Always, sister escrita por AlineEmilie


Capítulo 3
Hope




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"Regina não costumava chorar na frente de ninguém, mas desde que Zelena surgira em sua vida a prefeita havia se tornado um desastre emocional.

Ela não costumava deixar que pessoas a ofendessem e saíssem livres, mas ela preferiu abraçar o arqueiro a se vingar das pessoas ali.

A morena odiava a sensação de solidão, como qualquer outra pessoa e mesmo ali, na companhia de sua alma gêmea Regina sentia o coração pesado, faltava um pedaço de si.Ela não entendia como havia se ligado a ruiva tão rapidamente, realmente não entendia...Queria simplesmente ignorar, ou fingir que estava tudo bem...Mas nada estava, ela sentia falta, até mesmo da arrogância da bruxa.

– My Lady... – Robin tocou seu rosto carinhosamente, limpando o último vestígio de lágrimas.

– Ficará bem? - A prefeita apenas consentiu de cabeça baixa, queria que ele ficasse, com o loiro ela sentia certo conforto, mas o ladrão também tinha responsabilidades, como pai e como líder de sua "Trupe".

– Quer que eu vá com você amanhã? – Regina levantou os olhos para observar as pequenas gemas azuis que lhe encantavam, passando a paz e tranqüilidade que a mesma precisava para viver, mentalmente ela agradeceu pelo dia em que foi destinada a ele.

– Não sei se os encantados permitiriam. – A voz presa da mulher demonstrava o quanto ficara chateada com o fato de ter se tornado "Boa" e mesmo assim muitos ainda desconfiavam da mesma.

– Vá, Roland precisa de você. – O homem sorriu, com suas covinhas extremamente fofas, tocou os lábios da morena com um suave beijo.Passando toda a paixão e segurança que havia dentro de si para a prefeita.Ela suspirou aliviada por poder contar com alguém.

– Qualquer coisa...Estarei a seu dispor. – Com cuidado o arqueiro beijou as palmas das mãos de sua quase namorada, uma após a outra.Beijando também o anel no dedo anelar da mão direita.Se separando logo depois mas não antes de lhe dar um último selinho e um "Boa noite minha rainha".Ela esperou o homem desaparecer de sua vista e fechou a porta de casa, deslizando pela mesma até o chão.A morena suspirou abraçando as próprias pernas, apoiando a cabeça nos braços, uma bagunça de sentimentos e pensamentos.

Do outro lado da cidade Zelena estava em sua cela, na mesma posição que sua irmã mais nova, sentada no colchão da pequena cama, apoiando as costas na parede.Ela se sentia como uma vela acesa no meio de um furacão, desamparada sem chão.

Não estava se sentindo bem, não só por causa de Regina, ela sentia que faltava algo, ou que alguma coisa logo iria interromper a paz que reinava em Storybrooke.

A cabeça da ruiva latejava com as complicações de seus pensamentos, a impedindo de dormir, ou se concentrar em algo que não fosse sua percepção.Era estranho para ambas sentir falta de alguém que mal conheciam, porém quem mandava no coração?Ele adora pregar peças e com as duas não foi diferente.

Fora uma das noites mais longas das vidas das mulheres, Regina em sua cama enorme e Zelena na pequena cela, as irmãs sentiam solidão, e nada podiam fazer, a não ser esperar....Esperar que a noite passasse depressa, e que o dia seguinte fosse melhor que aquele.

Diziam que os obstáculos da vida lhe tornam mais fortes, comprovado nunca foi, porém se há um exemplo para tal frase seria o amor estranho que Regina e Zelena partilhavam, uma coisa completamente fora do comum, mas nunca disseram que o amor era algo normal...

“- A qual é Regina, você já pegou 4 pedaços da torta.Minha irmã reclamou me empurrando de frente da cesta de piquenique.A luz da tarde batia sobre nossas cabeças, e o clima estava deliciosamente agradável, bem estranho para aquela época do ano.

– Meninas não briguem. – Mamãe repreendeu encostada a árvore.

