Doutor Estranho: O Diário de Agamotto escrita por Larenu


Capítulo 9
Satanna


Notas iniciais do capítulo

Postando em meio à correria antes da viagem... Pode ser que o capítulo de segunda atrase, então não se assustem.

Bom, como os leitores do spin-off da Safira sabem, estou querendo escolher uma música tema para cada spin-off. Neste aqui, será Kashmir, do Led Zeppelin.



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Satanna Hellstrom deu um passo na direção de Stephen Strange, Linda Carter e Wong. Ela andava de uma forma que valorizava seu corpo, o que, somado ao seu enorme decote, a tornava sensual até demais.

— Parece que vocês conseguiram derrotar meu querido irmãozinho — disse ela, pronunciando o adjetivo com nojo na voz, apesar do sorriso no rosto.

Tem certeza que ele é querido? Não me pareceu muito convicta — disse Blaze.

O sorriso dela desapareceu.

— Você gostaria de viver à sombra de Daimon? Obviamente não. Principalmente quando ele foi criado por pais adotivos, enquanto você foi criada por escravos demoníacos de seu pai nas profundezas do Inferno!

Ela suspirou, irritada. Foi quando Linda fez um comentário.

— Então seu pai é mesmo...?

Satanna desapareceu, e reapareceu atrás de Linda. Colocou as mãos nos ombros dela e sussurrou ao ouvido dela:

— Parece que sim. Não é? Mas vou te dizer uma coisa...

As palavras seguintes de Satanna foram baixas demais para que os outros escutassem. Pela expressão na face de Linda, porém, fora algo assustador.

— Já chega, Satanna. Afaste-se dela — ordenou Stephen.

Ela sumiu e reapareceu em frente a ele.

— Parece que o Mago Supremo se importa com alguém...

— Para trás — ele mandou.

Satanna deu dois passos para trás.

— Sabe, eu realmente conseguiria derrotar o Motoqueiro Fantasma com meus poderes normais.

O sorriso brilhou no rosto de Satanna, como as chamas do pentagrama de Daimon.

— Há uma vantagem na minha criação que Daimon não possui. Basilisk, sua hora chegou!

Ela inclinou a cabeça para trás e abriu a boca. Chamas brotaram dali, como se viessem do interior dela. As chamas adquiriram a forma de uma enorme serpente flamejante, que rodopiou em volta dela até sumir. Quando Satanna voltou a olhar para eles, seu rosto estava iluminado por um brilho sobrenatural.

— Existe uma chama em meu coração que acaba de se acender. O nome dela é Basilisk. O demônio que vive em minha alma negra!

Satanna Hellstrom esticou sua mão na direção deles e disparou uma rajada de chamas. Para a surpresa deles, o escudo de serafim que Stephen criara se partiu em pedaços. Imediatamente, Johnny Blaze avançou, na tentativa de dar tempo para Stephen pensar no que fazer em seguida.

Mas, quando tentou pega-la com suas correntes, Satanna simplesmente sumiu e apareceu atrás dele portando cópias exatas delas, só que feitas de lava pura. Como serpentes avançando em sua presa, as correntes o cercaram e se enrolaram nele, sem dar a ele uma chance de escapar.

Uma esfera de energia acertou as correntes, disparada por Strange, mas não adiantou para quebra-las. Ele olhou para Linda e Wong.

— Procurem a sala onde está o diário. Eu cuidarei dela.

Wong logo obedeceu, mas Linda ficou por um momento, observando Stephen com preocupação.

— Vamos, senhorita Carter — chamou Wong, impedindo-a de dizer o que queria.

Ela logo se virou para Wong e correu.

— Não! — gritou Satanna. — Escravas, atrás deles!

Duas mulheres-demônio com chifres e pele vermelha surgiram no corredor, correndo atrás deles. O Mago Supremo se virou para Satanna Hellstrom.

— Os Hellstrom foram, por muito tempo, uns dos poucos que poderiam realizar magia negra. Mas é chegada a hora de revogarmos a esse direito.

— Me obrigue a parar, Mago Supremo. O poder de Basilisk me deixa invencível!

