❤ Sonho da Lynn ❤ (imagem meramente ilustrativa, a Lynn tem cabelo azul)

ATENÇÃO: Os eventos a seguir são um flashback e ocorrem a partir do momento que o Armin sai da ala hospitalar, deixando Lynn sozinha, então ela começa a pensar no beijo que o Castiel lhe deu, e diz a si mesma que é muito ingênua.

POV Lynn

Eu permaneci na ala hospitalar durante aquela noite, já que madame Pomfrey disse que eu tinha que ficar em observação. De acordo com ela, a água do Lago Negro poderia ter alguns efeitos negativos dentro do organismo, e talvez eu passasse mal, de modo que, se eu estivesse por perto, seria mais fácil me observar e me socorrer caso acontecesse alguma coisa. Mas o fato é que eu já estava me sentindo muito bem.

Eu comi o jantar que madame Pomfrey havia me trazido, o qual consistia de uma sopinha e um chá. Estava muito gostoso, por sinal. Quase pedi pra ela me trazer mais, no entanto pensei que talvez isso fosse falta de educação e tentei ignorar minha barriga que ainda roncava pedindo por mais sopa. Deixei a bandeja de lado e comecei a rolar na cama, sem sono.

Como eu não tinha nada pra fazer, resolvi tomar uma boa ducha pra relaxar antes de dormir. “Não sei se este dia foi bom ou ruim”, pensei. “Tiveram tantos pontos negativos quanto positivos. A verdade é que foi um dia muito turbulento e agora, Lynn, é hora de parar de pensar em garotos e descansar”, falei pra mim mesma enquanto estava no banho. Eu sequei meus cabelos, coloquei uma roupa limpa que achei do lado da minha cama e finalmente me deitei.

Eu pensei em tudo que havia acontecido naquele dia, e devo admitir que fiquei bastante magoada porque nenhuma das minhas melhores amigas estava lá quando eu acordei, assim como a maioria dos meus amigos também não estavam. “Algo deve ter acontecido para que não viessem”, pensei, e resolvi acreditar nesta opção, porque a outra era muito dolorosa. Eu não queria pensar que meus amigos não haviam vindo porque não se importavam comigo. Não, isso não podia ser verdade. Mas mesmo assim doía...

Então eu pensei no Armin. Ele havia sido tão bom pra mim. Ele cuidou de mim, e foi muito mais meu amigo do que muitas outras pessoas. Ele se preocupou comigo e quis fazer companhia pra mim, apesar de termos acabado de nos conhecer. Eu fiquei tão alegre com ele perto de mim que até me esqueci dos pensamentos ruins e tristes que invadiam minha mente. Eu não queria que ele tivesse ido embora...

Eu adormeci.

No meu sonho, eu estava de mãos dadas com o Armin e nós dois corríamos por um campo verde gigantesco, cercado por árvores. Nós ríamos e girávamos feito duas crianças, e estávamos nos divertindo muito. Eu usava um vestido florido que balançava com a doce brisa que soprava naquela clareira. E então, de repente, eu tropecei.

Como estava segurando sua mão, Armin também caiu, e acabamos rolando juntos por um barranco. Quando chegamos lá embaixo, aconteceu que nós paramos exatamente um em cima do outro, e foi uma situação muito constrangedora. Armin estava apoiado sobre mim e ficou completamente paralisado por alguns segundos. Eu estava embaixo e tentava evitar olhá-lo nos olhos, pois estava muito envergonhada. Eu virei meu rosto de lado por um momento, e quando voltei a encará-lo, para minha surpresa, não era mais o rosto do Armin... Era o Castiel!

Eu acordei e imediatamente sentei na cama, um pouco ofegante e muito assustada com o sonho que eu havia acabado de ter. Eu passei a mão sobre minha testa e descobri que estava um pouco suada.

– Calma, Lynn, foi só um sonho. Um sonho muito maluco, mas, ainda assim, um sonho. – eu falei em voz alta, talvez para convencer a mim mesma de que aquilo que eu estava falando era real.

Eu levantei e fui ao banheiro lavar meu rosto. Minha aparência não era das melhores, mas até que parecia razoável. Eu voltei para a cama e esperei madame Pomfrey chegar para que eu pudesse receber alta.