– Regis quem começou. – Zelena apontou língua pra mim, uma coisa bem infantil, mas não pude deixar de ficar indignada.

– Mãe a Zelena apontou língua pra mim. – A ruiva revirou os olhos.

– Mãe a Zelena fez isso, mãe a Zelena fez aquilo...Blá, blá, blá cresce garota, maldito dia que a mamãe resolveu te adotar.

– MÃE...Eu sou adotada? – Questionei praticamente chorando enquanto a ruiva ao meu lado se contorcia em risos.

– Te achamos no meio do lixo.

– Zelena... – Minha mãe repreendeu enquanto me abraçava, uma coisa bem estranha.

– Estou brincando Gina, você teve o prazer de ser minha irmã. – A olhei com esperança.

– Sério?

– Sério. – Concordou Zelena, dando de ombros e pegando uma maçã na cesta.

– Então eu te perdôo, agora vem abraçar a gente. – Eu disse isso?...Sim, eu disse.

– QUÊ?...Não. – A puxei e ela não teve escolha.Nós 3 em baixo de uma árvore comendo torta de maçã, desfrutando de um momento descontraído, eu não poderia imaginar algo melhor, uma família não normal, mas feliz”.

Regina acordou num pulo, olhou de relance para o relógio '7:12' era bem cedo, mas a prefeita não ligou.

Tomou um banho rápido, colocando um vestido preto liso, sem mangas que batia no joelho e definia bem suas curvas, meias calças, saltos e fez uma leve maquiagem, ajeitando os cabelos da melhor forma possível.Em sua pressa quase esqueceu o sobretudo e as luvas.

Entrou no quarto de Zelena, pegando roupas e "acessórios".Lembrou-se também de ir a biblioteca da casa, selecionando alguns livros e assim saiu pelo hall de entrada.

A morena dirigiu o benz até o Granny's.O sininho soou quando a mesma entrou na lanchonete, pouco movimentada aquela manhã, era muito cedo, avistou apenas o pai de João e Maria, as crianças que um dia recusaram morar com ela, pois a temiam.

A morena deixou alguns pensamentos de lados e fez o pedido.

Em questão de meia hora ela já estava novamente no carro, pousando as sacolas no banco passageiro a morena acelerou em direção ao hospital, os pensamentos soltos e o coração mais leve, não totalmente, afinal sua irmã estava presa.

– Que paciente gostaria de ver Sra. Mills? – Questionou a moça jovem e vestida de branco atrás de um grande balcão.

– Humm Zelena... – A morena franziu a testa, Zelena tivera um sobrenome?Talvez de sua família adotiva...Regina nunca perguntara isso a sua irmã.Talvez se as duas tivessem crescido juntas tudo teria sido mais fácil, não existiria uma Rainha má, nem uma Bruxa má, talvez nem uma Rainha de Copas, só uma família normal, cujo sobrenome era Mills.

– Zelena Mills. – Concluiu sorridente vendo a garota franzir a testa, mas consentir.

– Levanta Zelena. – Regina praticamente gritou entrando no cômodo em que a ruiva estava confinada.

– Bom dia pra você também. – Reclamou a bruxa se sentando, esfregando os olhos e encarando a prefeita.

– Estou acordada a quase 1 hora. – Ela deixou a mochila num canto se dirigindo a cama da ruiva com as sacolas do Granny’s.

– Problema seu. – Zelena respondeu, não arrogante, mais para sonolenta.

– Chega pra lá. – Reclamou a morena empurrando a mais velha para o outro lado da pequena cama.

– Ah que absurdo, me acorda e ainda quer se estabelecer em minha cama? – Trocaram um olhar irritado, porém logo não conseguiram segurar o sorriso.Pra elas sempre foi difícil ter momentos descontraídos, era bom sorrir de vez em quando.

– Vamos passar a vida brigando? – Regina perguntou remexendo nas sacolas.

– Bem provável que sim. – A ruiva deu de ombros.

