A OFERENDA escrita por Lervitrín8


Capítulo 10
Capítulo 09.


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou na empolgação. Tive diversas ideias, espero que vocês gostem. Ok, nem todas serão apresentadas nesse capítulo, então, sejam pacientes



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Tranco minha respiração quando vejo Eva saltando da garra, também pelo fato de Logan estar lá dentro, mas principalmente pela altura que a garota salta. Não sou muito boa em medir distância somente com os olhos, mas acho que tem quase uns 10 metros. Bom, eu achei alto.

Eva cai no chão com os pés firmes e o joelho flexionado, logo em seguida, inclina seu corpo para frente, dando uma cambalhota, fazendo com que o impacto seja amortecido. Logo em seguida ela dispara em direção à Magrit que desprevenida, vai ao chão. Eva literalmente monta em cima da pequena e começa a esbofetear a garota. Após alguns socos e arranhões, Magrit, certamente com uma descarga de adrenalina, consegue tirar Eva de cima do seu corpo, mas é surpreendida com um chute de Alynn e novamente vai ao chão. Nas mãos de Magrit há um punhado de fios de cabelos, retirados da cabeça de Eva quando Lílian lançou-a pelo ar. Quando me dou conta, Lílian e Ricky tentam separar a briga. Ricky segura Eva pela cintura, assim como Lílian faz com Alynn. Eva leva uma mão à cabeça, no local na qual os cabelos foram retirados. Magrit é levada para um canto, guiada por Igor e Winter.

Olho para o garoto ao chão e percebo que ele acabou de abrir seus olhos. Corro em sua direção e vejo que Hazel fez o mesmo. Nos ajoelhamos e ajudamos o garoto a sentar. Ele parece estar meio atordoado, normal, é claro.

― Acho que ele está tonto, Rose – Hazel comenta me olhando preocupada.

― Você pode pegar um pouco de água pra ele, Hazel? – questiono, enquanto noto o garoto esfregando seus olhos constantemente.

― Claro, já volto – ela levanta rapidamente e dirige-se ao espaço onde guardamos os mantimentos.

― No muro! – são as primeiras palavras que o garoto diz. Entendo com certa dificuldade, mas ele repete a expressão mais algumas vezes.

― O que tem no muro? – questiono. É como se ele fosse um sonâmbulo. Aparentemente ainda está dormindo e eu não sei se devo acordá-lo.

Seus olhos claros abrem de repente e ele se assusta levemente ao encarar os meus. Sorrio com sua reação, mas fico estática.

― Quem é você? – ele questiona, ainda sentado sobre a grama.

― Meu nome é Rose, qual é o seu? – desejo verificar se ele lembra de algo, afinal, todos vieram pra cá sem informação nenhuma, no entanto, as primeiras palavras dele foram bastante estranhas.

― Thonny? Thor? Thonks? Thom? Thomas! Meu nome é Thomas! – ele sorri levemente ao ver que lembrou seu nome. Infelizmente, mas um esquecido para o grupo.

― Oi Thomas, seja bem vindo ao Vale – digo. – Não que isso seja bom, sabe? Na realidade, estamos passando por momentos difíceis. Acabamos de perder uma das pessoas que mais ajudavam aqui.

― Perderam? – ele segura em meu braço e não entendo o porquê.

― Sim. Bom, é difícil assimilar tudo agora, mas você vai entender com o passar do tempo. Há alguns dias aparecemos nesse lugar, estávamos dentro de jaulas, ou algo do tipo. Uma vez por semana uma garra, tipo a que trouxe você, leva um de nós. Eles nomeiam isso de oferenda.

― Eles quem? – ele questiona bastante assustado. É nítido em seu olhar o medo, a incompreensão e a insegurança. Aperto sua mão, acho que é o momento certo.

― Não sabemos ainda – dou de ombros, decepcionada. – Você acordou mencionando um muro, você lembra?

― Acho que estava sonhando – ele explica. – Vi que havia um grande muro, mas era separado de onde eu estava por um mar, eu acho.

Hazel traz um pouco de água e Thomas logo pega o recipiente e se hidrata. Seu pomo de adão se movimenta a cada gole.

― Hazel, esse é Thomas, nosso novo companheiro – sorrio levemente e Hazel retribui com um aceno breve. – Como estão as garotas?

