Always, sister escrita por AlineEmilie
Regina deixou a cabeça cair no encosto do sofá, olhos fechados, logo pôde sentir o outro lado se afundar, fazendo com que a morena suspirasse profundamente, meio....Sem saber o que dizer.
– Acho que... – A mulher mais nova se surpreendeu por Zelena começar a conversa, abriu os olhos lentamente para encarar sua irmã.
– Que lhe devo desculpas. – Franzindo a testa levemente a mais nova sorriu, levemente, ela já havia sido dura demais com algumas pessoas naquele dia, era quase irônico que a ruiva achasse que lhe devia desculpas.
– Cômico...Pensei que eu lhe devia desculpas.... – Desta vez se ergueu completamente, encontrando os ombros com os da mulher mais velha.
– Sidney é um traidor... – LITERALMENTE, seus pensamentos gritaram.
Mas ele não mentiu...Realmente queria matar Marian. – Zelena a olhou curiosa, compreender Regina era uma tarefa completa e totalmente complicada, era algo que elas tinham em comum, possuíam a mesma mente complexa.
– Mas...Percebi que...Aquela não era a saída. – Ela apertou as mãos, um gesto impensado, gostaria que a mulher ao seu lado dissesse algo, encarar o chão não era nada agradável.
– Você podia ter me contado...Eu não sou.... – A ruiva pareceu hesitar um pouco.
– Bom...Não sou a bruxa que um dia fui, eu podia te ajudar.Por que Regina?Por que você preferiu se fechar em seu pequeno mundinho? – A primeira vez que Zelena lhe perguntara o “Por quê” de algo, ela se lembrava bem, fora na delegacia, por que não havia permitido que Rumple a matasse mesmo depois de tudo que a mesma fizera.
A morena sabia que a resposta para as duas perguntas, agora, era a mesma, aquilo martelava seu cérebro, uma briga de sentimentos, ela sabia o “Por quê” de não contar a sua irmã seus planos, ela não queria que Zelena a visse, como os outros a viam, um monstro.E também o “Por quê” de não deixar que o Senhor das Trevas matasse a mulher.
– Por que Regina? – Insistiu a outra bruxa, fazendo com que a ex-prefeita lhe encarasse, comprimindo os lábios lentamente.
– Porque eu te amo Zelena. – As palavras saíram em bom tom, Regina se levantou do sofá parando de frente a ex-bruxa má, diria tudo o que estava preso em sua garganta.
– VOCÊ FEZ DA MINHA VIDA UM INFERNO! – Pouco se importou se alguém escutasse, estava cansada, desculpas não iriam consertar nada, sabia disso.
– MAS...Eu não consigo odiar você. – Exasperou, esperando que as lágrimas viessem, mas seu corpo cedeu, os ombros caíram, finalmente a morena pôde sentir o peso de tanta coisa sobre sua cabeça.
– Você estava do meu lado, quando eu desejei destruir toda a felicidade deste mundo...Novamente...E como sempre, eu chateei quem queria a minha felicidade....E eu sinto muito Zelena. – E as lágrimas lhe tomaram lentamente, em um breve desespero que pedia por desculpas, simplesmente desculpas.
A mulher mais velha permanecia calada, um pouco-muito estática, então apenas se levantou abraçando com a maior força possível sua irmã.
“E quando eu estiver triste.Simplesmente me abrace”
– Eu...Também te amo, Regina. – Murmurou apertando os braços em torno das costas da morena, permitindo que esta se aconchegasse em seu pescoço.
– Desculpe. – Pediu, não acreditando realmente que haviam feito as pazes, pela segunda vez, haviam se machucado muito, mas com certeza a força do amor estranho que partilhavam era mais forte.
– Tudo bem, sis. – Lentamente ambas sorriram, problemas, brigas, era tudo tão superficial, tão ridículo quando se abraçavam, parecia que nada mais importava, estavam ali, juntas, aprendendo a conviver com as próprias diferenças e defeitos.Avançando lentamente para uma relação fraternal civilizada.Sem dizer nada, apenas se abraçando, quando é que Zelena se imaginaria em uma situação como aquela?Admitindo que realmente amava Regina, que mudara por causa de sua irmã que a algum tempo atrás arrancara o coração.
– Acho que precisamos de terapia. – Regina murmurou, lentamente as duas se separaram.A ruiva revirou os olhos, cruzando os braços.
– Você sempre estraga tudo?Não sou insana. – A morena sorriu se sentando no sofá.
– Terapia de relacionamentos..Mas...Por falar em insanidade... – Com o sorrisinho de canto que a mais nova lhe ofereceu, Zelena já sabia o que viria a seguir.
– O que...Estava rolando no Granny’s? – Regina não tivera muitos amigos, mas era ótimo pegar no pé de alguém.