–As melhores famílias são assim. – Ela se encostou a parede, retirando os saltos e encolhendo as pernas.A prefeita retirou algumas coisas das sacolas, entre elas uma torta de maçã, dois copos de chocolate quente, brownies, coockies e chocolates, muitos chocolates.Ela havia comprado o café, pois sabia o quanto comida de hospital não era nada agradável.

– E com isso minha dieta foi para o ralo. – Ela entregou um dos copos a Zelena.

– O que é dieta?

– Esquece, tenho que te ensinar só o que é bom. – A mulher revirou os olhos, achando estranho como a companhia da pessoa que a pouco tempo ela queria destruir lhe fazia bem.

– Torta de maçã. – Murmurou a ruiva.

– Maçãs estão no sangue da família Mills. – A mesma não tinha como contestar aquilo, era verdade.

– O que houve com o seu cabelo? – Regina perguntou apontando para as madeixas desorganizadas e espalhadas, era quase engraçado, como se ela acabasse de tomar um choque.

– Obrigada por me lembrar os efeitos de uma noite mal dormida. – No mesmo momento que terminou de dizer a ruiva se arrependeu, mantendo os olhos no copo de chocolate quente para não ter de encarar sua irmã, estava com certeza, corada.Ambas sabiam as dificuldades de dormir aquela noite, porém não queriam confessar que fora por causa da falta ou da preocupação uma com a outra.

Por um momento nada foi dito, as duas fingiram que estavam muito concentradas em comer.Regina não sentia a necessidade de dizer nada, estar ali já era agradável, apesar do pensamento ser bem estranho, era apenas a verdade.

Então o silêncio prevaleceu, para Zelena a parede acolchoada parecia muito interessante, bom...Era melhor do que tentar encarar sua irmã mais nova.

– Quer ajuda? – Ela quase cuspiu o líquido quente quando o silêncio foi cortado pela morena ao lado.

– Ãnh? – Ela se virou franzindo a testa.

– Com o cabelo. – Regina apontou para a cabeça da ruiva.

– Fazer cosplay de Simba é que não vou. – Regina se questionou como ela sabia o que era cosplay, e como conhecia o rei leão, mas resolveu que isso não era relevante.Limpou as mãos uma na outra e pegou a mochila com “1001 funções”, retirando uma escova de cabelos e um pequeno elástico.

– Cuidado. – Zelena praticamente implorou, ela arrumaria o próprio cabelo, mas não possuía um espelho ali, por isso se conformou com tal situação, tentando se convencer de que era apenas por esse motivo que deixaria sua irmã pentear seus cabelos.

– Confie em mim... – Dizendo isso fez um gesto para que a ruiva se virasse, a mesma obedeceu, ficando de costas para a prefeita.Ela começou lentamente a desembaraçar os cabelos de sua irmã mais velha, era algo que elas nunca haviam feito com ninguém, Regina gostava quando seu pai penteava seus cabelos, mas fazer isso com outra pessoa era uma ação agradável, era até engraçado fazer aquilo naquela altura da vida, afinal ambas eram mulheres feitas, e tais coisas pareciam ser ações de adolescentes.

– Acho que estamos um pouco atrasadas para isso, não Regina? – Como se lesse seus pensamentos Zelena perguntou sorrindo, gostando da sensação dos nós aos poucos sendo retirados e os cachos sendo libertados.

– Eu não sei você, mas eu ainda estou jovem e linda. – A risada que escapou dos lábios da ruiva fez com que Regina risse.

– Me desculpe praga. – A morena revirou os olhos começando a trançar o cabelo desde a raiz.

– Você já fez isso antes? – Perguntou a bruxa mantendo os olhos presos na parede, mesmo que sua vontade era se virar para observar as expressões de sua irmã.

– Uma vez...Na mamãe... – Isso fez com que Zelena se ajeitasse desconfortável, ela já havia parado várias vezes para pensar em sua mãe...Cora tinha lhe deixado, mas nem por isso a ruiva havia deixado de se importar, a mulher continuava sendo sua mãe.

– Como...Ela era? – Regina parou um pouco a trança e suspirou, ainda doía lembrar de Cora, mesmo assim conseguiu responder.

– Era como nós... – Disse continuando a trança.

