_ Você não vale o chão que pisa, hein! – Damon sussurrou.

_ Nem um centavo. – Alexandra riu. – Chateado por que não te acordei?

_ Nós dois sabemos que você quer a visão para si própria, mas não vai rolar. – ele respondeu, revirando os olhos.

Ambos voltaram o olhar para as grounders, que se banhavam na cachoeira. Os loiros vinham fazendo isso desde que aconteceu pela primeira vez. Assim que viam Tiffany e Djennifer pegando toalhas e roupas eles seguiam um caminho alternativo até o discreto arbusto, que funcionava como esconderijo; faziam isso ao menos uma vez no dia.

_ Você sabe que isso é muito errado e, se elas descobrirem, nós estamos mortos, não é? – o loiro indagou.

_ Olhe para lá, - a loira indicou as amigas – com certeza vale o risco. Além de tudo, não temos muito a perder.

Tenda das Garotas

Após Alexandra voltar de sei-lá-aonde, as garotas decidem que, uma vez na vida, “precisavam fazer coisas que adolescentes fazem”, segundo Liv. Elas descobriram que os grounders tinham uma bebida extremamente forte, que antigamente era chamada de tequila, e beberam bastante, fizeram joguinhos e todo o tipo de coisas que elas viam nos filmes exibidos na Arca.

_ Garotas, - Rebekah falou risonha, já em seu quinto shot – se fossem fossem fazer sexo com um dos garotos, agora, qual vocês escolheriam?

_ Eu acho que você já bebeu demais, Bekah. – Liv riu.

_ Só acha? – Alexandra gargalhou.

_ Nós super. deveríamos terminar essas garrafas. – Hayley falou.

_ Que se ferre o amanhã! – Mary brindou, após encher todos os copos.

_ Que se ferre o amanhã! – Rebekah, Liv, Hayley e Alexandra responderam em uníssono.

Durante aquela noite regada de bebidas, as garotas criaram um laço que nenhuma delas jamais pensou que existiria; compartilharam segredos, fofocaram, riram e jogaram “jogos de bebidas”, porém foram interrompidas quando Thomas entrou na tenda, sem restrições, e falou que precisavam da ajuda delas.

Thomas as guiou alguns metros adentro da mata onde Joffrey, Brian, Damon, Mark, Micaelah, Djennifer, Tiffany e o Comandante estavam reunidos, claramente as esperando. Tyler fez uma rápida explicação sobre a névoa ácida, e que, aparentemente, um ponto de repetição fora instalado perigosamente perto deles.

Após ficar afastado por alguns minutos, Thomas aproximou-se com algo nas mãos, que acabou por ser um ponto de interrupção de sinal “extremamente rudimentar e sem tecnologia”, trazendo logo a solução. Exceto por um pequeno problema.

_ Veem aquilo? – Tiffany indicou – Quem for deve escalar pelo meio das rochas, se segurar em alguma coisa que seja o suficiente forte para que chegue no cume da torre e colocar o aparelhinho ali.

Após uma pequena, porém minuciosa, avaliação do trajeto, Hayley se oferece para ir, sorrindo diante do lembrete de Alexandra, que rapidamente tornou-se sua amiga, de que estava “alegre”, ela sabia que aquilo não seria um problema.

A morena subiu facilmente nas rochas e se ergueu, sem empecilho algum até o cume da torre de sinal, onde rapidamente instalou o dispositivo de Thomas e conferiu seu funcionamento. A decida, ainda mais fácil para a garota, fez com que ela chegasse ao solo facilmente, recebendo um abraço de um Thomas entusiasmado logo que chegou ao nível comum.

A manhã logo chegou e com ela os afazeres de todos. As meninas, particularmente, estavam tendo uma péssima manhã. O sol brilhava demais, as pessoas gritavam sem necessidade, eram facilmente irritadas, além de ter suas cabeças explodindo; fenômeno comumente conhecido como ressaca, de acordo com Alexandra, que passou um bom tempo lendo livros antigos.

Mark sabia que as meninas não estavam bem, assim como tinha absoluta certeza que a ausência de Brian, Damon e Joffrey simultaneamente com a delas não era boa coisa. O moreno percebeu pegadas sutis, claramente mais pesadas que as das garotas e logo achou o que estava procurando.

Brian, cercado por Damon e Joffrey atrás de algumas árvores, olhando as garotas conversarem e tomarem banho, sustentando uma conversa sussurrada entre si. “O que diabos vocês pensam que estão fazendo?”, o moreno sussurrou, extremamente irritado, recebendo como resposta apenas alguns sorrisinhos e um erguer de sobrancelhas pela parte de Joffrey; depois de muito esforço, e chantagens, conseguiu os convencer a voltar para o Acampamento, falando algo sobre “precisar deles para resolver algo com o Comandante”.

