade eu comecei a olhar ali, o quarto dele não havia nada pregado sobre a parede, era bem simples até o quarto dele, mas um pouco me chamou atenção, do lado dele havia uma foto, era uma foto de nós dois, juntos.

– Você ainda tem isso...? – Murmurava baixo e pegava o porta-retratos sorrindo.

Aquela foto tiramos um pouco depois de ter me mudado para ali, a mãe dele insistiu tanto para tirarmos uma foto juntos, eu ainda podia ver o rosto dele avermelhado pelo momento, ele estava realmente próximo.

– Momo... – Ouvia a voz de Kentin, o que me fez olhar um tanto surpresa – Momo... não fique ai, vai cair... – Eu ria baixo enquanto o olhava, era realmente só ele mesmo para falar essas coisas, ele era realmente protetor.

– Ei, Kentin. – O chamava enquanto deixava o porta-retratos no lugar original e me virava para ele.

– Momo...

– Você vai continuar a me chamar assim? Vamos, Kentin. – Assim que esticava o braço para toca-lo sentia ele me segurar pelo braço e me puxar junto com ele me abraçando, meu rosto ficou inteiro vermelho, ele ainda estava dormindo assim que o olhava – K..Kentin..!

– Não vá embora Momo, fique comigo... – Eu acabei parando e olhando para ele um tanto aflita – Momo... eu te amo, fique comigo... – Meu rosto ficou praticamente fervendo quando ouvi aquilo, e meu coração acelerou, e ele me abraçou me mantendo mais perto – Eu te amo, Momo.

– K..Kentin..! – O chamava novamente, e dessa vez ele pareceu que ele estava acordando, ele abriu aos poucos os olhos, e me olhou um tanto surpreso e acabou me soltando de modo instantâneo.

– O..o que você esta fazendo aqui Momo?!

– É...é que..eu... – Que droga ele havia bagunçado totalmente meus pensamentos, eu levantei com certa pressa e desviei o olhar para o lado oposto do dele sem jeito – Praia. – Dizia de modo claramente desconcertado – Eu vim lhe avisar que convidaram a gente para ir a praia, e eu estava aqui e vim lhe acordar e você me abraçou e não me soltou.

Ele parecia claramente sem jeito com que eu havia dito, e assim ele se levantou e meu olhar levou automaticamente ao peito dele, ele estava sem blusa, agora que havia visto, quando meu olhar se perdeu ali eu balancei a cabeça e voltei a olha-lo vermelha, o olhar dele parecia sério.

– Momo, não entre no quarto de um garoto assim, ainda mais quando sabe as intenções dele para com você, você sabe o que eu sinto por você, e quando faz isso eu não vou conseguir me controlar. – Ele estendeu a mão e tocou sobre meu rosto e desceu o olhar até meu pescoço, e de repente a expressão dele se fechou – Ele te marcou.

– Marcou...? – Quando dera por mim me lembrava de Castiel, e assim colocava instantaneamente a mão sobre meu pescoço e desviava o olhar.

– Eu não me importo se você escolher ele, Momo, mas, não quero que engane a si própria nisso. Se te faz tão feliz ficar com ele, eu não vou impedir, mas não quer dizer que eu vou ficar apenas parado olhando ver você ir embora, porque além de minha irmã, eu a vejo como mulher.

O que era tudo aquilo? Os batimentos cardíacos de meu coração praticamente disparavam como se fosse uma montanha russa, e meus passos desconcertados me fizeram me afastar dele e colocar a mão em meio ao meu peito, ele se aproximou novamente e me segurou e me jogou sobre a cama dele e ficou por cima de mim, o olhar dele ainda estava sério e assim ele se aproximou o suficiente parecendo que ia me beijar, os olhos verdes dele fitavam os meus me deixando completamente sem jeito, eu me sentia praticamente uma presa dele, foi quando ele desviou a cabeça suavemente para o lado esquerdo de meu pescoço, ele roçou os lábios suavemente contra meu pescoço enquanto suas mãos procuravam meus pulsos e os segurava suavemente. Foi uma sensação instantânea assim que senti os caninos dele perfurarem contra minha pele que me fez meus lábios se entre abrirem para soltar um gemido que ressoava pelo quarto, a sensação parecia ser aliviada assim que sentia a língua dele passar sobre o local como se aquilo fosse algum tipo de curativo, e logo depois a sensação era sentia novamente, porém eu não sentia os dentes dele contra minha pele e sim como se fosse um beijo mais forte que me fez fechar as mãos vermelha, meu corpo inteiro sentia um arrepio percorrer por ele todo, foi quando o senti me soltar, ele me olhava com o mesmo olhar de antes e se levantava.

– O...o que foi isso? – Ele me olhava e pegava uma camisa e colocava parecendo pensativo.