– Procurava a felicidade...Só tomou os caminhos errados. – A morena havia aprendido do jeito mais difícil que não devia guardar rancor de ninguém, quanto mais de sua própria mãe.Ela se lembrava bem da mulher, os mesmos olhos duros e a voz cortante, mas fora por causa dela que Regina se tornara a mulher que era, então realmente era grata a sua mãe.

– Isso é... – A ruiva não precisou prosseguir, quando um pequeno pingente apareceu em suas mãos, em uma nuvem roxa.Ela o abriu, encontrando duas fotos, uma de Regina bem mais jovem, devia ter 18 ou 19 anos e outra da mulher que com certeza era sua mãe...A semelhança era perceptível.

– Ela era ruiva? – Zelena perguntou aparentemente surpresa.

– Um pouco...Castanhos avermelhados... – Terminou a última parte da trança, prendendo a ponta.

– Ela não parece...

– Má? – A mulher mais velha apenas consentiu lentamente, a prefeita torceu o lábio, apoiando o queixo no ombro da irmã para olhar uma das únicas fotografias que possuía da bruxa.

– Ela não era...Não para mim. – Regina sentiu que lágrimas queriam se formar, então se separou, ver o sorriso estampado nas feições duras de Cora era quase torturante.Ela lembrou-se de quando sua mãe morreu em seus braços e em como ela se sentiu sozinha naquele dia, como se nada fizesse sentido.Ela amava aquela mulher infinitamente, talvez mais do que deveria, mas ela a amava, e a dor da perda era demais para se agüentar.

– Obrigada. – Zelena estendeu o pequeno pingente para sua irmã que negou.

– Fique com ele. – Ela iria contestar, mas foi impedida pela prefeita.

– Tenho o que preciso...Bem aqui. – Apontou para a própria cabeça, ela não queria tocar o pingente novamente, não queria olhar a foto novamente, não sabia se iria conseguir segurar o choro.

– Anhn...Tudo bem... – Retirando o colar de proteção Zelena pendurou o novo pingente junto da pedra verde, Regina suspirou aliviada se encostando a parede.

– O que vai fazer hoje? – A ruiva perguntou, na verdade estava preocupada se iria passar o dia todo sozinha.

– Nada de importante...Apenas uma “Festa” a noite, a qual eu realmente sou bem-vinda....Ah.... – Se lembrando das coisas na mochila Regina a pegou, retirando ao menos 7 livros dali.

– De aventura à romance.

– Como água para elefantes? – Franziu a testa lendo uma das contra-capas.

– Não sabia que você fazia o estilo mocinha indefesa Regina.

– É só um livro... – Revirou os olhos entediada, tomando um gole do chocolate quente.

– Mas Robin Hood roubou seu coração, em todos os sentidos possíveis. – A mais velha cantarolou irritantemente.

– Tenho um livro bem mais interessante pra você. – Entregou o exemplar de “O mágico de Oz” para a ruiva, que franziu as sobrancelhas levemente, um livro sobre o maior charlatão do reino em que costumava governar?Por que aquilo soava tão ridículo...Mas ao passar os olhos pelo sumário ficou muito interessada em um tópico que dizia “Em busca da Bruxa Malvada”.

– Sra. Mills. – Quase uma hora depois, a mesma moça da recepção estava na porta do cômodo acolchoado, ela possuía as feições sérias, estranhamente.

– Sim... – Regina franziu a testa, novamente o questionamento na ponta da língua, mas se manteve calada, esperando a garota prosseguir.

– A restrição para visitas é até as 9 horas. – A morena pensou em usar sua influência, afinal quem iria desobedecer a prefeita, porém não parecia certo.

– Tudo bem...Eu...Já vou. – A moça consentiu e saiu.Regina suspirou frustrada, revirando os olhos.

– Acho que tenho que ir. – Murmurou deixando perceptível, mesmo que sem querer, sua vontade de fazer o contrário.

– Mande um beijo meu para Robin Hood. – A mais nova a encarou por um tempo, logo depois sentindo o riso querendo brotar.