Pouco tempo após o “incidente”, como Mark passara a chamar, ele percebeu que estava no mesmo ponto onde encontrou o trio mais cedo. Ele sentou em uma pedra próxima e fechou os olhos.

Ele sabia que tudo estava calmo demais, era como se um paradoxo gritasse em sua mente, reconfortante e preocuposo, tranquilo e tenso. Um barulho de árvores captou sua atenção, trazendo sua atenção de volta ao momento.

_ Você está bem? – uma cabeleira ruiva familiar se aproximou.

_ Acredito que sim, fósforo. – Mark sorriu, usando o antigo apelido da amiga.

_ Não cutuque o urso, robozinho. – Mary sorriu, entrando no aconchego dos braços de seu amigo de longa data – Vai falar com o que está chateado ou você não quer falar sobre isso?

Quando ele abriu a boca para responder, eles escutaram duas pessoas discutindo. Joffrey e Liv. O casal de loiros se afastava cada vez mais do acampamento e, à medida que se afastavam, subiam o tom de voz, como se estivessem muito nervosos com algo.

_ Nós deveríamos segui-los? – o moreno perguntou, recebendo logo sobrancelhas erguidas da ruiva - Eles podem se perder!

_ Joffrey é um om rastreador, Mark. Além disso, eles sabem que devem voltar antes de escurecer. Eles precisam de privacidade, aparentemente. – ela respondeu.

Mark e Mary voltaram ao Acampamento quando já estava quase escuro, chegando ainda depois do casal de loiros. As “Pessoas do Céu”, como os grounders ainda os chamavam, estavam reunidas em torno de uma grande fogueira, jogando conversa fora, quando o Comandante, Tiffany, Djennifer e Micaelah saíram da tenda dele, com um expressão séria.

_ Nós precisamos falar sobre o Povo da Montanha e sobre os Ceifadores. – o Comandante declarou.

Eles podiam perceber que era algo preocupante, pela expressão dos grounders. O ar ficou mais pesado e tenso, e uma sensação de que o brilho da fogueira foi obscurecida pela simples menção a este povo.

_ Os homens da montanha dominam tudo que está perto de lá. Você não pode cruzar rio, não pode chegar a nenhum lugar próximo. – Micaelah falava, olhando intensamente cada um – Se você fizer, você morre. Sem mais, sem menos. Não sabemos quem ou como eles são, mas eles não nada relacionado a nós.

_ Os ceifadores moram nos túneis, mas as vezes eles saem. – a expressão de Tiffany endurecia, a cada palavra falada sobre eles – Eles são cruéis, canibais; de tempos em tempos eles conseguem que alguém se una a eles.

_ Ninguém sabe se é um culto, uma doença, algo contagioso, ninguém que tenha se juntado a eles voltou, embora sejam visíveis quando saem do subsolo. Eles não te reconhecem, não importa o quão importante você tenha sido na vida daquela pessoa antes, você passa a ser ninguém. – Djennifer complementou.

_ Estes são os inimigos que o Trikru (Clã das Árvores) mais se preocupa agora, as principais e eminentes ameaças. – Tyler afirmou e subitamente mudou de assunto – Amanhã vamos mover o Acampamento para um lugar mais próximo a sua Nave Caída. Sairemos cedo.

Dito isso, foi implícita a ordem “vá dormir agora”, que foi obedecida aos poucos pelos Dez.

Dropship/ Nave Caída no dia seguinte

Assim que os Dez chegaram a Dropship, acompanhados pelos grounders, eles contaram vinte. Vinte pessoas estavam reunidas em torno da nave, olhando aflitas umas para as outras. Quando viram os dez que haviam desaparecido na margem da clareira, um grande alvoroço aconteceu.

Quando conseguiram que todos ficassem quietos, fizeram um retrospectiva de tudo que acontecera, omitindo a parte em que os grounders haviam raptado metade do grupo, e introduzindo seus novos aliados. Os que permaneceram na Dropship relataram que toda noite dezoito pessoas desapareciam na noite, silenciosamente. Não importava se dormiam nos extremos ou no centro, eram levadas.

Quando tudo terminou de ser montado e as histórias ouvidas, já era noite. Ficou arranjado que cedo da manhã seguinte, iriam montar barreira em torno do perímetro dividir patrulhas, ensinar o Povo do Céu a lutar e usar armas e o treino médico de alta tecnologia de Djennifer seria começado.

Isso, claro, se Micaelah, Alexandra, Tiffany, Hayley e Liv não tivessem desaparecido aquela noite.