Immortal Star escrita por Sandaishiro


Capítulo 11
Poder diferente


Notas iniciais do capítulo

San finalmente nos mostra como ele luta.



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Não há nada como uma hora de tranquilidade para colocar o papo em dia. Mas é como aquele velho ditado diz: a calmaria antecede a tempestade. Ta ok, não era EXATAMENTE assim o ditado, mas o sentido é o que importa.

Mas a tempestade que virá, trará muito mais do que chuva e vento. Essa tempestade é grande o suficiente para arrastar cidades, fazer as pessoas correrem atrás de abrigos e deixar os fazendeiros chorando por dias por terem suas plantações destruídas. Algo de muito grande está para acontecer. Algo que vai muito além do que o simples Torneio no Coliseu. Algo que vai envolver todo aquele reino, e repercutir para todo o mundo. Algo que vai ser o estopim de uma guerra considerada a mais sangrenta e mais duradoura que o mundo já presenciou.

Ficou curioso agora? Então preste bem atenção no que eu vou lhe contar agora, antes de voltarmos ao Torneio.

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Suas botas de metal eram ouvidas por todo o corredor da mansão. Mesmo andando sobre o tapete laranja queimado que se estendia desde a entrada até a porta que levava para o salão de festas, o barulho metálico conseguia reverberar nos ouvidos daqueles que passavam por ele.

Quando as camareiras e empregas olhavam para o homem alto, vestindo uma armadura completa banhada em prata reluzente, elas perdiam o fio da meada. Seu rosto perfeito, com traços finos, mas com olhar aguçado, era o tipo de "raio" que muitas mulheres esperavam ser atingidas. Ele carregava seu capacete de batalha nos braços e andava firmemente. Ninguém naquele reino não reconheceria Raziel, Comandante Geral da Brigada do Leste de Riven, uma das principais forças militares do maior reino do mundo.

Seu nome completo, Raziel Horth Von Zaruov era conhecido mundialmente por dois fatores muito particulares: primeiro por ser um dos únicos Generais a ir para uma Guerra e nunca sofrer uma derrota. Segundo porque ele é atualmente tri Campeão do Torneio de Gladiadores Celestes, que é provavelmente o maior evento no Coliseu dos Deuses e só acontece uma vez a cada dois anos. Suas perícias com sua espada larga são tão fenomenais que ele chegou a receber o Título Único de "Lâmina Indefensável".

Ele era um daqueles caras que eram perfeitos em absolutamente tudo. Filho de nobres da realeza ali mesmo de Riven, fazia ele ter uma posição social mais do que muito elevada. Ou seja, poder político e poder militar não eram nada pra ele. Além disso, ele era claramente bonito e chamativo, atencioso, educado e um perfeito cavalheiro. Quando ele aparecia nas grandes festas da nobreza, vestindo seu traje vermelho com branco, todas as mulheres, solteiras ou não, corriam até ele para lhe convidar para uma dança. As vezes, até mais que isso.

Mas hoje ele não estava indo para uma dessas festas. Ele chegou à porta do hall principal e a abriu com vontade. Entrou e fechou calmamente a porta, olhando para dentro do enorme salão de dança, agora vazio. Sem música e sem conversas.

Para não dizer que estava totalmente sem vida, havia uma pessoa exatamente do outro lado do salão. Ele também era alto, mas não vestia armaduras ou carregava qualquer arma. O homem parecia muito mais velho e tinha clássicas roupas nobres, com muitos anéis de ouro e braceletes de diamantes.

Raziel andou até a frente da pessoa e se ajoelhou, deixando seu capacete do lado. Ainda com a cabeça baixa, ele disse:

— Chamou, meu Lorde? — sua voz tinha um impacto profundo em qualquer ouvido desacostumado. Havia poder e nobreza até nas palavras que ele ditava.

— Sim, Raziel. Como está o andamento do Projeto R? — a voz do homem não era nada incomum e inclusive parecia vir de alguém bem cansado e sonolento. O velho manteve o braço cruzado, sem demonstrar qualquer sentimento.

— Eu recebi o relatório hoje cedo, meu Lorde. Parece que está indo melhor do que planejamos.

— Melhor? Tem certeza?

— Sim, meu Lorde. Katherina disse que a aquisição de energia conseguiu superar os parâmetros já estabelecidos por ela mesma. Ela não achava que os lutadores do torneio tivessem tamanho poder.

— Excelente! — disse o homem, com um claro sorriso malicioso no rosto. Ele juntou as duas mãos e começou a tamborilar os dedos. — Diga para Katherina que eu vou querer um desses relatórios diários sobre como anda tudo por lá.

— Sim senhor. Mais alguma coisa que eu posso fazer pelo meu Lorde?

— Não, por hoje é só. Sei que você não pode ficar longe de seu posto por muito tempo. Está dispensado.

Raziel, ainda com a cabeça baixa, juntou seu capacete e o colocou na cabeça, firmando a fivela no pescoço. Ficou de pé e bateu com o punho na parte direita de seu peito. Aquilo era a continência dos soldados do reino. Deu meia volta e começou a andar rapidamente até a mesma porta por onde entrou.

Ao passar dela e se sentir mais tranquilo, Raziel apertou os punhos. Odiava aquilo. Odiava ficar de joelhos para quem não merecia. O problema era que só ele podia fazer esse maldito trabalho. Ele não era só o Comandante das forças do reino. Ele ainda tinha um outro posto que merecia sua completa atenção. Era um segredo. E por mais incrível que possa parecer, esse posto secreto conseguia ser MAIS importante do que o outro.

Era trabalho demais em suas costas. Mas ele tinha que aguentar. Principalmente depois que aquela tragédia do mês passado ocorreu. Ele mesmo não pode se perdoar. Era o único motivo dele ter aceitado esse plano maluco. E Raziel estava com uma sensação horrível de que alguma coisa daria errado. Ele não saberia o que era, mas seria horrível. Mesmo que o plano fosse de fato um sucesso, ele ainda achava que uma tragédia acabaria acontecendo.

Aliás... OUTRA tragédia. Não dava pra voltar atrás agora. Ele precisava avisar Katherina.

É isso aí, senhoras e senhores! — ditava Pablo, enquanto os dois lutadores acabavam de subir no ringue. — Os pedidos de muitos foram atendidos! Geovanna, a participante que derrotou seu oponente na luta passada sem tomar nenhum dano sobe de volta ao ringue, agora como primeira a demonstrar sua força para nós nesse incrível embate entre dois times poderosos. — o público pareceu reagir mais fortemente com o anúncio da mulher. Geovanna não tirou os olhos do oponente, que estava caminhando lentamente até o centro do ringue com as mãos nos bolsos. — Do lado da Immortal Star, irá lutar aquele que não teve sua chance de estreia ainda! Quais técnicas ele nos mostrará? Será que ele conseguirá nos entreter com uma luta tão impressionante como a de sua companheira? Logo descobriremos!

San fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente muito de leve. Ninguém percebeu isso. Ele olhou para frente e viu a expressão séria de sua oponente. Geovanna vestia uma roupa bem popular entre magos. San reconheceu a vestimenta dos Magos de Combate da Universidade Harven, mesmo que ela esteja com uma cor diferente.

Se tratava de um macacão cor gelo, muito apertado ao corpo. Botas típicas de couro marrom. Uma capa curta que ficava em suas costas, da mesma cor da bota, só que um pouco mais clara. Ela não usava chapéu ou qualquer tipo de acessório na cabeça, mas usava luvas finas nas mãos, também nas cores marrom claro.

Depois da análise rápida, ele olhou mais para trás dela, para fora do ringue. Lá estava Momo, absurdamente inquieta e nervosa. Ela gritava coisas como "ACABA COM ELE!" ou "SE VOCÊ NÃO GANHAR, DEIXA QUE EU GANHO!". Uma de suas companheiras estava a segurando, para ela não dar a doida de subir no ringue no meio da luta.

