Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 15
Quando se confia.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu acabei demorando mais do que o normal para escrever esse capítulo, mas foi o combo férias fora de casa + problemas.

Enfim, estou de volta e acho que vão se interessar bastante pelo capítulo, onde vão saber um pouco mais sobre o passado do Deidara. Admito que estava sendo difícil de formular a história dele, mas a ideia veio até mim do nada e eu decidi que seria desse jeito.

Desejo-lhes o de sempre.



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As bochechas de Sakura formigaram ao sentir o calor acolhedor do bar para qual Deidara havia a levado.

Era um lugar agradável, rústico e com decoração que parecia ter sido escolhida a dedo por alguém com muito bom gosto. Ela se sentiu um pouco sem graça por não estar vestida adequadamente, porém Deidara não parecia se importar muito em andar por aí com a capa adornada por nuvens vermelhas da Akatsuki. As pessoas ali não pareciam ligar também, mesmo que todo o mundo soubesse o que o traje implicava.

O loiro conduziu-a pela mão até uma mesa no meio do estabelecimento, sorrindo animado. Uma garçonete bem bonita apareceu quase imediatamente.

― Boa noite! É a sua namorada, Deidara-san? ― perguntou a menina com um sorriso satisfeito, familiarizada com o rapaz.

― É sim ― ele respondeu sem hesitar e o rosto de Sakura esquentou. Era a primeira vez que o que eles tinham recebia um nome e ela estava adorando o substantivo usado para se referir a ela.

― Meu nome é Sakura. Muito prazer. ― A kunoichi cumprimentou a mais velha, observando que ela estava agradavelmente surpresa, como se fosse algo inédito Deidara aparecer com uma garota.

Ou talvez fosse inédito ele apresentar alguma delas como namorada.

― O prazer é meu. Eu sou Mei. ― Ela tirou um bloco de papel do bolso da camisa e tomou em mãos a caneta que estava em sua orelha. ― Então, o que vão querer?

― Vinho para mim. O de sempre ― Deidara pediu, surpreendendo Sakura. Ela não tinha esperado que o loiro possuísse um paladar refinado para bebidas. Ele observou-a expectante, aguardando que ela pegasse o cardápio em repouso na mesa.

Ela não gostava de beber e era até mesmo contra tal ato na sua idade, mas se sentiu inclinada a acompanhar Deidara.

― Para mim, só uma taça. Também vou querer vinho.

Dessa vez foi o nukenin quem se surpreendeu, dando o seu sorriso característico. Eles conversaram sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, não ligando para as horas que passavam ou para a quantidade de garrafas de vinho que já haviam esvaziado.

~#~

― Você nunca me falou sobre a sua vida lá em Konoha. Como era? Se você quiser me contar, claro ― Deidara propôs.

― Está curioso para saber sobre a minha vida antes de vir pra cá?

― Mais ou menos, hm. Estou curioso sobre as pessoas com quem você andava, o que fazia, como é a vida em um lugar tão longe de todos em que morei.

Sakura se ajeitou em sua cadeira, pensando por onde começaria. O álcool estava começando a tomar conta de sua cabeça e ela não sabia ao certo por onde começar.

― Me fala dos seus amigos ― ele sugeriu, vendo sua indecisão.

― Ah, certo. Bem... A maioria dos meus amigos vêm desde a época que eu sou uma genin. Tem a Ino, que é a minha amiga mais antiga. Na verdade, vocês dois são bem parecidos! Eu poderia jurar que são irmãos, mas os olhos dela são verdes. Vocês usam o cabelo de um jeito bem parecido e a personalidade até se assemelha um pouco. ― Ela pareceu notar que aqueles comentários não eram tão necessários assim e se focou. ― Ela me ajudou muito durante a infância, já que eu sofria muito pelas brincadeiras e piadas maldosas que faziam por culpa da minha testa. Viramos muito amigas, mas acabamos nos apaixonando pelo mesmo menino e fizemos a burrice de nos separarmos. Continuamos assim por anos, brigando igual duas idiotas, mas durante o exame chuunin, quando lutamos uma contra a outra e empatamos, resolvemos parar com a estupidez e aos poucos fomos reconstruindo o que tínhamos antes. Na verdade, nossa amizade está mais forte e verdadeira do que nunca. Agora eu não consigo imaginar a minha vida sem a Ino. Ela me ajudou muito quando o Naruto foi treinar com o Jiraiya-sama e o Sasuke-kun nos abandonou.

