Intuição escrita por TheEpic


Capítulo 12
Quando as perguntas passam a ser respondidas.


Notas iniciais do capítulo

Oi! O progresso que tenho feito na fanfic está me satisfazendo muito, considerando que antes eu aparecia com capítulos novos depois de longos intervalos de tempo.

Não tenho muito o que dizer dessa vez, então apenas lhes desejo uma boa leitura. ♥



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Itachi acordou no momento em que ouviu as batidas, mesmo que fracas, em sua porta. Caminhou lentamente até a entrada de seu quarto e se surpreendeu ao ver Sakura ali.

Seu olhar estava aterrorizado.

― Itachi-san... Eu... Eu preciso te contar. Me deixa entrar? ― ela pediu e esperou ansiosa pela resposta.

― Claro, entre. O que aconteceu?

Com uma liberdade surpreendente, Sakura sentou-se em uma cadeira e respirou por alguns segundos para depois contar os eventos dos dias anteriores. Não escondeu nada, mencionando o primeiro encontro no corredor, Tobi acordado vigiando Sakura na gruta e a aproximação física momentos atrás.

Itachi ouviu tudo pacientemente e, quando a menina terminou seu relato, pensou por alguns momentos sobre o que faria naquela situação. A saída que encontrou foi ser franco com Sakura e finalmente revelar o que ela tanto queria saber.

― Sakura, eu posso te dar as respostas para as perguntas que me faz desde o início, mas preciso que acredite em mim. Você já veio até aqui e me confidenciou essas coisas, então já me deu um voto de confiança, porém o que você vai saber daqui pra frente pode parecer absurdo e a única coisa que pode te livrar do Tobi é acreditar no que eu disser. Você está pronta para saber o que tanto esperava? ― perguntou.

― Eu estou... Eu acho. Só me ajude a me livrar desse lunático ― ela afirmou.

― Tobi é, na verdade, Madara Uchiha.

Um longo silêncio passou pelos dois. Itachi não se lembrou de oferecer um copo d'água para Sakura, que estava precisando urgentemente. Bem, ao menos ela estava sentada.

― O quê?! Você não está falando sério, não é? A lenda Uchiha está a vários palmos abaixo do solo, não?

― Eu também acreditava nisso, porém parece que ele está vivo como nunca. Creio que ele usa a mesma técnica de transferência de corpos que o Orochimaru. Ele entrou na organização recentemente, mas eu logo percebi que ele também possui um Sharingan genuinamente dele. No início eu me aproximei para descobrir como aquilo era possível, fingi estar interessado em ser seu discípulo e ele acreditou, mas pouco depois viu que minhas intenções não eram o que eu mostrava serem. Agora ele está me caçando discretamente, pronto para me matar e talvez pegar os meus olhos e meu corpo para si.

― Pain não vai deixar que ele te prejudique, vai? ― Sakura perguntou, confusa.

― É essa a questão. Madara comanda a Akatsuki, ele sempre esteve por trás de tudo e Pain tem plena consciência de que Tobi é Madara Uchiha. Ele deixa o Líder acreditar que está realizando seu próprio plano, enquanto ele está organizando algo maior debaixo dos panos. Ainda não descobri o que ele planeja e é isso que ele teme. Pain, cego por seus próprios ideais, segue seus conselhos e até mesmo obedece a alguns pedidos, crendo que é em prol dos planos divinos que ele tem. Se Madara fizer algo comigo, Pain não vai poder fazer nada.

Itachi fez uma pausa e, ao ver que Sakura não lhe perguntaria nada, prosseguiu.

― Eu te trouxe aqui por isso, Sakura: não foi para me curar, e sim para me ajudar. Você, uma ninja médica, aprendiz da Godaime e amiga de Naruto e Sasuke, era o disfarce perfeito para ninguém perceber nada do que eu quero. Quando você sair daqui, eu quero que conte para a Godaime e seus aliados sobre Madara. Quero que encontrem modos de pará-lo. Eu preciso que fique aqui até que eu descubra o plano dele, mas quando eu o fizer, você precisa informar a todos que possuem poder para impedi-lo sobre o que ele está fazendo.

― Você quer que eu volte para Konoha? Você quer que eu ajude a vila que você tanto odeia? ― A kunoichi cerrou os olhos. ― O inteligente a se fazer seria me matar e eu sei que vão tentar me matar. Eu sei de coisas demais, Itachi. Sei segredos demais, sei das suas fraquezas. Você está tão insano assim a ponto de querer que eu parta com tudo o que eu descobri e aprendi sobre você e sobre a Akatsuki?

