Prazer, eu sou Claire. E bem, eu sou uma sereia. escrita por James


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Está ai o 2 capítulo. Quero agradecer as duas fofas que comentaram o capítulo 1! Foi bem gratificante pra mim ♥

Boa leitura a todos.



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A primeira pessoa que eu olho é a Yolandi, eu particularmente esperava ver surpresa em seus olhos, mas não, a única coisa que eu vejo é preocupação.

Desvio meu olhar pras meninas e antes que elas pudessem gritar, Yo estende sua mão com o punho cerrado e um brilho sai de seu anel. Nunca tinha visto aquele anel ali, pra falar a verdade. Ele é simples, porém possui uma pedra em sua ponta. Abro minha boca surpresa quando vejo as três patricinhas saírem do banheiro como se nada tivesse acontecido.

Fito-a atonita sem saber o que dizer.

– Apenas me diga obrigado. – ela fala rindo.

Estendo minha mão sobre a minha cauda, concentro-me nela e a mesma começa a secar. Tenho o poder de controlar a água em qualquer fase.

– De nada, então. – falo enquanto levanto.

Um silêncio paira sobre o banheiro.

– O que foi aquilo? – digo, afinal.

– No final da aula me encontre no píer perto da minha casa.

Concordei, afinal, é perto da minha casa.

O resto do dia ocorreu normal. Mesmos professores. Mesmas pessoas. Nada mudou. Pra ser sincera, mal consegui me concentrar na aula depois do que vi sobre a Yo. Como ela fez aquilo? Será que ela é como eu?

•••

Chego a minha casa, tomo um banho e aviso a minha mãe que não ficarei pra o almoço.

Enquanto caminho, o cheiro da maré vai me atraindo. Parece que eu vivo daquilo, que eu nasci pra aquilo. Parece que eu sou um peixe por completo. Pra admitir, faz um tempo que não nado, já que eu estava na casa da minha vó paterna nessas férias. Sinto saudades quando eu assustava meus primos quando eles viam a água se mover sozinha, ou algo parecido. Felizmente meus pais decidiram não contar pra o resto da família meu segredo, então, posso aproveitar.

Chego ao píer que marquei de me encontrar com a Yo, sento-me na madeira ruída e fico olhando ao redor. Barcos, bares e casas. Aqui seria até um lugar legal pra eu viver nadando, mas esses barcos me dão medo. Uma vez fiquei presa em uma rede de pesca e foi um sacrifício pra eu sair. Olho ao redor novamente e vejo que não tem ninguém, então aproveito que ela não chegou e fico fazendo formatos com uma bolha de água. Estendo a mão em direção a água, me concentro, faço uma bolha e dali dou a forma que eu quiser; desde animais até pessoas. Assusto-me quando a bolha é congelada e cai na água. Olho pra trás e vejo que a Yolandi está lá rindo e com seu anel apontado pra o mar.

– Nossa, que impressionante. Quase me assustou. – ironizo.

– Acho que você quer a verdade, não é? Então vamos lá... – começa ela. – Aos contrários de você, eu nasci sereia. Vim de um cardume do sul; minha mãe e minha vó também são. Eu me transformo em sereia quando eu quero, graças a esse anel. É o anel da lua. Só sereias naturais que têm. Meus poderes vêm dele. Posso fazer de tudo, desde apagar memória como você viu o que fiz na escola, a criar tempestades. – ela estende sua mão com o punho cerrado, seu anel brilha e uma tempestade começa a se formar no céu, mas ela num instante para. - É fácil você diferenciar sereias naturais de sereias transformadas pela lua. Vocês, transformadas, possuem caudas e tops dourado, já as naturais, possuem azuis.

Sinceramente, eu não sei o que dizer. Então minha melhor amiga também é como eu? Quer dizer, ela é natural. Mas não importa, agora eu estou mais feliz. Livrei-me de um peso nas costas; terei com quem contar daqui pra frente. Achei essa história de sereia natural e sereia transformada bem legal, pelo menos não sou só eu assim. Existem milhares no mundo.

– Que tal irmos nadar? Tenho uma coisa pra te mostrar. – ela fala depois de minutos de silêncio.

Apenas assinto e mergulho na água. Ah, água salgada, que saudades. Um brilho tão conhecido por mim toma conta do meu corpo e lá está eu de cauda. Dou um sorriso em meio à imensidão azul e respiro fundo já que quando estou na forma de sereia água e oxigênio são a mesma coisa.