— É o que veremos. Olho de Agamotto!

O brilho do artefato preencheu toda a sala.




Enquanto isso, na Sala dos Segredos, uma fina camada de carpete começava a cobrir o enorme buraco no chão. Lá embaixo, nas catacumbas, o túnel destruído começava a se reconstruir, e o portão também. Observando tudo do canto da sala, uma lagarta fumava um charuto.




Wong e Linda se separaram no corredor, a fim de dividir também as mulheres-demônio. Como planejado, cada uma seguiu um dos dois. Linda tratou de virar em vários corredores, selecionando uma porta alta e grande para entrar. Ficou boquiaberta com aquela enorme biblioteca. As estantes formavam um labirinto enorme, que serviria para despistar a mulher-demônio se necessário.

Pensou naquele clichê de filme, no qual uma porta secreta era ativada através de uma alavanca disfarçada de livro. Apesar de ser uma ideia boba, ela não conseguiu descartar. Quando ouviu passos vindos do corredor, Linda estremeceu.

Virou atrás de uma estante e seguiu até o fim daquele setor (suspense), virando logo no próximo.  Passou por romances, livros didáticos, livros de magia, literatura clássica e terror, chegando ao fim daquele lado. Agora só havia duas formas de ela sair dali: despercebida ou morta. Afinal, estava encurralada ali.

Quando os passos se aproximaram, acompanhados de fungadas para tentar fareja-la. Então, ouviu o barulho de fogo. E uma enorme bola flamejante abriu um buraco na estante ao seu lado, destruindo livros de aparência extremamente velha sobre gregos e teatro.

A mulher-demônio passou sua cabeça vermelha de cabelos extremamente escuros pelo buraco, colocando seus olhos reptilianos em Linda. Começou a se aproximar, quando...

Pare — ordenou uma voz feminina.

A princípio, Linda pensou que fosse Satanna. Imaginou que ela havia derrotado Blaze e Stephen, e que agora fora atrás dela.

Você está dispensada.

— Minha Deusa... — disse a mulher. — Devo tudo a você, Grande Mãe. Se assim ordena, assim obedeço.

E ela desapareceu, consumida por chamas. Linda tentou processar o fato de a mulher ter chamado sua interlocutora de “Deusa” e “Grande Mãe”, pensando o que isso podia significar.

— Você já pode sair — disse sua salvadora, com a voz mais humana, porém pesada e fria.

Quando Lilith atravessou o buraco, puxando a saia de seu vestido para não suja-lo, Linda sentiu um frio percorrer a espinha. Mais jovem, Linda adorara estudar sobre religiões e suas mitologias. Sabia o suficiente sobre as religiões pagãs pré-cristãs para saber quem era Lilith.

Idolatrada como a grande Deusa Mãe de uma religião pagã anterior ao cristianismo, aquela que trazia a chuva para irrigar as plantações e permitir boa colheita, Lilith fora adotada pelo catolicismo como um demônio. Mas não um simples demônio. Segundo o catolicismo, Lilith fora a primeira esposa de Adão. Ela, porém, era uma grande pecadora e fora castigada por Deus, que a transformara em um animal. Sim, Lilith era a serpente que persuadiu Eva a comer do fruto proibido.

Após a expulsão dos humanos do Jardim do Éden, Lilith teria sido castigada por Deus e mandada para uma dimensão demoníaca. Lá, ela se tornaria o começo do mal. A mãe de todos os demônios, com exceção aos anjos caídos.

— Você... é real — disse Linda, que não havia reconhecido Lilith no pentagrama.

— É claro que sou. Por que a surpresa? Stephen Strange nunca lhe contou sobre mim?

Linda ficou quieta. Qualquer um que conhecia a história de Adão e Eva sabia que a cobra era persuasiva.

— Consigo sentir o seu medo — disse Lilith, com um sorriso no rosto. — Acalme-se, não lhe farei mal. Tenho apenas uma proposta.

A Enfermeira Noturna continuou sem responder.