Assim que ela chegou e me viu sentada na cama, ficou espantada com a minha disposição, já que ainda estava amanhecendo.

– Ora, ora Lynn, parece que está muito melhor. Como se sente? – ela me perguntou, sentando na minha cama e colocando carinhosamente uma mão em meu ombro.

– Muito bem, obrigada, graças à senhora – respondi a ela. Era verdade que a minha recuperação só foi possível por causa dos cuidados que ela havia tido comigo, por isso eu estava muito grata.

– Que bom! Isso é maravilhoso. Bom, eu acho que já posso lhe dar alta. Está liberada, Lynn, pode voltar ao seu dormitório. Hoje é sábado, então aproveite pra passar um tempo com suas amigas – ela me recomendou.

– Amigas? Que amigas? Olha, me desculpe, madame Pomfrey, mas eu não tenho mais amigas. Elas me abandonaram quando eu mais precisava! Eu estou muito chateada. – respondi a ela, cruzando os braços e franzindo o cenho. Eu estava realmente triste, e já sentia as lágrimas se formarem nos meus olhos.

– Por que você não tenta saber o que realmente aconteceu? Duvido que elas tenham te deixado simplesmente porque quiseram. Elas são ótimas meninas. – ela me aconselhou, e comecei a pensar nisso. É claro que Rosalya, Violette e Kim não me abandonariam se isso dependesse apenas delas, e eu me senti uma idiota por cogitar essa possibilidade.

– A senhora tem razão, madame Pomfrey. Eu já vou indo. Obrigada por lavar minhas roupas e por cuidar de mim com tanto carinho. – eu a abracei, em gesto de agradecimento, enquanto ela murmurava “De nada, querida” e saí da ala hospitalar.

***

Chegando ao salão comunal da Grifinória, o Sol já tinha nascido completamente e brilhava forte no céu. Eu disse a senha à mulher Gorda, que para meu azar ainda estava dormindo, e por isso ficou de mau-humor por eu tê-la acordado. Apesar disso, não relutou em me deixar passar. Eu subi as escadas correndo, ansiosa para rever minhas amigas depois de todo o tumulto e de tudo o que havia acontecido.

Antes de entrar, eu ouvi vozes vindas do quarto, as quais no mesmo instante eu reconheci como sendo de Rosalya, Violette e Kim. Como assim? Era sábado, e elas já haviam acordado? Isso só podia ser um milagre. Então, como elas já estavam de pé, não hesitei duas vezes em entrar no quarto e lhes fazer uma surpresa.

– Oi galera! A alegria deste quarto voltou! – eu falei, aparecendo na frente da porta e erguendo os braços.

– LYNN! – Elas exclamaram juntas e correram direto na minha direção. Elas pularam em cima de mim e me abraçaram todas ao mesmo tempo!

– Calma gente, desse jeito eu vou ficar sem ar! – eu brinquei, e nós quatro demos risada.

– Amiga, você acredita que agora mesmo estávamos nos arrumando para ir te ver? – Rosalya se adiantou e começou a falar, assim que nós nos soltamos do abraço.

– É sério? – perguntei, ainda sem acreditar que elas já estavam levantadas àquela hora da manhã de sábado, mas muito feliz pela consideração e pela atitude que elas haviam tido por mim. Eu as amava e ninguém nunca iria mudar isso.

– Sim, é claro! – Violette falou, me abraçando de novo. – Você é nossa amiga e não poderíamos ficar sem lhe fazer uma visita! Mas felizmente você já está aqui e já está super bem, não é?

– Nós ficamos muito preocupadas, guria. Quer matar a gente do coração? – Kim falou, com seu jeito bastante sincero de ser, mas mesmo assim, que eu gostava tanto.

Eu ri.

– Ah, me desculpem meninas! Mas vocês sabem que eu não sei nadar! – respondi, tentando me defender.

– Foi tudo culpa da Ambre, aquela psicopata! Você poderia ter morrido – Rosalya falou. – E se você morresse, eu não sei o que eu faria! – ela começou a se debulhar em lágrimas, ajoelhando-se no chão.

– Calma, amiga, não precisa ficar assim – Kim também se abaixou para tentar acalmá-la.

