O Segredo de Lenovicch escrita por Gmilani


Capítulo 4
O Sangue Leal




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“A verdadeira carta está a salvo com o sangue leal. O segredo vive por baixo da rosa e por cima da pedra eterna. O último elo está a salvo mas o único sobrevivente não. Estou chegando até o final, estou perto do último e único sobrevivente e logo o último da linhagem também não sobrevivera ao sangue leal”.

Lorena leu a carta por algumas vezes, algumas partes faziam um certo sentido mas, ao mesmo tempo, grandes dúvidas surgiam. Ela começou a abrir todas as outras cartas que estavam guardadas cuidadosamente dentro da caixa. Algumas já rasuradas, outras ainda fechadas, umas tão velhas que quase se desfaziam, outras novas.

Apollo entrou no quarto, observando toda a papelada em cima da cama, Diego apareceu logo atrás. Lorena olhou para eles e depois de longos segundos, os chamou para perto.

- Olhem isso – Ela entregou a primeira carta enigmática que leu.

Os dois se espremeram para lerem a carta. Ao contrário de Lorena, ao final da leitura, eles não se mostraram confusos, ou ao menos a releram.

- De quando é essa carta? – Diego falou numa velocidade que Lorena mal conseguiu entender.

- Não faz muito tempo, daqui três dias completa um mês.

Apollo falou na mesma velocidade.

- Não tem mais nada escrito na carta, certo?

- Certo, Pollo.

- “sangue leal” não deve estar muito longe, afinal...

- Quem ele mais quer não está longe.

- Mas a questão é, porque tentar um incêndio...

- E não algo pior. Às vezes, o “único sobrevivente” não seja uma única pessoa...

- Mas um conjunto.

Eles permaneceram em silêncio por alguns estantes.

- Impossível – Os dois falaram juntos e Apollo continuou – Ele não usou a palavra único por acaso.

- Acredito que ele pensou muito mais do que qualquer um para escolher suas palavras.

- Pelo óbvio...

- Sim, exatamente, pelo óbvio, para nós é óbvio e talvez para ela também, mas para muitos...

- A única sobrevivente é...

Os dois olharam para Lorena, seus pensamentos exatamente iguais, e Lorena, apenas entendendo o básico, porém o essencial.

- Não podemos ficar aqui – Diego falou observando o movimento pela janela.

- Lorena, o médico te falou quando que você terá alta?

- Não, mas logo ele me falará.

- Certo, estaremos aqui sempre. Não te deixaremos só.

Apollo falou com um sorriso tranqüilo e fez uma caricia nela.

                A tarde foi passando, não demorou muito até que o médico falasse quando que Lorena teria alta, dali cinco dias ela poderia sair. O médico examinava Lorena calmamente. Diego observava o movimento na rua, Apollo permanecia do lado de fora do quarto.

                Assim que o médico saiu, Diego se aproximou de Lorena.

- Você não vai dormir?

Lorena olhou confusa para Diego.

- É melhor você dormir, o tempo passa mais rápido.

Ao final da frase, Diego abriu um sorriso debochado. Lorena continuava sem entender, mas mesmo assim aceitou o conselho, afinal, ela não tinha o que fazer.

                Apollo olhava ingenuamente para Lorena enquanto ela dormia , se perdia em pensamentos que sequer poderiam ser revelados. Ele sentia uma ligação por ela, simplesmente por conhecê-la. De repente uma cutucada o fez acordar de todos esses pensamentos e o trazer para a realidade novamente.

- Com licença... Ah, não era você que estava com a Lorena no Splendore esses dias?

- Sim – O ingênuo olhar de Apollo agora havia mudado, ele encarava o jovem rapaz com ferocidade.

- Eu sou o Demetri, eu estava lá também, eu até fui a mesa de vocês.

Demetri sorriu simpaticamente, Apollo por sua vez, não mexeu uma expressão sequer.

- Eu sei.

Sem graça com a resposta seca de Apollo, Demetri se voltou para Lorena.

- Não acredito! Vim bem no horário que ela está dormindo!

Apollo sentiu uma vontade incrível de expulsá-lo assim que ele terminou a frase, mas se conteve e continuou imóvel.

- Ela é linda, não é?

O sangue subia á cabeça de Apollo a cada palavra que Demetri falava.

- Você já reparou no corpo dela, bom... Corpo de bailarina é uma coisa de outro mundo, olha para as...

- Acho melhor você ir embora e voltar em outro horário, assim ela vai estar acordada.

- Não tem problema, quero estar aqui quando ela acordar, sabe, todas as garotas adoram isso.

