Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 2
Cena - I




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Voltando para casa percebi que meu pai estava tenso, olhando diretamente pro nada, como se estivesse tentando decifrá-lo. E concluí que era assim que eu me sentia diante do majestoso Cesare Borgia. Apertei sua mão e em meio a escuridão pude notar o seu sorriso cativante e seus olhos brilhantes. Algo o preocupava, mas eu não sabia o que era, e estava disposta a descobrir.

– Tudo bem, pai? Sinto que algo o deixa profundamente preocupado.

– Tudo bem sim minha filha, estou pensando seriamente em ir para Roma essa semana. Cesare Borgia vai para a França se casar com Charlotte de Albret, mas antes disso preciso conversar com ele sobre questões politicas.

– Casamento em si não é uma questão política, papai? - Eu estava zonza, depois da notícia de que o meu Cesare Borgia irá tornar outra mulher como sua esposa o meu chão, minha vida toda se foi por água a baixo.

– Você está bem? Está pálida minha filha... - Nicolau passava a mão em meu rosto esperando alguma reação. - Filha, filha! GIORGIA!!

Foram as últimas palavras que eu ouvi antes de perceber que eu havia desmaiado.

~[]~

Antes de abrir meus olhos, rapidamente senti o perfume de cravo e percebi que estava em casa. Abri-os lentamente, como se quisesse ficar por mais um momento assim, quieta, deitada, na paz. Ao lado da minha cama tinha um buque de rosas vermelhas, e junto a elas tinha uma carta com as letras C E S A R E escritas em dourado, provavelmente estavam escrito em ouro.

Peguei a carta lentamente, e a abri com delicadeza, para não estragar tamanha beleza. Antes de ler, percebi que a grafia de Cesare era linda, delicada como uma flor.

Junto a essa flor, quero lhe desejar melhoras.
Melhore para que assim, hoje a noite, no jantar que seu pai me convidou, você esteja esplêndida como na noite anterior. Peço desculpas se a notícia do meu casamento a assusta, mas é tudo política, você deveria saber disso,
já que é a filha bastarda de Nicolau Machiavelli.
De qualquer modo, espero te ver hoje a noite.
Radiante como o ouro que esbanja minha amada Roma.
Duque Valentino.

Guardei-a na gaveta, para que assim que desse saudade, pudesse a ler quantas vezes quisesse. Nicolau Machiavelli estava encostado na porta, apenas me observando.

– A quanto tempo faz que você está aí, papai? Por um acaso o senhor tem motivo de me espionar? Nossa casa agora será igual a Basílica de São Pedro? Cheia de espiões e conspirações? - Percebi que ele ficou alarmado e de um certo modo, orgulhoso, por ter me ensinado tudo isso. - O que eu tinha na noite anterior, papai?

– Não sabemos ainda minha filha. Acho que você teve aquele desmaio pois não comeu quase nada no jantar, ficou apenas dançando com o Duque; quem diria hein, uma Machiavelli encantada com um Borgia. - Ele riu. - Hoje a noite farei um jantar, e Sua Santidade, Lucrezia Borgia e Cesare estarão aqui. Pretendo mandar você para Roma, você irá morar lá e estudará o que lhe agradar mais.

– UAU! Tudo isso resolvido em apenas uma noite?! Irei estudar direito, eu acho, oh! não, artes talvez. Óh meu pai, que alegria tu me traz, mas peço que me deixe para conversar com Cecília sobre meu traje de hoje a noite.

– Como quiser. - Nicolau olhou para o seu lado. - Cecília, vá!

Cecília apareceu no meu quarto mais rápido do que pensei, seus cabelos negros estavam presos em uma trança e ela exibia um longo sorriso e um vestido azul tão claro quanto meu olho. Pela primeira vez, pensei que se Cecília Sforza saísse bem arrumada todos os dias, seria confundida com uma nobre - embora de fato fosse uma -, pouco sei de sua história; sei que era filha ilegítima (assim como eu) de Sir Sforza, e que após um tempo, foi deixada pra morrer nas ruas. Quando viu a brutalidade daquela ação, meu pai ofereceu um emprego com casa, comida e tudo pago, e até onde consigo me lembrar, ela fez um grande papel em minha vida. Ela fez o papel de mãe.

– O que posso fazer por você, madonna?

– Giorgia. - A corrigi. - Bem, quero que vá até a loja e compre qualquer vestido. Não me importa a cor, eu só quero um que você veja e pense "Hmmm, esse ficaria ótimo em Giorgia, afinal, parece que foi feito especialmente pra ela", certo? - Abri um sorriso.

– Certo, madonna.

~[]~

Era de tardezinha, e como sempre, Cecília vinha me vestir, me arrumar para que assim a beleza dentro de mim não se perdesse, se fundisse tão rapidamente. Ela apareceu com um vestido branco em mãos, era todo rendado e quando o coloquei, se ajustou perfeitamente em meu corpo. Com a ajuda de Cecília, deixei meus cabelos soltos e passei um batom que eu tinha ganhado no meu aniversário anterior.

Notei que Cecília estava me encarando e pelo espelho eu pude ver o por quê, eu parecia um anjo. Divina.

– Como estou?

– Maravilhosa.


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