— É bem simples. Posso trazer sua tia, Peggy Carter, de volta à sanidade. Imagine a grande Peggy Carter, diretora da S.H.I.E.L.D., sã novamente. Ela poderá rever seu amado, o Capitão América, e poderá continuar seu legado e ter uma morte mais honrosa.

Era tentador.

— O que quer em troca?

— Você é inteligente, pelo que vejo. Saiba que tenho total fé de que Stephen e você conseguirão chegar ao Diário de Agamotto. Conheço os enigmas a serem resolvidos. Apenas o Mago Supremo passará pelo guardião.

Ela estremeceu, temendo o que viria a seguir.

— O que quero será fácil. Quando Stephen Strange estiver com o diário, quero que pegue o livro para mim. Se concordar com isso, encontrarei com você no Columbus Circle. Ou melhor, um subordinado se encontrará com você.

Linda ia negar, obviamente. Mas tinha medo de Lilith e do que ela faria.

— O que acontece... se eu disser não?

— Ah, poderão haver consequências para sua tia.

Um calafrio trouxe a ela pensamentos sombrios.

— Você...

— Ah, não. Não a matarei. O Alzheimer fará isso. Sabe, eu simpatizo com Peggy Carter. Temos coisas em comum. Ambas fomos vítimas de machismo, e defendemos a liberdade feminina. Ela lutou até chegar ao cargo de diretora da S.H.I.E.L.D. Enquanto isso, eu aturei a mania de grandeza de Adão. Por que acha que Eva era uma costela dele? Eu fui criada por Deus a partir do barro, bem como Adão. E fui julgada por ele por Deus quando fugi. Você julga isso justo?

Lilith alterou a voz para imitar Adão.

— “Oh, meu Criador, ajudai-me. A mulher que para mim criaste de mim fugiu”. E então, com Eva, ele foi diferente: “Esta sim, é osso dos meus ossos”.

Lilith fez cara de nojo.

— Mas, voltando ao assunto... Você arriscaria mesmo a sua tia por um livro que você nem sabe ao certo o que é?

Linda pensou por um momento. Ela de fato não sabia o que era o Diário, mas tinha quase certeza de que Stephen também não. Além disso, muita gente queria o livro. Pensou no Wong falso e grosseiro, nos Hellstrom, em Stephen, em Jade e no Doutor Druida. Todos estavam desesperados pelo livro, e com os demônios não parecia diferente.

— Não adianta negar. Sei que é verdade.

A Enfermeira Noturna permaneceu resposta.

— Abrir mão de sua própria tia é desumano. Quem faria isso?

— E o que você sabe sobre ser humano? — disse uma voz masculina.

Lilith deu um pulo e olhou para trás. Linda simplesmente não viu o que houve. Apenas vislumbrou Lilith ser puxada para longe. Assustada, espiou pelo buraco. Wong agora segurava um livro, sem sinal de Lilith. Linda passou pelo buraco.

— O que houve?

— Ela está aqui dentro — contou Wong, indicando o livro. — Agora vamos. Temos que achar a entrada secreta.




Com o carpete já colocado, a lagarta começara a se enrolar em um casulo em um canto da sala. Quando ele ficou pronto em volta dela, a lagarta simplesmente sumiu de dentro do casulo. Fumaça saía dele, como se funcionasse como um charuto. Os círculos de fumaça rodopiavam até o teto, com o qual se chocavam para então se desfazer.

Então, o casulo foi consumido por chamas e desapareceu. Os últimos círculos de fumaça subiram, mas não se desfizeram ao encontrar o teto. Em vez disso, se espalharam e criaram mais fumaça. As nuvens branca aumentaram mais ainda, tomando conta da sala. Foi quando a fumaça começou a passar sob a porta.




Johnny Blaze caiu no chão, libertado pelo poder do Olho de Agamotto. Satanna rugiu, sendo jogada para longe. O Motoqueiro Fantasma vislumbrou ela pular na direção de Stephen, mas estava tonto e não conseguia focar sua visão. Isso era estranho. Desde que se tornara Motoqueiro Fantasma, Blaze jamais tivera essa sensação.

