Entre Exatas e Humanas escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá a quem resolveu se arriscar por aqui, seja muito bem-vindo (a)! Eu realmente espero que gostem dessa singela fic ♥ Beijos e até lá em baixo ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621490/chapter/1

Entre Exatas e Humanas

Capítulo I:

Dormitórios.

Ikki passou seus olhos cuidadosamente pelas extensas listas que ali se seguiam, a procura de seu nome. O japonês tinha sorte de existirem poucos orientais na Grécia, isso facilitava a busca. Bem, pelo menos nos anos anteriores.

Passou a mão pelos cabelos castanhos, estressado. Havia acordado às cinco horas para conferir qual seria seu dormitório na república da faculdade de Athenas, e, quando chegou lá, descobriu que o sistema tinha travado; a neta do diretor nem se importara em ir receber os estudantes, recebeu uma ligação aflita — ou histérica, melhor dizendo — de seu irmão perguntando se estava bem, não teve tempo para almoçar, tropeçou, perdeu dez centavos, e agora não achava a droga do seu nome!

O estudante de exatas suspirou irritado, voltando a fitar as folhas de papel que não acabavam mais, queria encontrar logo seu quarto e ver se podia ficar em paz ali. Em paz, porque ali teria de ficar de qualquer maneira, sendo do seu agrado ou não.

Encarou os muitos alunos que estavam por perto, sempre sorridentes, animados, comemorando por que haviam caído no mesmo quarto que um amigo, paquerando as garotas, veteranos implicando com calouros. Enfim, nada fora do normal. Não estranhou nem mesmo aqueles que traziam bandeiras de seus países natais. Idiotas.

Escorregou os dedos por uma das últimas listas, encontrando finalmente o que procurava. Aqueles bastardos deviam ter avisado que organizariam por sobrenomes, droga!

Ikki Amamiya era bolsista em uma das maiores universidade grega, passara nos vestibular com grande êxito, beirando a nota máxima, sendo aclamado por muitos dos professores, não era nada fácil entrar para a Deusa da Sabedoria, ainda mais com aquela prova demoníaca.

Morava numa república desde então, mudando de quarto a cada ano, uma regra completamente desnecessária em sua opinião, mas que segundo os coordenadores eles precisavam fazer amizades. Um monte de asneiras.

Prestou bastante atenção no número de seu dormitório '11-56', repetindo-o mentalmente, enquanto analisava a ficha que o preenchiam para ele naquele ano.

''Ikki Amamiya — Último ano de Física

Japonês, estudante da área de exatas, bolsista. ''

Revirou os olhos, entediado. Normalmente bolsistas e pagantes eram colocados juntos, para não causar discórdia, ou para a unidade não ser acusada de preconceito para com quem não podia pagar — os preços altíssimos —, porém, em compensação divulgavam para o campus inteiro quem pagava e quem estudava com bolsa.

O moreno não se importava, mas havia aqueles não que não gostavam. Bem, isso não era relevante. Devia agora verificar com quem havia ficado. Torcia para que não fossem os garotos metidos do ano anterior, os filhinhos de papai insuportáveis e desorganizados.

O próximo da lista lhe chamou a atenção.

"Alexei Camus Broussard — Último ano de Biologia.

Francês, estudante de área de biológicas, pagante."

Franziu o cenho, incomodado. Biológicas? O que? Não devia ser colocado junto a pessoas da mesma área por conta das brigas que ocorriam? Isso podia dar uma merda sem fim.

Mas bem, podia ser pior. Principalmente se ele soubesse que pensar que podia ficar pior fazia tudo automaticamente pior.

"Shaka Narottam — Último ano de Filosofia.

Indiano, estudante da área de humanas, pagante."

O japonês mordeu o lábio inferior ao ler 'humanas', o que? Quem fora o louco que organizara aquele dormitório? Só podia ser um retardado, ou melhor, só podia ser um estagiário que não conhecia as constantes ocorrências de brigas entre estudantes de exatas e humanas.

Não podia negar que estava irritado, afinal, teria de dividir o mesmo local com um maldito e metido estudante de humanas. Que merda tinha feito para merecer isso? Respirou fundo, tentando se acalmar um pouco. Devia levar a sério as palavras do caçula e não julga-lo pelo que estudava.

Ou seja, devia fingir que quem quer que fosse Shaka Narottham, ele não era um cara mesquinho que quer mudar a maneira de pensar dos outros, como todos os estudantes daquela área entediante.

Deixou um pequeno sorriso se desenhar em seus lábios brancos, um sorriso irônico, enquanto pôs-se a caminhar até o bloco onze, onde encontraria seus mais novos companheiros. Tinha em mãos o cartão que lhe permitiria entrar no dormitório, por sorte dessa vez não o havia esquecido.