Deidara sentiu a amargura na voz de Sakura com seus dizeres finais e tentou tirá-la das memórias ruins, mesmo que ele próprio estivesse se sentindo muito mal por terem a arrancado de sua casa e das pessoas que amava, como essa tal de Ino.

― Ela deve ser uma boa amiga, hm. Só por ser parecida comigo ela já deve ser sensacional. ― Ele se exibiu com um sorriso orgulhoso e Sakura riu. ― Quem mais?

― Tem o Kakashi-sensei. Ele é bem mais velho que eu, mas, mesmo assim, nos damos muito bem. Ele também foi um grande apoio para mim durante o tempo em que o Naruto estava fora. Eu acho que ele sentiu como se tivesse falhado como nosso sensei, então acabou se apegando a mim, que fui a única que sobrou. Ele acabou se aproximando também da Shizune, que é outra amiga minha. Ela também é aprendiz da Tsunade-Shishou e eu acho que ela e o Kakashi-sensei agora estão namorando. Eles negam pra todo mundo, mas eles não me enganam! ― Sakura se animava cada vez mais, revivendo boas lembranças em sua cabeça. ― Também tem a Hinata, que é um amor de pessoa e a garota mais gentil que eu já conheci em toda a minha vida. Ela é meio obcecada com o Naruto, mas o Neji-san, outro amigo nosso e primo dela, tem feito ela pensar um pouco melhor em “outras possibilidades” (é, eu sei, é estranho por eles serem primos!). Também considero muito a Tenten-san, Kiba, Shikamaru, Anko-san, Temari-san... E claro, tem o Naruto...

Oh, chegamos ao assunto delicado, Deidara pensou. Sakura estava mais tagarela do que o normal, provavelmente pelas três garrafas de vinho que os dois já haviam consumido, mas ela não falaria do jinchuuriki da Kyuubi com um dos maiores inimigos dele, falaria?

― … Que é o meu melhor amigo. Eu detestava ele no começo e, pra ser sincera, eu me envergonho muito disso pois eu nem o conhecia direito, só seguia a multidão. Se todo mundo odiava o Naruto, quem era eu para me opor? Depois que caímos no mesmo time, as coisas mudaram. Eu comecei a conhecer e a entender ele melhor, ver que ele era muito mais do que o menino bagunceiro e que gostava de chamar a atenção. Se eu dissesse para a Sakura de onze anos que o Naruto seria a pessoa em que eu mais confio e acredito, ela riria de mim e me mandaria parar de me drogar! ― A garota riu de si mesma. ― Mas acaba que é a pura verdade. Nós dois crescemos e amadurecemos juntos, sofremos muito com certas perdas e servimos de apoio mútuo para passarmos pela fase mais difícil das nossas vidas. Ele se tornou um ninja muito habilidoso e parece ser bem bobão, mas são as pessoas o subestimando que o fazem ficar mais forte ainda. Atualmente, eu posso dizer que ele é o melhor amigo que eu poderia ter e eu faria de tudo para proteger ele e ver ele feliz. Não são poucas as noites que eu acordo suando frio por culpa de pesadelos em que algo de ruim acontece com ele. Sem o Naruto, seria como se eu tivesse perdido metade da minha alma.

Deidara se sentiu muito mal ao ouvir ela dizer aquilo e, observando ela rodear a taça de cristal com a ponta do dedo indicador, viu a quantidade de dor que o trabalho dele infringia nela. Ao mesmo tempo, ele se sentia maravilhado por ter uma pessoa como ela na vida dele. A Akatsuki ameaçava tirar dela o seu melhor amigo e ela, mesmo assim, tentava ver o Deidara de verdade, aquele que ficava sob o rótulo de criminoso terrorista que queria sugar a alma das pessoas. Ela quebrava aos poucos os seus preconceitos e crenças porque gostava dele, da mesma forma que ele gostava dela, apesar das noções de ética totalmente diferentes.