― Estão mais calmas, Rose – ela afirma, enquanto senta ao nosso lado. – Ricky conseguiu tranquilizar Eva e Lílian, porém, elas afirmaram que Magrit se arrependerá do que fez.

― O que houve? – Thomas questiona.

― É uma longa história. Acredite – respondo.

― Acho que temos bastante tempo – diz ele, bebendo o último gole em seu copo.

Acordo antes de todos os outros no Vale, como em todos os outros dias, vou até a cachoeira e tomo um banho rápido. O sol já está bastante quente. É raro chover no Vale, em compensação, parece que cada dia é mais quente que o outro. Não me preocupo em secar meu corpo e roupo, sei que em questão de minutos isso estará resolvido.

Um som ensurdecedor se inicia. Instantaneamente olho para as montanhas ao nosso redor e dessa vez, a aproximação é notória. Elas se aproximam muito, fazendo com que a extensão do vale reduza pela metade. Logo em seguida, vejo uma caixa caindo do céu, exatamente na minha direção. Corro desesperadamente para o lado oposto e por pouco não sou pega. A caixa de madeira se estraçalha com o impacto, revelando um pequeno aparelho, projetando uma imagem totalmente preta.

Os demais se aproximam – após todo o barulho – e quando todos estão presentes, letras em branco começam a surgir sobre o fundo negro.

O tempo irá diminuir, assim como o espaço, o número de pessoas irá reduzir. O que era semanal, diário agora será, uma oferenda por dia, até tudo encerrar.

― Isso é sério? – Igor questiona com olhar assustado.

― Provavelmente sim, querido – Brittanny passa o braço pelo seu ombro e o puxa, aproximando seu corpo do dele.

― Temos que estar preparados, teremos visita da garra hoje de noite – Ricky afirma.

― Eu preciso contar algo para vocês – Thomas sussurra, mas todos conseguem escutar o suficiente. – Na realidade, também será novidade para mim.

― O que houve? – questiono.

― Antes de dormir notei algo estranho em meu ombro, logo vi que é uma letra, mas não consigo identificar. Acredito que a continuidade está em minhas costas.

― Tire a camiseta – peço. Sinto borboletas em meu estômago.

Thomas tira a camiseta e vira de costas para o grupo. De fato, suas costas estão marcadas com uma tinta preta. A frase é curta: O último pode ser o primeiro.

― Tem relação com a frase que veio com a Eliza – Igor afirma com seriedade. – Vocês lembram? Falava que a última não seria a primeira. Thomas apareceu, logo, Eliza não foi a última, realmente. Mas o que quer dizer com “pode ser o primeiro”?

― Provavelmente ele será o primeiro a ser levado pela garra nessa nova etapa – Eva praticamente cospe tais palavras. – Que pena, novato, não vai passar nem um dia inteiro aqui no Vale.

― Aposto como não serei pego hoje – ele responde rapidamente.

― Qual o motivo para tanta certeza, Thomas? – Ricky questiona. – Tem alguma coisa que você sabe e não nos contou?

― A única coisa que eu vi, contei ontem de noite para Rose – ele olha pra mim, buscando ajuda, creio.

― Ele comentou que sonhou com um muro muito grande, que estava distante de onde ele estava, mas entre os dois havia água.

― Apenas isso – Thomas responde. – Bom, vou tirar essa tinta das minhas costas.

― Vou com você – Hazel afirma, seguindo o garoto.

Eva e Magrit concordaram em se manter o mais distante possível uma da outra. Eva sabe que se partir mais uma vez para cima de Magrit, o pessoal não irá tolerar, embora saibamos que a intenção de Magrit não foi lá uma das melhores.

Os animais nas árvores não surgiram hoje, pelo menos, ninguém os avistou. O fato nos preocupou bastante, afinal, de lá saia nossa fonte de proteínas. No início da tarde, estava sentada no centro do Vale, junto de Diana e Ricky – que por sinal, resolveram assumir o relacionamento –, conversávamos sobre as possibilidades de sair desse local. Consideramos o muro que Thomas mencionou, mas, até o momento, não avistamos nada do tipo.

― Eu ainda acho que precisamos subir o morro pelo lado da ponte – Ricky sugere, enquanto abraça Diana, que está sentada entre as suas pernas.

