Broken escrita por Whatever


Capítulo 1
Capítulo 1 - Em pedaços


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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A guerra em si não era para ser sofrida, de certa forma, Klein achava divertido. Sujar tudo de tinta, atormentar os malfeitores, isso era prazeroso demais. Junto com seus amigos de time então? Torna cada segundo de luta ainda mais emocionante.

Mas por um instante, no meio de uma batalha na Warehouse, ao derrubar um octarian no chão e pintar ele todo de azul até pedir piedade, um grito chegou aos seus ouvidos. Algo tão alto que ecoou por todo o salão. Até aquele monstro parou de pedir socorro. Não foi um grito de susto, ou uma risada exagerada. Aquilo foi um grito de dor, uma agonia profunda.

Um estouro vem em seguida, alguém foi jogado da plataforma.

“Jade...” Klein diz baixo ao reconhecer o grito, e sai correndo em direção ao lugar do som.

Usou as esteiras para ir mais rápido, saltou por cima das pilhas de caixas, ouvindo os gemidos de dor se tornando mais altos.

Até que entre duas pilhas altas, a Inkaling negra de olhos verdes estava agonizando no chão chorando ensanguentada, engasgando com o próprio choro pois teve os tentáculos de sua cabeça arrancados a sangue frio.

Klein queria gritar, mas de sua garganta não conseguia sair nada. Desesperado, Pulou no chão e empurrou as caixas com uma força que não imaginava ser capaz de realizar, se ajoelhando no chão e pegando a garota no colo.

“JADE, O QUE FIZERAM CONTIGO...” Ele se levantou, ajeitando o corpo da jovem em seus braços.

A inkaling não conseguia falar, ela apenas apertou a blusa do rapaz, arregalando os olhos, tentando se manter acordada.

“Fica comigo, não desmaia!”

Klein saiu correndo, gritando por sua equipe, tentando se esquivar dos ataques dos octarians. Os covardes estavam se aproveitando do momento de fraqueza para derrubá-los. Ele avistou Rose, em cima de uma pilha de caixotes, tentando defende-lo por cima “Quem fez isso com ela?!” Perguntou a amiga.

“Algum maldito! Continue me dando cobertura! ”

Um octarian salta na frente dele, mas Alva, seu melhor amigo, estava logo atrás, e joga uma splat bomb que o destrói por completo.

Jade não conseguia aguentar manter os olhos abertos. Aos pouca sua visão se tornou embasada e sua respiração dolorida estava piorando os sintomas “ Klein...” Ela diz bem baixo, com a voz bem rouca “Estou com sono...”.

Seu corpo aos poucos ficou mais dormente, e frio. Sua visão foi escurecendo, e os sons começaram a se tornar confusos. Reconheceu seu amigo gritando seu nome, implorando para que continuasse a resistir.

“Me deixe dormir” Ela pensou “Me deixe fugir dessa dor”.

***

A notícia se espalhou bem rápido. Não importava o canal em que colocasse, todos só falavam do ataque brutal a Inkaling. Isso estava se tornando constante. Os octarians começaram a usar ataques corporais ao invés de meros jatos de tinta. Mas desmembrar um oponente? Isso foi covardia.

Klein estava no quarto do hospital, sentado numa poltrona ao lado da cama de sua amiga, roendo os dedos ansioso, pois as suas unhas nem existiam mais. Ele a observava dormir com dificuldade. Mesmo medicada, a dor era incessante. A enfermeira avisou que poderia acontecer.

Tiveram que cortar a pele solta do ferimento para depois costurar. Do jeito que Jade segurava o grito, a anestesia não estava funcionando.

Ele passa as mãos sobre a cabeça, puxando os tentáculos para trás, suspirando. A imagem dela chorando e gemendo em seu colo ainda assombrava seus pensamentos. Queria destruir o octarian que fez isso. O ódio queimava em seu peito. Se deixasse, iria naquele momento até Octo valley caçar o bastardo.

“Desliga isso...” Jade pediu.

“Pronto...” Klein vira a poltrona para ela “Se sente melhor? ”

“Ainda está doendo demais...Já posso tomar outro analgésico? ”

“Não...” Ele olha para o relógio em seu pulso “Falta uma hora”

A Inkaling suspira e passa a ponta dos dedos sobre os pontos doloridos.

“Quanto tempo vai demorar para crescer...? ”

“Isso eu não sei te dizer... Mas vão ficar como novos! ” Klein tentou animá-la “Daí poderemos voltar a lutar”

“Klein...Eu não quero lutar mais”.

O rapaz arregala os olhos.

“C-como assim? ”

“Olhe para mim, veja se estou em condições para isso”

“Bom agora não, mas...” Ela o interrompe.

“Klein, tinta não está adiantando mais. O monstro que me atacou, ele tinha um objeto afiado na ponta da arma, ele usou isso para me mutilar” Jade aperta o lençol com força “Ele queria acertar meu pescoço... Eu que não deixei...” A jovem começa a chorar “Fui dar um chute nele, mas a criatura passou com a lâmina de uma vez só... E-e me chutou de cima d-da plataforma”.

A Inkaling começa a chorar de raiva e pânico. Sua mão começou a tremer, e sem pensar, seu parceiro a segurou firme.