Ele não costumava acreditar em destino, coisas que têm que acontecer desde sempre, pessoas conectadas desde o nascimento até a morte; no entanto, quando envolvia Sakura e ele, inimigos naturais em circunstâncias estranhas (porque um cativeiro com benefícios não era lá muito comum), duas pessoas com vidas, pensamentos e lealdades tão diferentes, encontrando paz e felicidade um no outro no meio do inferno que era aquele mundo em que viviam, Deidara acabava admitindo para si mesmo que os dois estavam juntos porque era para ser assim.

― Por que você me falou sobre o Naruto, Sakura? ― ele perguntou ― você sabe quem eu sou e o que isso implica.

Sakura pareceu pensar por alguns segundos, como se já tivesse a resposta na ponta da língua, porém tivesse receio de dizê-la. A garota hesitou por mais alguns momentos antes de respondê-lo.

― Porque eu confio em você.

Deidara ficou sem palavras e Sakura podia ver perfeitamente a surpresa em seus olhos levemente arregalados. Ela também estava, na verdade. Qualquer pessoa com o mínimo de bom-senso bateria nela por dizer em um tom claro e alto que ela confiava no bombardeiro. No entanto, era impossível não confiar em Deidara. Desde o dia em que ele a levou no telhado pela primeira vez, ele mostrou se abrir e se apegar a ela, deu para ela os sorrisos mais lindos do mundo, a fez perder certas inseguranças, não a odiou após as diversas discussões originadas pelo temperamento ruim dos dois, cuidou dela e a ajudou quando viu Lee morrer – aquela ainda era uma ferida que demoraria a se fechar –, a confortava quando ela chegava perto de pensar que acabaria se matando por estar naquele lugar e, acima de tudo, mostrava se preocupar com ela nos detalhes mais imperceptíveis.

Ela confiava em Deidara.

E o loiro, depois de tudo que havia ouvido naqueles últimos minutos, percebeu que não sentia mais vontade de acertar as contas com Naruto Uzumaki e com o Ninja Copiador.

― Como você sabe, eu fui criado em Iwa ― ele começou, apontando para a sua hitaiate com um grande risco em horizontal. ― Minha mãe era uma artesã civil que morava em um vilarejo perto de Iwa, o nome dela era Ema, mas o meu pai era um shinobi, um dos últimos com o kekkei genkai. Sabe, ele era mantido como segredo pela vila, já que habilidades únicas despertam interesse nos inimigos que não as possuem. A maioria dos usuários morreu durante uma das dezenas de guerras que Iwa arrumava e sobraram uns, sei lá, seis? Sete? Enfim, a maioria já era velho demais para continuar a linhagem e o meu pai era um dos poucos jovens o suficiente para procriar. O Tsuchikage só estava esperando ele fazer dezoito anos para começar a jogar um monte de kunoichis em cima dele.

“No entanto, durante uma missão no vilarejo da minha mãe, eles se conheceram e se apaixonaram. Quando o meu pai tornou pública a intenção dele de viver única e exclusivamente com aquela mulher não-ninja, o velho Onoki ficou irado. O plano deles era prender o meu pai na vila por uns tempos até localizarem e matarem a minha mãe.

“Já sabendo muito bem o que aconteceria, o meu pai secretamente desertou, achou a minha mãe no vilarejo dela e eles fugiram. Para não deixar ela paranoica ou assustada, mentiu que um nukenin queria matá-lo e que a solução que ele tinha era fugir. Ela acreditou e os dois foram para o País dos Pássaros. Meu pai conseguia dinheiro como mercenário e como ele era bem ‘tradicional’, não permitiu que minha mãe trabalhasse depois de casada. Ela deixou o diário dela comigo para eu ler quando crescesse, então por meio dele eu descobri que os dois, mesmo foragidos e vivendo por meio de disfarces, eram felizes e se amavam muito. Ele não se arrependeram das escolhas que fizeram. Ter sido feito e concebido com amor é uma das poucas coisas que me fazem menos ordinário.