Os dois lutadores ficaram em suas marcas, no centro do ringue e se encararam. Geovanna estava ficando com raiva da falta de expressão de San, que continuava com as mãos nos bolsos e tinha uma cara de despreocupado. Ele não parecia se importar com a luta e muito menos com sua oponente, já que sua atenção estava em outro lugar. Não era novidade você ficar nervoso por causa disso.

— Antes de lutarmos, deixe-me dizer uma coisa. — falou San, sem se mexer ou mudar de expressão. — Você é muito bonita.

Quem ouviu, não conseguiu acreditar. San falou em um tom alto, para ser ouvido por todos ao redor do ringue. Foi proposital. Enquanto Mana e Kula falaram ao mesmo tempo algo como "Ah, mas que vagabundo!", Geovanna deu um passo para trás e ficou perplexa. Se o povo não conseguia acreditar, imagine ela?

Ela viu que San tinha mudado de expressão e agora estava sorrindo. Ah não era possível! Ele estava flertando ali? Naquela situação? Quem ele achava que era? Estava maluco!

A mulher deu uma rápida olhadela para ele, mas dessa vez, parecia analisar outra coisa. Ela apertou os olhos fortemente. Ela tinha uma terrível queda por cabelo comprido! E San parecia ser "boa pinta"... Era forte... Droga! Era do tipo dela! Mas o que ela estava pensando? Geovanna balançou a cabeça violentamente e o olhou para ele com cara séria de novo.

— Você acha que eu vou cair no seu papo antes de uma batalha importante dessas? Vá sonhando! — disse ela, com decisão.

— Não, você não entendeu. Eu disse que você era bonita, e por isso vai ser um problema enorme se você perder essa beleza que tem depois de eu lhe atingir diretamente no rosto. Poupe-se disso desistindo da luta e deixe para outra de suas companheiras.

San também disse isso em alto e bom tom. O efeito foi incrível. No público, teve o efeito de espanto misturado com impressionismo. A maioria deles acreditava que aquilo era um blefe e tanto. Já Mochizuki e o resto de seu time tinham CERTEZA ABSOLUTA que aquilo era um blefe muito mal feito. Nunca que sua companheira de luta iria cair nessa. Principalmente depois de mostrar o seu poder ontem.

Para o time de San, houve reações distintas. Mana bateu com a mão na cara, sentindo um tipo de vergonha. Kuchiki quis xingar o companheiro, mas se conteve e só se manteve de braços cruzados. Mulkior não se aguentou.

— Mana, desculpa te perguntar isso só agora, mas... — disse ele, sem se virar. — Esse cara realmente sabe lutar? Digo... Ele é realmente o verdadeiro "Lobo Solitário"?

— Olha... — começou a assassina, tentando disfarçar a vergonha de todas as formas possíveis. — Com essa cara de panaca e essas frases idiotas... Com certeza é ele.

Combatentes, em suas posições!

O anúncio do Apresentador fez o ar mudar. De repente, tudo parecia mais pesado. Geovanna afastou as pernas e colocou os braços para frente. Seu oponente era um tagarela medroso. Só podia ser isso. Ou um débil mental.

Ela tinha visto a luta dos três companheiros dele e tinha se impressionado bastante. Então ela entrou no ringue achando que teria a mesma adrenalina que teve ao assistir a luta. Mas ela estava errada. Isso era sorte ou azar? Talvez sorte, porque se ela derrota-se esse cara rapidamente, poderia continuar no ringue e sair com duas vitórias. Quem sabe três?

A garota no ringue estava confiante. Isso fez sua aura sair e encher o ringue com seu poder mágico. Mana, Kula e Mulkior sentiram na hora. Ela era poderosa. Tinha uma quantidade e força em sua energia de um mago de alto nível. A maga de fogo do time da Immortal Star era a que mais conseguia reconhecer a energia mágica de alguém ali no time. Ela engoliu saliva e depois olhou para San. Agora ele já deveria ter parado com a palhaçada e ficado em posição de alerta...

E foi aí que ela ficou de boca aberta. San, sem se mover, levantou o braço direito para cima, com o dedo indicador apontado para o céu. Isso tirou mais uns gritos de espanto dos torcedores, que não sabiam o que ele estava fazendo. Nem Geovanna sabia.

Ele está fazendo uma previsão da luta. — disse Bart, que até agora, tinha permanecido em total silêncio ao lado de Pablo. — No boxe ou em algumas outras competições de artes marciais, antes da luta começar, quando um lutador quer dizer em qual Round ele derrotará seu oponente, ele levanta os dedos com o número do Round em si. Se San levantou apenas o indicador, significa que ele vai derrotá-la em apenas um Round, que nesse caso, serão nos três primeiros minutos.

— Ah mas eu não acredito! — disse Geovanna, depois de ouvir a explicação do soldado do Planetarium. — Como você ousa me subestimar assim?

— Bom, deixe me dizer que Bart está errado. — respondeu San. — Eu não estou dizendo que vou te derrotar em três minutos. Eu estou dizendo que vou usar só um dedo pra te derrotar.

Isso, com toda a clareza do mundo, tirou Geovanna do sério. Ela simplesmente se enraiveceu em um ponto tão profundo, que sua energia se duplicou no mesmo instante. Quem estava fora do ringue conseguiu sentir uma lufada forte de vento que chegou a empurrar os membros dos dois times.

Não dava pra saber qual dos dois times estava com uma cara de maior impressionismo.Mulkior e as duas colegas estavam de olhos arregalados, sentindo em seus corpos a tamanha tensão liberada por Geovanna naquele momento. Já no time de Momo, ninguém nunca tinham visto sua companheira com uma expressão de raiva tão intensa assim. Uma delas gritou para a garota no ringue para que se acalmasse, mas foi totalmente ignorada.

Nada nunca tinha a deixado tão nervosa daquele jeito. Ela já tinha passado por diversas lutas, mas ser subestimada dessa forma... Aquilo não poderia ser perdoado. San iria sentir na pele o que acontecia com as pessoas que lhe deixavam nervosa!

LUTEM! — gritou o Apresentador, acompanhado pelos gritos intensos do público.

ESFERA DE ENERGIA CONCENTRADA!

Geovanna não esperou. E quem mais esperaria? Ela nunca tinha perdido a cabeça desse jeito, então era impossível determinar suas próximas ações. Ela juntou toda aquela energia que rodeava o ringue e criou uma esfera com ela, usando a mão direita.

A criação foi impressionante. A esfera era maior do que as bolas de fogo que Kuchiki normalmente usava. E eram mais bonitas. Eram feitas de pura energia mágica, sem nenhum elemento específico. Esse era o poder de Geovanna, que ela mesma chamava de "Magia Plana". Bom... Ela e todo o resto de sua Universidade Mágica. Como esse tipo de magia não tinha elementos, ela não tinha vantagens... Ao mesmo tempo que não tinha desvantagens. Logo, é uma forma poderosa de magia para alguém que gosta de lutar em qualquer situação.

A esfera que foi criada parecia ter o Universo dentro dela. Era bonito, pois brilhava e parecia que tinha um tipo de corrente elétrica dentro dela, que fazia curtos raios explodirem nas bordas da esfera. Depois de pronta, Geovanna tomou força e atirou aquela obra de arte contra seu oponente.

Que continuava parado, só para constar. Ele viu aquela esfera vindo em uma velocidade média na sua direção, calculou que poderia esquivar... Mas não o fez. Ao invés disso, levantou o dedo indicador da mão direita para frente, mirando para o centro da esfera. A bola de energia bateu com tudo em seu dedo e explodiu.