– Você é uma pessoa muito estranha verdinha. – Dizendo isso se levantou da cama, se dirigindo a porta.

– Deve ser por isso que sou sua irmã praga. – Regina estirou a língua para a ruiva, coisa que nunca fizera com ninguém, nem mesmo com Malévola que fora uma de suas poucas amigas, a relação que ela e Zelena possuíam não era algo que a prefeita já tivesse compartilhado com alguém.As duas acenaram e a prefeita fechou a porta, lembrando-se mentalmente de que não permitiria que sua irmã continuasse presa ali por muito tempo.

Sozinha na cela Zelena se pôs a observar os livros, lendo lentamente cada um dos títulos “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, seria de uma pedra que era filosófica? “ Percy Jackson e o Ladrão de Raios”, ok isso era estranho, afinal como se rouba um raio?Você leva um choque não? “Drácula”, este a bruxa achou estranhamente medonho, afinal a capa era um castelo medieval dourado no meio do vermelho.Então resolveu se perder nas “palavras” de Dorothy, a menina que um dia havia lhe derrotado.

Regina abriu a porta do Hall de entrada normalmente, pendurando o casaco num gancho na parede e retirando as luvas.Estranhamente ela sentia que algo estava errado, graças a sua magia ela conseguia perceber algo errado, mesmo um mínimo problema, caminhou em passos silenciosos pela pequena escadaria, chegando a sala.

– My Lady. – Robin quase caiu do sofá ao ver a prefeita parada na porta, com as mãos na cintura e um olhar indignado.

– O que faz aqui?E como entrou? – Ela se aproximou perdendo toda a fúria ao ver uma toalha quadriculada estendida frente ao sofá, com algumas guloseimas e frutas, além de uma garrafa de vinho pousada em pé bem ao lado.A lareira acesa dava um toque ainda mais romântico à tudo.

– Eu já invadi o castelo de Rumpelstiltskin acho que entrar em sua casa não foi um grande desafio, e você deveria trancar a porta. – A morena não controlou o sorriso e se aproximou do arqueiro, abraçando o pescoço do mesmo com os braços.

– Acho que deveria chamar a polícia. – O loiro torceu o lábio.

– Quem prenderia Robin Hood? – O olhar de Regina foi irônico, porém permitiu que o homem depositasse um selinho demorado e carinhoso em seus lábios.

E logo o casal estava sentado de frente ao sofá desfrutando de um bom vinho, e da companhia um do outro.

– Por ter seu coração de volta. – Ele ergueu a taça, propondo um brinde, ela sorriu tocando a taça a dele, levou aos lábios, tomando um pequeno gole sem desconectar o olhar, e pousando a mesma sobre a mesinha.

– Então...Como se sente? – Tocou a pele sedosa do pulso da mulher a sua frente, ele gostava de tocá-la a sensação era sempre quente, deliciosa.

– Mais forte que nunca... – Sorriu, realmente feliz por estar ali, na companhia do ladrão.E num impulso o homem tocou seus lábios com um suave beijo, a quentura se espalhou por seu peito, Regina levou uma das mãos ao rosto do loiro, gostando de sentir a pele do mesmo em seus dedos.Lentamente ela abriu os olhos, se separando com um selinho.

– O que foi? – Questionou ao ver os olhos marejados da mulher a sua frente.

– Só pensei...Que nunca teria isso... – Deslizou os dedos por seu rosto sorrindo.

– Depois de eu... – Ele apertou a mão que estava pousada em suas costas.

– Perder minha esposa, também senti isso.A morte dela foi minha culpa.

– Sinto muito... – Ela podia perceber a sinceridade na voz do homem.

– Enfrentaria tudo para ter minha Marian de novo.Mas quando admiti que ela havia partido e não voltaria... – Robin deslizou os dedos pelos cabelos curtos da mulher.

– Deixei a culpa ir embora.

– Meu primeiro amor , Daniel foi morto por minha culpa.Porque ele me amava.

– Por isso tinha medo de se apaixonar...

– Tinker Bell me disse. – Ela continuou dessa vez espantando os pensamentos tristes.