― Acredito que isso é uma conversa para outro momento. Hoje eu já te contei coisas demais e o restante da história deve ser revelada quando tiver processado o que eu te falei hoje. Prometo que será em breve, mas também peço que acredite ainda mais em mim na próxima vez ― Itachi pediu.

Sakura encarou os olhos ônix de Itachi – aqueles que ela não tinha mais medo de olhar como antes, aqueles que não possuíam mais a frieza das primeiras vezes em que se encontraram – e sentiu que deveria aceitar ouvir somente aquilo naquela noite.

Ela com certeza não estava preparada para ouvir o restante, afinal. Qualquer que fosse o motivo de Itachi querer ajudar a vila que renegou, era obscuro e complexo.

Ok. Eu vou para a minha cama, eu me cansei bastante de repente ― ela avisou.

Itachi acompanhou-a até a porta do quarto e notou que Kisame entrava em seu próprio quarto, ensopado pela chuva em mais um de seus treinos na madrugada. Ele esperou a menina estar longe o suficiente e se aproximou do Uchiha.

― Itachi-san... Te aconselho a não meter a Baixinha em seus problemas pessoais. Ela vai pagar caro por algo que não está cometendo. Envolve o Tobi, não é?

O nukenin de Konoha encarou-o inexpressivamente por alguns segundos para depois retornar ao seu próprio quarto, deixando Kisame com uma resposta silenciosa que ele já sabia qual era.

De fato, se Sakura não recorresse a Itachi, pagaria muito mais caro do que se ficasse quieta. Ninguém tira a paz de um Akatsuki e sai ileso, afinal.

 

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Pain aguardou por alguns minutos até todos os seus subordinados surgirem nas mãos de Gedou Mazou no jutsu de comunicação. Quando viu que todos estavam presentes, iniciou a reunião.

― Tenho informações que podem interessar a todos. Orochimaru, nosso antigo aliado, foi morto na noite passada ― anunciou.

― E quem foi o felizardo que teve o prazer de matar ele? ― Hidan perguntou com um sorriso satisfeito.

― O irmão mais novo de Itachi, Sasuke Uchiha.

― Então o aprendiz traiu o próprio mestre, não é? ― a parte branca de Zetsu se manifestou ― seu irmãozinho ficou forte o suficiente, Itachi ― continuou sua parte negra.

O centro das atenções naquele momento preferiu não se manifestar.

― A questão é que Sasuke ficou consideravelmente forte, a ponto de conseguir matar Orochimaru e escapar de seu servo. Pode ser que suas intenções não beneficiem a Akatsuki daqui para frente, então eu preciso que vocês todos fiquem de olho nas futuras ações dele. Somente ele ter compactuado com Orochimaru já o faz nosso inimigo, mas suas ações podem torná-lo uma ameaça maior para nós ― prosseguiu o líder.

― Bem, eu vou ficar muito feliz se eu encontrar um Uchiha inimigo, hm ― Deidara se manifestou, porém foi ignorado pelos demais.

― Creio que não há nada mais para ser dito. Tenham todos um bom dia ― Pain encerrou a reunião e, gradualmente, as imagens dos membros foram desaparecendo uma por uma.

 

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O funeral de Rock Lee foi muito infeliz. A morte de um shinobi jovem sempre abalava os demais, os lembrando de que o mundo de fora dos muros de Konoha estava em caos e que o mesmo destino poderia chegar para eles a qualquer momento.

Após o enterro, Naruto estava sentado em um banco de rua, taciturno, quando alguém se sentou ao seu lado. Ino estava linda como sempre, mesmo com as olheiras sob os olhos verdes.

― Você está pensando no mesmo que eu, não é? ― ela perguntou com um sorriso melancólico.

― Acho que sim. A Sakura-chan deve ter sofrido muito vendo o Lee morrer na frente dela. Ele foi alguém muito importante para ela desde o Exame Chuunin. O Neji contou que ela estava desesperada... ― O menino suspirou sonoramente ― Está sendo muito difícil pra você, né? Ela é muito importante pra você.