E então houve um silêncio quase mortal no Coliseu. Antes da explosão, Mana e Kula gritaram um "NÃO", prevendo que a magia iria atingir o companheiro de time em cheio. Mas um segundo depois, elas também se aquiesceram.

A esfera de fato explodiu... Mas não em San. Ela explodiu contra o dedo indicador dele, e sumiu em seguida. Simples assim. Sumiu. Sem destruição, sem barulho. "Puff". Como um truque de mágica.

O público, mais do que ninguém, estava perplexo por não terem entendido absolutamente nada do que aconteceu. Geovanna estava em uma situação bem pior. Parecia que a raiva tinha nublado sua mente e raciocínio lógico. Ela estava quase babando com a boca aberta e olhos arregalados.

A magia tinha falhado? Não, nunca. Ela nunca erraria sua magia mais simples e rápida. Mas ela VIU a magia sumindo instantaneamente. Foi como se ela tivesse batido contra uma parede... ISSO! Talvez era isso mesmo! Seu oponente deve ter usado algum tipo de barreira mágica que impediu a magia de explodir! Mas é claro!

Geovanna riu e olhou de forma afiada para San, que continuava com o dedo indicador apontando pra ela. Ele não tinha se movido um centímetro sequer.

— Eu disse que te derrotaria com um só dedo. — disse ele, abaixando um pouco o braço.

— Ahahahah! Quem você quer enganar? Acha que eu sou burra? Pode continuar com esse seu teatrinho aí! Quero ver você aguentar essa! — a garota tinha voltado a ficar decidida, e foi por isso que ela começou a juntar muito mais energia mágica em seu corpo. Era realmente MUITO MAIS energia do que antes. Ela já sabia como tirar essa expressão de idiota de San.

— Eu acho que não fui bem claro. Eu disse que-

— CALADO! — gritou a maga, cortando San. — DIVISOR DE MUNDOS!

Geovanna levantou o braço para o alto, com a mão aberta e dedos juntos. Ela começou a passar toda a energia concentrada previamente em seu corpo para o braço levantado, criando uma aura azul clara brilhosa no membro. Foi um momento de incrível tensão, pois o time dela já sabia do que se tratava aquela magia. Também foi de total alarde para o público, pois tinha sido com aquela magia que ela tinha derrotado seu oponente do dia anterior.

E para o time de San, que não fazia ideia do que viria, a tensão estava mais focada no fato "O que aconteceu com aquela magia de antes?". Os dois magos do time estavam completamente perdidos. Eles chegaram a achar que a magia tinha saído de forma errada e não chegou a encostar em San.

Já Mana era a única pessoa em todo o Coliseu que tinha entendido quase tudo perfeitamente o que tinha acontecido. Ela até ia tentar explicar para seus companheiros, mas foi aí que Geovanna fez um movimento vertical com o braço e mandou uma gigantesca onda de energia azul contra San.

O barulho foi fenomenal. Assim que lançada, ela fez um estrondo como se fosse o início de uma tempestade. Aquilo foi se arrastando no chão violentamente e correu contra San, como a onda de uma praia que tenta engolir um banhista. San não se moveu. De novo.

Os três membros da sua equipe voltaram a gritar o seu nome, pedindo para que ele se esquivasse de uma vez. San ouviu isso muito claramente, mas ainda sim, não se moveu. Levantou o braço direito de novo, apontando o dedo indicador para a onda que estava preste a engoli-lo.

E então aconteceu. Gritos e mais gritos. Kuchiki e Mumu na ponta do ringue, batendo com as mãos nas pedras quadradas e clamando o nome do companheiro de time. Momo e suas amigas comemorando. Pablo ditando que...

Que a magia havia sumido mais uma vez.

Silêncio. Não havia mais gritos. O público se levantava numa falha tentativa de tentar entender o que havia acontecido. A magia sumiu outra vez. San estava intacto, ainda com o dedo apontado para frente, sem ter saído do lugar. Geovanna caiu de joelhos e voltou a ficar com uma expressão perdida. COMO? Era impossível! Não era nenhum erro dela! A magia tinha saído perfeita! Então como!?

— Como eu estava dizendo... — começou San, mais uma vez abaixando o braço. — Sua magia é inútil contra mim. Eu só preciso de um dedo pra destruí-las. Desista dessa tentativa inútil de me derrotar antes que eu parta para o ataque. É seu último aviso.

O povo voltou a reagir, mas tinha sido a primeira vez que eles não sabiam o que deveriam gritar. Comemoravam? Mas o que comemorar? Não dava pra entender o que estava acontecendo no ringue.

Bart, lá em seu devido lugar, tinha ficado com uma expressão séria e começou a forçar a visão contra San. Por mais incrível que possa parecer, nem mesmo ele estava entendendo o que havia acontecido. Pablo olhou para o lado e percebeu a dúvida estampada no rosto de seu convidado especial. Era melhor não dizer nada agora. Ninguém estava entendendo, então era melhor manter esse clima de "mistério" por enquanto.

— Mas o que está acontecendo aqui? Porque as magias não acertam San? — perguntou Mulkior, se virando para as companheiras.

— Eu também não estou entendendo. — respondeu Kula, e continuou. — Essa mulher usa magia de energia pura. Eu já li muito sobre isso. É um tipo de magia mística que não possui elemento específico. Enquanto ela não tem nenhuma vantagem contra outros elementos, ao mesmo tempo ela também não possui nenhuma desvantagem. Ela não é um tipo de magia fácil de se aprender, pois é dividida em criar um núcleo fonte que alimenta todo o redor da magia em si. Isso faz com que as "explosões" desse tipo de magia sejam muito poderosas... E por isso é estranho a magia sumir desse jeito!

— A magia não está sumindo. San está "apagando" ela. — Mana disse finalmente. Ela já estava querendo falar isso desde a primeira magia.

— Mas como ele consegue apagar isso? Ele teria que destruir o núcleo da magia antes que o atingisse! — retrucou a maga de fogo.

— E é exatamente isso que ele está fazendo. — disse Mana, cruzando os braços. — Ele está concentrando energia vital no dedo indicador para perfurar a magia e atingir o núcleo antes que ela exploda. É uma manobra perigosa demais.

— Energia vital? — perguntou Mulkior. Sua parceira iria perguntar a mesma coisa.

— Sim. San luta usando sua própria vitalidade para criar as magias. Isso não é nenhuma exclusividade dele. Usar energia vital para criar magias é algo que qualquer pessoa pode fazer, se treinada. Mas San é especializado nisso. Na minha sincera opinião, é um tipo de arte de combate extremamente desvantajosa, pois você pode acabar morrendo pelas suas próprias habilidades.

— Sim, você tem toda razão! É loucura entrar em qualquer tipo de luta apenas usando isso! Teoricamente falando, é como você estar apostando sua vida todas as vezes que for lutar! — disse o mago de ferro. Ele parecia um pouco indignado com aquele fato. Era a primeira vez que ele sentia com uma dor no coração por achar que San poderia estar correndo sério risco de vida sem nem ter apanhado.

— Ah mas eu não disse que San entra nos combates só com isso. — disse Mana, se aproximando do ringue. — San não é o "melhor" combatente do mundo que usa Energia Vital... Mas ele é a pessoa com o melhor controle de nível de energia que eu já conheci na vida. — ela percebeu que Mumu e Kuchi a olhavam prestativamente. Eles precisavam daquela informação. Por mais que fosse difícil de se aceitar, San era um membro insubstituível para o time. Ela se virou e continuou a explicação em voz baixa, para que só os dois ouvissem. — Ele pode concentrar muita energia de uma vez só, em menos de um mísero segundo e disparar no momento seguinte. Magias que nós três demoraríamos uns cinco ou seis segundos para nos concentrarmos, ele se concentraria em apenas um. É tão absurdo que chega a ser inacreditável.

