As luzes estão acesas e estou sentada a alguns bons minutos nessa cadeira desconfortável,a única janela que há aqui é pequena demais para me dar algum tipo de esperança... Meus olhos estão pesados e meu estômago se contraí ao lembrar que daqui a alguns minutos terá alguém que não me orgulho muito de dizer mas... é minha mãe,minha querida mãe morta,bom...agora não mais tão morta assim...

_tudo bem,chega de esperar...aqui estou minha doce Emma_ a porta abre...a primeira coisa que vejo são seus sapatos negros e formais,duros e impondo poder,não! essa não é a mãe que me lembrava,a mesma que me contava doces histórias antes de dormir,a mesma que fazia leite quente quando eu tinha insônia,ela é Minerva agora,só Minerva...

Continuo com a cabeça abaixada,minhas mãos estão presas aos braços desta dura cadeira porém minhas pernas livres... e eu tento manipular alguma maneira para que eu possa sair desde lugar o mais rápido possível

_onde está Clary?_ pergunto entre dentes...não a devo nem um pouco de gentileza,ela não me ofereceu nenhuma...quando me deixou deitar naquela cripta fria e vazia,quando me deixou ser a isolada da escola,a órfã... a estranha sem mãe...

_está bem! Mas,não vim falar dela,vim falar..._ ela segura meu queixo e ergue minha cabeça com delicadeza apenas para que eu vire o rosto com raiva e me libere de seus dedos longos e gelados... _de você_

_me deixe sair daqui_ ouso pedir... meus pés estão inquietos e eu seguro a vontade de quebrar tudo oque está perto...

_oh não doce criança...tenho que faze-la lembrar primeiro_ ela fala andando de um lado para o outro,eu só posso ver seus pés em um movimento lendo e torturante de um lado a outro...

_lembrar do que? da sua falsa morte? ou pior...do seu falso enterro?_ pergunto sorrindo,é isso que ela quer? que eu me lembre de como amava e de como sofri? por sua perda...

_lembrar de quem você realmente...de quem realmente somos_ ela afirma se ajoelhando em minha frente,suas mãos tocam minha bochecha e sobre até minha têmpora,colocando alguns fios do meu cabelo pra trás ela vasculha meu couro cabeludo afim de encontrar algo...algo que... AH... seus dedos chegam a uma região dolorida,me parece um machucado ou uma pancada! _aqui_ ela exclama sorridente e eu me vejo completa e totalmente confusa agora,não me lembro de nenhuma cicatriz nem...

_oque é...oque é isso?_ pergunto realmente assustada...

_essa é a prova de quem você precisa..._ ela tira um pequeno objeto do cinto,uma pequena adaga e corta as cortas que prendiam meus pulsos,ela segura minha mão direita e a guia até minha cabeça,até o lugar dolorido que ela encontrou... o lugar está,machucado,perfurado com um corte grande e cicatrizado... uma onda de temor faz meu corpo tremer de medo...de susto

_sente? isso minha querida foi um acidente,um acidente de carro a alguns anos atrás... você bateu forte a cabeça e ficou em coma por muito tempo,quando acordou você criou essa suposta versão da minha morte quando na verdade,fora você quem morreu naquele acidente e não eu_ eu pisco...meus olhos piscam sem parar,a realidade,ah a doce e forte tapa da realidade...nada faz sentido nada... coloco as mãos na cabeça e abaixo a mesma em busca de lembranças que façam algum sentido...não fazem,não elas não fazem... a dor,a luz forte,a buzina...os gritos,as sirenes...o quarto branco ahhh...eu só queria gritar e correr pra longe,apenas isso...

Levanto,correndo,chorando e em pleno desespero percorrendo minhas veias como a adrenalina...fugir,é isso que eu quero!

Ao abri as portas os seguranças rapidamente seguram meus braços e me mantém no lugar...

_NÃO,A DEIXEM IR! ELA PRECISA DE UM TEMPO_ ouço Minerva gritar da sala escura enquanto eles me soltam e eu corro,o mais rápido possível,percorrendo as ruas desertas escuras e realmente assustadoras... eu sinto as lágrimas descerem e se misturarem a chuva forte que caí em meio a clarões que explodem no céu azul escuro... carros,pessoas entrando em casa e sorrisos,é tudo oque eu vejo correndo em meio ao um mar de confusão,a um mar de lembranças ruins,é isso...lembranças ruins é oque eu tenho de sobra... paro em uma rua deserta com um grande banco no meio,me sento no mesmo...soluçando,colocando o cabelo pra longe do rosto e tentando engolir o tapa que foi a realidade nua e crua em sua total dor...Oque é verdade e oque não é? é tudo oque eu consigo pensar,oque eu realmente vivi e oque foi uma peça da minha mente destruída? quem eu sou?... eu soco a barra lateral do banco,desconto toda minha raiva,toda a insanidade que está corroendo oque sobrou da minha sanidade,que está pesando...pesando em meu coração,que está brincando com meu pulmão e perfurando tudo oque um dia eu pensei que tivesse...

_Emma...Emma...pare! Pare... SWAN!_ Eu estou ajoelhada no chão,e eu nem mesmo sei como cheguei aqui,ergo os olhos apenas para a ver ajoelhada em minha frente,com um guarda chuvas preto e luvas de couro...com cabelos bagunçados e lágrimas nós olhos...

Ah,pelo menos ela é verdade! Ela é a única verdade nesse mar de mentiras em minha mente...

Eu não exito...não resisto nem tento,eu me lanço em seu braços e me seguro em tudo oque sei que é verdade,que está comigo agora... seus braços me protegem de todos os pesadelos que estavam em minha mente... sua mão acaricia levemente minha cabeça e sua boca está em meu ouvido,me sussurrando coisas tranquiladoras

_xiiiii,está tudo bem querida,eu estou aqui agora,você não está sozinha!_ ela sussurra com voz doce e pausada e só então eu percebo que ela abandonou a própria proteção contra a chuva e está ajoelhada no meio de uma praça,com uma louca loira chorando em desespero em seu colo... ela deve está encharcada porém seu toque é ainda tão quente e seguro,tão doce e tranquilizador pra mim...ela é meu antidoto...

Ela está aqui,está mesmo aqui...

A minha dama de preto!