– Repelente.

Ao falar isso ele saia do quarto me deixando ali sozinha, senti a força das minhas pernas falharem totalmente, ele estava jogando realmente sujo, eu o odiava por não conseguir permanecer aquela raiva de antes! Eu não entendia, não conseguia entende-lo, porque de tudo aquilo se ele repetia várias e várias vezes que queria que permanecêssemos como éramos agora? Aquilo me deixava ainda mais confusa.

Depois de me recuperar eu fui finalmente tomar um banho, tentar relaxar mesmo que um pouco, assim que terminei e me olhei no espelho via uma parca bem aparente, a marca de uma mordida seguida de um beijo, aquilo me fez ficar com o rosto completamente vermelha, a marca era bem mais aparente que a que Castiel havia deixado.

– I...isso só pode ser brincadeira... – Murmurava baixo suspirando.

No final fui direto para o meu quarto e me troquei, imaginei que para ir na praia era melhor usar roupas mais leves no corpo, ainda mais não sabia como Kamui daria um jeito com as roupas de banho. Eu pequei uma blusa mais solta ao corpo e um shorts deixando o cabelo solto e deixava um lago preso ao meu braço para caso precisa-se, peguei e coloquei as sandálias e desci as escadas indo até a cozinha, Kentin estava como sempre, assim que ele me olhou meu rosto ficou um pouco avermelhado e assim me sentei na cozinha e ele me olhou e abriu um sorriso calmo.

– Esta tudo bem, Momo?

– S..sim... eu queria dizer, me desculpa por ontem, pelas coisas que eu disse. – Minhas palavras quase saiam de forma falha, mas a frase pelo menos era compreendida – Eu fiquei com raiva do que disse ontem, mas, eu não consigo ficar com raiva por muito tempo quando se trata de você, acho que de ninguém, isso vem de minha natureza. – Ele riu e se aproximou e bagunçou um pouco meu cabelo sorrindo.

– Eu quem deveria me desculpar, eu fui infantil ao dizer aquelas coisas, mas, Momo. Eu não retiro nada do que disse, foi o que senti e sinto, então, apenas me desculpo do modo que coloquei meus pensamentos.

Eu desviei um pouco o olhar e fiquei quieta, senti uma pontada em meu coração ao o ouvir dizer aquilo, ele parecia realmente de bom humor. Não demorou a eu ouvir um aglomero vindo da minha porta em seguida a campainha tocando, eu me levantei e me assustei com o tanto de pessoas que havia juntado, pareciam que todos haviam se juntado para ir à praia, eles deviam realmente gostar desse lugar.

– Opa, desculpa a demora. – Kim falava me entregando a sacola de uma loja e sorria claramente satisfeita – Demoramos porque praticamente Rosa estava brigando com eles qual biquíni ficava melhor em você.

– Ah, obrigada. – Dizia com um sorriso animado.

– Eles têm péssimos gostos! O que eu escolhi pelo menos é melhor. – Rosalya falava com o rosto claramente irritado pelo que havia passado, imaginava que ela em uma loja devia ser complicado.

– Claro você praticamente os obrigou a comprar o que você queria Rosa. – Íris dizia rindo.

– Meu irmão deve ficar louco com você Rosa, toda vez que você vai lá acontece isso. – Lysandre falava com um suspiro, ele parecia cansado.

– Desculpa pelo trabalho que causei. – Dizia um pouco preocupada, eles pareciam que fez uma grande festa quase dentro de uma loja de roupas.

– O importante é que estamos aqui. – Kamui falava e acenava levemente em minha direção – Vamos? Só precisamos pegar o ônibus e partir para a praia agora.

– Ah, certo, só vou chamar meu irmão.

Eu entrava na casa e procurava Kentin, ele não estava na cozinha o que me fazia estranhar um pouco, assim que virei dei de cara com Castiel o que me fez quase enfartar do coração, ele havia me seguido?

– Que susto Castiel, quer me matar do coração?

– Essa marca no seu pescoço, quem fez? Eu me lembro-me muito bem aonde a beijei, e não deixei marca ali, e muito menos a mordi. – Eu o olhei surpresa e coloquei a mão sobre meu pescoço, e me lembrei sobre o que Kentin fez hoje de manhã, não tinha como disfarçar aquela marca.

– Foi Kentin, ele disse algo sobre ser repelente ou algo assim. – Ele me olhou surpreso e assim se aproximou e me beijou de repente, e logo depois se afastou.

– Essa é sua bandeira de guerra, é? Eu aceito.

Ele se afastava e ia para fora e logo depois via Kentin descer as escadas com uma bolsa, ele me olhou e abriu um sorriso, de uma coisa sabia, que talvez aquele dia na praia não seria tão calmo como desejaria.