O casal de magos se olharam espantados. Quem diria que o cara que até agora não tinha feito nada poderia ser sim, uma grande adição para o time? Bom, mas ainda tinha o fato dele precisar GANHAR as lutas. Os dois voltaram a sua atenção para o ringue novamente.

Eles perceberam que Geovanna estava recuando, olhando para San como se fosse a própria Senhorita Morte. Ela ainda não tinha entendido como sua magia despareceu na frente de seus olhos. Nunca, nem sequer em seus mais básicos treinamentos na Universidade, algo daquele tipo havia ocorrido.

— GEOVANNA! NÃO SE DEIXE ENGANAR!!! — era a voz de Mochizuki, gritando na ponta do ringue. Era impossível não reconhecer sua voz de nervosismo. Geovanna olhou para trás e encarou a expressão óbvia na cara da amiga. — San tem um controle de energia absurdo! Ele ta usando isso pra destruir suas magias! Vá com tudo e use sua magia mais poderosa nele! Ele não vai conseguir destruir "aquilo"!

A maga voltou o olhar para o seu oponente, que continuava parado no mesmo lugar. A lógica e a calma estavam começando a voltar para sua cabeça. Sua líder de time não tinha parado de falar nesse cara desde ontem, quando o viu na abertura do Torneio. Geovanna já tinha ouvido muitas histórias antes, pois já era amiga de Momo há algum tempinho.

San... Esse era o nome do cara que tinha destruído a vida de sua amiga há uns tempos atrás. Agora ela se lembrou! Como ela pode ter esquecido de algo tão importante? Ela sabia o porquê. Era "ele". Ele estava fazendo ela perder o juízo. Aquela cara de bobo e essa pinta de invencível. Aquilo tinha lhe tirado do sério.

Agora ela conseguia entender porque Mochizuki tinha tanta raiva dele. Mas ela precisava se vingar de tudo o que ele fez no passado. Momo queria ser a pessoa que iria derrotá-lo. Mas não iria conseguir, pois ela mesmo iria apagar a existência daquele homem da face do mundo de uma vez por todas.

Sua energia cresceu. O céu escureceu. Um vento sobrenatural soprou forte, fazendo poeira voar nos olhos dos torcedores. Faíscas de energia estralavam ao redor do ringue. San olhou para os lados e viu as pequenas explosões de energia mágica acontecendo pelo chão.

Ele olhou novamente para sua oponente. Ela estava preparando um golpe mais poderoso ainda, e ele sabia bem disso. Mulkior e Kula tiveram que se afastar da borda do ringue quando sentiram um choque. Havia uma carga elétrica correndo pelo ringue. Aquilo não poderia ser bom.

Mumu tinha sentido algo muito parecido quando Shiro usou aquela sua última magia contra Mana. E que por falar na assassina, era a primeira vez que ela tinha ficado inquieta. Ela não deixou os dois amigos perceberem, mas ela sabia que agora San teria que mudar de tática para contra-atacar aquilo... Seja lá o que fosse.

Então por que ela estava preocupada? San era um bom lutador e ela já tinha testemunhado a sua tenacidade no campo de batalha muitas vezes. Então... O que era aquela insegurança que ela sentia no peito? Medo? Não, não. Era diferente. Mas tinha algo a ver com o fato de que San não iria conseguir se defender daquela magia. O que era?

Ela se aproximou do ringue sem perceber e tocou o corpo na borda branca, tomando um leve choque. Ela recuou e acordou. Pra que se preocupar com aquele panaca? Ele que se vire! Ele estava aqui porque queria! Ela não iria se culpar por nada!

San se manteve parado. Ele tinha ouvido o grito desesperado de Momo, dando um sorriso leve quando viu que a xamã ainda se recordava das habilidades dele. Bom... Não era nenhuma novidade. San não gostava de exibir seus poderes para que ele sempre esteja com a vantagem da "surpresa". E lutar com tudo em um lugar que tem mais de duas mil pessoas lhe assistindo... Não era o melhor dos palcos.

Ele voltou a prestar atenção em sua inimiga. Geovanna gritava enquanto fazia toda sua energia ser concentrada acima da sua cabeça. Ela estava com os dois braços levantados e uma enorme esfera de energia estava se formando logo ali em cima.

E era grande. Maior que aquela esfera do começo da luta. Maior que aquela onda. Maior do que qualquer outra coisa já mostrada anteriormente nesse Torneio. E estava crescendo. E crescendo.

No time dela, só Mochizuki já tinha visto aquela magia antes. As outras duas estavam se afastando pouco a pouco, com medo de que aquilo explodisse todo o ringue e levasse tudo ao redor junto. Era energia demais. Momo já tinha dito para elas que Geovanna tinha a mesma quantidade de energia mágica do que ela. E as outras duas SABIAM o quanto daquilo a xamã tinha. Pensando nisso, as duas voltaram a se afastar.

— Mana, vamos sair de perto do ringue. — disse a maga vestida de vermelho. — Isso é energia demais! Se ela explodir tudo, vamos ser atingidas também! — ela viu que a amiga não tinha a ouvido e continuava com a visão presa no ringue. — Mana?

— É ISSO! — disse ela, em alto tom. Ela havia entendido o porque ela estava tão inquieta. — SAN! NÃO SEJA DOIDO! NÃO FAÇA ISSO!!! — gritou ela. San não se virou, mas a ouviu.

— Mana, o que houve? O que ele vai fazer? — perguntou Mumu, preocupado.

— Eu estava me sentindo meio insegura sobre essa situação e agora sei porquê! San é teimoso demais! Ele NÃO vai tentar se esquivar ou se defender dessa magia! Ele vai tentar destruir como as outras!

A concentração de energia estava finalizada. Chamar aquela bola de energia de "enorme" seria falta de respeito. Aquilo era colossal. Se visto de cima, daria pra perceber que a bola era do mesmo tamanho do ringue. Ou maior. Todos os torcedores começaram a dar gritos de surpresa, e o Apresentador começou a fazer ligeiras prévias, dizendo que aquela deveria ser a maior magia já vista no Torneio até agora e que deveria ter uma força descomunal. Bom, ele estava certo.

Bart ficou interessado. Ele tinha entendido no fim que San conseguiu destruir o núcleo das magias de Geovanna, só não sabia COMO. Mas e agora? O que ele faria para se livrar daquela magia gigante? Destruir o núcleo? O "dedo" dele não alcançaria. Além disso, se qualquer coisa encostasse no núcleo daquilo, faria com que toda a energia concentrada se dispersasse de uma vez só, causando uma explosão fenomenal. "E então garoto... O que fará agora?" pensou ele.

— Isso é por ter me humilhado na frente de tanta gente e por fazer a minha amiga entrar em um desespero profundo! Morra! IMPACTO SOLAR!

E então caiu. Não... "Foi jogado" seria a maneira certa de descrever, já que Geovanna abaixou os dois braços rapidamente, como se estivesse jogando algo pesado para frente. E aquilo realmente era como o Sol. A concentração de energia era tamanha que a temperatura no ringue tinha duplicado. Estava quente o suficiente para fazer San suar sem nem ter se movido ainda.

Ele olhou para cima e viu aquilo caindo. Todo o local estava escurecido pela sombra que aquela coisa imensa fazia. Era grande mesmo. E iria causar uma explosão capaz de destruir uma vila inteira.

Mana gritou três vezes a mesma coisa, e na terceira vez, ele também conseguiu ouvir os gritos de Kula. Elas queriam que ele se defendesse ou que saísse dali. E ir pra onde? Ele teria que se jogar para fora do ringue, mas não dava tempo.

