Pai de Menina escrita por SBFernanda


Capítulo 1
Do Reino de Konoha, Princesa Himawari Uzumaki


Notas iniciais do capítulo

Eu sou simplesmente apaixonada pela Hima Hime, e acho que como eu, muitas pessoas estão secas em interações familiares que nunca virão. Então, para aplacar minha sede e, espero, a de vocês, escrevi essa fanfic sobre como acho que pode ter sido para o Naruto com a perspectiva de ser pai de uma menina tão linda e delicada.
Antes que pensem algo, algumas partes ele a irá ver como frágil, mas porque ela é, para ele, uma princesa e não por ser uma menina, até porque, ele não vê a Hinata assim. É frágil por merecer o carinho e atenção dele. Feministas, não confundam, apenas é zelo de pai.

Quero então, desde já, agradecer a todos que lerem. Espero que gostem.
Enjoy!



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Capítulo Único: Da Família Uzumaki do reino de Konoha, Princesa Himawari.

(Escrito por SBFernanda)

O reino de Konoha, no Japão, era agora um reino de paz. Há alguns anos uma grande guerra estourou, tirando grandes e valiosas vidas, mas vidas essas que deram lugar a novas, igualmente valiosas e especiais. Apesar da paz que se instaurou no reino, ainda se fazia necessário que tivessem bons governantes, que pudessem lidar com eventuais conflitos que sempre apareciam e outras crises menores e internas. O atual governante do reino estava prestes a abdicar de seu posto para o seu jovem aprendiz, este que ansiava há anos ter a chance de governar da melhor forma possível.

Este aprendiz, por outro lado, apesar de estar ansioso para tomar o posto que lhe fora oferecido, enfrentava novos dilemas na vida, estes dentro de sua própria casa. Ele agora era pai. Seu filho mais velho fora uma grande dádiva, uma que ele não acreditara ter até o segurar nos braços. Aprendera muito sendo pai. Um menino, seu primeiro herdeiro. Mas agora, tendo um segundo filho, além da felicidade esperada veio algo novo: o desespero.

Ele ganhara uma menina. Se tinha algo que ele não sabia era como ser pai de uma menina. Não era a mesma coisa, não eram os mesmos cuidados e ainda assim, ele queria muito saber o fazer para sempre a ajudar, afinal, era uma princesa que nascia. Sua princesa era como a mãe em muitas coisas físicas, mas conforme a princesinha crescia, ele via ainda mais. O jeito meigo, a timidez. Mas nem tudo era como a mãe. Sua hime era também muito animada.

Tudo isso, porém, não ajudava o jovem pai a entender como ser pai de menina. Por mais que tentasse, não conseguia entender todo aquele universo, acabando por sempre pedir ajuda a esposa. Ele se lembrava, como se fossem segundos atrás, quando a menina nascera. Ao ver o rosto frágil, pequeno e enrolado em mantas, o jovem pai não soube como a pegar e fora a mãe quem a colocara ali, com muito jeito.

Ele se lembrava também, perfeitamente, do que acontecera em seguida: ele chorara. Ter uma vida, sua vida, nos braços o fazia chorar de emoção. Aquela era uma emoção que o jovem pai não imaginaria sentir antes. Antes de estar com a esposa e ela lhe dar não um, mas dois presentes. Quando vira a pequena em casa, dentro de seu berço cor de rosa, perdera longos minutos, talvez até mesmo horas, a olhando e respirando bem devagar. Como podia ser tão pequena?, ele pensava. Sua pequena hime era realmente muito linda.

Mas era a mãe quem conseguia cuidar de tudo. Não apenas da menina menor como do filho mais velho. Ela parecia ter nascido para isso enquanto o pai ficava fora, aprendendo, trabalhando. Ao chegar em casa, nada faltava e sempre se sentava junto do mais velho para “brincar”. Ele sabia ser pai dele, sabia o que fazer para o agradar. Quando este dormia, o pai então ia até o berço e ficava longos minutos olhando a filha, admirando sua beleza.