Então, ligou os pontos. Folha o Olho de Agamotto. O poder daquele artefato era enorme, uma prova da enorme força de Agamotto. Se o segredo do Olho estivesse no Diário, o livro não podia cair nas mãos de pessoas como Satanna Hellstrom. Seria desastroso.

Recuperando sua força, Blaze ficou de pé. Estendeu a mão na direção de Satanna, liberando uma rajada de fogo. Ela se inclinou para trás, fazendo com que o fogo acertasse Stephen. O Mago Supremo sumiu a tempo, reaparecendo sobre Satana. Ele disparou uma rajada brilhante, que derrubou Satanna no chão. Com um pulo, ela se levantou.

Foi quando fumaça vinda do corredor tomou conta da sala. A velocidade com a qual a fumaça se espalhou foi incrível. A visão deles ficou branca, completamente tomada pela fumaça. O grito de Satanna fez todos se arrepiarem.

Algo se segurou em Blaze pelo pé, e ele logo olhou para baixo. Viu as unhas pintadas de vermelho de Satanna, fazendo força para lutar contra algo. Estranhando, o Motoqueiro prendeu sua corrente à mão dela e puxou.

Junto dela, uma criatura cinza a chacoalhava e espancava. O Motoqueiro jogou o monstro longe.

Coração Negro — disse Blaze, olhando para seu inimigo.

Motoqueiro Fantasma.

O filho de Mefisto se levantou.

Você não deveria estar aqui, Coração Negro. A Terra não é para você. O que quer aqui? Agora tem sua própria dimensão. É um demônio maior.

Ele sibilou.

Vim de encontro com Daimon. Ao que parece, ele não está aqui. Nosso ponto de encontro foi destruído.

Por que está me dizendo isso?

Coração Negro sorriu, malicioso.

Pois tenho certeza de que você está envolvido.

Ele pulou em cima de Blaze, que o jogou para o lado. As correntes do Motoqueiro Fantasma se enroscaram e Coração Negro, servindo de guia para Blaze em meio à fumaça. Coração Negro se remexeu, puxando as correntes. Então, o Motoqueiro Fantasma ergueu o braço.

Coração Negro foi puxado para perto dele, caindo aos seus pés.

Deixe esta dimensão ou haverão sérias consequências para você.

O demônio riu. Blaze pisou na cabeça dele, fazendo seu sorriso desaparecer. Então, Coração Negro sumiu.




Wong e Linda sentiram cheiro de queimado conforme caminhavam pelo corredor. Ao virarem na direção da qual vieram, viram a fonte do cheiro. Uma espessa fumaça branca saía por baixo de uma porta.

— Será que é aqui­? — ela perguntou.

— Veremos.

Os dois entraram. Lá dentro, nada era visível. Wong passou  a mão pelo piso, e bateu no carpete com o punho cerrado.

— Sob o carpete há um enorme buraco. Acho que encontramos.

— Ótimo, vamos até Stephen!

Eles saíram da sala, indo de volta até a parte de entrada. Estava cheio de fumaça. Vislumbraram apenas um brilho, que não podiam saber o que era.

— Stephen? — chamou Linda.

Wong olhou para ela, surpreso. Foi quando o corpo de Satanna foi arremessado na direção deles. Ela estava amarrada com as correntes do Motoqueiro Fantasma. Stephen e Johnny surgiram logo em seguida.

— Encontraram algo? — perguntou ele, sem se importar com a fumaça.

— Sim, senhor. O livro está no subterrâneo.

Linda foi à frente, tentando escapar de perguntas. Estava com medo de falar sobre Lilith. Ela abriu a porta da sala.

— Sob o carpete — disse Wong.

Stephen estendeu os braços. Então, o carpete se enrolou em um canto.

— Senhores, a partir de agora devemos ser cuidadosos. O subterrâneo pode esconder vários segredos.

Todos assentiram. Em seguida, com a magia de Stephen, começaram a flutuar para baixo.




O grupo de Mordo chegou ao primeiro enigma. Em uma sala circular, havia um pequeno altar de pedra. Nele estava desenhado um círculo com um ponto dentro, e havia uma esfera. Na base do altar, uma frase.

— “O tamanho é relativo” — leu Emma Frost.


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