 Apollo queria escorraçar aquele garoto, mas antes que pudesse fazer alguma coisa, uma voz suave soou.

- Demetri!

- Lorena! Ah... Que bom que você acordou.

- Você estava aqui faz tempo?

- Estava, mas não tem problema, é bom te ver assim.

- Assim? Numa cama de hospital?

- Não, claro que não – Demetri se aproximou bruscamente de Lorena e deu um beijo no machucado dela, ao fundo Apollo deu um soco na parede e saiu do quarto, só não bateu a porta por respeito a Lorena, ela por sua vez, tentou o chamar porém Demetri não queria deixar.

                Apollo sentia uma imensa fúria por todas as sua entranhas. Diego havia sumido sem deixar notícias e não tinha nem como Apollo pedir para que ele ficasse no quarto, ele teria que voltar. Mas como? Se mal conseguia olhar para Demetri se aproveitando da situação de Lorena. Ele respirou fundo e quando estava tentando se convencer de entrar no quarto novamente, eis que novamente sente um cutucão.

- Ela quer que você volte – Demetri falava impacientemente para Apollo e agora, a fúria havia passado dos olhos de Apollo para os de Demetri – Vá! Ela está tão preocupada com você que fica até insuportável de aturá-la.

Apollo sentiu uma alegria em seu peito. Ele encarou Demetri, agora não no sentido de fúria, mas sim no de superioridade. Ele entrou no quarto e esperou até que Demetri também entrasse, porém ele deu as costas á Apollo e saiu enraivecido. Ele entrou tranquilamente e ficou olhando para Lorena, ela abriu um leve sorriso e fez um sinal para que ele se aproximasse, Apollo foi tranquilamente e sem desviar o olhar dos olhos de Lorena.

- O que o Demetri fez agora?

Apollo olhou incrédulo para ela.

- Não adianta fazer essa cara, você não é o primeiro que fica nervoso assim depois de falar com ele.

Apollo pensou por alguns estantes, ele pensou se realmente deveria contar que Demetri não se passava de um aproveitador mas os estantes foram longos demais e Lorena continuou.

- Ele só parece ter um jeito estúpido, mas no fundo, ele é uma pessoa incrível. Você não viu? Ele falou que já estava aqui há algumas horas, que coisa fofa não é? – Lorena começou a rir de si mesma.

- Você o conhece melhor... Não vou julgar ele se realmente não o conheço, não é?

Os dois riram.

- Pollo, cadê o Diego? Está lá fora?

- Não, ele sumiu para falar a verdade, não disse para onde ia e nem sequer deu notícias.

- Que estranho...

- Na verdade, não tão estranho assim, o Diego adora dar esses sumiços.

                Lorena agora ria novamente.

- Acho melhor você dormir.

- Mas porque vocês cismam que eu tenho que dormir? Sou tão chata assim?

 - Ah... é sim!

Lorena continuou na brincadeira, cruzou os braços e fez um bico imitando uma criança.

- Não fique assim... – Apollo a abraçou – Você não é tão chata assim.

Lorena ficou encarando Apollo por um tempo e logo em seguida os dois começaram a gargalhar.

                O tempo passava e Diego não chegava. Apollo começou a fazer carinho na cabeça de Lorena, e não demorou até que ela estivesse dormindo.

                Lorena começou a ter um sonho confuso, que mal ela própria entendia. De repente, um enorme barulho fez com que ela acordasse com um grande susto, não demorou até que ela entendesse o que tinha acontecido, Apollo tinha acabado de derrubar a pequenina caixa que Lorena havia resgatado na noite do incêndio, ela levantou rapidamente para recolher tudo, ela teve apenas teve o tempo de ver que nada tinha sido perdido ou quebrado e desmaiou, Lorena havia feito um movimento rápido demais para quem estava fraca demais.

                Lorena foi acordando lentamente, poucos minutos depois. Ela já estava em cima da cama. Á sua volta estavam o médico com cara de alivio, a enfermeira com a mesma cara do médico, Apollo ainda assustado com o desmaio, Diego com um leve sorriso e para a imensa surpresa de Lorena, Eleonora, a mulher da secretária da escola de dança, também estava lá, olhando sem entender para Lorena.

- Calma, Lorena, eu já te examinei, você só desmaiou porque se mexeu muito rápido. Você não pode fazer isso, menina!

                Todos começaram a rir com o quão agudo, a palavra menina tinha saído da boca do médico.

                Não demorou até que o médico e a enfermeira saíssem e deixassem os quatro á sós. Diego esperou alguns estantes até que eles pegassem distância do quarto e se virou bruscamente para Lorena.

- Temos um plano.

 


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Notas finais do capítulo

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