É claro que ele tinha momentos com ela também, ela e a mãe, sempre perto. Pegava apenas quando a esposa estava perto, pois caso errasse, ela o ajudaria. Não havia mistério, ela afirmava, era como com o filho. Mas seu filho não fora tão frágil assim. Ela era. Então ele continuava fazendo o mesmo. Contava histórias para ela enquanto estava sentado na sala, ao mesmo tempo que contava para o filho mais velho, mesmo que ela ainda não entendesse. Usava um tom de voz baixo, tão baixo que quando Sakura, a grande amiga da família vira aquilo, se surpreendeu.

Os meses passaram, cada vez mais o jovem pai se via mais encantado e perdido com a sua princesa, ele ainda tinha medo de fazer algo errado e ela não gostar dele. Mas conforme o tempo passava, mais perto de tomar o posto que ansiava, chegava. Ele sabia que depois disso seu tempo seria reduzido e ele não aprenderia a ser o pai que queria para a sua princesa. Teria de aprender logo.

A pequena princesa Himawari estava com um ano e alguns meses quando essa decisão se tornou algo fixo, se tornou uma promessa do pai. E ele nunca voltava atrás com suas palavras. Sendo assim, todas as vezes que estava em casa e sua esposa, Hinata, iria cuidar da pequenina, ele ia atrás, primeiro apenas observando, depois, começando a fazer de acordo com as instruções da esposa.

Naruto não tinha nenhum jeito, pois morria de medo de fazer algo errado. Trocara a fralda da filha e quando a levantou, era o mesmo que não tivesse prendido nada, pois a fralda caíra no chão. Ao dar comida, a sujava mais do que acertava a pequena boca, já que a pequenina nunca ficava parada. Os cabelos então, se tornaram o verdadeiro pesadelo de Naruto, pois ela sempre tivera muito e agora ele não sabia como prender, sempre a deixando descabelada. Isso sem contar as roupas. Sempre que Hinata o pedia para escolher uma roupa, ele voltava com diversas peças coloridas, que faziam a esposa rir, colocar a menina em seu colo e ir trocar alguma coisa.

Mas isso ainda lhe parecia aceitável. O que o deixava mais desesperado era quando sua pequena filha vinha com duas bonecas nas mãos, entregando uma a ele para que brincasse com ela. Ele não estava acostumado com aquilo. Com seu filho, Boruto, desde pequeno foram brincadeiras de lutas e jutsos. E agora? Ele imaginava que talvez sua filha não quisesse ser ninja e uma noite comentou com a esposa. Ela, sempre calma e gentil, lhe tocou o rosto e disse que as bonecas eram normais para meninas, pois era tudo parte do instinto materno.

Foi assim que Naruto descobriu como ela conseguia compreender os filhos e cuidar dos dois sem errar. Mas ele nunca brincara de boneca. Nem por isso iria desistir. Decidido como estava, tinha certeza que iria conquistar de vez a sua princesa e entender sempre o que ela queria. Aprenderia a ser um pai de menina.

A oportunidade perfeita surgiu em uma tarde em que Naruto estava de folga. Hinata precisava sair e levaria Boruto e o deixaria na casa de um amigo, a pedido da mãe deste, mas ainda não sabia como faria com Himawari, pois não teria como a levar para algo do clã sendo tão pequena ainda para tal. Naruto então disse que ficaria e a esposa parou, o olhando, ainda com a pequena nos braços e esperando ele dizer algo mais.

- Posso cuidar dela, Hinata. - ele disse com confiança, mais do que sentia, até. - Eu sou o pai dela… - tentou, mas Hinata parecia ainda esperar por algo. - Não confia em mim?

Sabia que tinha tocado em algo quando disse aquilo. A esposa o olhou mais uma vez e deu um pequeno sorriso. Segundos depois, sua pequena princesa estava em seu colo, ainda segurando uma boneca.