– Kim tem razão, Rosa! O importante é que Lynn está bem. – Violette completou, sentando numa das camas.

– Chuif, chuif – Rosa estava fungando. – Sim, garotas, vocês estão certas. Mas é que, Lynn, você é uma das melhores amigas que eu já tive e eu não quero te perder! – Rosalya veio em minha direção e me deu outro abraço, desta vez ainda mais apertado.

– Você não vai me perder, sua boba! – eu retribuí seu abraço. – Mas isso me lembra de algo que eu queria perguntar a vocês – falei, assim que Rosa me soltou.

– Pode perguntar, somos todas ouvidos, não é meninas?! – Rosa perguntou, e Kim e Violette assentiram.

Eu respirei fundo e finalmente perguntei.

– Por que não ficaram comigo na ala hospitalar? Por que foram embora? – perguntei, com um tom de insegurança na voz. Não que eu duvidasse das minhas amigas, mas eu queria saber a verdade.

– Ah, é isso? – Kim perguntou. Eu assenti com a cabeça.

– Bom, é que a Profª Minerva nos expulsou de lá. Ela disse que não faria bem pra você ficar em um ambiente com tanta gente ao seu redor. – Violette respondeu.

– Todos que estavam lá ficaram muito bravos, principalmente nós, que queríamos tanto estar com você quando acordasse. Mas Minerva deu ordens expressas a madame Pomfrey para que não deixasse ninguém entrar, exceto o Armin – Rosa completou. – Nós praticamente fizemos um escândalo, mas ela não nos deixou ficar.

– Correção: VOCÊ fez um escândalo, né, Rosa? – Kim corrigiu.

– Humpf! Vocês sabem que eu não suporto injustiças, e essa foi uma delas. – Rosa cruzou os braços.

– Mas por que o Armin? O que ele tem a ver com isso? – perguntei. – Eu nem conhecia ele direito para que ele ficasse lá comigo!

– Ora, é que... – Kim começou, mas Rosa imediatamente a interrompeu.

Houve uma pausa antes que Rosa falasse.

– Lynn, por acaso você sabe quem te salvou? – Rosalya me perguntou.

– Claro que sei. Armin me contou que foi o Castiel. – respondi. – Por que a pergunta?

As três se entreolharam e senti uma tensão no ar. Tinha algo errado.

– O que foi? – perguntei.

Rosa pareceu escolher as palavras antes de falar, o que eu achei um pouco estranho, porque normalmente ela sempre responde de imediato, sem pensar muito.

– O... O fato é que é ÓBVIO que quem salvou você foi o Castiel, amiga, nós três vimos, não vimos gente? – ela olhou para Kim e Violette que assentiram, mas que pareciam meio nervosas. – É que você sabe como é o Castiel, né Lynn? Quando ele faz coisas boas como essa, ele foge. Deve ter ficado com vergonha de encarar você depois de ter te salvado, por isso não esperou você acordar. Armin se voluntariou para ficar com você porque é uma boa pessoa e garantiu a Minerva que iria colocar os conteúdos em dia depois. – Rosa parecia segura daquilo que ela estava falando.

– Você tem certeza? Vocês estão meio estranhas – eu queria conferir se o que estavam me dizendo era verdade. Mas a situação batia com a personalidade do Castiel, isso eu não podia negar.

– Sim, tenho certeza, foi isso o que aconteceu, pode confiar em mim. E o Armin é um ótimo garoto, nós já havíamos conversado várias vezes, ele fez isso porque é realmente muito solidário e queria te ajudar. Fique tranquila, amiga! – Rosalya colocou as mãos em meus ombros.

– Sim, Rosa, você tem razão, eu acredito em você amiga – falei, dando as mãos a ela. Eu não tinha por que duvidar dela. Ela era minha melhor amiga!

– Que bom Lynn! E agora, o que vocês acham de irmos tomar um delicioso café da manhã juntas? – Rosa nos convidou, batendo palmas.

– Eu topo! – Kim falou.

– Eu também! – Violette parecia animada.

– Parece que o jeito é ir também – falei, brincando, e nós quatro saímos abraçadas do quarto e dando muita risada.