A OFERENDA escrita por Lervitrín8


Capítulo 8
Capítulo 07.


Notas iniciais do capítulo

Demorei né? Eu sei, me perdoem. Tive um lapso de criatividade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621753/chapter/8

O sol estava de derreter quando deixamos o centro do Vale e caminhamos em direção à montanha mais próxima. Além de ser bastante alta, até chegar aos pés da montanha levaria um bom tempo, ainda que a cada dia elas se aproximassem um pouco mais de nós.

Magrit, consegue me ajudar levando uma das bolsas? – Ricky questiona, assim que começamos a caminhada.

― Qualquer uma, menos a do tatu – respondo, fazendo uma cara de nojo.

― Tudo bem – ele me entrega uma bolsa com frutas, rindo da minha resposta.

Ricky e Elizabeth tomam a frente do grupo, ditando o ritmo. Ok pra mim, pois não quero estar no meio do nada quando escurecer, embora saiba que a probabilidade de isso acontecer é muito grande. Rose caminha solitariamente a uns 10 metros atrás de Ricky e Rose, já eu e Lílian estamos praticamente a mesma distância de Rose.

Chegar aos pés da montanha foi, definitivamente, a parte fácil da nossa missão. Já no início eu estava bem cansada, afinal, não é fácil se esforçar quando se esta mal alimentada.

― Já podemos parar para comer? – pergunto quando acho que já subimos o bastante.

― Magrit, nós não trouxemos muita coisa – argumenta Elizabeth. – Penso que aguentamos mais um pouco.

― Mas eu estou com muita fome – meus olhos enchem de lágrima quando noto que ninguém ira satisfazer a minha vontade.

― Pegue alguma fruta na bolsa que você está carregando, Magrit – Ricky sugere e isso me deixa um pouco mais animada.

― Obrigada, Ricky – sorrio em retribuição.

Escolho a maior maçã dentro da bolsa e mordo com muita vontade, noto que os demais me observam, mas não ofereço a maçã para ninguém, afinal, há mais dentro da bolsa. Mastigo a fruta bastante devagar, para dar a impressão que estou comendo algo volumoso, saboroso e que encha meu estômago o suficiente.

O sol parece mais quente a cada instante. Ricky comenta sobre a importância de tomarmos pouca água, já que não sabemos quanto tempo levaremos para concluir tal tarefa. Falta praticamente 1/3 da caminhada para chegar ao topo quando o sol se esconde e precisamos parar. Infelizmente não trouxemos sacos de dormir, devido ao peso, por isso, precisaremos dormir no chão. Ricky quebrou alguns bambus e, com muita dificuldade, conseguiu fazer fofo com os galhos secos encontrados por Rose e Lílian. Em seguida, fez um tipo de suporte com dois outros galhos, e com um terceiro, atravessou o tatu como se fosse espeto, pendurando este galho nos suporte. Vez ou outra ele girava o ‘espeto’, para cozinhar outra parte do tatu

― É meio estranho – digo, olhando-o girar mais uma vez o tatu.

― Não temos outro jeito de fazer isso, Magrit – ele indica.

― Eu sei – observo o animal ainda inteiro sobre o espeto e sinto minha boca salivar. – Estou com tanta fome que seria capaz de comê-lo sozinha.

― Sua mãe não ensinou a partilhar? – ele ri.

Fico em silêncio por um tempo, afinal, não lembro se fui ensinada a fazer isso. Não sei se a intenção de Ricky foi me atingir com o comentário, mas sei que ele também não se lembra, então não tem lógica.

De onde estamos não é possível ver o centro do Vale, a escuridão tomou do local. Apenas pequenos focos de luz, emanados pelas lâmpadas. Repentinamente a montanha começa a se mexer e, para nós que avistamos isso de longe quando no centro do Vale, não era possível afirmar o quão brusco era o movimento. Alguns segundos depois a montanha para e identificamos que o tatu caiu do suporte e está dentro do fogo. Ricky corre para tirá-lo de lá.

― Acho que já está bom – ele comenta, retirando o animal do espeto.

― Como faremos? – Lílian questiona.

― Cada um pega em uma pata e puxa para ver o que dá? – Rose sugere. Rose geralmente tem ideias eficientes, embora nojentas.

― Ok – Ricky concorda e segura em uma das patas do animal. Cada uma das meninas pega em uma das patas e Ricky me pede para segurá-lo pelo corpo. Sinto-me um pouco enojada, mas faço conforme solicitado. Com muito esforço, eles conseguem dividir o animal em partes e assim, conseguimos comê-lo.

― O que é isso? – questiono retirando de dentro do meu pedaço de carne um tipo de ferro, em formato de palito, só que maior.

― Deixe-me ver – Elizabeth pede, estendendo a mão. – Um ferro dentro do tatu?

― Sim, quase o mordi – respondo.

Elizabeth passa o objeto para Rose, assim que vê sua mão estendida. O céu não está muito iluminado, logo, não era tão fácil afirmar o que isso representada.

― Sei exatamente o que é – sussurra Rose, girando o objeto de um lado para o outro. – É o que precisamos para libertar Winter e Logan.

― E Eva – completo.

― Sim, Eva também – ela acrescenta.

― Vocês acham que a gente deve voltar para libertá-los ou continuar nossa tarefa? – Lílian questiona, terminando de comer seu pedaço de carne.

― Quero continuar, falta tão pouco – afirmo, terminando de comer também.