– Aparentemente, pelas horas, pessoas devem estar jantando. – A irmã mais nova lhe olhou ironicamente.
– Estou me referindo a você e o chapeleiro com lucidez incomprovada. – Se sentando no sofá a bruxa não sabia o que dizer, como explicar algo que nem ela mesma compreendia.
– Ele só...Me ouviu, estava chateada e acabei tropeçando nele no meio da rua.
– Cena de filme clichê. – Os olhos azuis recaíram sobre o belo quadro estampando um cavalo, pendurado logo acima de algumas decorações.
– Acho que vou pedir uma pizza...Não estou com vontade de cozinhar, e você vai me contar em detalhes esse “Primeiro Encontro” com o moreno mais elegante num raio 100 km. – Internamente Zelena se questionou o que era pizza, mas decidiu que coisas novas normalmente são as melhores.
– Alguma novidade sobre a rainha da neve? – Questionou vendo a irmã retirar o celular do bolso e então seu rosto tomar uma expressão séria.
– Hey...O que foi? – Regina mordeu os lábios, e lentamente retirou a mão do casaco, o mundo da ruiva pareceu parar por um momento, o pingente verde brilhava a luz do lustre presente na sala, sua vida, seu poder e consequentemente...Sua ruína.
– Eu... – A morena se aproximou, pegando uma das mãos de sua irmã nas suas.O silêncio tomou a sala, Zelena hesitou quando a morena se aproximou, num gesto quase amendrontado.
– Quero lhe devolver, sua magia. – A mulher mais velha engoliu em seco, seria mesmo o melhor, a magia fez com que ódio nascesse em si, e sem ela construiu até mesmo relações saudáveis com algumas pessoas.
– Eu-Eu.... – As palavras não saíam, pela primeira vez na história de sua vida, Zelena estava com medo de sua própria magia, estava com medo de ser ela mesma.
– Sei que...Tem seus medos, acredite eu também tenho. – E antes que a ruiva pudesse ter consciência Regina depositou o pingente em suas mãos, uma corrente elétrica percorreu seu corpo, arrepiando cada pedaço de pele, ela se sentia completa, não totalmente, mas quase...Era Zelena novamente, a bruxa, poderosa, cheia de segredos...Ela gostava disso, mas ao mesmo tempo se questionava se aquilo não seria errado...
– Quero que saiba que confio em você. – Mas....Eu não confio em mim...Os pensamentos da ruiva murmuravam, faziam ondas em sua mente, brincavam com suas conclusões, a deixavam confusa e principalmente amendrontada.Zelena não teria medo de nada, bom ao menos a Zelena de duas semanas atrás, a mulher sentada de frente a ex-prefeita, sim, possuía medos e inseguranças, mais do que poderia contar, talvez não confiasse em si mesma, ou em sua própria magia, mas em Regina ela confiava.Olhando nos olhos castanhos da morena, a bruxa pôde compreender que não importava mais, Regina confiava em si, e se ela confiava, Zelena também deveria confiar.
– Confia mesmo em mim? – Era meio novo para a mulher mais velha ter alguém que realmente gostasse e confiasse em si.
– Sim, Zelena, aprendi algumas coisas hoje com Sra.Swan, na verdade foi exatamente por esse motivo que fui procurar por você. – Regina sorriu debochadamente quando sua irmã estreitou os olhos.
– Quer dizer que Sra. Swan não é mais parte de sua listinha negra? – Dando de ombros ela digitou o número da pizzaria no celular.
– Só esclareci que não quero mata-la.... – Zelena ergueu uma sobrancelha, sabia que ambas eram amigas, ao menos antes de Marian retornar dos mortos.Assim que a mais nova finalizou a ligação o assunto retornou.
– Pensando mais profundamente, você estava muito bem, não é mesmo, sis? – Provocou com um sorrisinho de lado .
– Sério Regina?Não acha que estamos um pouco velhas demais para ter uma conversa sobre garotos?
– Não tivemos a chance de ter conversas assim, temos que recuperar o tempo perdido. – Sinceramente Zelena não sabia direito como explicar o que havia acontecido, ninguém, nem mesmo Regina a fizera desabafar seus próprios problemas, mas ele conseguiu...Ele a compreendeu, não a julgou ou qualquer coisa do tipo...Apenas apareceu ali, quando ela precisou, quando ela teve de deixar seus pensamentos esvaírem...Os encantadores olhos verdes que apareceram em seu caminho de forma....Louca.
– Hey Z... – A mulher acordou quando sua irmã estalou os dedos frente a si, lhe retirando daquele mundo pouco conhecido.
– Ãnh que? – Piscou os olhos algumas vezes para focar na morena ao seu lado, notando que ela havia retirado os saltos e estava sentada sobre uma das pernas.
