A Fabulosa Cova Da Incoerência escrita por blblblbl


Capítulo 8
Vamos ver


Notas iniciais do capítulo

Tuts, tuts, tuts tuts, quero ver



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O ser humano é um bicho facilmente alienável. Impressiono-me certas vezes, como nós nos enganamos tão frequentemente. Nossa mente é viciada nessa droga da enganação, tentando consumir mais e mais mentiras mirabolantes, criadas por seres carismáticos e claramente superiores. Na verdade, até aí nada de errado, a não ser que...

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– Ora, você é a nova amiguinha do Jorge, não é? Entre, vamos!

Às vezes penso: sou só eu ou parece que as mães dos outros são melhores que as nossas. Não que minha mãe seja ruim, claro; mas essa impressão aparece sempre em minha mente quando aparece uma perola dessas na minha frente.

– Você gastou toda sua economia nessa bugiganga. – me falou Anonyme mais cedo. – Cuidado para não se decepcionar. Ele pode não gostar...

Baboseira. Ele vai gostar. Ele é obrigado a isso. Todos são. Por que devo sorrir quando recebo um presente ruim, afinal? Penso as vezes que a educação é um tipo de ditadura. Mas afinal, o que se pode fazer? Sem ela, vivemos na cultura da libertinagem. Eu adoro essa palavra, libertinagem.

Eu entro no apartamento médio e retiro meus sapatos na entrada. Nunca vi tantos frufrus e bibelôs (azuis, claro), além das festas infantis que insisto que minha mãe me leve. Quem são essas pessoas. Adultos, a família dele. São 20 pessoas.

– Ah, Mimi, você chegou? – ele me chama no meio da sala, ele gosta de ficar no meio. – Pensei que não viria!

– Você pensa muito. – digo.

– Ah, você sempre tem respostas, não é?

Aquela vontade de responder pra ofender mesmo...

– Ehh, você nunca teve uma festa como essa, não é, Mimi? – Anonyme diz aos meus ouvidos. – São muitas pessoas. Não esta desconfortável. Você é tímida, não?

– Eu consigo lidar com as pessoas... – sussurro. Ela esta transparente, não consigo focá-la. O que esta havendo?

–...A Mimi que conheço é tímida. Vamos ver, rs...

Este riso, nunca é bom. Ela vai...

– Ah, essa é sua nova namorada, Jorge? Mal se mudou...

– Ela é minha amiga, sua idiota. Mimi, esta é minha prima de segundo grau, Joyce...

A estranha para na minha frente. Esse olhar de cima abaixo. Eu odeio esse olhar...

– Não há a necessidade de você dizer o grau.... – ela fala.

– ...Prazer, sou colega de Jorge. – não sei o que dera em mim. Eu tinha que responder. Foi automático. É como se uma corda estivesse amarrada em meu pescoço. Acabei de me agachar sobre a guilhotina. Seus olhos são como laminas afiadas. Vamos ver, rs...

– Ei, tia. Vem ver a nova amiga do Jorge. Parece que ele não precisa mais de mim...

Não foi só uma tia que se aproximou. Uma facção de pessoas me ronda, como se eu fosse um novo animal no recinto. Sacudo meus membros e tento guardar o Maximo de ar que posso. Levanto meu braço desesperada, e tento alcançar a superfície. Ela esta longe, muito longe... Vou perder todo meu oxigênio, nesse mar de gente estranha. Vamos ver, rs

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– Você não tem condições de enfrentá-los, Mimi. Eu disse, você nunca se deu bem com pessoas. Chegou ao seu ápice, implorou que eu a salvasse; Nem de Jorge se lembrou naquela hora. Era como se estivesse em uma tortura da inquisição. Eles arrancaram sua língua e a devoraram. Você viu o mundo girar a sua volta. Os olhares daquelas pessoas pareciam milhares de agulhas que lhe perfuravam profundamente sem a menor piedade. Você é uma aberração. Eles falam de você pelas costas, quando elogiam na verdade mentem para você. Olhe-se no espelho; quem amaria alguém, como você? Você não precisa de ninguém. Vá para casa, tranque as portas e lacre as janelas. Ponha cadeados nas fechaduras. Nunca mais abra a porta do quarto. Nem mesmo o sol será capaz de salvar você. Mas quem se importa? Eu te amo e você sabe disso... Eu vou estar lá para lhe salvar, secarei suas lagrimas, lhe apoiarei em tempos difíceis! Tudo o que precisa fazer, é acordar, e sair por aquela porta... Levante desse chão, Mirian... O que pode definir o que é real e o que é ilusão?

–...Pergunta...

– O que?

– Eu tenho uma pergunta...

– Pois faça.

– Quem é você?

– Ora, mas o que...

– Eu sei que você é Anonyme. Mas há uma coisa que não se encaixa. Quem é você, ou melhor: O que é você...

Ela retira o sorriso do rosto. Sua pele torna-se reflexiva como um espelho. Vejo a mim mesma estirada no chão, em choque. Seus olhos transparecem atrás de mim.

– Acho que a pergunta certa, cara Mimi, é quem somos nós, se é que me entende...

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O ser humano é um bicho facilmente alienável. Impressiono-me certas vezes, como nós nos enganamos tão frequentemente. Nossa mente é viciada nessa droga da enganação, tentando consumir mais e mais mentiras mirabolantes, criadas por seres carismáticos e claramente superiores. Na verdade, até aí nada de errado, a não ser que...

Sejam nós mesmos que estejam nos enganado. Sim, podemos fazer isso.

Não confine no seu coração.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora. As ferias estão do balaco baco aqui...



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