Entro no elevador e percebo que o mesmo deveria ter o tamanho da minha sala, certo, começamos bem, hein? Assim que paro diante da porta hesito um momento e realmente penso em sair correndo, mas algo me dizia que se o fizesse eu teria um Arqueiro irado na porta de casa, então junto minhas forças e toco a campainha.

Quem abre a porta é Thea, vestida como se estivesse indo para o Verdant, o que eu não duvidava, ela me sorri e me da passagem.

–Felicity! Será um prazer ter você conosco hoje! Ollie me disse tudo o que está acontecendo, não se preocupe, ficaremos atentos - ela me da uma piscadinha e segue até a cozinha, e decido acompanha-la.

–As vezes eu ainda esqueço que agora você sabe sobre tudo e ainda luta muito bem de quebra. –digo em voz baixa, mas a mesma ri enquanto preparava uma bebida para nós, chá eu arriscava, pelo cheiro.

–É difícil acreditar mesmo, mas depois acostuma, açúcar no chá? Acho que você está precisando de algo pra acalmar, porque quando abri a porta você estava branca feito papel... – ela acrescenta divertida, o que me faz corar na hora.

–É, passei por muita coisa nesses dois dias, e sim, açúcar..por favor – falo ao mesmo tempo em que dou uma bela olhada ao redor e caramba, que belo apartamento!

–Bonito, não é? – Diz Thea ao me pegar reparando no local.

–Sim, mas muito grande, acho que me perderia morando num lugar assim – nós duas rimos e ela concorda.

–Realmente, as vezes é solitário, mas eu e Ollie crescemos num lugar três vezes maior, então digamos que agora estamos até mais próximos, literalmente – rimos novamente e ela me lembra de algo.

–Falando em Oliver, onde ele está? – pergunto já que não havia sinal dele ainda.

–Ah, sim, ele foi deixar algumas coisas na fundição, deve estar chegando. – assim que ela fala escutamos o barulho da porta se abrindo e meu coração falha uma batida, acho que isso nunca iria parar de acontecer. Oliver entra e vai em nossa direção, sorrindo.

–Então, como estão as duas? – ele para roubando o resto do chá da xícara de Thea e tomando, a mesma bate no braço dele e vai em direção a sala.

–Estamos super bem, Felicity é ótima, mas disso eu já sabia, então acho que vou indo, tenho uma boate para administrar. - ela diz sorrindo e vai até a porta de entrada, mas então para como se lembrasse de uma coisa e volta.

– Ah sim, Felicity? Deixei um pijama meu no quarto de hóspedes para você, já imaginava que a afobação de meu irmão em te salvar não te permitiria fazer uma mala. – ela fala divertida e recebe um olhar de advertência de Oliver, mas eu rio e agradeço.

–Sua irmã é incrível, simplesmente. – digo com toda sinceridade e Oliver apenas sorri olhando para a porta onde ela acabará de sair e acrescenta.

–Oh sim, ela é maravilhosa . –adorava esse jeito que os dois tinham, ainda mais agora que eram os únicos em suas famílias, o amor deles era capaz de passar por tantas coisas, e isso as vezes fascinava.

–Sei que deve estar cansada, mas você já conseguiu desenvolver aquele decodificador? – pergunta Oliver enquanto deixa a louça na pia.

–Na verdade só falta um último detalhe, faço isso num minuto, mas Oliver, ele sabe, se não soubesse não tentaria me matar de novo, e se ele tiver conseguido invadir meu decodificador?! Estaremos perdidos – digo mais para mim mesma, e então ele da a volta no balcão da cozinha e senta bem ao meu lado, virando minha cadeira de um jeito em que pudesse olhar em meus olhos.

–Felicity, não consigo imaginar um mundo onde exista alguém que esteja acima de suas capacidades em I.T , esse cara é muito bom, mas você é muito melhor, não duvide disso. – era muito difícil me concentrar em alguma coisa enquanto encarava aqueles olhos azuis, mas quando ele terminou de falar, não me pergunte o porque, mas eu o abracei, simplesmente, era sempre tão fácil estar assim com ele, tão natural, tão...certo.

E quando me dei conta ele estava me abraçando apertado de volta, ficamos assim por uns minutos até nos afastarmos lentamente.

–Acho melhor irmos para o quarto. – me arrependo imediatamente de ter aberto minha enorme boca, óbvio que aquilo tinha um enorme duplo sentido, FELICITY!.

–Quer dizer!!! você no seu e eu no de hóspedes, é claro! – tento me corrigir mas Oliver já estava rindo e assentindo.

–Venha, vou te mostrar onde fica o quarto.

