»♥«

O amplo salão do palácio estava repleto de cinegrafistas e fotógrafos que perambulavam de um lado para o outro. Grace havia marcado uma coletiva de imprensa que seria transmitida pelo Jornal Official de Ilhéa e exibida em todos os canais. Ela encarava de maneira indiferente aqueles urubus que ansiavam pela confirmação ou negação dos tórridos rumores que cercavam o rei. Todos pararam quando a luz vermelha piscou na câmera principal indicando que a gravação ao vivo estava começando.

A rainha estava sentada com as costas eretas e as mãos entrelaçadas sobre a mesa de madeira maciça pintada em tons de dourado e vermelho, mostrando sua soberania inabalável diante de câmera a sua frente.

Damon e Caroline estavam em pé um de cada lado ao lado da rainha. Tentando fingir que se importavam com a jorrada de mentiras e meias verdades que sairiam dos lábios pintados por um tom de batom tão neutro que quase não se notava. Além da elegância de sempre, a rainha também estava discreta. Para combinar a ocasião optou por usar um vestido de tecido justo e liso na cor vinho e de mangas curtas.

— Hoje eu falo com vocês como uma esposa, uma mãe e como sua rainha. Alguns dias atrás o rei foi atacado nas redondezas do palácio. Ele foi baleado e deixado para morrer — deixou que suas palavras parecessem abaladas — vítima de um ataque brutal por alguém até agora desconhecido. Hoje, enquanto o rei luta por sua vida eu venho aqui falar a vocês sobre amor a família e ao país. Os próximos dias e semanas serão emotivos e desafiadores, mas eu tenho todos os motivos para acreditar que seu rei forte e bondoso vai se recuperar.

Ao lado da rainha, Damon repassava mentalmente quais foram os motivos que o fizeram concordar com todo esse espetáculo.

Com o rei incapacitado, os rebeldes do país poderiam incitar mais revoltas no reino, eles passaram anos e anos lutando e se rebelando contra o sistema de castas. Esse era um dos motivos pelo qual não estava nem um pouco ansioso para governar, como poderia liderar um povo que mal sabe o que quer? Anos atrás, no reinado de seus antepassados Maxon e América Schreave as castas foram abolidas e o caos se instaurou no país. A situação ficou insustentável de tal maneira que a única solução foi retomar o antigo sistema. Agora eles lutam novamente por algo que já falhou uma vez.

Além deles há também o grupo Antimonarquista, esse último é mais civilizado. Seu objetivo é abolir a monarquia, apesar de alguns países ainda serem governados por Reis como a Inglaterra, vários outros já migraram para a democracia e os antimonarquistas querem que o mesmo aconteça com Ilhéa, alegam que esse é um governo primitivo e ineficaz.

No momento, os privilégios concedidos pela monarquia eram necessários para dar o melhor tratamento existente para o seu pai nessa situação crítica.

A Rainha continuou seu discurso, introduzindo lentamente o objetivo principal do anúncio.

—… A Seleção é a melhor forma de honrar o nosso rei. É o sonho do Rei que seu filho encontre o amor através dessa tradição Real. Ele já havia iniciado o planejamento antes de ser brutalmente interrompido por esse ato bárbaro, mas enquanto está incapacitado, as jovens de Ilhéa podem se juntar a nós em uma jornada de esperança e nos ajudar a realizar o desejo dele.

»♥«

— Pobre rei…

— Já está mais do que na hora dessa monarquia acabar!

— Como o príncipe lidará com uma Seleção, em um momento como esse?

— Mal vejo a hora de me inscrever!