― Está, sim. A Sakura é minha melhor amiga. ― Ino encarou-o por alguns momentos. ― Mas eu sei também que está sendo igualmente difícil pra você, Naruto. Dá pra ver em você, mesmo com toda a sua esquisitice, que você ama a Sakura de verdade.

― É tão na cara assim? ― Ele riu para si mesmo. ― É um absurdo como até o Sai sabe o que eu sinto pela Sakura-chan, mas ela mesma não vê. Espero que eu possa me expressar melhor pra ela depois que a gente trazer ela de volta.

― Boa sorte com isso. E olha, eu sei que é meio inconveniente perguntar, mas como está sendo pra você sem o Sasuke-kun e a Sakura?

― Olha... Eu estou realmente sem chão ― Naruto começou ― a minha família biológica está morta e a minha família de coração se despedaçou. O Kakashi-sensei está aqui pra mim, mas ele tem as coisas dele para resolver; o Sai está sendo um bom amigo, mas não é a mesma coisa; e o Ero-Sennin está sempre fora da vila fazendo sei lá o que, então na maior parte do tempo é extremamente solitário.

― Entendi. Você poderia sair mais com a gente. Com o meu time, no caso. Todo mundo gosta bastante de você e sua presença nos faria bem, já que perdemos o nosso Sensei recentemente, também. A gente vai na churrascaria perto da casa do Chouji mais tarde, então aparece por lá, ok? ― A garota se levantou do banco e bateu de leve na traseira de sua roupa. ― Tchau, Naruto!

O loiro se despediu de Ino com um aceno, se sentindo de certa forma mais reconfortado. Ter uma pessoa compartilhando do mesmo sentimento que ele era aliviante, por mais que soasse muito egoísta.

Sem se preocupar em sair dali, viu Hanabi andando não muito longe dele. Quando ela percebeu sua presença, se direcionou até ele, a expressão em seu rosto mostrando que ela estava muito feliz com algo.

― Bom dia, Naruto-san. Primeiramente, meus pêsames pela perda do Lee-san ― cumprimentou-o ― você ouviu as notícias recentes?

― Oi? Não, quais? ― ele perguntou confuso.

― Orochimaru foi morto! ― O sorriso da menina se expandiu. ― Ele está completamente morto e foi Sasuke Uchiha quem o matou!

― O Sasuke?! Você tá de brincadeira, né?

― Por que eu estaria? ― Hanabi juntou as mãos atrás das costas, começando a andar de novo. ― O meu clã vai festejar o acontecimento, então eu tenho que ir. Você deveria comemorar também! Até mais.

Mais uma vez Naruto foi deixado sozinho e sem palavras em sua boca. Sasuke se rebelou contra Orochimaru. Sasuke matou Orochimaru. Sasuke estava enxergando o caminho certo. Sasuke poderia voltar para eles!

Sentiu-se mais revigorado do que antes e partiu para o apartamento de Kakashi, disposto a chamá-lo para comer churrasco mais tarde com o Time Asuma. De repente, mesmo com a morte de Lee e o problema de Sakura, ele se sentia com vontade de festejar. Se tudo desse certo, a sua família estaria unida novamente muito em breve.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Havia parado de chover em Ame.

Deidara aproveitou o raro momento para convidar Sakura para irem até o teto do esconderijo e, daquela vez, ela aceitou beber sake junto com ele.

A garota parecia ainda mais conturbada do que depois da morte de Rock Lee, mas sempre que ele mencionava que ela estava mal, ela negava e mudava de assunto. Se ela não queria falar, o problema era dela, pensava Deidara.

A conversa estava sendo tipicamente informal e com assuntos impessoais, até que Deidara se lembrou da grande notícia que havia recebido naquele dia e resolveu compartilhá-la com Sakura. Os ninjas de Konoha odiavam Orochimaru mais do que odiavam o próprio demônio, afinal.

― E se eu te contar que o Orochimaru foi morto ontem?

― Sério mesmo?! Isso é uma notícia maravilhosa! ― Pela primeira vez em muito tempo, Deidara viu a kunoichi esboçar um sorriso verdadeiro. ― Quem foi o sortudo que teve esse prazer?

― Sasuke Uchiha.

A expressão de Sakura mudou para várias em um período incrivelmente curto de tempo e os olhos retornaram ao ar conturbado de sempre, mas era diferente de antes.

O Sasuke-kun?

Ah, sim. Ele havia se esquecido de que o pirralho Uchiha era colega de time de Sakura antes dele correr para os braços de Orochimaru.