“Enfim, logo a minha mãe engravidou de mim e lá pelo terceiro mês de gestação o meu pai foi morto em uma das missões clandestinas que ele fazia. E a minha mãe não soube o que fazer quando ele não voltou para casa. Ela não tinha dinheiro, não tinha trabalho, não tinha família e estava grávida. A solução que ela encontrou foi voltar para o País da Terra e ir até Iwa. Meu pai ainda não tinha contado para ela que eles fugiram para evitar a vila, então ela estava esperançosa que a família dele e o Onoki nos aceitassem.

“No início tudo pareceu lindo. Quando perceberam que minha mãe não sabia de nada, trataram ela muito bem. Deram apoio médico e financeiro, arrumaram um apartamento vago e prometeram um emprego que a permitisse cuidar de mim e trabalhar ao mesmo tempo. Logo quando eu nasci me tomaram da minha mãe, mataram ela e me entregaram para a minha família paterna. Eles não me quiseram pois me consideravam de sangue 'impuro' e achavam que eu não desenvolveria os traços do clã, então me deram de volta para o Tsuchikage.”

Sakura inalou uma boa quantidade de ar, envolvida pela história do passado de Deidara, que ele evitava sequer mencionar para ela. O seu olhar mostrou que ela aguardava pela continuação e que não iria interrompê-lo.

― Mentiram para mim durante a minha vida inteira que meus pais morreram em batalha e eu fui criado pelos filhos do velho Onoki e até fui aprendiz dele, já que o resto da minha família morreu na Terceira Guerra, sendo ensinado desde cedo a usar meu Kekkei Genkai. Minha vida era um saco. Lá não é um lugar feliz ou justo, como Konoha. Quando as crianças completam cinco anos, elas já são enviadas para a academia e as que são mais promissoras completam o treinamento ninja em três anos. Com oito, os melhores já são genins. Eu estava no meio desses prodígios e foi exatamente o que aconteceu comigo. Eu era muito infeliz. Enquanto eu queria fazer minha arte e brincar com os outros moleques da minha idade, eu era moldado a ser um soldado bom em qualquer coisa, só que a lavagem cerebral não deu certo comigo. Eu não gosto de me sentir preso ou obrigado a fazer as coisas e enquanto eu era um menino, eu ainda não sabia controlar isso.

― E foi aí que você fugiu? ― Sakura perguntou, absorta.

― Não. Eu já estava de saco cheio, mas aí uma mulher de uns quarenta anos veio até mim um dia. Ela disse que conheceu e era amiga da minha mãe e que achava que eu estava velho o suficiente para saber da verdade, então me entregou o diário dela. Assim eu aprendi tudo o que aconteceu. Nos dois últimos meses de gestação ela acabou descobrindo todo o passado do meu pai e soube que ia morrer, então confiou o caderno à enfermeira que acompanhava a gravidez dela, dizendo para me entregar em algum momento. Ela deixou mensagens para mim, ela disse que me amava, que queria que as coisas pudessem ser diferentes... ― A voz de Deidara oscilou e as mãos dele pareciam tremer ligeiramente em cima da mesa. Sakura segurou uma delas, estimulando-o a continuar. ― Aquela foi a gota d'água, o que faltava para eu sair dali. Então eu explodi a Torre do Tsuchikage com o velho dentro dela e fugi. ― Ele sorriu sadicamente, relembrando a satisfação que sentiu. ― Durante uns meses eu pude fazer a minha arte em paz, já que era contratado por alguns caras. Eu não tinha ninguém para mandar em mim, vivia como bem entendia e, claro, tinha minha arte. Na maioria das vezes eu tinha que ficar atento ao meu redor como uma presa evitando um predador e passei por uns momentos complicados, mas eu era até satisfeito. Mais do que quando eu vivia em Iwa, pelo menos.

― E então chega na parte em que você entra na Akatsuki?