Andar pelo Campus sempre o deixava mais relaxado, principalmente por poder observar a natureza que se estendia ao seu redor, decorando todo aquele espaço. Há mais ou menos sete anos se mudara junto do irmão mais novo para a Grécia, na tentativa de ter uma 'nova vida' junto dele. Fizera a prova para a instituição particular ‘Santuário de Athena’, aliada da Deusa da Sabedoria, e como bom aluno tirou nota máxima.

Pequenas lembranças de sua vida quando mais jovem, uma vida nada agitada de estudante, mas que valera muito. E, agora, beirando os vinte e dois anos ia terminar finalmente a faculdade. A Pós-graduação viria depois e com tudo!

Observou, ao longe, duas enormes pilastras de gesso branco, erguendo um grande '11' — escrito por extenso em letras gregas — segurado por dois anjos. Definitivamente havia chegado.

Não precisou andar muito para encontrar o local onde ficaria hospedado em seu último ano, contudo estranhou o fato da porta estar aberta, dando de ombros logo em seguida. Alguém já devia ter chegado e, como grande cavalheiro, sequer bateu na porta antes de entrar com sua mochila.

Foi a primeira vez que o viu. Ali, sentando numa poltrona, como os cabelos dourado, aparentemente longos, presos num coque alto, lendo um livro qualquer, alheio ao moreno. Os olhos azuis cristalinos se concentravam completamente na leitura, como se estivesse em outro lugar.

Deduziu que seria o francês, o tal de Camus. Deu de ombros e continuou entrando. Passou pelo louro se dizer uma palavra, sem notar que este arqueava uma sobrancelha.

— Nem mesmo um bom dia? — comentou, em alto e bom som, sem tirar os olhos das letras que se seguiam nas folhas amareladas. — Claro. O que eu podia esperar de um aspirante a físico?

Ikki estancou, se virando para o louro, com uma incógnita na cabeça. Não podia negar que estava errado.

— Ah, me desculpe pelos... Maus modos... — estendeu a mão, desconcertado com a situação. — Sou Ikki Amamiya, mas... Como sabe que estudo Física?

O outro interrompeu sua leitura, parecia analisar o oriental em sua frente, como se pudesse decifra-lo com somente um olhar. Isso incomodava o estudante de exatas. E muito.

— Acho que eu devia ao menos dar uma olhada na ficha dos meus 'colegas', não é, Senhor Amamiya? — havia desdém naquela voz. Se fosse em outra ocasião o moreno já teria lhe socado. A maneira como o dono de cabelos compridos o secava lhe incomodava. — Pensei que os caras de exatas fossem nerds que não se arrumavam de jeito algum.

Uma única coisa se passou pela cabeça do leonino no momento. Mas o que?

— Talvez esteja equivocado. — arqueou uma sobrancelha quando sua mão foi apertada. Que homem abusado. — Nem todos somos iguais, Senhor Broussard.

O de cabelos dourados riu diante a inocência do mais alto, este que pareceu um tanto irritado com a ousadia. Fechou um pouco os olhos azulados, pensando em como contar a verdade para o mais novo colega de contas.

Ikki sentiu uma veia de raiva escapar, mas resolveu manter uma aparente calma — que não engava ninguém —. Odiava quando riam dele, principalmente quando riam de si sem saber o motivo. E sem ser um bom motivo.

— Desta vez quem está equivocado é o Senhor, Amamiya. — tinha uma postura vencedora, como se tivesse ganhado algo. Ia ganhar um soco na cara daqui a pouco, isso sim. — Estou longe de ser o Camus. Chamo-me Shaka; Shaka Narottam.

Tá. Isso foi um choque. Um choque daqueles. Como assim ele era o tal estudante super-natureba metido de Filosofia? Não que soubesse alguma coisa sobre o outro, porém imaginava por ser de humanas.

E o pior, estava tocando na mão de um maldito aspirante a filosofo. Mas que porra de situação era aquela? Sentiu uma tremenda vontade de tirar sua mão dali, contudo foi interrompido quando a porta se abriu e um ruivo entrou, observando a cena.

O desconhecido ficou parado por poucos segundos, o suficiente para Ikki soltar o indiano e limpar a palma da mão disfarçadamente na calça, encarando aquele que devia ser o francês. Pelo jeito seria bem mais sério que os dois, ainda mais ajeitando os óculos daquela maneira.

— Não está pegando no pé do jovem, não é, Shaka? — sua voz grossa se tornou presente. Ikki soube na mesma hora que gostaria dele. — Desculpe por meu amigo, ele é um pouco chato.

E mal educado. Mas o moreno preferiu não dizer nada quanto a isso.

— Não se preocupe com isso, Senhor Broussard. — sorriu discretamente. — Sou Ikki Amamiya, estudante de Física.

— Sei quem você é. — simpatia? Seus colegas de quarto definitivamente não tinham. — E pode me chamar apenas de Camus, Ikki. Afinal, vamos ficar no mesmo lugar por um ano.

— Sim, tem toda razão, Camus. — suspirou, olhando de canto para o louro. Seria um longo ano.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e peço perdão por qualquer erro. Até uma próxima ♥