― O próprio. Pelo que parece, ele resolveu se rebelar contra o próprio mentor e matou-o. Eu detesto gente Uchiha, mas ele fez um favor para a humanidade. Aquele maluco das cobras já foi tarde demais, hm ― expressou sua opinião.

― Eu acho que concordo. ― Ela fez uma pausa, como se relutasse em falar algo. Deidara esperou pacientemente pelo que ela diria em seguida. ― Deidara, você acha que é capaz do Sasuke-kun voltar para Konoha?

Que ótimo, a menina gostava do Sasuke mesmo depois da traição dele! Ninjas de Konoha eram ridiculamente cheios de compaixão e burros.

― Sinceramente? Não. Eu estou há anos nessa vida, como todos aqui da Akatsuki, e posso te dar a certeza de que nenhum de nós nunca nem pensamos em voltar para nossas vilas. Cada um tem seus próprios motivos para sair, mas a maioria tem o mesmo motivo pra nunca mais voltar. Somente um suicida em potencial voltaria para sua vila para ser torturado, executado ou até coisas piores do que isso.

― Mas Konoha não faria isso! ― Sakura protestou ― ele não cometeu nenhum crime direto à vila e sabe de coisas do Orochimaru que nós nunca nem sonharíamos em saber...

― Só por ele ter compactuado com o inimigo já o faz um inimigo também ― o bombardeiro interrompeu-a ― se aqui na Akatsuki as coisas são assim, na sua vila a lógica é a mesma.

― Como eu acabei de dizer, Konoha não seria capaz de fazer isso, seria? Nós não somos assim! Sasuke-kun era novo, teve um passado infeliz, ele poderia ser perdoado!

― Sakura, eu posso te contar uma historinha? ― perguntou e não esperou pela resposta. ― As vilas ocultas, em especial a sua, adoram passar a imagem de bom governo, porém as coisas que eles fazem debaixo dos panos são grotescas. Eu fui aprendiz do atual Kage de Iwa e eu posso te garantir que não é pouca a sujeira que todas as vilas escondem embaixo do tapete. Você só não vê isso em Konoha porque eles preferem pensar no “bem-estar” dos cidadãos, ao contrário de Iwa que prefere impor respeito com autoritarismo.

― Onde você quer chegar com isso, Deidara? Sasuke-kun continua não tendo feito nada que prejudicasse a vila ― Sakura contestou.

― Eu quero chegar no ponto onde Konohagure pode até passar a impressão de uma vila perfeitinha, mas se seu amigo Uchiha aparecesse por lá, sofreria coisas piores do que a própria morte. Ele deve ser esperto o suficiente pra saber disso e vai arrumar um jeito de seguir a vida dele como um nukenin até ser morto por alguém mais forte do que ele, hm.

Sakura ficou em silêncio por um momento. Não, Konoha definitivamente não faria aquilo. Tsunade não deixaria! A vila dela era diferente das demais e um belo exemplo disso era Naruto, que conseguia mudar até mesmo as mentes mais cheias de ódio. Naruto e ela poderiam e trariam Sasuke de volta. Se ele havia se rebelado contra Orochimaru, talvez ele estivesse disposto a voltar para eles, não é? Ele poderia rever os erros do passado, não é? Ele poderia se dar mais uma chance, não é?

Não é?

― Mas talvez tivesse alguma saída, Deidara. Sabe, Sasuke-kun sempre foi diferente. Não no sentido de ser único, por mais que na época eu pensasse que fosse exatamente isso. Ele era quieto demais, fechado demais, grosso demais. Por mais que eu, o Naruto e o Kakashi-sensei tentássemos nos aproximar dele, éramos rejeitados sem cerimônia; mas a gente nunca desistiu. Com o tempo ele foi passando a se abrir para nós e vimos que de fato ele tinha alguma salvação... Até o Orochimaru aparecer e colocar nele aquele selo. A sede de poder e vingança do Sasuke voltou a falar mais alto e ele foi embora de repente ― A garota fez uma pausa e soltou um sorriso melancólico ― Mas eu fui a última pessoa que o viu e a última coisa que ele me disse foi um “obrigado”. Isso me faz pensar que ele ainda tem salvação, que se eu e o Naruto nos esforçarmos o suficiente, podemos mostrar pra ele que ele tem a nós. O Naruto já fez isso com tanta gente, afinal... E se o Sasuke matou o Orochimaru, pode ser que ele tenha percebido que aquele não era o caminho certo.