O burburinho incessante preenchia o King's Cofffe. O estabelecimento sempre foi um lugar famoso e bem frequentado, todavia estava mais lotado do que de costume. As pessoas estavam aglomeradas umas em cima das outras para acompanhar o pronunciamento oficial da rainha. A garçonete deslizava com graça abrindo brechas naquele formigueiro humano. Os cabelos escuros e encaracolados presos dentro da touca branca não aparentavam nenhum sinal de envelhecimento ou qualquer traço que mostrasse seus quarenta e poucos anos anos. Possuía as maças do rosto saltadas e seus olhos azuis cintilantes, grandes e redondos se desviaram do café que derramava na xícara e pousaram na televisão, tendo uma visão privilegiada da rainha.

O discurso continuou e ao ouvir sobre o rei, seus olhos se arregalaram em entendimento.

— Olha o que você está fazendo! — voltou a si quando ouviu a reclamação do homem e viu a estreita mesa com café derramado.

— Perdoe-me, limparei imediatamente! — se desculpou e voltou aos seus afazeres totalmente alheia ao seu redor.

»♥«

Grace sentou-se à escrivaninha no quarto de casal, observava a si mesma no espelho enquanto retirava devagar o par de brincos de esmeraldas e os guardava nas sua caixinha de joias. As inscrições para a Seleção haviam começado à duas semanas e milhares de cartas cartas foram enviadas por jovens cujo o sonho era se tornar uma princesa, ou pelo menos foi o que ela leu em algumas cartas. O rosto quadrado de Alaric apareceu próximo as bordas do espelho, a rainha analisou-o por um momento. A fronte e o maxilar largo davam a ele uma aparência máscula que se completavam com o nariz aquilino e os olhos claros, o chefe da segurança real era de fato um homem muito bonito, não era a toa que havia estado na cama da Rainha algumas vezes.

Os olhos da rainha se deslocaram do espelho para Alaric conforme ele deu alguns passos adentrando mais no quarto e começou a desabotoar o paletó. Quando estava próximo o suficiente ele arrastou os cabelos ruivos para o lado, expondo o pescoço da rainha para seus lábios. Sempre que a rainha o chamava discretamente era com esse objetivo. Afinal, ele servia a rainha em todos os sentidos.

Ainda sentada girou a parte de cima do corpo e levantou a palma da mão para que ele parasse, exibindo as unhas feitas.

— Senhor Saltzman, coloque o paletó novamente, não foi pra isso que eu te chamei.

Alaric fez o que lhe foi ordenado e recolou o paletó.

— Perdoe-me, Vossa Majestade.

— O período para que as moças enviem as cartas acaba hoje, mas as selecionadas do meu filho já foram previamente escolhidas por mim. Só as que forem dignas e úteis entrarão no palácio. Aquelas que tem conexões políticas, famílias influentes ou charme suficiente para fazer o país inteiro lamber o chão onde pisam — tornou a se olhar no espelho — Como você sabe, estamos passando por um momento delicado e não posso arriscar que seja sorteada uma garota inapropriada que possa sujar a nossa imagem.

— Compreendo, Vossa Majestade — meneou a cabeça — Em quê meus serviços lhe serão úteis? — perguntou, querendo saber onde a rainha iria com tudo isso.

— Damon fará o sorteio em uma transmissão ao vivo no Jornal Oficial, mas para garantir que só as garotas certas sejam escolhidas preciso que você faça copias das cartas de cada uma delas e encha os cestos de cada província com as cópias.

— Como desejar. Recolherei as cartas imediatamente.

Batidas na porta os alertaram da presença de mais alguém.

— Mãe! Preciso falar com você!

— Alaric, recolha as cartas depois. Quando for mais seguro você as leva e copia.

Grace levantou e seguiu junto com Alaric até a porta. Ainda haviam várias cartas no quarto e não podia arriscar que seu filho as visse.

— Damon. — cumprimentou o filho, ignorando o guarda-costas que o acompanha. Enzo foi designado para acompanhar o príncipe em toda e qualquer situação e provavelmente durante toda a Seleção. Assim como boa parte dos seguranças destinados a família real, Enzo era um homem muito bonito, cabelos pretos penteados elegantemente para trás combinavam com seus olhos negros e intensos. A barba cerrada completava o visual.