― Certo. O Mestre Sasori, Kisame e Itachi apareceram do nada e disseram que eram da Akatsuki, que eu tinha chamado a atenção deles e todas essas merdas, hm. É óbvio que eu não queria nada com eles, mesmo com eles me dizendo que eu poderia praticar minha arte livremente e que meus assuntos pessoais não seriam atrapalhados. Eu mal tinha me livrado de sugadores de vidas alheias, não queria nem chegar perto de outros. O filho da puta do Itachi me desafiou para uma batalha, dizendo que se ele vencesse, eu teria que entrar. Eu era um guri idiota e cego demais pelo meu próprio ego, então eu aceitei. Aquele desgraçado me prendeu em um genjutsu depois de meio segundo e eu acabei derrotado! ― Ele socou a mesa e, por sorte, as taças com a garrafa não caíram. ― Genjutsu é a pior forma de arte! Nem merece ser chamada assim! Não é real, é enganosa e apunhala pelas costas. Desde então eu venho treinando o meu olho esquerdo e agora ele é imune a essa blasfêmia.

Com isso, Deidara levantou a franja que cobria parte de seu rosto e retirou o aparelho anexado a ele, revelando um detalhe que Sakura nunca teve a oportunidade de ver antes.

― Anisocoria! ― ela exclamou.

Saúde?

― Não, é quando as pupilas possuem tamanhos desiguais, igual as suas. Você deve ser muito sensível à luz, não é? ― Ele assentiu. ― Deidara... Isso é impressionante. Eu nunca tinha ouvido falar de nada igual, você é incrível!

Ele sorriu, orgulhoso com os elogios ditos pela garota. Ele apertou sua mão, que ainda não havia sido solta por ela.

― Eu nem sei o que dizer sobre a sua história... Eu sinto muito pelos seus pais. Você merecia coisas maiores e melhores do que isso.

― Bem, ninguém nunca disse que o mundo é um lugar justo. Eu também queria que as coisas tivessem sido diferentes, mas ao mesmo tempo não foi ruim ao todo. Eu masterizei a verdadeira arte e aprendi desde cedo que a gente nasce só para se dar muito mal na maior parte dela, hm. ― O sorriso se tornou amargo. ― Mas obrigado por estar comigo. Você facilita muito as coisas. Me mostra que existem coisas boas e que valem a pena, no meio de toda a desgraça que existe por aí.

Sakura não respondeu, sabendo que Deidara sabia que ela sentia o mesmo por ele.

― Por que você resolveu me contar sobre o seu passado, depois de evitar mencionar qualquer coisa sobre ele durante todo esse tempo? ― Dessa vez, foi ela quem perguntou.

― Porque eu confio em você ― ele respondeu sem hesitação. ― E da mesma forma que eu quero saber mais sobre você, sobre cada detalhe, é justo que eu compartilhe detalhes sobre mim.

Com sorrisos cúmplices, os dois voltaram para assuntos mais leves e terminaram a garrafa de vinho antes de saírem do bar, sentindo que a noite deles, cheia de confissões e confiança mútua, não poderia ter sido melhor.

~#~

― Deidara... ― Sakura sussurrou seu nome em meio a respirações aceleradas, prensada na parede do corredor dos quartos pelo maior. Ele sorriu contra seu pescoço no meio de beijos acalorados.

Logo suas bocas voltaram a se encontrar, os toques de lábios e línguas cada vez mais carregados de desejo. As mãos do nukenin passeavam por todo o corpo de Sakura, arrancando discretos suspiros de prazer quando essas brincavam com seus seios, traseiro ou pernas.

Deidara queria mais do que nunca levar o contato além dos toques excitados, mas se conteve e conseguiu, com uma força de vontade descomunal, se separar de Sakura. Ela pareceu confusa no início, mas logo entendeu que os olhos azuis tentavam dizer “hoje não”. Ele tinha quase toda a certeza do mundo de que Sakura era virgem e sabia que garotas valorizavam muito a primeira vez. Ele não queria que fosse naquela noite e daquele jeito, mesmo depois de uma noite maravilhosa como a que tiveram. Sakura jamais admitiria caso ele mencionasse, mas ele sabia que ela valorizava momentos românticos e que a fizessem sentir borboletas no estômago.

Aquele não era um desses momentos.