“Não chore, sei que você vai superar... Vou descobrir quem fez essa merda contigo... E estarei aqui para te ajudar.Agora, descanse” Ele afofa seu travesseiro e ajeita seu lençol “Preciso relatar o que ocorreu com o Cap’n Cuttlefish, volto mais tarde”

“Tome cuidado...”

Klein beija a testa dela.

“Tomarei”

Ele se retira.

***

Ao anoitecer, Klein se reuniu com seu time em um bar próximo do hospital: Rose a inkling rosa e Alva, o inkling turquesa.

“Falou com o Cap’n?” Alva perguntou.

“Falei, ele ficou só um pouco doido. Tentou ver o que poderia fazer para achar o desgraçado”

“Sabe que os octarians são praticamente clones, não sabe? Vai ser um sufoco encontrar. Se ele já não foi morto por outro time” Rose toma um gole de Mojito.

“Do mesmo jeito, Rose. Não quero que o que houve com Jade fique em silêncio”

“Ninguém quer” Alva bebe Ice pelo gargalo “Mas não podemos sair destruindo tudo como um caminhão desgovernado. Vamos ver o que vai acontecer amanhã”.

Klein suspira e apoia a cabeça na mão, tomando um gole da vodka que estava em seu copo.

“Não consigo parar de pensar na Jade”

“Imagino, você passou um perrengue lá na Warehouse. Assim como ela, você deve descansar. Bebe um pouco e vem jogar um videogame na minha casa! ” Rose diz rindo “Daí bebemos mais até cair! ”

“Cara Rose, você só não toma água porque isso te dilui” Alva diz.

Os três riem, mas não conseguiu tirar a preocupação de sua cabeça.

“Vou dormir no hospital, fazer companhia para ela”.

“Eu te acompanharia, mas preciso voltar para casa vigiar meu irmão. Sabe como aquela peste adora pôr fogo no apartamento” Rose coça a nuca, nervosa.

“Já ligou para ele? ”

“Não, me deem licença” Ela se retira da mesa, indo para a rua.

Klein termina de tomar o copo todo.

“Como você não fica bêbado, cara?” Alva pergunta surpreso. O álcool já estava afetando seu raciocínio.

“Não sou fraco como você. Não passe dessa garrafa, tá? Não vou te arrastar para casa não” Klein resmunga.

“Tá bom mãe! Relaxa! ” Alva bate a cara na mesa.

Rose volta resmungando palavrões bem baixinho, impossível de entender uma palavra por completo.

“O que seu irmão explodiu desta vez? ”

“Nada, só está tentando xeretar minhas armas novas. Como sempre. Ele gasta o dinheiro todo com roupa! Depois fica reclamando que suas armas não pintam como as minhas”

Klein morde os lábios nervoso. Veio a sua cabeça o que Jade lhe disse sobre a arma com lâmina.

“O que foi, Klein? ”

“Jade me contou sobre o que ocorreu com ela. Disse que o octaling que o atacou tinha uma lâmina na ponta da arma. Foi isso que cortou os tentáculos de sua cabeça”

Rose quase cospe a bebida que estava tomando.

“M-mas armas desse tipo... Isso é proibido... Não faz sentido, não usamos artilharia assim! Isso é covardia! E bem inútil para o nosso estilo de batalha”.

“Mas continuamos frágeis a esse tipo de arma. Os octarians quando estiverem em forma humana podem estar usando esse tipo de trapaça como vantagem nas guerras. Temos que avisar aos outros antes que mais alguém se machuque assim”

“Acha mesmo que aqueles sem cérebro estão tramando algo tão cruel? ”

“Vê a oportunidade, siga. É o que sempre penso e não duvido que estão fazendo o mesmo” Klein se levanta “Vamos pagar as bebidas, continuamos a conversar a caminho de sua moto”

Depois de pago, os três seguem pelas ruas do Plaza, indo aonde Rose estacionou.

“É melhor eu avisar os meus amigos as merdas que estão acontecendo” Ela liga a moto, subindo na garupa “Tem certeza que não vai voltar para casa? ”

“Tenho. Dê carona ao bêbado. Vou dormir no hospital”.

“Ok, boa sorte e boa noite. Mande um beijo para a Jade por mim”

“Por mim mande dois! ” Alva senta na moto.

“Pode deixar” Klein ri e se despede, logo vendo os dois se distanciando.

O rapaz segue sozinho para o hospital, voltando ao quarto onde Jade estava. A menina dormia tranquilamente. Talvez o segundo analgésico tenha sido mais forte que o primeiro.

Suas roupas que sujaram com o sangue estavam agora limpas em cima da cômoda dela. A enfermeira fez esse favor. Decidiu tomar uma ducha rápida e se deitar no sofá, usando a almofada como travesseiro.

Ficou observando as estrelas e as luzes da cidade, tendo somente o som de suas respirações no quarto. Nem o relógio fazia barulho.

Tentou pensar em momentos mais alegres para se acalmar, e se rendeu ao álcool que estava lhe dando sono. Fechou os olhos, e dormiu pensando nas risadas que dera com Jade nas batalhas.


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