E ele não queria. Ele iria concretizar o que tinha dito no começo da batalha. Derrotaria ela usando só um dedo. Só assim seu "plano" daria certo. San afastou as pernas, apontou a mão esquerda para cima e puxou o braço direito para trás, ainda com o dedo indicador levantado. Esperou aquela esfera gigantesca se aproximar mais. Mais um pouco. Um pouquinho mais.

Mulkior puxou Kula e Mana (que continuavam gritando) para trás e criou um escudo com uma de suas esferas de ferro. Se algo explodisse, ele iria ficar na frente, protegendo as duas mulheres.

Um pouco mais próximo.

Momo foi a última a recuar. As outras duas já estavam bem longe, quase encostadas em um dos pilares de contenção de energia. Querendo ou não, aquilo era lindo de se ver. Momo sorriu. San não aguentaria essa. Era o fim do maldito que tinha feito aquela atrocidade. Ela mesma queria dar um fim no desgraçado... Mas vê-lo morrer para uma magia de sua amiga já acalmaria sua alma.

E então tinha finalmente chegado a uma distância perfeita.

ESTILO DO ESCORPIÃO, FERRÃO SANGUINÁRIO!

O dedo indicador de sua mão direita brilhou em um vermelho intenso, e logo depois criou um tipo de unha na cor vermelha, feita de energia vital pura. San, ainda com a cabeça virada para cima, apertou os olhos e afiou a visão. Ele estava mirando. Não poderia errar. Não IRIA errar.

E então deu o golpe. Usou as pernas para criar força e golpeou com o braço direito, inserindo o dedo brilhoso dentro da esfera de energia. Ela não explodiu ainda. O núcleo dessa estava quase que distante demais. Não dava pra alcançar mesmo que ele esticasse o braço. E foi por isso que ele decidiu usar essa magia.

Dentro na esfera, a unha vermelha foi disparada, criando uma linha de sangue que correu diretamente para o centro. Geovanna não viu isso. Nem ela, nem Momo, nem Mana, nem ninguém. E foi então que aconteceu.

A unha atingiu o centro e a furou, como se fosse uma bolha de sabão. Mesmo depois de perfurar o núcleo, a linha continuou percorrendo para cima, até sumir da visão dos espectadores... Junto com aquela enorme bola de energia explosiva.

Geovanna caiu de bunda no chão, olhando para cima com desespero. Sumiu! De novo! Sua magia mais poderosa. Aquela magia que tinha levado meses para ser sequer criada e mais outros tantos meses para ser treinada. Desaparecendo como fumaça. Uma hora estava ali, e na outra não.

Os membros dos dois times estavam com a mesma expressão e pensavam exatamente na mesma coisa. Eles não acreditavam no que estavam vendo. San tomou fôlego e abaixou o braço, colocando as duas mãos nos bolsos novamente. E então, pela primeira vez na luta, se moveu.

Ele estava caminhando na direção de sua oponente, que estava no chão, com a força de vontade totalmente destroçada. Não havia sobrado nada pra ela. Ela viu San ficando na frente dela, e não ouvia os gritos de suas amigas, que clamavam para que ela se levantasse e saísse dali. Ela olhou para San, e na visão dela, só ele existia naquele momento.

Ele era alto demais. O vento soprou levemente, fazendo suas roupas e seu cabelo comprido esvoaçarem um pouco. A visão perfeita. Como ele era lindo. Ele a olhava de cima, e ela o olhava de baixo. "Era assim que deveria ser", pensou ela.

O destino adorava brincar com as pessoas. A vida nos traz surpresas diferenciadas. Algumas boas, outras ruins. Mas sempre há alguma coisa que você descobre no dia a dia.

Seu coração palpitava. Ela estava com calor. Estava difícil de respirar. Suas pernas tremiam. Ela tentou falar. Não conseguiu. Tentou se levantar. Pior ainda. Não tinha forças nem para mexer a cabeça. Então ela lembrou. Ela já tinha ficado assim uma vez. Mas não era possível! Não ali! Não por ele! Mas...

Seu coração batia forte. Ela começou a suar. A tremedeira não parava. Era aquilo! Ela tinha certeza que era! Como era possível? Se apaixonar por alguém no meio de uma luta? Se apaixonar por alguém que quase destruiu a vida de uma amiga sua? Por que aquilo tinha que acontecer com ela?

— Imagino que você já tenha ouvido falar dos "Irmãos Peter", não é? — disse seu amado, ainda a olhando como um Rei olha um súdito.

— Ah... Ah... Ah... — ela realmente tinha gaguejado três vezes, mas usou as forças restantes para pelo menos respondê-lo. — Mas é claro... Que sim. Os "Gêmeos Incolores" são membros do Conselho da Universidade Harven! Eles estão desaparecidos faz alguns meses e ninguém sabe o porquê... Mas o que isso---

— Eu sei onde estão. — disse San, sem deixar sua oponente terminar de falar. — Aliás, eu fui a última pessoa que os viu. E vou te dizer exatamente o que aconteceu com eles: estão mortos. Eles não eram só membros do Conselho, como também assassinos muito bem treinados que trabalhavam em segredo para o Reino de Juliam. Bom, eles foram contratados para me matar. — San fez uma pausa de dois segundos para analisar a expressão de Geovanna, e quando percebeu que ela prestava total atenção nele, continuou. — Eles eram poderosos. Usavam o mesmo tipo de magia que você. Tivemos uma luta demorada, mas no fim, eu os venci. Isso fez com que eu ficasse sabendo como lutar contra esse tipo de magia, pois ela é terrivelmente perigosa e mortal. Resumindo... Você nunca teve chances de ganhar de mim e foi por isso que eu disse para você desistir quando vi seu uniforme típico da Universidade de Harven.

Geovanna não conseguia fechar a boca. Ela conhecia esses dois muito bem, pois eles já tinham a treinado algumas vezes. Mas assassinos? Disso ela não sabia. Ela parou e pensou em uma outra coisa. Lembrou que muitas vezes, os dois desapareciam por semanas e apareciam machucados e cansados. Eles sempre falavam que aquilo era fruto do treinamento intenso dos dois, o que fazia sentido e ninguém suspeitava.

A maga olhou nos olhos de San. Ele não estava mentindo. Ela sabia disso. Não havia malícia em suas palavras. Seus olhos eram puros. Sua alma poderia estar enegrecida por ter tirado inúmeras vidas, mas ele parecia continuar sendo uma pessoa de princípios.

Espera, como ela chegou nessa conclusão? Nunca tinha o visto! Ela só o conhecia das coisas que Mochizuki lhe dizia, e era uma mais horrível do que a outra. Mas e agora? Quem estava enganado? Geovanna se perdeu em pensamentos e não ouviu os gritos da torcida e nem de suas amigas. Ela abaixou a cabeça e deixou o stress sumir. Ela não poderia lutar mais.

— Eu... — disse ela, finalmente. Levantou a mão direita para cima, tremendo como vara verde. — Eu perdi.

E o público comemora o primeiro final de luta do dia. Mais da metade não conseguia comemorar, pois não tinham entendido nada dessa luta. Pablo, o Apresentador gritou o fim da luta e deu a vitória para San, que sorriu, se virou e voltou para o centro do ringue.

Mochizuki estava enfurecida. Gritava e xingava o garoto com todas as forças que conseguia. Uma outra mulher subiu no ringue e foi ajudar Geovanna, a pegando pelo braço. A amiga viu que a maga estava mole e leve, e nem conseguia andar direito. Quando foi levantada, ela continuou olhando para San, como se estivesse em outro mundo. E de fato ela estava mesmo.

E agora? Como contar para Momo que ela tinha se apaixonado pelo cara que ela tanto quer matar? Geovanna tentou não pensar naquilo agora e deixou ser carregada para fora do ringue, não tendo forças nem para se desculpar com suas amigas.