Eles se despediram com mais um beijo – dessa vez, contido – antes dela entrar para o seu quarto. Segundos depois, como se o bastardo estivesse esperando o casal se separar, Hidan surgiu do escuro do corredor.

― Vocês teriam dado um belo show para quem passasse por aqui, hein? Eu pude sentir a... emoção de vocês de longe. Você tá conseguindo fazer a menina comer na sua mão, hein, Dei-chan? Ou não seria o contrário? O revoltado da Akatsuki está sendo domado por uma prisioneira inimiga. Seus pais ficariam com vergonha de você! ― o homem provocou, mantendo o sorriso sarcástico em seu rosto.

― Vá procurar algo pra fazer, idiota ― Deidara revidou, já tomando o caminho para seu próprio quarto.

― Vai ser uma pena quando ela morrer por ser inútil por aqui, não é?

Ele respirou profundamente, contendo a vontade de pular no pescoço de Hidan e entrando em seus aposentos o mais rápido que conseguiu. Soltou um grunhido de frustração. Frustração por ter que conter seus desejos por Sakura, por Hidan ser o desgraçado de sempre e pelo que ele falou ser verdade.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Tobi, sem a capa de nuvens vermelhas da Akatsuki, estava com o chakra perfeitamente mascarado e se camuflava entre as árvores enquanto observava o novo time de Sasuke Uchiha. Um deles era grande e passivo, porém não deveria ser subestimado. A menina tinha o cabelo vermelho típico dos Uzumaki e falava tanto que poderia facilmente conseguir o emprego de torturadora com seus discursos. O terceiro tinha um físico magro e parecia fraco, mas a espada que antes pertencia a Zabuza em suas costas mostrava o contrário.

Já o centro das atenções parecia muito com o irmão mais velho, ao mesmo tempo que era totalmente diferente. Sasuke era novo e por mais que os olhos que carregavam muitas coisas ruins ocultassem a juventude dele, havia mostrado ser facilmente manipulável caso os pontos certos fossem acertados, como havia sido com Orochimaru.

Tobi poderia fazê-lo útil de diversas maneiras caso conseguisse persuadi-lo.

O Akatsuki sentiu uma presença repentina em suas costas e desviou do ataque da espada de um dos garotos, que chegou ali com uma rapidez remarcável.

― Estava demorando para vocês me perceberem~! Tobi achou que os boatos não faziam jus a vocês ― disse.

― Sabíamos sobre você já fazia tempo, mas estávamos esperando ver o que você faria. Já que ficou aí parado, foi apropriado atacarmos primeiro. Pelo visto estamos te interessando, não é? ― o menino sorriu com altivez.

Tobi sorriu por trás da máscara. Os moleques dos dias atuais se davam mais crédito do que deveriam. Ele viu que Sasuke e os outros agora observavam os dois.

― Suigetsu, acabe logo com isso ― Sasuke ordenou ― ele é mais um trouxa.

O tal Suigetsu, com uma expressão de satisfação, obedeceu o seu líder e partiu para o ataque.

A batalha entre os dois foi mas rápida do que o necessário para empolgar Tobi e em pouco tempo o seu oponente jazia sem vida no chão. Viu que Sasuke avançava em sua direção para ser o próximo a atacar, mas o Uchiha foi surpreendido ao atravessar o corpo do mascarado. Ele aproveitou aquela brecha para usar o Kamui e escapar.

Ainda não era a hora certa para transformar o pequeno Sasuke em um de seus peões. Por enquanto, ele se preocuparia em se livrar do estorvo de cabelo rosa que estava se tornando uma ameaça mais rápido do que o esperado.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Konan estava quase entrando no escritório de Pain quando ouviu a voz grave de Madara lá dentro. A porta entreaberta fazia a conversa perfeitamente audível e os dois não pareciam se importar com isso. Tomando a liberdade de entrar, Pain observou-a por breves segundos enquanto o outro não fez muito caso da presença dela.

― Como eu ia dizendo, a pupila da Tsunade é uma ameaça. Ela já sabe mais do que deveria e está até mesmo se envolvendo emocionalmente com o Deidara. A cada dia ela se torna mais um problema.