– Apaixonada. – Concluiu fazendo com que a outra franzisse a testa.
– Está se referindo a mim?Por que se estiver....Só pode estar louca. – Regina cruzou os braços, esperando uma explicação.
– Fala sério Zelena...Conheço você, tudo bem que não a tanto tempo, mas essas expressões...Fala.
– Não tenho nada pra falar... – Retrucou a outra bruxa girando o pingente entre os dedos.
– Zelena... – Insistiu tocando o ombro de sua irmã mais velha.
– Eu só não sei o por que...
– Não para de pensar nele? – O sorriso de Regina se alargou de uma orelha a outra.
– Z...Isso é lindo.Paixões, amores....
– Conversamos muito pouco para que aconteça algo do tipo, sis. – O pingente rodou por seu dedo anelar, envolvido por névoa verde, verde como aquele brilho, brilho que a encantou desde o primeiro momento.
– Já ouviu falar de amor à primeira vista? – É claro que ela já ouvira, mas...Ela?A terrível Bruxa Má do Oeste, amor à primeira vista....Não era algo que não parecia se mesclar.E claro, ela não o amava, no máximo...Um tanto surpresa por sua gentileza.
– Acho melhor mudarmos de assunto. – Internamente Zelena sabia que não conseguiria, cada palavra ficaria martelando sua mente, o gosto do milk shake, a tonalidade das vozes, os perfumes misturados, os sons variados trazendo a tranquilidade de inicio de noite.
– A Rainha da Neve construiu um boneco gigante. – As palavras inusitadas surtiram efeito, trazendo a atenção da ruiva para a ex-prefeita.
– Foi mais ou menos assim que eu e Swan fizemos “As pazes”...
– A amizade de vocês é mais esquisita do que o “Nosso amor”.
– Você acha que eu não sei... – E a morena deixou que seu corpo relaxasse em uma almofada branca, esticando as pernas.
– Folgada. – Reclamou empurrando as pernas da mesma de cima de suas coxas.Regina revirou os olhos com a posição desconfortável.
Pizza, vinho e uma companhia irritante, mas extremamente necessária, Regina havia feito tantas pessoas sofrerem, tanta coisa ruim, porém ter Zelena como irmã facilitou muito sua relação com a mesma.Ela não se sentia pior ou melhor que ela, ambas já haviam sido vilãs e ali estavam, brindando a novos caminhos, novas perspectivas e quem sabe até mesmo novas paixões.
– Acho que isso não é uma boa idéia... - A ruiva tentou em vão convencer sua irmã.
– Ah que isso...É fácil.
– Regina eu nunca dirigi nem se quer uma carruagem...Como vou dirigir essa coisa. - A bruxa olhou com receio para todos aquelas alavancas e botões.
– Primeiro você abaixa essa alavanca aqui, mas não para de pisar no pedal.
– Eu vou acabar destruindo seu carro. - Murmurou fazendo o que a mais nova sugeria.O veículo começou a se mover, indo lentamente para trás em direção a rua.
– Relaxa Zelena, não é mais difícil que teletransportar. - A outra mulher lhe olhou ironicamente.
– Gire o volante para o lado contrário que deva ir.
– Não faz sentido. - Os olhos azuis se fixaram nas próprias mãos apertadas contra aquela superfície circular.
– Não tem que fazer sentido...Acredite. - O carro lentamente foi para a esquerda.
– Isso agora pise no primeiro pedal. - Com um tranco a ruiva arregalou os olhos.O Benz foi acelerado alguns metros e ambas as mulheres não puderam controlar os sorrisos.
– Eu estou dirigindo!!! - E riu de pura surpresa.
– Cuidado a caixa de correio ZELENA. - Um pouco tarde demais, a bruxa desviou, porém a roda raspou na caixa, a fazendo tombar.
– Ih, foi mal. - A mulher mais velha torceu os lábios.
Regina segurou a risada ajeitando-se na cama, na manhã seguinte teria de providenciar uma nova placa para o posto de gasolina da cidade, mas ao menos Zelena aprendera a fazer baliza.No final...As coisas iriam ficar bem...E ela não se referia apenas a uma placa amassada.
– Café? – Questionou a ex-prefeita, só então percebendo que o olhar da ruiva dirigia-se a porta do estabelecimento.
– Esperando alguém, sis?
– Não...Claro que não... – Regina revirou os olhos e fez o pedido, uma Zelena revoltada já era estranhamente difícil de se aguentar, uma apaixonada então...
– O que sra. Swan achou de tão importante para você me acordar as seis horas da manhã? – A bruxa tomou um pequeno gole do café, Zelena não costumava acordar cedo, ela nunca tinha nada para fazer, e no mundo dos sonhos, com certeza ela era totalmente feliz.