- É claro que confio, Naruto-kun, apenas não sabia que já… já queria ficar com ela sozinho. - sempre um tom baixo e gentil. Ele sabia que ela confiaria nele até mesmo a filha, mesmo sabendo que ele ainda não sabia cuidar dela como… como Hinata cuidava. - Vou deixar algumas mamadeiras prontas e o horário da comida dela também. Devo voltar no final da tarde, para o jantar, então não se preocupe.

- Não estamos preocupados, não é Himawari? - ele perguntou, olhando para a filha que sorriu e ergueu os bracinhos. - Viu? Nos damos muito bem. Cadê o Bolt?

- Está impaciente lá na sala. - Hinata explicou enquanto anotava tudo em um boco de papel sobre a bancada da cozinha. - Por favor, reforce o pedido para que ele obedeça ao Shikamaru e a Temari.

Sem que ela precisasse dizer aquilo outra vez, Naruto acenou e saiu para a sala, ainda como a filha nos braços. Quando chegou, encontrou o mais velho andando de um lado para o outro da porta, segurando uma mochila que levaria junto. Ao ver Naruto ele olhou e revirou os olhos.

- Sua mãe pediu para que eu o lembrasse de obedecer ao Shikamaru e a Temari. - viu o filho revirar os olhos. Era algo que ele nunca fazia com a mãe, mas por ver Naruto fazendo com os olhos, imitava. - Ei, Bolt… - chamou e o filho parou, o olhando. - Não deixem eles verem nada. - e abriu um sorriso maroto. Era sempre assim, por isso, o filho o imitou e sentou-se, enfim.

Não demorou muito para que Hinata aparecesse, explicando que tudo estava escrito no bloco e que permanecia no balcão da cozinha. Disse novamente que iria voltar no final da tarde e traria Boruto com ela. Com um beijo na testa da filha e um em Naruto, ela saiu de mãos dadas com o mais velho.

Naruto estava sozinho, pela primeira vez, com Himawari. Ela o olhava como quem pergunta “e agora?” e ele se fazia a mesma pergunta. A filha ainda não andava muito bem, mas falava. Hinata o explicara que as crianças desenvolvem sempre uma coisa antes da outra e ele sabia que era isso com Himawari.

- O que você quer fazer? - ele perguntou, sempre carinhoso com a filha. Ela era frágil… Uma princesa.

- ‘Bincá! - mesmo falando, ela ainda era pequena, haviam alguns erros. Antes que Naruto pudesse perguntar do que, ela sacudiu a boneca e ele quase se desesperou.

Lembrando-se de sua promessa, a levou para o quarto, sentando-se junto com a filha no tapete que Hinata pudera ali. Himawari colocou a boneca no berço de brinquedo e puxou a mão do pai para lá.

- Faz mimir papai. - sem conseguir se conter após a ouvir dizer aquilo, Naruto sorriu e começou a balançar o berço de brinquedo enquanto se lembrava de quando ela o chamou assim pela primeira vez.

Ele tinha acabado de chegar de uma missão. Hinata parecia angustiada quando a viu, por isso a abraçou primeiro, a tranquilizando. Boruto correu em sua direção assim que o viu e Himawari permanecia na cadeira alta, olhando tudo muito curiosa. Quando Naruto olhou para ela, os pequenos braços esticaram em sua direção e o “papai” saiu cheio de dengo. Mais uma vez, ele chorou.

Enquanto se lembrava daquilo, sua filha parecia estar pensando. Tanto que alguns segundos depois tirou a mão dele dali e fez não com a cabeça. Ele ficou confuso.

- Você é o ninja mau que vai pegá o meu neném. - ela usava a voz forte, como se estivesse com raiva. Mas ainda assim era extremamente linda para Naruto.

- Ninja mau? Não, eu não sou o ninja mau. Sou o ninja bom.

- Não papai! - ela riu, pegando a boneca e abraçando. - A gente brincando. A ninja bom é a Hima.

- Aaaah! - Naruto soltou, rindo em seguida. Ficou extremamente aliviado quando ouviu aquilo. Então a sua pequenina estava brincando de ninja já? Disso ele entendia. - Então se prepare ninja Himawari, porque eu vou pegar o seu bebê!