― Sakura Haruno foi capturada para tratar a saúde de Itachi e servir de isca para a Kyuubi, e vai permanecer viva e aqui até que, pelo menos, um desses problemas seja resolvido ― Pain revidou ― o relacionamento dela com Deidara também é útil de sua própria forma e não devemos interferir.

― Itachi não vai ser curado! Nada pode curar ele! ― Madara passou a esbravejar, irritado com a petulância de Pain. ― E ele voltou a fazer missões com um bom desempenho e sem demais problemas. A visão dele foi até parcialmente recuperada. A menina deve ser morta.

Konan passou a ouvir com menos atenção o debate dos dois homens, mais preocupada com o futuro de Sakura. Ela não deveria, porém queria partir em defesa da kunoichi. De certa forma, o seu coração doía ao pensar na morte dela.

Rezou para que Madara saísse dali em breve para que ela pudesse parar de se atormentar por desejar o bem de um inimigo.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Sakura sorriu cansada, porém satisfeita, enquanto marcava o papel em que escrevia com um ponto final. Ela havia passado a madrugada escrevendo e agora, de manhã e depois de muitas xícaras de café, estava certa de que era capaz de curar a cegueira de Itachi.

Uma semana antes, sem motivo direto, ela havia decidido que queria curar os olhos de Itachi. Ao mesmo tempo que achava que era a coisa certa a se fazer, precisava aprimorar suas habilidades com ninjutsu médio e aquela era uma oportunidade perfeita.

Aproveitando que Deidara estava em missão há dias – a primeira depois de tanto tempo em recuperação –, ela estudou incansavelmente. Vasculhou por dezenas de livros na biblioteca, fez anotações de todos os tipos, se lembrou dos ensinamentos de sua Shishou e, depois de seis dias, estava certa de que poderia curar os olhos do Uchiha.

Ansiosa demais para esperar, foi até o quarto de Itachi e não o encontrou lá, o achando na cozinha preparando o seu café da manhã.

― Bom dia, Itachi-san ― ela o cumprimentou com entusiasmo.

― Bom dia, por mais que suas olheiras mostrem que você não tenha dormido. ― A garota, para seu espanto, sorriu animada com o fato. ― Aconteceu algo?

Sakura se aproximou e abaixou o tom de voz, tornando os seus dizeres quase que inaudíveis.

― Eu passei a semana passada inteira estudando. Eu sei que deveria ter perguntado antes para você se você concordava, mas eu me empolguei e queria ser rápida, já que estava desocupada e o que temos de muito pouco é tempo restante. Eu acho que posso curar os seus problemas de visão.

As sobrancelhas de Itachi se levantaram alguns poucos milímetros, mostrando um raro momento de surpresa.

― Claro, só se você concordar. Eu sei o quanto os seus olhos significam para você e vou entender caso você recuse que eu chegue perto deles se não for por ordens do Pain. ― Ela deu um sorriso fraco. ― Mas eu queria poder ajudar. É injusto um shinobi tão genial ter como principal fraqueza a sua maior arma. E acredito que enxergar perfeitamente possa ajudar enquanto estiver perto do Madara.

O homem, novamente, não respondeu. Em vez de concordar ou discordar, ofereceu para Sakura um pouco da omelete que ele estava fazendo e ela aceitou com gratidão. Ela sabia que ele precisava de tempo para decidir qual resposta daria e, por mais que ela fosse uma pessoa impaciente, tentaria esperar o tempo dele.

Quando terminaram de comer e Itachi se ofereceu para lavar a louça, chamou a iryou-nin antes que ela saísse da cozinha.

― Eu aceito a sua proposta. Obrigado por se preocupar.

Sakura sorriu, evitando admitir que de fato se preocupava com Itachi – aquilo poderia ser meio problemático –.

― Ótimo! Começamos pela noite, então?


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Notas finais do capítulo

O que acharam sobre o passado do Deidara? E sobre a pequena porém significante evolução do casal? O que acham que o Tobi/Madara quer com o Sasuke?

Obrigada pela leitura! Por favor, deixe seu review. ♥



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