Ele me leva até a porta e abre, me mostrando um quarto com suíte, sem muita decoração, porém muito arrumado.

–Tem toalhas limpas no banheiro, fique a vontade, e qualquer coisa só chamar, meu quarto é aqui do lado e o de Thea no final do corredor . – ele termina e então sai assim que agradeço, me deixando sozinha no enorme quarto.

Vou direto para o chuveiro, estava precisando relaxar, céus que dia... estava contando os minutos para tudo acabar, quase fui morta duas vezes, ninguém merece passar por isso. Saio do banho e observo o pijama que Thea trouxe, era uma camisola, não ficaria muito certo em meu corpo, mas serviria para uma noite. Deito e fico encarando o teto, tentando fazer minha mente se acalmar para eu conseguir dormir, falho miseravelmente e quando olho o relógio era 1:50 AM, não sei muito o que fazer, então levanto e vou até a janela e fico ali, olhando a paisagem da cidade.

Escuto passos subindo as escadas e presumo ser Thea chegando da boate, me aproximo mais da porta e escuto os passos irem até o final do corredor e uma porta bater de leve, sim definitivamente era ela. Quando estava me afastando escuto mais passos, só que dessa vez vindos do lado oposto, a direção do quarto de Oliver, aparentemente ele também estava acordado e isso de alguma forma despertou em mim uma enorme necessidade de ir até lá, mas não sabia se isso era realmente certo.

Ligo meu Tablet e termino meu decodificador, me restando absolutamente nada para fazer, escuto passos novamente no quarto de Oliver, aquilo estava me dando nos nervos, porque ele não parava de andar? Resolvo tomar coragem e ir até lá ver se estava tudo bem. Bato de leve na porta e imediatamente ele a abre, me fazendo dar de cara com um Oliver vestindo uma calça de moletom preta e uma blusa justa e branca, e meu Deus, esse homem não pode ser real.

–Felicity? Algum problema? – ele pergunta tentando parecer realmente preocupado, mas vejo que seus olhos passeavam pelo meu pijama, apesar dele tentar disfarçar.

–Er.. não exatamente, só insônia e você andando sem parar não está ajudando, então eu vim aqui saber se você está bem... – digo olhando nos olhos dele e vendo um misto de surpresa e carinho passar por eles.

–Entre, vamos conversar aqui antes que Thea acorde e venha nos xingar - ele diz sorrindo de lado e me permitindo entrar em seu quarto, e assim que entro dou uma bela olhada no local, vejo que era enorme, porém simples, bem organizado ( tirando a cama que eu imagino que ele tenha tentado dormir), tinha fotos de família, e até umas do nosso “Time”, achei tudo muito adorável.

–Então é aqui que se esconde o Arqueiro quando não está batendo em bandidos ou dando ordens na fundição? Hum.. – digo incentivando uma conversa, ele ri e senta na cadeira da mesa onde ficava o notebook, me restando sentar em sua cama.

–É, apesar de eu praticamente só aparecer aqui para dormir, como você sabe, tenho uma vida um tanto quanto agitada – ele fala de uma maneira tranquila e me olha.

–Óh, disso ninguém pode descordar, mas o que está te afligindo, Oliver? Porque não consegue dormir? – vou direto ao ponto e ele suspira aproximando a cadeira e fazendo meu coração começar o seu habitual taquicardia.

–Lembra no carro, quando eu ia te dizer uma coisa? – ele pergunta.

–Claro, você foi interrompido no meio da frase. – digo

–Exato, e agora eu sinto que preciso muito termina-la - ele continua, me deixando apreensiva.

–Pois então termine, o que você ia falar? – incentivo.

–Eu ia dizer que cansei de te afastar Felicity, cansei de não me permitir “viver” esse sentimento, eu...eu só quero ficar com você sabe? Será que é pedir muito? – ele sussurra a última parte, não me dando certeza se deveria ter ouvido. A única coisa que penso no momento é “finalmente”, e então eu sorrio para ele e respondo.

–Bem, antes tarde do que nunca, Sr. Queen – digo olhando em seus olhos e então no momento seguinte ele estava na minha frente com as mãos em meu rosto e se aproximando cada vez mais, quando sua respiração já estava em meu rosto ele para, como se esperasse por permissão, então eu me aproximo juntando nossos lábios, e ele me beija, não como nosso primeiro beijo, que foi maravilhoso, porém quase que uma despedida do que poderíamos ter sido, mas de uma maneira intensa e ao mesmo tempo sem pressa, como um começo, um futuro.

Quando nos afastamos eu não consigo parar de sorrir e vejo que ele está fazendo o mesmo, ficamos assim, como dois idiotas apaixonados por mais um tempo, até que caímos no sono abraçados em sua cama.