Já do outro lado do ringue, Mulkior tinha desfeito sua magia e os três voltaram para a borda do ringue. Kuchiki estava gritando de alegria, mandando vivas para San, que acenou em resposta.

— Eu não acredito que ele conseguiu realmente ganhar com um só golpe! — disse Mumu, se virando para Mana.

— Ahhhhhh... — bufou Mana. Ela se sentia realmente besta por ter se preocupado com San por um segundo sequer. — San acredita firmemente de que "nem todas as batalhas se ganha lutando". O que ele fez foi plantar uma semente de medo na pobre coitada, fazendo ela desistir da luta. Ele não luta como nós. Ele sempre vai tentar atingir o ponto fraco da pessoa, usando qualquer método sujo para ganhar. Ele... Não mudou nada.

— É, você parece conhecer ele muito bem mesmo.

As palavras do mago paralisaram Mana. Ela não respondeu nada e chegou a parar de respirar por alguns segundos. A assassina não queria aceitar aquilo. Imagens passaram pela sua mente naquele momento. San quebrando sua janela, entrando em seu quarto e colocando uma faca no seu pescoço. Ele deveria tê-la matado aquele dia. Espere.

Deveria? Então por que não o fez? Agora que Mana estava pensando nesse assunto, ela viu que nunca tinha perguntado isso a ele novamente. O que será que ele viu nela que o fez não a matar? San sempre foi objetivo e lógico. E agora que Mana era uma assassina profissional, ela sabia que nunca é bom se envolver demais com seu alvo ou que nunca deve deixar testemunhas vivas. Então por quê?

— Sim, eu vou continuar. — gritou San, levantando a mão.

Mana não tinha ouvido a pergunta do Apresentador por estar totalmente perdida em seus próprios pensamentos. Pablo disse para San que se ele quisesse continuar lutando, deveria levantar a mão e esperar um novo sorteio.

A assassina voltou a "realidade" quando a roleta começou a nova seleção. Mumu e Kuchiki conversavam animados, mas ela não estava entendendo nada da conversa. Ficou focada no Telão Informativo, até que a roleta parou. Ele exibiu um nome, e o povo que assistia começou a berrar e assoviar.

A próxima luta será entre San, da Immortal Star contra Lumi, da Bella's Revenge! Participantes, em suas posições!

Ao fazer o anúncio, a próxima desafiante de San sobe ao ringue. Logo aqui, já aconteceu algo fenomenal. Lumi, que tinha cabelos completamente chamativos na cor rosa claro, curto e liso, olhou para San e piscou uma vez com o olho direito. Logo após, ela desabotoa a enorme capa de pelos que estava usando e a joga fora do ringue.

O que ela revelou por baixo que era a coisa "fenomenal". Lumi estava usando um tipo de lingerie com um forte apelo sexual, na cor preta, e... Só. Era só o que ela usava. Milhares de homens começaram a babar pela gloriosa visão que estavam tendo. Até Mulkior não conseguiu tirar os olhos da mulher.

Era difícil resistir. Sutiã quase transparente, exibindo claramente os seus grandes seios, uma calcinha preta que se ela não tomasse cuidado, acabaria sendo rasgada com qualquer movimento brusco.

Mais assovios foram ouvidos. Mana começou a falar de como era nojento esse costume dos homens ficarem tão idiotas e cegos só por verem alguém com peito grande. Ela disse isso em alto e bom tom, e fez Kula rir e Mulkior se tocar e parar de encarar o corpão da oponente de San. Por um segundo, ele deu graças a sua sorte por não estar no ringue nesse momento.

O alvoroço nas arquibancadas era tanta que quase ninguém ouviu o Apresentador dizendo que era a primeira aparição de Lumi no ringue, já que ela não havia lutado no dia anterior. E quem ligava? Para eles, ela deveria ter entrado ontem e não saído mais.

A situação ficou bem séria quando algumas brigas entre casais começou a se desvencilhar pelas arquibancadas. Esposas furiosas chegavam a dar tapas e chutes em seus maridos babões, e muitas outras estavam se levantando furiosas e indo embora. Tinha sido a primeira vez na história do Coliseu que algum casal se separava por tal coisa.

E ainda haviam os outros times que estavam ali assistindo, tendo milhões de ideias diferenciadas sobre essa luta. A maioria pensava que San era sortudo por estar ali na frente dela. Outros só pensavam no que fariam se tivesse que enfrentá-la. Por intermédio da coincidência, todos começaram a torcer para que ela ganhasse a luta, para que todos tivessem uma chance de sequer vê-la no ringue novamente.

— LUMI! Não se deixe enganar por esse medíocre! — berrava Momo, na borda do ringue. Ela estava inconformada de não ser a próxima a entrar no ringue, pois assim conseguiria matar o maldito ela mesma. — Ele luta usando a própria energia vital e sempre joga sujo!

— Não se preocupe, Momo. Eu vou precisar só de um golpe para acabar com essa luta. — respondeu Lumi, começando a caminhar na direção do centro do ringue.

O caminhar dela era outra coisa muito importante de ser descrita. Ela caminhava propositalmente lento, de um jeito que fazia seus seios balançarem e sua traseira se remexer muito mais, criando um tipo único de rebolado elegante.

Os assovios aumentaram ainda mais quando ela ficou frente a frente de San, que permanecia parado com a velha falta de expressão em seu rosto. Ele ainda estava com as mãos nos bolsos e só esperava a luta começar. Mas ele analisava sua oponente. Nesse exato momento, ele estava com a sobrancelha direita erguida, como se tivesse visto algo muito estranho.

— Vai ser gentil comigo, não é gato? — disse Lumi. A voz dela era forçadamente sexy. Ela sorriu muito pouco e deixou a mão correr pelo próprio corpo, bem devagar. Era tentador demais para qualquer homem. Se os torcedores já queria pular a arquibancada para ir até o ringue, então imagine como deveria estar na frente dela.

Por mais que Lumi tenha esperado uma reação óbvia de San, ela não a conseguiu. Isso deixou ela pensativa. Nenhum homem resistia ao seu corpo. Jovens, velhos... Não importava. Toda a "arte" de luta dela era baseado em sua beleza perfeita.

Mas então por que o garoto cabeludo não tinha sequer babado em seus grandes e desejosos seios? Havia algo de errado com esse cara, e ter visto ele derrotando sua amiga com um só golpe já tinha provado esse quesito o suficiente.

Ela sorriu. Aquilo não importava muito. Ele poderia estar apenas se segurando muito bem. Ela já tinha passado por essas situações. Enfrentar homens com a honra acima de tudo. Homens que preferiam morrer do que cair sob sua tentação. Ahhhh e como era gostoso ver esse tipo de homem desistindo de tudo e caindo aos seus pés. Essa era a melhor sensação que ela tinha passado pela vida inteira.

Lumi lambeu os lábios, sentindo o gosto do próprio batom de morango. Seu oponente não suportaria. Não importa o quanto ele pudesse ser forte, ele iria cair em sua tentação. Era o melhor jeito dele pagar pelo que fez até agora.

Segundo combate! COMEÇAR! — gritou o Apresentador, sendo acompanhado por vivas intensas dos torcedores.

Lumi deixou sair um comprido sorriso de satisfação e liberou sua energia mágica. Sua aura se tornou um rosa escuro e envolveu toda a área ao redor dos dois combatentes. Era uma grande quantidade, mas não chegava perto da que Geovanna tinha liberado na luta anterior.