Dizendo aquilo ele fingiu que iria para cima dela, mas a menina pegou algumas bolinhas de plastico e murmurou algumas coisa. Naruto não entendeu o que ela disse, mas percebeu que era como se ela estivesse soltando um jutso para cima dele e as bolinhas eram as reações do jutso. Ele se jogou para trás, rolando como se estivesse ferido, gemendo.

- Oh não, essa ninja é muito mais forte do que eu… como vou sobreviver? - ele soltou, esticando os braços. Aquilo fez a menina rir e jogar mais bolinhas em cima dele. - Não! Oh, por favor, não me mate ninja Himawari.

- levá você para o Hotage, seu ninja mau! - ela então deixou a boneca dentro do berço e engatinhou até ele. - Fingi que você tá preso tá? - ela sussurrou enquanto segurava uma das mãos dele e, com apoio, ia andando para fora do quarto.

Naruto estava acostumado a brinca assim, afinal, era a mesma forma, só que com menos lutas, que brincava com Boruto. Pelo caminho, ia gemendo, completamente curvado para continuar segurando a mão da filha. Se surpreendeu quando ela o levou para o seu quarto.

- O Hotage vai vim. - ela falou, sentando-se no chão.

- E quem é o Hokage, ó poderosa ninja?

- Meu papai, claro. - ela falou, orgulhosa. Naruto não conseguiu conter o sorriso quando a ouviu dizer aquilo. Himawari também sorriu e sem pensar duas vezes ele a pegou e deu alguns beijos por todo o rosto dela, que riu. - Tá babando a Hima!

Naruto pensou que se continuasse daquela forma ele não teria qualquer problema, mas se enganou. Logo, Himawari estava enjoada de brincar de ninja bom e mau e quis apenas brincar de ser mamãe. Naruto percebeu que ela imitava Hinata em muitas coisas, como quando dava mamadeira para a boneca ou brigava com um outro boneco. Assim ele observava como a esposa agia quando ele não estava em casa. Por um momento, no meio disso, achou que não fosse ter problemas, e errou novamente quando a filha disse para a boneca ir até o avô e a colocou em seu colo.

Todo o corpo do Uzumaki ficou tenso. Avô? Ele? Não, ele não seria avô nem mesmo da boneca. Alguém tinha de ser o pai e quem seria? Sua filha? Não, não mesmo. Ele não deixaria, de jeito nenhum! E falou isso. Falou para Himawari que ele não era avô e que ela não teria filhos. E pronto, sua filha estava chorando. Os olhos do loiro se abriram, assustados. O que fazer quando a filha chora porque você diz que não pode ser mãe de boneca, porque mesmo sendo boneca ela teria de ter um pai e ele não queria ela, sua princesa, com ninguém?

- Não, não… Hima, olha, o papai… o papai brincou. - mas ela não estava escutando. Era parecida com ele e com Boruto, o choro era alto, nada discreto. Quando ele a pegou, ela chorou ainda mais. - Olha, Hima, olha, vamos chamar o ninja mau pra gente brincar, o que acha? - nada. Nada além de choro. - Desculpa, Hima… para de chorar, para. O que você quer? Conta pro papai, conta?

E demorou até Naruto se fazer ouvir. Quando ele tentava falar mais alto, para que ela o ouvisse, a filha estremecia e chorava mais, então ele mantinha um tom mais baixo e suplicante. Se Hinata estivesse ali, ele conseguiria. Mas nem quando Himawari parou ela pareceu bem. O olhava de uma forma magoada.

- Você quer brincar? O papai vira vovô… - ela não respondeu. - Não faz isso… você quer mamar? Aposto que quer. Vou pegar, você quer vir? - e nada. Himawari apenas virou-se na direção das bonecas. De pé, Naruto não sabia se buscava ou não, mas resolveu o fazer, pois deveria estar na hora.

