Elemental Four escrita por TrueB


Capítulo 7
Garoto Nu, Beijo de Liberdade e Um Novo Romance


Notas iniciais do capítulo

Até onde uma amizade de muito tempo pode chegar? Até onde uma desconfiança pode ser verdadeira? Até onde um tiro pode ir?



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Ele estava nu. Suas partes íntimas, inexplicavelmente, confortáveis apesar do frio. Conan sabia que estava frio, mas não o sentia. Sentia seu corpo ferver cada vez mais. E ao olhar para suas mãos viu que elas estavam pretas, como se ele tivesse pegado em cinzas, e estavam, além disso, em chamas. Ele estava na escola. Todos olhavam para ele e riam. Não pareciam notar as chamas que percorriam todo o corpo do rapaz, só notaram o fato de ele estar pelado.

Uma pessoa alta e de preto que estava passando tirou uma foto da situação. Não dava pra ver quem era pois o capuz cobria o rosto do mesmo. O homem parou, e Conan pode escutar o que ele disse.

“Você devia escutar seu amigo.”

Conan acordou na sala de espera da Enfermaria. Ficou feliz em saber que estava com sua camisa fina e com o casaco do time de basquete, invés de roupa nenhuma. O clima estava frio, como de costume em BeyView. Billy estava sentado ao lado dele com uma expressão de preocupação.

O celular de Conan apitou em mensagem recebida. Ao abrir o mesmo, ele viu que o número era desconhecido e fez cenho para o celular. Billy, que observava, preferiu achar que era mais uma das garotas que eram apaixonadas pelo amigo enviando uma foto de calcinha e sutiãn – Conan era cheio dessas no telefone. Mas a tela do celular mostrava outra foto. Lá estava Conan, nu, na frente de quase toda a escola, com todos rindo da cara dele. Mas a câmera captou o que ninguém na foto tinha visto: as chamas que rodeavam o corpo do garoto, como um tipo de escudo de fogo.

A cara de “Essa parada tá esquisita” de Conan passou para “Que porra tá acontecendo?”

Mal deu para Billy perguntar o que houve e Conan já estava entrando na sala em que Caleb estava se recuperando do desmaio.

–Xx-

– Eu não estou dizendo que não confio em você. Eu não confio nele. – disse o Sr. Forks, apontando para Jordan.

– Pai, é só uma viajem. E o Jordan é meu namorado a mais de 2 anos, o senhor já devia confiar nele. – falou Cat, um pouco insultada.

– Mas você só tem 16 anos. Precisa de um adulto para viajar pra tão longe.

– Eu tenho 18... – se pronunciou Jordan. – Senhor. – concluiu, ainda com medo de ter falado coisa errada.

– E eu tenho escolha? – o Sr. Forks sabia que não.

– Arrume suas malas, pois amanhã de 6h eu venho te buscar e nós vamos direto para o aeroporto. – falou Jordan, encostado na parede da varanda da casa dos Forks, com Cat em seus braços, virada de frente para ele.

– Estou ansiosa.

– De onde você tirou esse lugar mesmo? Nunca tinha ouvido falar nele. – as mão de Jordan agora estavam nas costas da menor.

– BeyView é uma cidade conhecida. Você que fica matando as aulas de Geografia. – Cat sorriu, o que provocou um sorriso instantâneo no maior.

Jordan deixou uma das mãos nas costas da namorada enquanto a outra se encaminhava para a nuca. Puxou o corpo dela para mais perto do seu com uma mão e com a outra puxou gentilmente cabeça da menor pra perto da sua. O beijo que aconteceu foi o melhor que eles já haviam dado em 2 anos de namoro. Não foi um beijo cativante nem nada, mas um beijo de liberdade.

Mesmo Cat tendo proposto a viajem, de alguma forma, Jordan parecia mais animado que ela.

–Xx-

– Tá bem, Conan, eu já entendi que você acredita em mim. – disse Caleb, se ajeitando na cama. – Mas você invadiu a sala de recuperação só pra isso?

– Você só desmaiou, quanto tempo eles vão te manter trancado aqui? – Conan já tinha ignorado totalmente a pergunta de Caleb.

– Eles ligaram para a minha mãe, estão esperando ela vir me buscar. Cara, o que...

– Essa mensagem. – interrompeu Conan.

Mostrou o iPhone aberto na mensagem que recebera. Caleb olhou com o cenho franzido para a imagem, e depois abriu um sorriso sarcástico.

– Eu tenho namorado tá. – soltou um risinho. – E por mais que você tenha um corpo perfeito, e uma enorme anaconda se posso dizer, eu prefiro o Billy. Ele não gostaria nad...

– Para tá. – Conan pareceu pessoalmente ofendido. – Leia a mensagem a cima da foto.

“NOSSA, DOIS DOS 4 ELEMENTOS EM UMA CIDADE SÓ, ISSO SIM QUE É SORTE.

– E5”

Conan contou brevemente o primeiro sonho que teve, o que toda manhã o espelho quebrava, e depois contou do segundo sonho, na sala de espera. Caleb escutou atento.

