Prazer, eu sou Claire. E bem, eu sou uma sereia. escrita por James


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aí está o primeira capítulo, boa leitura!



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Tento fechar os olhos e continuar a dormir, mas isso é impossível. O despertador está tocando e o seu barulho é insuportável. Ah, e hoje tem aula. Sento-me na beira da cama e fito o meu quarto: um grande cubículo com decorações marinhas – como conchas, pedras e algas secas -, uma pintura calma que lembra o azul do mar e minha cama. Como faço toda manhã, tento imaginar como seria minha vida sem a escola... Um grande prazer me invade, uma felicidade repentina que me faz sorrir e que eu sei que logo irá chegar já que daqui a um ano eu estarei livre disso tudo.

Meu nome é Clarie Boucher, tenho 16 anos e esse é meu primeiro dia de aula no segundo ano. Seria um dia normal pra uma adolescente, mas pra mim não. Não que seja assustador, mas eu sou uma sereia. Sim, uma sereia. Tenho cauda e poderes sobre a água, sempre me transformo quando encosto à mesma. Consegui-os com apenas 10 anos. Pra mim é difícil ir pra escola ou outros lugares semelhantes visto que tenho que me distanciarei o máximo que posso de água nesses lugares.

Eu e meus pais fomos passar o verão em Blue Island, na Austrália. Estávamos assando peixes e marshmallows na fogueira e contando histórias como sempre fazemos, histórias pra lá, histórias pra cá, eis que meus pais se distraíram e eu saí pela floresta. Lembro-me das árvores gigantes, os bichinhos na mata, os barulhos de meus passos mediante as folhas secas, e... e o brilho da lua. O que me hipnotizou. Eu só estava ali pra uma coisa, parecia ser a única coisa que eu deveria fazer ali: seguir o brilho da lua. Caminhei, e caminhei, até que escorreguei em um buraco escuro e lamacento. O lugar era escuro e frio, e havia uma piscina natural de coloração azul. Um azul forte. Cada vez que a luz da lua se aproximava daquele pequeno lago, eu me sentia mais e mais atraída. Até que esqueci totalmente da minha vida. Do meu passado. Do por que estava ali. A única coisa que eu sabia era que meu dever era pular lá dentro. E assim o fiz. Senti uma felicidade enorme, uma coisa pulsava dentro de mim... Parecia magia. Meu corpo se transformou em água e do nada ali havia uma cauda e um top feito de escamas... Eu havia me tornado uma sereia.

Meus pensamentos são interrompidos por batidas frenéticas na porta e um grito que conheço de longe. Era minha mãe. Ela é uma mulher jovem e linda, olhos azuis, cabelos loiros e sardas no rosto. Ela sempre foi alegre, mas depois que minha vó morreu bom, não vejo mais aquele brilho nos olhos dela.

– Filha, você vai se atrasar! – exclama minha mãe, com sua voz doce.

Olho pra ela com certo orgulho, e pude perceber a quão sortuda eu sou por ter ela em minha vida.

– Ah, bom dia pra você também, mãe. – ironizo – Não se preocupe, já já eu desço pra tomar café.

Escuto a batida na porta e seus passos leves ficando cada vez mais longe.

Levanto-me, coloco o fardamento da escola que é um padrão de azul com branco (assim como todas as escolas aqui na cidade) e vou em direção ao espelho. Olho-me e vejo a quão parecida eu sou da minha mãe; as sardas, os olhos azuis, o cabelo loiro e as expressões no rosto. Passo a mão nas minhas tranças feitas na noite passada e vejo que não estou tão mal. Coloco o tênis, pego minha mochila e desço pra comer junto há minha família.

– Bom dia, filhinha! – fala meu pai, trazendo consigo uma bandeja de panquecas e um pote de creme de amendoim do lado.

Observo minha mãe lavando a louça na pequena cozinha que se encontra na nossa pequena casa. Olho pela janela e vejo o horizonte repleto de água.

“Esse mar me chama. Mas, droga, tenho aula” penso e me dirijo a mesa.

– Mal dia, pai. Hoje tem escola. – falo desanimada pegando uma panqueca e passando um pouco de creme com certa delicadeza.

Vejo meu pai arcar as sobrancelhas com um certo ar de tristeza. Observo o quão ele fica fofo fazendo isso. Eu fiquei muito feliz com a reação dele e da mamãe sobre eu ser uma sereia. Meu pai é baixo, careca e moreno de olhos verdes. Antes ele tinha um bigode, mas mandei ele tirar. Sim, ele fez isso pra mim.

– Ah, filha, qual é? – ele bate com delicadeza no meu braço direito. – é só você ficar longe de água o quanto você puder.

Apenas assinto e continuo a comer minha panqueca saboreando cada mordida que eu dou. Meu pai capricha nelas. Ele é o melhor cozinheiro do mundo. Dou um sorriso em meio aos pensamentos.

– Seu pai tem razão, filha. – fala minha mãe, e por um momento sinto-me culpada por ter esquecido que ela estava ali.

Apenas assinto novamente, dou um abraço e um beijo neles e vou pra escola.

“Vamos, Claire, você aguenta, é só mais um ano se escondendo de sua verdadeira identidade de seus amigos e colegas” penso.

•••

A escola parece à mesma desde que comecei a estudar nela. Ela é enorme, parece um castelo; com gramas e árvores na frente, uma fonte onde jorra água por todo lado e sua estrutura antiga que a faz dela muito bonita. Correria, pessoas falando, pessoas gritando é o que vejo. Calma, é só o primeiro dia de aula.

– Claaaaaaaair! Que saudadesssss! – sinto uma coisa me abraçando forte e me surpreendendo.

Por um momento hesitei em gritar, mas daí vi que era apenas a Yolandi. A conheço desde o primário, e a considero minha melhor amiga. Ela é um pouco mais baixa que eu, olhos castanhos, morena e cabelos cacheados. Por um momento me sinto culpada, pra falar a verdade sempre me senti culpada. Eu nunca a contei sobre meu grande segredo. É, eu sei, ela é minha melhor amiga e eu deveria ter a contado desde que aconteceu. Mas sabe? Eu tenho medo da reação dela.

– Yoooooo! – digo animada, abraçando-a. – como foi seu verão?

Ela dar pulinhos – como ela sempre faz quando tem muita coisa a me dizer – e exibe um grande sorriso em seu rosto.

– Tenho muita coisa pra te contar, mas antes, preciso ir ao banheiro, vem! – ela pega na minha mão me conduzindo.

Andamos rápido e num instante chegamos ao banheiro. A escola é grande, mas não é muito longe de onde estávamos pra onde estamos.

Yolandi abre a torneira e começa a lavar suas mãos. Ela lava muito rápido, e isso mostra que terei muito do que ouvir sobre o verão dela.

– Agora vou te contar tudo que aconte... – ela é interrompida pelo meu grito quando a mesma encosta suas mãos molhadas em meus braços.

Desespero é o que passa em minha cabeça. Meu sangue sumiu, me vejo tonta e super nervosa. A única coisa que quero fazer é correr, e correr, mas já é tarde de mais. Sinto meu corpo formigar e tanram, lá estava eu de cauda. E nesse exato momento, as três patricinhas da escola entram pela porta.


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Notas finais do capítulo

Aí está, espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar sobre o que acharam. Eu realmente quero continuar com essa fic!