Olhou rapidamente ao que Hinata anotara, destacando do bloco e levando consigo para preparar a mamadeira. Quando voltou para junto da filha, porém, a encontrou dormindo sobre o urso que haviam comprado. Suspirou, um pouco aliviado por saber que ela não iria mais chorar e deixou a mamadeira sobre a cômoda para a pegar e colocar no berço.

Foram algumas horas depois que ele a ouviu chorando novamente. Estava na sala, arrumando suas coisas, largou tudo e correu até o quarto, caindo no brinquedo no meio do caminho que lhe escapara dos reflexos. No mesmo instante a menina parara de chorar e o olhara, tentando decidir se estava magoada ou não, mas mal se lembrava do motivo, por isso, quando o pai levantou, ela esticou os braços e ele a pegou.

- Está quase na hora do almoço, o que você acha de um banho? - tinha lido isso em algum lugar da lista, mas não queria conferir. Himawari negou. - Não quer tomar banho? Mas você toma com sua mãe.

- Papai é menino. - foi o que ela falou.

- Claro que papai é menino… - ele disse, sem entender.

- Não pode banho na Hima. - ele ficou confuso com aquilo. - Mamãe disse que menino não pode banho em menina.

Ele sorriu então. Talvez tivesse se preocupado atoa quando falou que ele não seria avô, afinal, Hinata estava cuidando disso também. Mas como a faria tomar banho então?

- Ah, mas eu sou seu papai. E papai é um menino especial. - aquilo chamou a atenção dela. - Eu sou o menino que colocou você na barriga da mamãe.

E aquele foi o grande erro dele.

Realmente, Naruto conseguiu que ela fosse tomar banho, mas enquanto enchia a banheira, buscava a resposta para a pergunta que Himawari continuava a repetir:

- Como colocou a Hima lá?

E ele não conseguia achar uma resposta. O que Hinata contara para Boruto? Ele não se lembrava. E como contaria algo assim? Não podia! O desespero o fez tremer e ficar vermelho. Prometeu então que contaria para ela depois que tivesse lhe dado banho e Himawari aceitou.

No banho, o Uzumaki acabou esquecendo que tinha de pensar em uma resposta, pois ele e a sua pequena princesa afundavam sapos de plástico na banheira, brincando um com o outro. No final, ele estava com a camisa toda molhada.

Vestira uma roupa que já havia visto Hinata colocar na filha, mas tivera muita dificuldade com a fralda. Mais dificuldade ainda com o cabelo. Tentava não puxar e acabava não conseguindo prender nada, no fim das contas, desistiu e deixou tudo solto.

Foi quando a sentou na cadeira alta que Himawari o lembrou e novamente Naruto se viu perdido, nervoso e sem saber o que dizer. Foi então que viu o telefone. Em uma situação qualquer ligaria para a esposa, mas sabia que ela não poderia atender. Hinata estava em uma reunião do clã. Então pensou em Sakura, mas ela contaria para Hinata e ele não queria que fosse ela a contar, além de rir dele. O único que tinha uma menina e poderia o ajudar era Chouji. Pegou o telefone, deixando o prato com a comida que Hinata preparara para Himawari na frente da pequena e esperou que o amigo atendesse.

- Chouji? Chouji eu preciso de ajuda. - esperou. - Como quem é? É o Naruto! Você tem uma filha, me diz.. o que eu faço? - mais um momento de espera. - Ela quer saber como a coloquei na barriga da mãe dela. - mais uma pausa. - Não ria! Eu não sabia que ela ia perguntar. O que você contou para a Chouchou? - ele esperou - COMO ASSIM VOCÊ ESPEROU A KARUI CONTAR? EU NÃO POSSO FAZER ISSO!

Depois de realmente se desesperar ao telefone com o amigo, que aparentemente não sabia nada para o ajudar, Naruto voltou para a cozinha. Seu desespero foi maior. Ao que tudo indicava, Himawari não gostava daquela comida, pois esta tinha ido para o chão.

- Hima com fome. - foi o que ela disse ao ver o pai parado, olhando para a cena de sua filha suja e o chão da mesma forma.

- Não gosta da comida? - ele perguntou, se aproximando.