— Vossa alteza — Alaric disse e saiu.

— O que ele estava fazendo ai? — o príncipe questionou estreitando os olhos, desconfiado.

— Me atualizando sobre a investigação. — mentiu.

— Alguma novidade?

— Infelizmente não. Eles tem algumas pistas, todavia nada concreto. O que você quer? — falou e deu inicio a uma caminhada lenta acompanhada por Damon.

— Eu vim falar com você sobre a Seleção. — informou.

— Estou ouvindo.

— Eu concordei em participar, mas com algumas condições. Eu quero você longe das selecionadas e eu quero você longe da Seleção.

— Por que?

— Eu não quero que você manipule alguma daquelas pobres coitadas para que se apaixonem por mim e façam tudo o que você pedir ou manipule situações como sempre faz. Em troca eu serei o príncipe perfeito para a mídia, fingirei encontros apaixonados e tudo mais que você quiser. — propôs, em parte verdade, em parte apenas teatro. Se ele achasse que a rainha fosse mesmo capaz de não ser meter, seria um alívio. Ele não precisa ser tão contrário com a Seleção, seriam vinte e cinco garotas competindo por sua atenção, isso seria no mínimo divertido.

— E se eu recusar?

— Então sua vida será um inferno assim como a delas. — sorrio arrogante e sem esperar uma resposta seguiu seu caminho sozinho com Enzo. Ao virar no corredor encontrou Carol e seu novo segurança, Niklaus.

— Caroline.

— Você sabe que ela vai ou já está aprontando alguma coisa não é?

— É claro que sei, mas estragar os planos da Rainha é o dever oficial da princesa. — sorriu malicioso — Ela já saiu do quarto, então por que não descobre os planos da Malévola?

— Como desejar vossa alteza. — Fez uma reverencia erguendo a saia imaginaria. Ignorando a piada do irmão sobre a vilã de uma de suas histórias favoritas quando criança.

— Eu vou ver nosso pai e depois uma enorme papelada me espera — fez uma careta de desgosto.

O palácio estava vazio de guardas, nunca houveram muitos e eles iriam chegar com as selecionadas para manter a ordem. Caroline seguiu pelo corredor amarelo-claro com Klaus em seu encalço.

— Nem me olhe com essa cara. — avisou ao ver a expressão fechada no loiro, não que ela já tivesse visto outra expressão. Os lábios carnudos e meio rosados estavam sempre pressionados numa linha reta — Se você me chantageia em troca de sexo o mínimo que pode fazer é me ajudar.

Caroline pega o grampo de cabelo e encaixa na fechadura da porta e começar a mexê-lo. Não é tão fácil como parece nos filmes.

— Me dá isso. Eu abro.— se passassem mais um minuto esperando Caroline alguém os veria.

Ele pega o grampo da mão dela e coloca novamente na fechadura com movimentos firmes e precisos ele facilmente abre a porta.

— Humpf! Eu já sabia! Eu só estava testando suas habilidades.

Klaus revirou os olhos.

— Claro que sim…

Eles entram sorrateiramente.

Carol nota as pilhas de cartas em vinte e cinco cestos e vinte cinco cartas cuidadosamente separadas do resto. Não levou muito tempo para que a ruiva entendesse o que a mãe estava tramando.

— Mas que Vadia! Anda Klaus fica ai na porta e faz... Sei lá, isso que fazem nos filmes de espião de vigiar a porta! — sacudiu as mãos enxotando-o do quarto.

A ruiva abriu a primeira carta e leu os dados da mulher, não precisava ser um gênio para descobrir que todas ali seriam politicamente influentes de alguma forma ou aquelas eram suas opções aceitáveis para noiva do filho.