– Que era possível, que poderia amar de novo. – O loiro a olhou com interesse.

– Ela me levou a uma taberna, e me mostrou o homem pelo qual estava destinada.Não vi o rosto dele.Mas... – A morena agarrou o pulso do ladrão, usando uma das mãos para erguer a manga de sua camiseta.

– Eu vi sua tatuagem.

– Era eu? – Ele questionou surpreso, voltando os olhos da marca de leão para a prefeita.

– Sim.Estava com muito medo para ir até você. – Ele abriu um largo sorriso, mordendo o lábio.

–Bem...Talvez as coisas acontecem quando devem...Talvez tenha acontecido em uma hora melhor – Isso fez com que a mulher pensasse em sua irmã, então baixou os olhos.

– Zelena...Não é? – Ela acenou com a cabeça lentamente.

– Fico feliz que vocês tenham feito as pazes... – Regina consentiu com um leve aceno de cabeça.

– Quero tirá-la logo de lá...Robin sorriu, mesmo depois de tantas coisas erradas, a prefeita abriu as portas de seu coração para receber a irmã, aquilo era uma das coisas que o encantava, ela possuía um coração enorme, mesmo quando este não estava em seu peito.

– As coisas vão aos poucos voltar pro lugar...Só temos que ter esperança. – Ela sorriu e deixou que seus rostos lentamente se encontrassem e junto seus lábios.

Era noite alta, Zelena estava com uma dor de cabeça intensa, sem sua magia ela era extremamente vulnerável à doenças e mal estares, e certamente aquela quantidade exorbitante de doces que comeu não lhe fez muito bem.A ruiva tentava se concentrar no livro, sobre o menino órfão magricela que descobre fazer parte de um mundo mágico, inspirador não?Mas a sensação não era das melhores, ela podia sentir a inquietude, os arrepios percorriam sua coluna, a bruxa era muito perceptiva, e sabia que algo estava prestes a acontecer...Só não sabia se era bom ou ruim...

Regina viu seu mundo desmoronar, ela deveria saber que a vida lhe daria outro soco no estomago, mas não esperava que doesse tanto.Saindo pela porta traseira do Granny’s a prefeita levou as mãos aos cabelos, sentia a cabeça latejar e os dedos trêmulos, fechou os olhos e numa súplica silenciosa, implorou que tudo fosse um sonho ruim, como sua irmã mais velha imaginava.Ela ouviu a porta se abrindo, e pelos passos sabia que era Emma quem se aproximava.

– Regina... – A loira se sentiu mal, ela se sentia tirando tudo de mais importante da vida da morena, e de certa forma era verdade.

– Agora não, Swan. – Ela não queria ter de chorar na frente das pessoas novamente.

– Me desculpe, quando trouxe Marian de volta, eu não a conhecia.Eu não queria te causar nenhuma dor. – Internamente Regina se perguntou se a xerife não conhecia o significado da palavra “Não”.

– Suas intenções não importam. – Ela se virou, estava nervosa e tentou controlar a voz.

– Porque novamente eu senti a pontada do heroísmo.Sempre a vilã. – Disse, se perguntando se realmente fora tão idiota a ponto de achar que poderia ser feliz.

– Até mesmo quando não sou. – As palavras trouxeram lágrimas aos olhos da mulher, que se repreendeu mentalmente, ela era boa, não podia deixar-se levar por frustrações.

– O que eu deveria ter feito? – Emma questionou, o rosto sem expressão.

– Você foi burra para viajar no tempo.Talvez devesse deixar como estava. – Sua voz saiu vacilando.

– Não vou me desculpar por salvar uma vida. – Argumentou.

– Ela iria morrer.De que importa? – Na verdade Regina sabia, que se estivesse no lugar de Emma não teria coragem de deixar a mulher para morrer.

– Importa que ela era uma pessoa.E, o que quer que tenha feito, não merecia morrer.

– Talvez merecesse. – A prefeita soltou um pequeno suspiro, quase imperceptível, ela quase se sentia a Rainha má novamente.