- Hima quis comer, mas papai não quis dá.

- Eu…? - ele começou, mas então percebeu que ela tentara comer sozinha quando fora falar ao telefone. Suspirou. - Vou te dar outro banho e depois te dou mais comida, ta bom?

Himawari era como Hinata naquilo. Ela aceitou sem chorar, mas pareceu envergonhada, por isso estava muito quieta durante todo o segundo banho. Ao terminar, ele a colocou na cadeira, que limpou rapidamente e em seguida limpou o chão. Não queria que Hinata descobrisse aquilo, afinal, ela estava confiando nele. Porém o problema surgiu ao procurar outra tigela de comida para a filha. Não havia mais. Hinata havia deixado apenas uma, pois chegaria para fazer o jantar.

O que ele faria? Olhou para a filha, olhou para as mamadeiras. Aquilo não poderia estar acontecendo! Sua filha estava com fome e uma mamadeira não era a resposta. Ele teria de fazer alguma coisa. Quando foi procurar o papel que Hinata anotara tudo, não o encontrou. Tinha alguém tentando o deixar louco, ele tinha certeza! Procurou, correndo por todos os cantos da cozinha e nada encontrara. Puxava os curtos fios de cabelo enquanto murmurava:

- E agora, e agora, e agora? - ele podia até ser um Naruto maduro e pai, mas não sabia ser pai de menina e sua tentativa estava deixando a filha com fome. - Você gosta de lámen? - ele perguntou. Himarari pareceu confusa. - Ah, então eu vou fazer lámen!

E ele fez. Colocou a cadeira da filha perto de onde estava, mas longe do fogão que usava e cozinhou a única coisa que ele sabia fazer, mas fazia bem, tinha certeza. Quando o cheiro começou a tomar o local, a pequenina começou a se agitar, pedindo para provar. Pegando um pouco e assoprando para esfriar, logo depois ele estava colocando um pouco na boca da filha.

Enquanto tirava do fogo, observava pelo canto dos olhos a reação da menina que sorriu e se agitou na cadeira. Mais uma que se tornara fã do prato. Dividiu a comida para os dois e foi dando na boca da filha. Nunca a tinha visto comer tanto. Pelo visto, havia mais uma coisa que ela era igual a ele e isto o loiro gostou muito. Quando ele foi comer, Himawari estava cantando, balançando os bracinhos, era uma música que Naruto já ouvira Hinata cantar para ela e Boruto, mas não sabia a letra.

- Papai. - ela o chamou. - Como colocou a Hima na baíga da mamãe?

E de novo a pergunta.

- Ér… - ele parou até mesmo de comer. Sem uma resposta pronta. - Sabe, no início, você era bem pequenininha. Mais do que é hoje. - ele riu e ela fez bico. - Era igual a um grãozinho de arroz…

- Papai plantou a Hima? - ela pareceu deslumbrada, então ele aproveitou.

- Isso! E então a Hima cresceu e virou um bebêzinho.

- Mas… como? - Naruto não sabia explicar isso.

- Ahn… bem… você sabe… - mas é claro que ela não sabia. E então ele sorriu. Era tão boa a resposta que ele não sabia como não pensara antes. - Com um jutso. Somos ninjas, não é mesmo?

- Uau! - ela suspirou e pareceu convencida de que era uma boa resposta. Naruto suspirou aliviado. Boruto nunca havia lhe perguntado aquilo, talvez por não se interessar em filhos, como Himawari com suas bonecas.

Por sorte, nenhum outro evento de perguntas aconteceu e o Uzumaki se sentiu a salvo, assim como nenhum evento de comida. Porém, Himawari nunca se cansava. Ela queria pular e ele pulava. Ela queria se esconder, e ele fingia que não a via. Ela queria ser mamãe e ele… ele sempre a levava para uma outra brincadeira de pular e esconder, porque não queria ouvir isso de mãe.