– O que isso quer dizer? – Caleb sentou-se na cama para pensar melhor.

– Que talvez você esteja certo, e talvez eu seja outro elemento desse negócio q você falou. O elemento fogo. – Conan parecia não acreditar nas próprias palavras.

– Quer tentar?

– Não sei nem acender o fogo do meu fogão, e olha que ele é elétrico, como vou fazer alguma coisa pegar fogo?

– Só faça como eu fiz, deve funcionar. Feche os olhos, - Conan fechou – respire fundo, - Conan respirou – levante sua mão na altura do seu rosto, - ele fez – imagine ela em chamas, cada célula de sua mão pegando fogo. Acredite que é possível e vai acontecer. – Conan estava mais concentrado do que Caleb já havia visto em 12 anos de amizade dos dois.

Conan estava de olhos fechados, imaginando que era possível, acreditando que sua mão pegaria fogo. Quando viu que tava acontecendo, a voz de Caleb o conteve. Caleb o chamou, mas sua voz estava um pouco forçada, como se ele estivesse contendo uma dor profunda. Quando Conan olhou, a mão de Caleb estava como ele imaginara a dele próprio. A carne estava parcialmente queimada, a outra parte estava mostrando os músculos da mão, pois não havia mais couro. Caleb estava quase chorando de tanta dor.

Mas um segundo depois, as chamas cessaram. A mão de Caleb tinha voltado ao normal. E Conan soube que todo o que o amigo viu era a mais pura verdade.

–Xx-

– Olha, eu só deixei você me trazer pra jantar por que você não parava de me encher o saco, então não pense que eu estou afim de você nem nada. – disse Cassie, enquanto Kyle puxava a cadeira para ela se sentar.

Eles estavam em um restaurante chique. Talvez o mais chique de todo o Texas. Ficaram em uma mesa perto da janela, de onde dava para ver as estrelas. Cassie estava linda em um vestido de festa transparente de flores, com uma blusa preta por baixo. Kyle estava com uma camisa social roxa com um blazer por cima.

– Melhor do que nada. – disse Kyle, sentando em sua cadeira, ao lado da de Cassie.

– Então posso presumir que você é rico, já que me trouxe nesse restaurante.

– Meu pai era dono disso tudo. Quando ele morreu, minha mãe comandou esse lugar. Aí ela morreu e isso ficou para o meu padrasto.

– Sinto muito.

– Não sinta. Meu padrasto me dá 15% dos lucros do mês. Mas meu pai era legal, e minha mãe também não fica pra trás.

O garçom chegou e não anotou o pedido de nenhum dos dois, apenas acenou para Kyle, que acenou de volta.

– Como eles morreram? – questionou curiosa. Quando viu a dor que essa pergunta causou nos olhos do maior, disse instantaneamente: - Não precisa responder se não quiser.

– Não, tudo bem. É até uma ótima história.

“Meu pai engravidou minha mãe aos 19 anos, e para sustentá-la, ele entrou para a polícia. Um ano depois, ele estava fazendo a ronda por uma perifeira, quando ouviu tiros. Ele e o parceiro foram ver o que aconteceu, claro.

“Foi um dos piores tiroteios da vida dele. Mas no final, ele saiu ileso. Porém um menino estava passando na hora errada e no lugar errado, quando uma bala o garoto bem na barriga.

“Meu pai o levou imediatamente para o hospital. A maioria dos médicos não quis cuidar dele, provavelmente por que ele era negro e estava mal vestido. Ele também era pobre e não conseguiria pagar a cirurgia. Mas meu pai tirou o dinheiro do bolso dele e pagou. O menino olhou nos olhos do meu pai e agradeceu a ele.

“ Dez anos depois, quando eu já tinha 9 anos, meu pai se envolveu em outro tiroteio, na mesma periferia. Os policiais estavam quase vencendo, quando meu pai foi baleado no braço. Depois, quando o bandido percebeu que estava sem Colete a Prova de Balas, atirou no coração do meu pai. Mas o pior não foi isso. O pior foi depois, quando a gente descobriu que o homem que matou meu pai foi o mesmo menino que ele salvou em um tiroteio na mesma periferia. O menino que olhou nos olhos do meu pai e agradeceu pelo meu pai ter salvado a vida dele, olhou nos olhos do meu pai e tirou a vida do mesmo. Isso foi o pior pra mim.

Os olhos de Kyle expressavam dor, mas não tinham lágrimas. Com certeza Cassie tinha libertado um fantasma interior dele.

– Minha mãe morreu de Câncer 9 anos depois.

– Quantos anos você tem? – perguntou, mais para poder mudar de assunto.

– 19. Isso foi ano passado.

Quando Cassie ia falar alguma coisa, o Jantar chegou. Era uma pizza de frango. A favorita de Cassie. Ela achou muito estranho ter pizza em um restaurante chique como aquele, mas aí ela lembrou que Kyle era tipo o dono daquilo.

– Como você sabia que era o meu preferido? – perguntou Cassie.

– Palpite de sorte. - sorriu. – E é o meu preferido também.


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