– Você saberia, eu a salvei de você. – Ela não esperava por isso, ficou sem palavras e engoliu em seco.

– A mulher que fez aquilo, é a pessoa que eu era, não a que sou. – As palavras foram mais para ela mesma do que para a loira a sua frente.

– Trabalhei muito para construir um futuro.Um futuro que se foi.

– Não tem como saber disso.

– Já é complicado a esposa morta estar de volta. – Continuou irritada.

– Regina eu sinto muito.Se eu puder fazer...

– Swan, quanto mais você tenta ajudar, pior minha vida fica. – Ela foi dura, sabia disso, mas só disse o que veio a sua cabeça naquele momento.

– Marian, por favor, conheça-a.Ela não é o que você pensa. – Era só o que faltava, pensou a morena baixando a cabeça para as mãos.

– Regina... – Robin veio até ela acompanhado da esposa-não-morta e Roland.

– Quero que conheça Marian...Quero que falemos sobre isso. – Ele fez gesto para ambos e tocando o braço da prefeita.

– Espere, vocês...Vocês estão juntos?

– Marian, por favor..

– Você e a Rainha má? – A mulher perguntou indignada, pelo olhar da bruxa, todos ali perceberam que ela não era fã da palavra com “M”.

– Deixou ela perto do meu filho. – Marian com certeza lembrava a Regina a época em que realmente era má.

– Você sabe o que ela fez?O terror que inflingiu? – A morena não dizia nada, deixava que seus olhos dissessem o que sua boca não conseguia.

– Está tudo bem? – Mary perguntou saindo com David e o pequeno Neal.

– Ninguém foi incinerado ainda, então é um bom sinal. – O loiro tentou brincar.

– Regina...Você está bem? – Perguntou a professora.

– O que há de errado com vocês?Por que estão falando com ela? – Marian perguntou se virando para todos, aparentemente confusa.

– Não sabem quem ela é? – Regina viu Henry aparecer caminhando lentamente, ele era a última pessoa que deveria ver aquela discussão.

– Mãe, o que está acontecendo? – Questionou o garoto.

– Ela é um monstro. – Normalmente, a morena jogaria uma maldição inquebrável naquela mulher, mas se segurou.

– Não, ela é... – Tentou Emma. – Mas já era meio tarde, Marian pegou Roland nos braços e se dirigiu a lanchonete.Já a prefeita se virou, sentindo as grossas lágrimas escorrerem por seu rosto.

– Regina... - A loira tentou ir atrás, porém Gancho a segurou.E realmente fora melhor assim.

Estava difícil para Regina se manter de pé, por que o mundo sempre desabava sobre sua cabeça?Sempre foi assim, e ela tinha sérias dúvidas de que um dia tal coisa mudaria.Dobrando uma esquina a mulher apertou os braços em torno de si, não sabia pra onde ia, mas pouco importava, ela precisava chorar, precisava de conforto, precisava não se sentir um monstro.Limpando o rosto ela encarou a fachada do lugar onde acabou parando uma pequena loja de conveniência, estava fechada, e no reflexo do vidro ela pôde ver suas próprias lágrimas, que pareciam não parar de rolar, agora eram suas companheiras.

Mas ela não era mais a Rainha Má, não iria se sentir culpada por causa daquela mulher, limpou o rosto nada delicadamente e continuou caminhando.O frio se fazia presente naquele dia, apesar da morena não se incomodar com tal coisa, por ela seria até mais fácil se morresse de frio.

A mulher não percebeu quando se dirigiu para o hospital, não passando na recepção ou qualquer outra formalidade, ela se dissolveu em sua nuvem de fumaça roxa, reaparecendo na cela de sua irmã, a encontrando lendo Harry Potter.A ruiva se levantou num sobressalto, estranhando a presença da mesma.

– Regina? – Ela encarou a morena, que permanecia de pé encostada a porta, e logo soltou um grande suspiro, se deixando levar pelo choro, ela se sentou ao chão.

– Mana, o que aconteceu?....Gina olha pra mim. – A mulher correu deixando os livros de lado, se ajoelhando ao lado da prefeita.