Minutos depois Yolandi pula na água e um brilho azul forte sai ao redor do seu corpo e uma cauda azul brilhosa, e um top na mesma cor surge. Fico impressionada, nunca vi algo tão lindo assim. Ela faz pra sinal irmos à superfície e eu a obedeço.

– Vamos nadar até o recife, e lá se falamos de novo. – ela diz animada.

Assinto com um grande sorriso no rosto.

Eu e ela voltamos à água e nadamos o mais rápido que podemos. Minha parte preferida de nadar como sereia é essa. Poder ir a quase 200 km/h na água. Lembro-me das vezes que já fui perseguida por pescadores loucos pra achar o grande peixe rápido que fazia seus radares pirar.

Assim que chegamos ao recife, uma alegria me invade. Sinto que estou em casa. Olho ao redor e vejo o quão lindo é o lugar que eu estou; lulas, caranguejos, siris, peixes de todas as espécies, corais, pedras... Ah, é tão lindo e colorido que mal consigo explicar. Olho pra Yolandi e vejo o quão feliz ela está também. Sorrio em direção a ela e continuo a observar o recife. Às vezes penso em morar aqui. Tão calmo. Tão lindo. Mas daí vejo que tenho uma vida real do lado de fora.

Procuro Yo novamente e a acho. Dessa vez ela está fazendo sinal pra que eu a siga e assim eu faço.

•••

O lugar no qual ela me trouxe é muito longe do recife e muito parecido com o que me transformei. Rochas vulcânicas, areia, a forma de vulcão e um lago de coloração azul. A única diferença é que esse lago é conectado ao mar. Ao invés de se secar pra ter pernas novamente, a Yo apenas usa seu anel e tanam... A mágica acontece. Tão simples né?

– Bem vinda à Ilha Mako. Aqui é onde eu vivo, na verdade. Toda noite venho dormir aqui. Esse lugar deve ser bem parecido com o que você se transformou, não é?

– Sim, é como se fosse uma copia. – retruco.

– E é. Existem vários desse pelo mundo. Assim como existem várias de nós. Meus pais vieram pra cá por que esse lugar estava descontrolado, e como minha mãe é formada em coisas de sereias – ela ri. – ela soube o que estava acontecendo aqui.

– Como você sabia que não me transformei aqui? – finalmente pergunto.

– Por que eu consigo sentir quem tem a energia desse lugar.

– E quanto ao anel? – pergunto enquanto toco a superfície das rochas. – Como ele ganha poder? É infinito?

– Ah, não. Ele sempre é carregado a cada lua cheia. Seu poder é limitado, por isso venho aqui toda lua cheia.

– Mas ela não te afeta? – faço uma cara de dúvida.

– Não, eu sou uma sereia natural. – ela faz uma cara como se já tivesse repetido isso mil vezes.

– Ah! – exclamo sem saber o que dizer já que estou impressionada com o lugar.

– Sempre que quiser vim aqui pode vim. É meu lugar favorito. – ela olha pro céu através do buraco que contém no alto e sorri.

Apenas assinto e continuo olhando pra o lugar. Parece que estou hipnotizada. Olho pra Yo e vejo que eu mal a conhecia. Pra mim agora ela é uma nova menina. Uma nova amiga. E daí lembro que devo pedir desculpas por não ter contado o que eu sou.

– Olha, Yo, é que eu sinto muito por não ter te contado o que eu sou... – falo, desapontada.

– Ah, bobinha, não precisa. Eu já sabia. Só estava esperando o momento certo de você contar. – ela me abraça.

Retribuo o abraço e pela primeira vez me sinto segura com uma pessoa que não seja meus pais.

– Você deve tá se perguntando por que te molhei na escola. – ela faz cara de que esqueceu alguma coisa. – é que eu as vezes me empolgo e esqueço que você não é como eu, sabe? Não se transforma com o anel.

– Agora você vai ficar passando na cara que você pode se transformar a hora que quer? – brinco.

Ela rir e olha em seu relógio.

– Bem, tá ficando tarde e nossas mães já devem estar preocupadas. Vamos voltar.

Lembro que não avisei a minha mãe pra onde eu vinha e rapidamente sinto uma culpa. Pulo na água junto com ela e volto pra casa. Na verdade volto pra uma nova vida já que daqui pra sempre tudo vai mudar com nossas novas identidades.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim! Obrigado por ler. E não esqueçam de comentar ♥