― Realmente, é algo para se pensar – afirmo. – Não é possível que aquela ponte esteja lá para nada.

― Vocês já notaram como tudo aqui meio que se liga, faz sentido? – Diana questiona com os olhos virados para o canto superior direito, como se estivesse lembrando os fatos. – Primeiro foi a bolinha que achamos na cachoeira; a ponte se restaurou, inclusive isso pode ser um indício de que ela precisa estar perfeita para que a atravessemos; tem também o metal dentro do animal; agora Thomas vem com essa imagem na cabeça.

― Realmente, tudo está conectado – Ricky menciona, também parecendo estar pensando.

― Então vocês acham que devemos levar em consideração o que Thomas diz? – pergunto, cobrindo meus olhos com a mão direita, devido ao sol a pino.

― Sim, creio que sim – Diana diz.

Ricky convoca uma reunião com todos pouco após a nossa conversa. Acredito que ele sentiu a necessidade de ocupar o lugar de Logan, por ser o garoto mais velho, e convenhamos, o mais apto para tal ocupação.

― Iremos fazer outra excursão às montanhas – ele inicia, quando todos ficam em silêncio. – Nós acreditamos que o que Thomas nos trouxe possa ser útil e, além disso, acreditamos que a ponte signifique algo, talvez o modo como iremos sair daqui.

― De todo modo, precisamos tirar essa dúvida – Diana complementa.

― Alguém tem interesse em ir? – Ricky questiona.

― Isso é um modo de escapar das garras ou é impressão minha – Magrit comenta, olhando desconfiada.

― Magrit, podemos ir todos juntos, então – Ricky sugere.

― Eu quero ficar aqui – Winter comenta.

― Eu também não irei – Igor estende a mão, logo após Winter.

Por fim, apenas Winter, Igor, Alynn e Elizabeth optam por ficar no Vale. Os demais decidem subir à montanha, acredito eu que grande parte movida pelo medo da garra pegá-los. Como ainda está claro e sabemos da dificuldade de subir até o topo em apenas um dia, decidimos sair ainda na mesma tarde. Levamos grande quantidade de frutas e enlatados, mas, principalmente, água.

Deixamos o centro do Vale a rapidamente chegamos à ponte, devido à redução do espaço. Procuramos o local mais fácil de subir perto da cachoeira, evitando a água corrente. A subida novamente não é fácil, mas temos mais pessoas e conseguimos distribuir os alimentos e a água em várias bolsas, dividindo o peso entre todos. Ricky e Diana ditam o ritmo da caminhada, quanto a mim, estou entre as últimas, com Thomas ao meu lado.

― Não chegaremos nem à metade hoje – ele menciona, não demonstrando nenhum sinal de cansaço com a subida. Tenho certeza que está entre os últimos por vontade própria.

― Se você estivesse sozinho provavelmente conseguiria – comento ofegante.

― Provavelmente sim – ele ri e estende sua mão, para que ajudar na subida. – Me dê sua bolsa, consigo carregar as duas.

― Não precisa Thomas – tenho que falar entre respirações, para recuperar o fôlego.

― Estou notando – ele ri. – Me dê de uma vez.

A noite cai e chegamos a um terço do trajeto, talvez um pouco mais. Decidimos parar descansar e combinamos de retomar a caminhada logo cedo. Daqui conseguíamos ver as luzes no centro do Vale, assim como era possível enxergar as pequenas formigas que nossos quatro companheiros se tornaram, no entanto, não conseguíamos identificar quem era quem.

Já era tarde e eu acho que até já havia cochilado, quando o barulho – tão conhecido – da garra me acordou. Quando abro meus olhos ela já está descendo, um além da nossa altura. Sua trajetória é certa: o centro do Vale. A escuridão limita nossa visibilidade, mas conseguimos ver – ou talvez imaginamos – os quatro correndo de um lado para o outro. Consigo identificar duas pessoas correndo juntas para um lado, enquanto as outras duas se dispersam. A garra segue um das pessoas que seguiu caminho sozinha. Em questão de segundos a pessoa é captada e a garra se eleva, outra vez. Sem imaginarmos quem, temos a oferenda do dia.


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Notas finais do capítulo

Um suspense é bom, não? Sei que vocês adoram! HAUHAUHA Me amem muito!
Beijinhos.



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