– O portal do tempo... – Se repreendendo a bruxa limpou os olhos, mas em sua voz estava claro que não iria controlar por muito tempo.

– Emma e Killian caíram nele e... – Ela suspirou profundamente procurando algum conforto nos olhos azuis celestes de sua irmã, se surpreendendo ao encontrar.

– Trouxeram uma pessoa....Que deveria estar morta. – Zelena se sentou ao lado dela, ouvindo com atenção sua narrativa.

– Quem eles trouxeram?

– ...A mãe de Roland. – Por um momento a ruiva ficou confusa, mas logo depois se tocou.

– A esposa de Robin? – Regina consentiu com um olhar triste.A outra bruxa suspirou, se encostando a parede.

– Sinto muito. – Ela foi sincera, mesmo sabendo que isso não mudaria nada, na verdade nenhum “Sinto muito” faria a morena se sentir melhor.

– Eu costumava bater nas pessoas quando estava com raiva, aliviava muito. – A bruxa continuou.

– Eu deixaria você me bater, mas como estou sem magia realmente doeria muito, mas... As paredes são acolchoadas. – A mulher mais nova levantou os olhos.

– Quer que eu bata na parede? – Ela deu de ombros.

– Talvez ajude, alivia a raiva.

– Não estou com raiva....Só...Frustrada. – Regina suspirou jogando a cabeça na porta.

– Posso lhe fazer uma pergunta? – Zelena concordou com a cabeça esperando que a mulher ao seu lado continuasse.

– Você me acha um monstro? – A ruiva se virou lentamente para olhar nos olhos da prefeita, ela chorava, lágrimas lhe escorriam pelas bochechas sem que ela tivesse controle.

– Claro que não, bobagens Regina, não deveria levar tudo que as pessoas falam em conta. – Ela queria saber um jeito de fazer aquele choro cessar, detestava ver as pessoas chorarem, principalmente aquelas que ela aprendera a se importar.Além de que se sentia culpada, afinal quem abrira o portal fora ela.

– Você o ama? – Perguntou tentando não olhar para a morena.

– Não sei...Mas acho que poderia ter amado.

– Tenha esperança. – Regina soltou um sorriso triste, ouvia aquilo quase todos os dias, mas o que seria ter esperança?Seria acreditar que merecia um final feliz?Ou continuar lutando inutilmente?

– Acredite, afinal olha só para nós duas, há alguns dias eu diria que seria impossível sermos amigas e olha só onde estamos...Falando sobre sentimentos...Um grande avanço eu diria. – A ruiva ficou feliz por conseguir retirar um sorriso de sua irmã mais nova.

– Vamos resolver isso. – Dizendo isso Zelena passou um braço pelos ombros da irmã, que deixou o rosto cair em sua clavícula, permitindo que as lágrimas caíssem, enquanto a ruiva corria os dedos por seus cabelos, passando o conforto que a prefeita precisava naquele momento desesperador.E em nenhum momento uma das duas se sentiu desconfortável em fazer tal coisa, sentiam que podiam confiar uma na outra, para tudo.E que aquela tristeza seria passageira, nada abalaria a esperança que possuíam.

– Posso dormir aqui? – Mais do que nunca Regina não queria voltar para a mansão e dar de cara com um dos encantados, ou pior com Robin.

– Será que essa cama acomoda...Nós duas? – A mulher brincou.

– Por algum acaso está me chamando de gorda? – Se separou limpando o rosto com uma careta indignada, a qual Zelena achou hilária.

– Imagina...Claro que não. – A bruxa soltou uma risadinha irônica.

– O que a faz pensar isso? – Regina revirou os olhos, agradecendo mentalmente a hora em que não permitiu Gold matá-la.

– Ainda tenho chocolates, deve ajudar em alguma coisa. – Se levantou, estendendo a mão para a mais nova.

– Você vem?

Regina não precisou responder, apenas segurou a mão de Zelena, desejando mentalmente que a noite não terminasse, mas a realidade é diferente...Dores passam, lágrimas secam e noites acabam.”


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