– Não sei, mas...Ela parecia bem apreensiva ao telefone. – Não demorou para que as irmãs atravessassem a porta da delegacia.
– Devolva Kevin... – A mulher da gravação disse, e tamanha foi a surpresa para todos, ao perceber que se tratava da rainha da neve.
– Emma essa é você...Devia ter... – Mary ponderou por um momento.
– 13, 14 anos. – Completou a xerife, os olhos presos na tela.
– Não veem que ela está com a rainha da neve? – Já sabemos disso Regina, a ruiva pensou em ironizar, mas estava extremamente sonolenta, então deu de ombros.
– Você a conhecia antes de vir para cá? – Regina deixou o olhar recair sobre a loira.
– Encontrá-la na cidade não parece ser a única memória que ela apagou... Todo esse tempo nesse orfanato ou o que fosse esse lugar, sumiu.
– Eu não entendo como ela veio parar nesse mundo. – Belle resumiu os pensamentos da maioria das pessoas ali, como Ingrid surgiu em Storybrooke ainda era um mistério.
– Esperamos que Gold nos diga, já que foi o que mais tentou.Como ela veio? – O Senhor das Trevas não parecia desconfortável com os diversos pares de olhos sobre si.
– Analisando o tempo, que gastei tentando, gostaria de saber. – Zelena internamente se questionou se o homem estava sendo sincero, ela não confiava em Rumple...Ao menos não mais.
– Importa como ela chegou à Emma?Não deveria ser o por quê? – David franziu lentamente o cenho, se encostando a parede.
– Obviamente ela precisou de Emma para algo.Mas para quê?...Este é nosso próximo problema. – Continuou a morena olhando para sua irmã, esperando uma resposta, apesar de que Zelena chegara a aquele mundo a menos de um mês, e que ainda estava aprendendo a estacionar o carro sem quebrar o patrimônio público, Regina sabia o quanto a magia daquela mulher era mais evoluída, ela esperava aprender muito com sua irmã mais velha.
– Sabemos que ela se esconde por volta da floresta, nós reviramos cada centímetro da sorveteria, vasculhamos toda a casa...Ela deve ter limpado dias antes... – Novamente...Algo muito óbvio.
– Ela deve estar escondendo algo... – O pirata de apenas uma mão sugeriu.
– Mas onde?
– E o caminhão de sorvetes dela? – Regina direcionou o olhar a seu filho, como sempre Henry desvendava um mistério.
– A Rainha da Neve tem um caminhão de sorvetes? – Zelena ergueu uma sobrancelha achando graça da situação.
– Sou criança...Reparo nesse tipo de coisa. – E o garoto sorriu, fazendo com que a ex-prefeita balançasse a cabeça negativamente, um sorriso perceptível no canto dos lábios.
– Vamos nos dividir em grupos...Buscaremos na mata, na cidade... Gancho...Emma...Regina..Oeste... – Não importava o reino ou o tempo...David seria um líder nato.
– Gold, iremos para o Leste...
– Sabemos que trabalho melhor sozinho. – O homem sorriu de lado.
– Sem discussões...Belle consegue rastrear?
– Acho que serei de melhor serventia na biblioteca.Talvez...Eu ache algo sobre a Rainha da Neve. – E claro, David se esquecera de mencionar seu nome...Ela não o culpava, havia chateado aquelas pessoas, algumas profundamente.
– Gostaria de ir junto... – Elsa se aproximou de Belle, mas...Zelena não prestou atenção naquela conversa.
– Vá com as duas... – A voz de sua irmã veio até seus ouvidos, e a ruiva fechou os olhos com força.
– Por que?
– A última coisa que quero é que aquela mulher se aproxime de você... – Regina observou Gold lentamente se retirar.
– Não confio no Senhor das Trevas...Vai ficar mais segura na biblioteca. – Zelena encarou os olhos de sua irmã mais nova, tocando com a ponta dos dedos os dois pequenos pingentes em seu pescoço, para ela não haveria perigo algum.
– Minha segurança está nas mãos da menina de vestido azul e a rata de biblioteca? – A morena sorriu abraçando os ombros da mais velha.
– Deixe de reclamar.
– Se precisar de algo...Quero que me procure. – Ela consentiu lentamente , com certeza não correria esse risco, mas ficava feliz por saber que poderia contar com alguém.
– Se cuida, sis. – E beijou o topo da cabeça ruiva se divertindo com aquela leve revirada de olhos azuis.
– Você também... – Regina apenas sorriu, e se afastou pela porta com Gancho e Emma em seu enlaço, a ruiva suspirou, ela iria para a biblioteca, não por que queria, ou por que era mais útil lá, mas por que Regina se preocupava consigo, e claro...Zelena tinha de estar naquela biblioteca, em baixo da torre do relógio.
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