― A gente descansa essa noite e amanhã cedo chegamos ao topo, acredito, depois voltamos para o centro – Ricky começa a planejar nossas próximas ações.

Todas nós concordamos e então Lílian me puxou para procurarmos algum lugar plano, para que possamos descansar um pouco. Não muito longe de onde a fogueira ainda ardia, deitamos e repousamos. Eu estava extremamente exausta e por isso, parecia que estava deitada na mais confortável cama, uma vez que cai no sono rapidamente.

Quando acordo somente Rose está de pé, arrumando nossas coisas para partirmos.

― Não esta um pouco cedo? – questiono. – Bom dia,

― Bom dia. Quero dar uma ajeitada para não perdermos muito tempo. Estou sem saco de continuar nesse morro – ela admite enquanto coloca todas as bolsas em um canto. – Você está levando qual bolsa, Magrit?

― Aquela – aponto para a bolsa que contém algumas frutas.

― Posso colocar o ferro dentro da sua bolsa? Enrolei em algumas folhagens para não entrar em contato com as frutas.

― Sem problemas. Pode colocar.

― Obrigada.

Assim que os demais acordam, cada um pega uma fruta para começarmos nossa caminhada. Na bolsa restam apenas poucas maçãs, por isso, acredito que quanto antes voltarmos para o centro, melhor. Nossas garrafinhas de água também já estão esgotadas, precisamos encontrar alguma nascente urgentemente.

Quando chegamos ao topo do morro encontramos aquilo que era menos esperado, pelo menos pra mim. Era como se a montanha não tivesse continuação do outro lado, como se fosse cortada ao meio. O abismo era cercado por mar, por todo o lado. Era como se estivéssemos em uma ilha, envolta por montanhas, no meio do oceano. Se alguém quisesse tentar o mar, teria que se jogar de um abismo enorme e acredito que o impacto da queda seria grande o suficiente para destroçar a pessoa. Por todo lado só conseguíamos enxergar água.

― Frustrante – Rose sussurra.

― Sim, eu esperava encontrar a solução para os nossos problemas – Ricky admite, enquanto senta na beira do abismo, olhando a imensidão do mar.

― Ricky, saia daí – Elizabeth pede. – Se as montanhas se movem agora você está encrencado.

Ricky apenas levanta e se afasta da beira.

― Então não há o que fazer? – questiono, enxugando o suor que escorre por minha testa.

― Acho que podemos voltar – Lilían sugere.

― Será que do outro lado do Vale também estamos envoltos por mar? – Rose questiona. Acredito que ela deve ser a pessoa que está mais decepcionada, já que a ideia de nos trazer até aqui foi dela. Talvez se sinta até culpada por nos submeter a esta excursão sem necessidade e agora procura desesperadamente por um modo de aliviar a situação.

― Só iremos saber se tentarmos – Ricky diz.

― Nós podemos caminhar sobre o morro, se quisermos chegar ao outro ponto – propõe Rose ao por as mãos acima dos olhos para tentar enxergar melhor.

― Não temos alimentos e água, eu prefiro voltar – digo, tentando parecer convincente.

― Também acho melhor voltarmos – Lílian expõe.

― Vamos descer então – afirma Ricky, pegando sua bolsa e colocando nas costas.

Como diz o ditado “pra baixo todo santo ajuda”. A descida foi muito mais tranquila e, em partes com menos pedras e mais seguras, até conseguimos esquecer um pouco nossa realidade e rolamos morro abaixo. Porém, grande parte do trajeto era complicada e exigia cuidado, por isso nossa atenção estava redobrada.

No início da tarde uma imensa nuvem cobriu o céu do Vale e a chuva nos pegou desprevenido. Encontramos duas rochas que formavam um tipo de caverna e resolvemos esperar a chuva passar lá dentro. Colocamos nossas garrafinhas no lado de fora para pegarmos água e combinamos de dividir o que restava de frutas entre todos.

Lembro que o objeto ainda está na minha bolsa. Está escuro e mal consigo vê-lo, mas posso senti-lo. Retiro da bolsa e fico manuseando entre meus dedos.

― Acho que a chuva parou de vez – Elizabeth comenta.

― Vamos pegar nossas garrafas e descer enquanto não anoitece – Ricky propõe e todas nós concordamos.

O restante da descida acontece de forma rápida, nossa vontade de não passar mais uma noite na montanha é imensa. Chegamos aos pés da montanha com o sol quase se pondo, então resolvemos correr em direção ao centro, utilizando a pouca energia que nos resta. Ao chegarmos, encontramos tudo exatamente na mesma situação, Eva, Winter e Logan ainda estão dentro da gaiola, ensopados. Enquanto os demais estão na área coberta.

― E então? – Logan nos questiona, levantando-se assim que nos vê.

― Tudo ao redor é mar – Rose comenta decepcionada.

― Podemos tentar descer e tentar encontrar algo? – Logan se mantém interessado.

― Não, é um abismo do outro lado. Para chegar ao mar só pulando da montanha – Rose explica.

― Mas não foi em vão – Ricky menciona. – Acho que descobrimos como libertá-los.

― Sério? – Winter se anima.

― Encontramos uma pedaço de metal dentro do tatu, acredito que caiba nos furos – Ricky pega a bolsa de minhas mãos e abre o bolso em que está o objeto. – Magrit, não está aqui.

― Óh, devo ter deixado cair na caverna. Que pena! – sorrio timidamente em direção aos três engaiolados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mas essa menina é um amor, não é mesmo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A OFERENDA" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.