Ainda sim, San sabia que não poderia abaixar a guarda. Mas se manteve com as mãos nos bolsos. Aquilo para muitas pessoas significava que ele não sabia ficar em posição de combate, tendo uma desvantagem geral de um ataque rápido. Para San, aquilo era algo para enganar seu oponente. E geralmente dava certo. Os inimigos mais tradicionalistas achavam que aquilo era um erro e atacavam com tudo... E morriam no processo.

Mas essa não era a intenção de Lumi. Na verdade, ela nem ligava para como San estava ou fazia. Ou sequer pensava. Para ela, tudo iria acabar logo. Ela jogou o braço para trás, o escondendo, e levantou a mão esquerda até seus próprios olhos, juntando toda a energia concentrada ali.

TENTAÇÃO DA SÚCUBOS!

Lumi retirou a mão da frente dos olhos e depois olhou para San. Seus olhos brilharam forte, criando uma luz rosa que quase cegou os espectadores. Ela havia mandado toda a energia concentrada de uma vez só, mas por mais incrível que possa parecer, não houve nenhum efeito. Não havia raios sendo disparados ou bolas de algum tipo de energia elemental. Não havia acontecido nada.

Mana e Kula ficaram esperando o efeito. O que havia acontecido? A maga de fogo, que parecia bem mais tensa, estava olhando para os lados, tentando procurar "algo". Ela viu a mulher usando uma magia, mas então onde estava o efeito? Mana, de braços cruzados, estava imaginando que era algum tipo de magia de efeito no próprio corpo dela, pois era a única explicação lógica.

Agora Mumu... Perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos no chão. As duas companheiras correram até ele, assustadas. Quando Kuchi o levantou, ela percebeu que os olhos dele estavam completamente arregalados, como se tivesse visto um fantasma.

— O que houve? O que aconteceu? — perguntou ele, depois de ser levantado e visto a expressão preocupadas das duas moças.

— Nós é que perguntamos! — respondeu Mana. — Você simplesmente despencou!

— Mumu, você tem certeza que não está cansado ou algo do tipo? — perguntou Kula, ainda agarrada nele.

— Não... Não!! Foi a magia dela! — disse ele, apontando para o ringue. — Quando ela usou a magia, eu vi um brilho e... E... — ele parou e abaixou a cabeça. — Eu não lembro de mais nada! — ele levou a mão em sua cabeça, como se estivesse sofrendo de alguma dor. Depois, olhou para o ringue de novo. — AH SAN!!!

As duas, vendo Mulkior gritar o nome do colega de time, se viraram e viram que San também tinha caído de joelhos no ringue, com a cabeça abaixada como se estivesse desmaiado.

Lumi começou a rir. Alto. Era uma risada com um poderio maléfico, como se fosse uma Rainha das Trevas. San havia caído! Ela sabia que ele não iria aguentar! Nenhum homem conseguia! Sua magia era rara demais para ser reconhecida e poderosa demais para ser defendida. Só suas companheiras de time sabiam como funcionavam os poderes de Lumi.

Ela não se vestia como uma dançarina de bares para maiores de idade porque queria se exibir. Não... Se exibir ERA o poder dela. Sua magia se tratava de Ilusão do Prazer, um tipo de magia perdida que nunca alguém tinha sequer descoberto a origem. O usuário dessa magia precisava ter a total concentração do oponente focada nele, não importando de que jeito.

Para Lumi, ela decidiu usar o apelo sexual, que era uma arma invencível contra os homens. Isso não funcionava quando usada contra oponentes do mesmo sexo que ela... Mas Lumi tinha suas maneiras de lutar contra outras mulheres.

Isso não vinha ao caso. Ela estava preste a derrotar um homem aqui. O homem que humilhou sua companheira de time e que fez Mochizuki chorar por tempos e tempos. Ele iria pagar. Ela já sabia que sua magia tinha funcionado, mas teve a absoluta certeza quando viu San se levantando de novo, com os dois braços esticados para frente e com a cabeça ainda abaixada. Ele parecia um zumbi, e depois que começou a andar para frente, bem devagar, todos no Coliseu chegaram nesse mesmo pensamento.

Kula e Mana correram para a borda do ringue e começaram a gritar o nome do garoto. Ele não parecia ouvir. Mana estava com um péssimo pressentimento. Ela viu San caminhando diretamente para a morte. Kuchiki foi a primeira a ver Lumi finalmente trazer o braço direito para frente, revelando uma faca reta, grossa e provavelmente muito afiada. A maga disse que talvez San pudesse estar em um tipo de transe, e não estava mais consciente. Isso fez Mana gritar o mais alto que pode. Mas não houve efeito.

Lumi continuava sorrindo. San continuava andando. Momo continuava torcendo. E Mana continuava gritando. Seria o final da luta. Era o que Lumi tinha planejado. Ela só precisava daquela magia para derrotar um inimigo homem. Aquela magia era desgastante, mas era funcional.

Agora ela só precisava esperar San, que estava inconsciente e caminhava passo a passo em sua direção, para que então ela levasse a sua faca reta no coração do garoto. Seria o fim de tudo. Fim da luta, fim da vida dele, fim dos pesadelos terríveis da Líder de seu time.

Ela se manteve sorrindo. Ela precisava daquilo. Do sorriso. Aquilo criava desespero nas pessoas, e as deixava mais fracas. E ver a fraqueza exibida por seus inimigos era sua fonte de prazer e força.

San já estava bem perto agora. Lumi virou a faca e mirou no coração do oponente. Era bom que ele não usava armaduras. Quando o oponente dela tinha de fato uma, Lumi sempre mirava no pescoço. Mas ela odiava aquilo. Ela não achava uma morte "bela". Precisava ser no coração, para que ela pudesse dizer que sempre "ganhava o coração de seus oponentes".

O último sorriso. O último passo de San. Lumi jogou o braço para trás e se impulsionou. Seria um golpe só. Ele nem sentiria dor e nem arrependimentos. Não sentiria mais nada. Adeus. E então ela deu o golpe...

ESTILO DO DRAGÃO, GOLPE DA TRINCA!

Lumi simplesmente não viu San movimentando o seu braço e lhe acertando um soco com o punho fechado bem em cima de seu peito, do lado direito. O golpe teve um impacto absurdo. Houve um barulho que só os dois combatentes conseguiram ouvir, e era algo como um "crack" oco.

O soco foi tão forte, que Lumi largou a faca, voou por cinco metros, caiu no chão de costas e rolou três vezes, cuspindo uma grande quantidade de sangue. Cuspindo era modo de dizer. Ela estava vomitando sangue. E agora se remexia desesperadamente pelo chão, com as duas mãos em cima do local do golpe.

Os torcedores não conseguiam acreditar. Eles já estavam esperando um final da luta quando viram Lumi mirar a faca no peito de San. Na verdade, eles não eram os únicos. Kuchiki fechou os olhos esperando o pior e Mana e Mulkior haviam perdido a vontade de gritar quando viram a mulher avançando contra o colega. Ninguém viu exatamente como San havia acertado o golpe, mas todos perceberam que não se tratava de um soco qualquer.

Havia algo errado com Lumi. Ela havia perdido a voz, então por mais que estivesse doendo e ela estivesse tentando gritar, nenhuma letra sequer saía. Ela não estava conseguindo respirar direito e sua mente estava ficando nublada. Ela não viu San se aproximar de seu corpo que mais parecia uma barata nos seus últimos segundos de vida.