Caroline observou os trinca e cinco cestos dispostos de maneira aleatória no cômodo, como o quarto era espaçoso eles ocupavam “pouco” espaço. Os cestos estavam repletos do que deveriam ser dezenas de milhares de inscrições, todas dentro do envelope para garantir o anonimato das mulheres, mas sua mãe claramente não se importava com isso. A Princesa Real não queria nem saber como Grace conseguiu fazer isso sem levantar suspeitas.

Ela caminhou até o cesto mais próximo, o rótulo indicava que todos os concorrentes ali eram de Angeles. Puxou um envelope da lateral da pilha e trocou com um dos que a mãe escolheu. Repetiu o processo de troca em todos os outros cestos, pegou envelopes do topo, enterrou o braço no monte de papel e pegou o último. Assim que terminou deixou tudo como estava antes de chegar. Mal podia esperar para ver a cara da mãe ao descobrir que seu pequeno plano havia falhado!

Já estavam saindo do quarto quando Caroline disse para Klaus:

— Me lembre de dizer ao Damon que se ele encontrar o grande amor da vida dele na seleção, ele vai ter que me agradecer pelo resto da vida!

»♥«

Grace ajeitou a postura, alisou o tecido do vestido e correu os dedos pelo cabelo avermelhado. Ondas soltas caíram quase tocando seus ombros, a frieza da seda azul se agarrava as ligeiras curvas de corpo. A transmissão ao vivo do Jornal Oficial ia começar em poucos minutos.

Tudo estava ocorrendo conforme o planejado, Alaric copiara as cartas e o set do estúdio do Jornal montado no palácio já estava pronto. A rainha, a princesa e o príncipe já estavam sentados diante da câmera principal.

— Muito bem Damon, você só precisa caminhar até cada um dos cestos e retirar um envelope. Vou segurar os envelopes sorteados depois que você abrir, está pronto?

Os flashes dos fotógrafos piscavam sem parar.

— Sim, Majestade. — respondeu com cara de tédio.

— Não apronte nada ouviu bem? Eu já aceitei aquele seu acordo estúpido. — Damon quase riu, era inacreditável a facilidade que sua mãe tinha para mentir. Ele ia fazer o favor de fingir algum entusiasmo com esse sorteio falso, sabia que por mais que remexesse nos envelopes apenas um nome sairia.

Damon vinha se sentindo sobrecarregado desde o anúncio da Seleção. Pelo menos o estado do Rei estava estável e o risco de morte havia reduzido consideravelmente.

Finalmente do relógio marcou oito horas da noite. O brasão de Ilhéa surgiu nas telas acompanhado da versão instrumental do hino.

Andie Star, a repórter foi na direção da família real.

— Boa noite, Majestade. — ela disse a rainha.

— É sempre um prazer vê-la querida.

A loira de cabelos cacheados, rosto comprido e olhos cor de mel voltou sua atenção para Damon.

— Alteza, como pretende lidar com tantas garotas no palácio, as suas novas obrigações como príncipe regente e o estado do sei pai?

— Considerando o estado em que meu pai estava na semana passada, nós estamos verdadeiramente animados com a melhora dele. Ele ainda não acordou, mas estou confiante de que não vai demorar a acontecer, não vou nem ter tempo para me acostumar com os deveres novos — Damon sorriu mostrando todos os dentes, pois aquela era a mais pura verdade — E quantos as garotas, contanto que elas não fiquem de TPM juntas, acho que posso ficar tranquilo. — sorriu arrogante.

Recebeu um olhar discreto de repreensão vindo da rainha pela piada.

— Tem certeza de que está pronto para escolher uma esposa, Alteza? Esse tipo de coisa nunca pareceu estar em seus planos. — Andie saiu do roteiro programado com essa alfinetada pessoal. Em uma das vezes que estivera no palácio trabalhando para o Jornal, ambos se envolveram de maneira extra profissional. Foi quando ela ouviu-o dizer que casamento não estava nos seu planos.

