A Fabulosa Cova Da Incoerência escrita por blblblbl


Capítulo 4
Substância




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Eu acordei com o tedioso som do cair da chuva sobre minha janela esse fim de tarde. Não que me incomodasse, mas para o mim é tão animador quanto uma geladeira velha e enferrujada. Eu gosto do frio que ela provoca, é parecido com o da madrugada, mas sendo este mais... “Dormível”? Essa palavra existe? Amanhã eu devo perguntar ao meu professor...

A casa ganhou uma leve atmosfera escura, e isso me obrigou a ligar a luz. Droga, a energia é muito alta...

Lentamente, comecei a dar um jeitinho nela, o mais rápido que eu podia; Devo fazer isso antes que Anonyme acorde, ou terei dor de cabeça...

Vamos ver...

É, está bom...

Eu acho que devo tomar um banho, sentar e...

...

– Mimi, Acorde!

Sou acordada de repente por Anonyme. Ela esta nervosa. Por que está nervosa? Melhor eu ver as horas. Eu levanto do sofá e olho o relógio na parede. “07h30min”. Os lençóis estão bagunçados, e meu corpo esta molhado, frio e molhado. Anonyme senta séria sobre o chão e puxa um cigarro de um dos vários bolsos que tinha. Ela me perfura com o olhar...

– Pesadelos são ruins, não são?

– Qualquer tipo de sonho pode ser ruim. – Eu tento recuperar a minha visão embasada; - Se forem muito bons, te prendem fora da realidade; Se forem muito ruins, te enlouquecem aos poucos, e se forem como você, tendem a se meter em coisas que não são chamados...

Nossa, eu realmente não sei de onde eu tirei essa... Lembrarei de anotar depois.

– São sonhos como eu que te impedem de pirar de verdade. – Eu não consigo sentir a fumaça tóxica que Anonyme fazia. Que pena, até que não é um cheiro ruim; - Você não sabe o que é a loucura de verdade, Mimi. Mas eu sinto, ela vive em sua mente há muitos anos, não queira soltá-la agora...

– Eu acho que ela está na minha frente. – Eu a olho com certa censura, pois de certa forma ela estava falando do mal lavado. – Se quer saber o que sonhei, foi a mesma coisa que aquela vez...

– Eu já sei, e isso parece preocupante...

– Não, não é preocupante. È a mesma coisa de sonhar várias vezes que estou caindo em um buraco, pois tenho medo de altura, mas...

É como se existisse um grande deserto em minha boca, a qual nenhuma palavra pode ser ouvida. É como se alguém apagasse com uma borracha o que eu iria dizer, e jogasse os restos no vácuo. Em vez disso, eu me lembrei de algo...

Ah, sim; Eu me lembrei de algo...

– Antigamente, os filósofos diziam que coisas tristes eram causadas por uma substância tóxica... – Anonyme termina seu trago, e ouve atentamente minha história, na qual falo em alto som, sem me importar se alguém me ouviria falando com “nada”. – Não é algo como um detergente ou ácido que quando tomamos temos que ir ao médico e vomitar; Surgia do chão, como larvas e pulgas, depois contaminava nossas cabeças...

Meu corpo pesado me faz despencar outra vez sobre o sofá. Continuo:

– Não era transmitida como um vírus ou algo assim; Ela saía por meio de lágrimas. Tédio, suicídio, dores sem causa... Ela fazia tudo isso, e ninguém achou um antídoto para ela...

Eu estou em transe, não consigo parar. É algo estranho que me força a continuar...

– ... Melancolia era seu nome. Ela atingiu e se espalhou por cada homem vivo que existe na terra, até para aqueles que não nasceram. Logo, ela cobrirá não só a gente, daí não será um mundo bom de se viver. Mas é só uma lenda, não existe substância; E mesmo que tivesse, temos remédios e sanatórios... Fim.

Eu estou triste, e Anonyme sabe disso. A solidão foi a segunda amiga que já tive. Eu não entendo o porquê dessa história ter sido contada, pois eu nunca a ouvi. Talvez, seja algum tipo de delírio... O que é um delírio? Não quero uma resposta...

Anonyme não deu mais sinal algum aquela noite, e dormi insegura, pois uma sombra me observava atrás da porta...


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