― Ou talvez só tenha sido esperto, hm. Por favor, né, Sakura! Era bem óbvio que o Orochimaru queria o Sasuke para tomar o corpo dele, pra ter o sharingan e um corpo jovem e sadio. O guri só foi inteligente e matou o lunático antes que ele mesmo fosse morto. E eu prefiro nem comentar sobre sua história já que ela não significa muito. O mundo exterior faz as pessoas mudarem muito. Se você saísse daqui, voltaria para Konoha sendo a mesma? ― Deidara arqueou uma sobrancelha, mas a resposta nunca veio.

Cansada de tudo aquilo, Sakura ficou em silêncio e Deidara a acompanhou. A falta de comunicação entre os dois de forma nenhuma era desconfortável, mas, por algum motivo, estava sendo naquele dia. Procurando qualquer coisa para poder se distrair e melhorar o humor dos dois, a iryou-nin encarou por um tempo o cabelo de Deidara. Era definitivamente um belo cabelo: bem-cuidado, longo, loiro e com um corte feito meticulosamente.

A kunoichi estendeu a mão e pegou em uma das madeixas douradas e o dono da mesma não pareceu se importar.

― Eu já tive cabelo longo também. Ele não era grande como o seu, mas era tão bem-cuidado quanto ― comentou.

― Sério? E por que cortou? ― o rapaz perguntou.

― Ele estava sendo muito... inconveniente. Eu era muito estúpida naquela época e me preocupava mais em ficar bonita e atraente do que de fato melhorar como uma ninja, e o meu cabelo era a representação máxima disso. No meu primeiro Exame Chuunin eu me encontrei em uma situação onde estava sozinha contra um time de ninjas muito mais fortes do que eu e, bem... Eu estava perdendo feio. A garota do time me pegou pelos cabelos e me segurou para o colega dela me matar e o único jeito de escapar foi cortando ele com uma kunai. Desde então eu nunca mais deixei ele crescer e foi meio como uma libertação, me permitindo ver que existem coisas mais importantes na vida do que impressionar os outros. Acho que o meu cabelo curto é meio que para me lembrar e provar para eu mesma que eu cheguei muito longe depois daquele dia e que eu já não sou mais a menina iludida de doze anos.

― Bonita a história. Eu acho que sou a única pessoa que não tem um feito honroso no passado que mudou a minha vida pra melhor ou algo assim ― ele disse com o sorriso de sempre no rosto, porém com uma pontada de infelicidade.

― Me conta do seu passado? O que te fez chegar até aqui, Deidara?

― Isso é história pra outro dia, hm. Mas você, com certeza, devia ter um cabelo bem legal. Se deixasse crescer de novo, ficaria mais bonita do que já é. Você já é forte e tem uma personalidade impressionante, então acredito que você não precisa provar mais crescimento algum ― ele encerrou o assunto e o silêncio voltou a reinar, porém daquela vez, como todas as outras, agradavelmente.

Com o tempo Sakura passou a mexer no cabelo inteiro de Deidara e ele fechou os olhos para aproveitar melhor a sensação, se inclinando para mais perto de Sakura até a sua cabeça tocar o ombro da garota.

Com o nukenin de olhos fechados e sem poder ver que Sakura o observava, a kunoichi passou a reparar nas feições dele, dessa vez com olhos diferentes dos que ela o viu em sua primeira missão com ele. Deidara era realmente bonito. Ele tinha um rosto com feições belas, porém sem perder a masculinidade. Quando ele estava relaxado e sem o seu sorrisinho habitual ele parecia ficar alguns anos mais velho do que realmente era, deixando-o mais atraente ainda, mesmo que os cantos de sua boca ainda fossem curvados para cima.

Droga. Sakura estava voltando a enxergar Deidara “daquele jeito”. Provavelmente nunca tinha parado, afinal. Na primeira vez que aquilo aconteceu, eles se afastaram e ela sofreu muito com o ocorrido. Ela faria isso novamente?

Decidiu que não, não faria. O maior erro dela nos últimos meses havia sido tentar se livrar de qualquer coisa que ela e ele poderiam ter, enquanto ela precisava muito dele. Agora, em uma situação ainda pior do que a anterior, precisaria ainda mais. Ela não poderia cometer a burrice de perder a única pessoa que a fazia melhor no meio de todo aquele inferno.