— Bom, por onde eu começo? — disse San, coçando a cabeça. — Você entrou no ringue cometendo o maior erro que podia. Você piscou para mim. A primeira coisa que eu pensei era que havia algo escondido no modo em como você me olhou... E quando você se despiu, eu já tinha chegado a uma certa conclusão. — ele colocou as mãos nos bolsos de novo, enquanto Lumi continuava se remexendo no chão, lutando desesperadamente por ar. — Seu segundo erro foi ter escondido a mão direita antes de usar a magia. Porque nessa hora, eu me alertei e me foquei no seu braço escondido... O que fez sua magia não funcionar em mim, já que ela deve precisar de contato visual para ser efetiva. Isso fez minha conclusão anterior se completar. Provavelmente você é uma usuária de magia de controle de mente, e usa essa vestimenta no intuito de criar uma armadilha visual para seu oponente. Sabendo disso, eu só precisava saber o que você escondia atrás de suas costas. Tinha que ser algo pequeno e fácil de esconder, então uma faca era algo mais provável. — San se abaixou, analisando melhor sua oponente no chão, que parecia mais morta a cada segundo. — O que eu fiz? Fingi cair na sua magia para poder me aproximar de você, sem que você percebesse. Eu sabia que você deixaria eu me aproximar, pois para me acertar com uma faca, você precisaria estar praticamente encostada em mim. E o resultado é esse. — ele se levantou e virou as costas, começando a caminhar novamente para o centro do ringue. — Ah sim! Vocês do time dela! — ele se revirou novamente, encarando Mochizuki e as outras duas companheiras de time, que estavam com uma expressão duvidosa em seus rostos. — O golpe que eu usei nela é feito para quebrar ossos. Eu acertei os ossos do peito dela e isso fez com que os pedaços voassem e rasgassem o pulmão direito dela. Agora ela está aqui morrendo por não conseguir ar suficiente. Eu lhes aconselho a parar a luta imediatamente e levá-la para um tratamento intensivo, que talvez ela ainda consiga sobreviver.

Momo e as outras não queriam acreditar no que tinham acabado de ouvir. Elas olharam para San e depois para Lumi, que continuava vomitando sangue e se debatendo no chão sem parar, e por fim, olharam para San novamente, que já estava andando para o centro do ringue.

Geovanna não sabia o que pensar, mas Momo sim. Ela poderia querer matar San, mas ainda sim, sabia que era a Líder daquele time. Ela sabia que tinha um dever a ser cumprido. Ela não iria perder uma companheira de batalha... Não. Ela não iria perder uma amiga por estar com os olhos vermelhos de vontade de ver o sangue daquele maldito escorrer por todo esse lugar. Mochizuki levantou os braços cruzados e começou a abanar em direção à sala onde o Apresentador e o Comentarista ficam.

E a Líder do time Bella's Revenge anuncia a desistência da luta! A vitória é de San! — diz Pablo, com sua velha empolgação.

A Líder Xamã não esperou nem um segundo. Ela não estava nem aí pra gritaria que o público estava fazendo em comemoração à vitória de San. Kuchiki e Mumu bateram as mãos e riram alto, totalmente empolgados. Mana saiu da borda do ringue e começou a respirar profundamente, querendo recuperar o fôlego gasto de tanto gritar o nome "San". Mais uma vez, ela sabia que não deveria ter se preocupado com ele.

Mana não tinha contado ainda para os outros dois, mas San era um dos melhores analistas de combate que existia no mundo. Ele nunca entrava em uma luta sem antes verificar cada ponto, sejam eles sobre o inimigo, sobre o local da luta e até mesmo das vantagens e desvantagens dos objetos e pessoas ao arredor.

"Eles podem comemorar o quanto quisessem", pensou Momo. Ela correu até o lado de Lumi, e viu como estava horrível o local onde o golpe tinha lhe acertado. Parecia que o peito dela tivesse sido golpeado por uma marreta. Toda a área do peito dela estava roxo, e as veias estavam querendo pular da carne para fora.

Lumi estava se remexendo menos e sua respiração estava devagar. A Líder do time gritou por ajuda e as duas outras garotas subiram no ringue para socorrer a amiga. Um segundo depois, dois médicos apareceram com uma maca, que foi levada até o lado da garota sensual.

Os médicos tentaram agir como profissionais, colocando-a cuidadosamente em cima da maca e lhe colocando o respirador na boca de Lumi... Mas não aguentaram não olhar para aquele corpo chamativo. No outro segundo, eles já estavam se retirando do ringue, levando Lumi para o Tratamento Intensivo de Urgência.

Mochizuki desceu do ringue e depois começou a se virar lentamente para trás. Ela viu San, no centro do ringue, com a mão levantada dizendo que continuaria lutando. Raiva. Raiva. Raiva, raiva, raiva. RAIVA! Por que esse cara tem sempre que deixá-la tão furiosa? O que ele tinha que fazia sua mente se enegrecer instantaneamente? Será que era de propósito? Será que ele a odiava e estava fazendo tudo o possível para acabar com sua vida? Era isso, não é? Só podia ser isso!

Ela se sentiu arrependida de que um dia lutou ao lado dele. Que um dia confiou nele, mesmo que por um instante. Momo não conseguia se desculpar por ter deixado a sua vida e a vida de seu povo nas mãos sujas daquele miserável traidor. Ele não merecia estar ali, em pé naquele ringue. Ele merecia estar morto, com o corpo jogado em um precipício e sua cabeça enfiada em uma estaca na frente de sua vila, para que todos pudessem ver a decomposição da pessoa que cometeu o maior pecado de todos os tempos. Era isso que ele precisava! E era isso que ela iria fazer!

A mulher nervosa olhou para cima quando os torcedores começaram a clamar pelo seu nome. Mochizuki saiu um pouco de seu "transe de raiva" e olhou ao redor. "Por que eles estão me chamando"? Geovanna, que estava do seu lado, lhe puxou a manga da roupa. Momo olhou para a colega, que estava apontando para o alto. Ela apontava para o Telão Informativo. E foi ao mesmo tempo que o Apresentador decidiu anunciar a terceira luta, para delírio total dos fãs dos dois times.

A próxima luta será entre San, da Immortal Star contra Mochizuki, da Bella's Revenge!

A xamã apertou os punhos e rangeu os dentes. Era isso! Era agora! Não poderia ter sido melhor! Era a vez dela! Ela agradeceu a sua sorte por San não ter desistido de lutar ainda. Ele não estava machucado, mas ela sabia bem que suas magias consumiam energia vital. Ou seja, querendo ou não, ele JÁ estava um pouco danificado.

Momo não se importava com a vantagem. Iria derrotá-lo mesmo que ele estive com mais de cem por cento de seu poder. Iria finalmente acabar com essa sede de sangue que corroia sua mente todas as noites. Ah! Por quanto tempo ela ficou procurando pelo desgraçado? Ela já havia perdido a conta. Mas não a vontade. A vontade permanecia lá, fazendo ela se lembrar de cada segundo daquele dia maldito. O dia amaldiçoado.

Ela precisava matá-lo. Só assim ela poderia viver o amanhã. Se esquecer daquele passado negro. Poder finalmente olhar para frente e ir ao rumo de alguma felicidade e calmaria para sua vida. Foi com isso em mente que ela pisou no ringue.

San apertou o olhar. Era Momo. A xamã que tinha tanto ódio contra ele. E ela não era uma guerreira qualquer. Daquele Coliseu inteiro, ninguém conhecia mais as habilidades dela do que ele. Nem mesmo suas amigas sabiam do que ela era capaz, pois San tinha certeza que ela nunca mais lutou do mesmo jeito depois "daquilo".

Mochizuki lutaria com desespero no olhar e tentaria matá-lo. Ele já podia sentir a vontade de sangue dela. Era perigoso. Muito perigoso. San não podia tentar enganá-la. Ele teria que lutar "de verdade". Usar todas as suas habilidades. Ele iria lutar a sério, se não sua vida seria apagada naquele ringue.

Estava na hora de mostrar para seus companheiros como ele realmente lutava. San tirou as mãos do bolso e pela primeira vez, afastou as pernas, levantou os braços e ficou em uma posição de combate.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, a sangrenta batalha se inicia.



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