Ao final do dia, ele estava quase deitado no chão, Himawari estava sentada no sofá, onde ele apoiava a cabeça e mantinha os olhos fechados. Não tinha ideia do que ela estava a fazer, mas sentia vez ou outra as pequenas mãozinhas em seu cabelo ou rosto. Poderia dormir com aquele carinho, mas também sabia que não poderia, pois seu lado mais preocupado não o permitiria.

Quando ouviu a porta sendo aberta, a pequena Uzumaki gritou um “mamãe”, que fez o loiro se sentir traído. Ele dera tudo de si, mas a menina ainda preferia a mãe. Não que pudesse querer muita coisa de diferente. Ele se sentia igualmente feliz por Hinata estar em casa. Mas quem apareceu primeiro em seu campo de visão fora o seu menino. Abriu os braços para receber um abraço, mas isso não aconteceu. Boruto sentou no chão e começou a gargalhar, apontando para o pai. Himawari o imitou, ela sempre o imitava.

Naruto então virou o rosto, buscando o de Hinata que, claramente, se segurou para não se juntar aos filhos na risada.

- Naruto-kun… como foi o dia de vocês? Algum problema? - ele estranhou a pergunta. Será que alguém tinha dito algo? Chouji, talvez?

- Tudo bem. Eu e Himawari nos divertimos, não é princesa? - a menina, ocupada em imitar o irmão, não respondeu. Novamente o loiro olhou para a esposa e ergueu a sobrancelha, curioso. Hinata soltou uma risada abafada, mas foi Bolt quem respondeu:

- Tá parecendo um palhaço! - e mais gargalhadas.

- Naruto-kun… Acho que não lembrou de tirar as canetinhas de perto da Hima quando deitou perto dela, não é? - agora nem mesmo ela conseguia parar de rir, mesmo se controlando.

Naruto então se levantou, correu para o banheiro e constatou que os carinhos recebidos por sua princesinha, na verdade estavam transformando seu rosto em uma obra de arte que ele não tinha ideia de como tirar. Parou perto do sofá, olhando para a menina e ela parou de rir quando viu a expressão séria do pai, algo realmente difícil de se ver.

- Agora, princesinha, quero ver quem vai salvá-la. - ele disse. Himawari fez bico e Hinata o olhou, confusa, enquanto Boruto fitava ao pai muito interessado. - Pois me tornei novamente o ninja mau e você é o meu alvo. AH! - foi então que eles todos, inclusive Himawari, perceberam que ele estava brincando.

Naruto a pegou no colo, a pendurando nos ombros e começou a correr pela sala.

- Bolt! Salva! Salva Hima! - ela gritava em meio as risadas. Sem pensar duas vezes o irmão correu atrás dela e do pai, xingando o mesmo de “velho ninja gagá”, enquanto Hinata, no canto, apenas observava a sua família, feliz e admirada.

O futuro Hokage e jovem pai poderia até não saber como ser pai de menina, mas ele sabia como ser pai. Ele sabia que momentos como aquele viriam a ser raros no futuro, quando estivesse como governante e sua esposa também sabia, mas eles sabiam também que aqueles momentos estariam sempre na lembrança dos filhos, que admiravam o pai pelo o que era com eles.

Himawari passou a sempre procurar o pai na hora de dormir, pois ele tinha as melhores histórias e um colo grande, mas sua mão precisava segurar alguns dedos de Hinata também. E Naruto, o pai de uma princesa, aprendeu que os contos de fadas fazem parte da vida de uma menina e todo pai deveria saber, mas aprendeu também que ela estava sempre louca para conhecer um pouco das aventuras e participar delas junto com seu herói.

No fim das contas, ele gostara de ser pai de menina também.


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Notas finais do capítulo

Peço encarecidamente que a quem ler e gostar, deixar um comentário (até se não gostar e quiser deixar sua opinião), é realmente muito importante pra mim saber o que estão pensando e, também, interagir com vocês. Eu respondo a todos!

Em breve teremos uma One para o Bolt, a Hima só tomou a frente porque eu sou a menina aqui e, bem, eu sei o que meu pai passou, foi mais fácil. haaha

Espero que tenham gostado. Até mais!