— Eu acredito que ninguém esteja realmente pronto para dar um passo como esse — a intensidade de seus olhos azuis faziam a repórter quase babar em cima dele — Mas quando você encontra a pessoa certa e você sente o gosto do amor verdadeiro, você percebe que estava morrendo de fome a vida inteira e nunca soube. E você descobre que essa pessoa é tudo o que você precisa para se sentir vivo. — Caroline teve que pressionar os lábios um contra o outro para não rir da mentira descarada do irmão, bancando o príncipe encantado — O ataque ao meu pai me fez perceber muitas coisas sobre a vida que eu levava, eu não sei se vou encontrar o amor verdadeiro nessa Seleção, porém eu desejo de coração que isso aconteça.

Andie ficou mortificada com as palavras, mas logo se recompôs.

— Vamos começar o sorteio e anunciar o nome das felizardas que competirão pelo coração do Príncipe?

Damon assentiu e se dirigiu ao primeiro cesto. Inventou algumas técnicas estranhas para tirar o envelope do cesto, apenas para entreter quem estava em casa.

Abriu o envelope e revelou para toda a Ilhéa o nome da primeira selecionada.

— Senhorita Celeste Gomes, de Angeles, Dois. — anunciou e passou o envelope para a mãe como foi instruído. Olhou de esguelha para ela e não pôde deixar de se divertir com a reação dela.

A rainha piscou repetidas vezes tentando entender se seus ouvidos haviam de fato escutado corretamente. Segurou delicadamente o papel em suas mãos lendo o nome escrito nele como se cortassem sua garganta. Passou os olhos por Alaric, mas seu olhar foi desviado para o sorriso debochado que sua filha exibia no rosto.

— Senhorita Lara Caroline Prince, de Midston, Cinco. — continuou com o sorteio, a cada nome novo era um soco no estômago de Grace — Senhorita Crystal Becker, de Kent, Quatro. Selena Weaver Coper, de Belcourt, Quatro.

O sorriso de Grace permaneceu congelado, como se a força que tinha sido necessária para levantar os cantos de sua boca tivesse danificado permanentemente os músculos de seu rosto.

— Sophia Sperrow, de Carolina, Dois — seguiu para o próximo cesto — Penélope Déesse, de Hondurágua, Três. Senhorita Bellatrix Aurora Morgan, de Waverly, Dois.

A rainha tratou logo de recuperar sua compostura, nem tudo estava perdido. O número de garotas de castas aceitáveis ainda era alto. Uma guerra escarlate estava sendo travada silenciosamente naquele cômodo.

— Annelise Sophia Carstairs, de Whites, Dois. — Grace devolveu para Caroline o sorriso debochado, ainda não estava fora do jogo. O que enfureceu a ruiva mais nova e causou certo incômodo no príncipe, mesmo com seus planos destruídos, ela sempre dava um jeito. — Delilah Reid, de Paloma, Três. Senhorita Alice Le Blanc, de Clermont, Dois. Senhorita Rosie Schneider, de Bankston, Três.

O sorriso da rainha ficou levemente abalado quando os outros nomes foram selecionados. Taylor Willers, de Summer, Cinco. Katherina Sparks, de Fennley, Seis. Judy Morgan Aider, de Atlin, Cinco. Lunara Nevena Farnsworth, George, Seis. Como garotas tão baixas poderiam sequer sonhar com a realeza? Só por que qualquer uma pode se inscrever na Seleção, não quer dizer que devam fazer isso.

Depois de mais alguns nomes serem pronunciados, finalmente a última foi escolhida.

— Astrid Goethè-Holland, de Columbia, Três.

Caroline sorri vitoriosa, ao ver as escolhidas que foram verdadeiramente selecionadas por suas próprias mãos.

A rainha tenta esconder a repulsa ao ver que até mesmo uma garota da casta oito foi selecionada. É definitivamente a ruína de seus planos.