O rapaz abriu os olhos lentamente, encarando o rosto pálido de Sakura e dando um de seus sorrisos costumeiros.

― Eu sou tão bonito assim que você tem que ficar me encarando? Mesmo de olhos fechados eu sei o que você está fazendo, hm ― ele brincou.

― É para responder com sinceridade? Sim. Só agora eu pude reparar direito em como você é bonito, ainda mais relaxado como agora ― a garota admitiu e se surpreendeu quando o rubor típico não tomou conta de suas bochechas.

― Eu sei ― o outro se gabou com uma sinceridade quase que irritante. ― E você está ficando mais confortável na minha presença. Eu gosto disso. Só falta você voltar a sorrir pra mim como sorria antes.

Sakura sorriu melancolicamente. Quem dera ela pudesse.

― Não era desse jeito, hm.

― Eu sei, me desculpa... Mas as coisas estão ficando mais difíceis e está sendo difícil de manter o bom humor ― Sakura explicou, tentando não se aprofundar demais no assunto. Deidara saberia que ela falava de Tobi, afinal.

O rapaz não ofereceu palavras de conforto e nem ofereceu sua ajuda, porém acariciou leve e rapidamente o rosto de Sakura, passando uma segurança que nenhum dos dois sabia o que significava.

Deidara podia ser atrevido, exibido, irritante e ter o ego maior do que a cabeça, mas ele estaria presente para Sakura quando ela precisasse. Ambos sabiam que ele, com certeza, não poderia fazer muita coisa pela menina, mas só estar ali já era mais que o suficiente, dando a segurança de que ela não estava totalmente sozinha.

O nukenin levantou vagarosamente a cabeça, tirando-a do ombro de Sakura. Aproveitou a proximidade dos rostos e depositou um beijo suave na face da garota, que soltou uma pequena exclamação de surpresa, sorrindo sem graça.

Ambos não sabiam ao certo o que o que levou Deidara a cometer o ato, mas a inabalável segurança exibida no rosto do garoto mostrava que ele não se arrependia nem um pouco de sua ação.

Talvez Sakura não se arrependesse do sorriso que ela havia dado como resposta.

― Vamos descer? Tenho uma missão daqui a pouco e preciso me preparar ― Deidara chamou-a casualmente, se levantando e estendendo a mão para ajudá-la a fazer o mesmo.

Concordando, Sakura aceitou a ajuda, partindo com Deidara para o térreo do prédio.

Eles não soltaram as mãos depois que as juntaram e continuaram assim até se despedirem.

 

~~~~~~~~#~~~~~~~~

 

Dois dias depois, Sakura não se surpreendeu ao ver Itachi em sua porta.

Com muita educação, o Uchiha entrou no quarto e não se preocupou em se acomodar em algum lugar, porém falando no tom muito baixo que ele usava quando precisava de contar algo importante.

― Você já deve saber que Orochimaru foi morto e quem foi o assassino, não é?

― Sim, foi Sasuke-kun. O que você quer com ele, Itachi? Por que, volta e meia, você o menciona para mim? ― Sakura perguntou, sabendo que ela encontraria as respostas para quase todas as suas dúvidas naquela manhã.

― Eu não queria precisar te contar o restante que eu prometi tão cedo assim, mas sei que, se Sasuke matou Orochimaru, ele virá atrás de mim e eu preciso que você saiba de toda a verdade antes que ele me encontre ― Itachi começou.

― Eu não estou entendendo muito bem. Ok, o Sasuke-kun quer te matar e ter tirado o Orochimaru do caminho dele foi a quebra da última parede que o impedia de fazer isso, mas o que isso tem a ver com me contar seja lá o que for antes da hora que você queria?

― É essencial que você saiba o quanto antes o que aconteceu na noite em que eu fugi da vila e sentenciei o destino de Sasuke. Vou te contar toda a verdade por trás do Massacre Uchiha e provar que nem tudo é o que realmente parece ser dentro de Konohagure.


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Notas finais do capítulo

Sakura está parecendo um campo de guerra, toda hora recebendo uma bomba nova AJWDOWAM (ok, desculpa pela piadinha sem graça).

Temos muitas opiniões em relação ao Sasuke, não é? Qual será que vai, de fato, se provar verdeira?

Por favor, deixe seu review. ♥