A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 19
Capítulo 18 - Vingança é um prato que se come frio.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Isaac havia saído para caminhar, queria colocar seus pensamentos em ordem antes de agir. Ele teria que levar Inácio para a faculdade em menos de meia hora, então deveria voltar para a casa onde estava vivendo. No fundo, no fundo, odiava a si mesmo por ainda gostar de Fábio, mesmo depois de tudo o que ele havia feito. Ele não cometeu nada de mal com consigo, mas com sua irmã, o que já está mais do que claro. Mas, a peça principal do jogo era o tal Patrick, era ele quem devia ser exterminado antes de todos. E aquele dia, que parecia meio nublado, com uma possibilidade de chuva seria o dia perfeito para colocar seu plano de aniquilação em prática.
– Onde você estava? - Perguntou Aline, amarrando um avental em sua cintura.
– Fui dar uma volta. Hoje é o dia certo, Aline. - Falou Isaac, se jogando na cama.
– Dia certo de quê, seu louco?
– De matar o tal Patrick. - Disse Isaac, estendendo a mão até o criado mudo, para pegar a caixa de seu coquetel.
– Hã? Você estava fumando baseado, né? Tá louco? - Aline olha incrédula para seu irmão, que retirava o comprimido da base metálica, e o levava até a boa, em seguida.
– Não estava não. Ainda está cedo, e o dia tem 24 horas. Dá tempo suficiente de você fazer tudo o que tiver que fazer, menos transar com a sua patroa, tá? - Isaac riu, mas Aline continuou séria - E quando terminar o expediente, KABOOM! Vou fazer o que eu te falei.
– Como, Isaac? Achei que você iria fazer isso junto com Inácio e Eu.
– Um líder nunca conta seus truques...
– Quando foi que você ficou tão arrogante?
– Quando tocaram em você! - Isaac falava com a voz firme - Quando se violentaram, te humilharam, se fizeram mal... Agora, vai trabalhar, porque quando anoitecer... - ele riu - quando anoitecer, Aline... Eu vou cometer o meu primeiro homicído. E vai ser em nome da nossa mãe!
– NÃO! - Gritou Aline - Não vou deixar você usar o nome da minha mãe para ferir alguém.
– Faça-me o favor, Aline. Você achou que eu peguei aquelas armas pra poder brincar de polícia e ladrão?
– Tá... mas eu não vou manchar minhas mãos...
– Tá bom. Agora vai trabalhar, e avisa pro Inácio que eu estou esperando por ele.


Jaqueline acordou com seu celular vibrando a seu lado na cama. Quando retomou os sentidos, observou que seu marido não estava em casa. Ela, primeiramente, olhou para o visor do celular e viu o número de Seji, e resolveu deixar tocar. Ela sabia do que se tratava, então podia retornar depois. Levantou e quando chegou na sala, viu seu marido mexendo no notebook, sentado no sofá.
– Good Morning, my little princess. Did you sleep well? - Falou César, olhando deslumbrado para a esposa.
– Bom dia, César. Fale português, por favor.- Falou Jaqueline, com seu típico jeito seco de ser.
– Me desculpe. Eu vou receber um amigo indiano aqui em casa, espero que não veja problemas nisso.
– Não... sem problemas. Nossas passagens já estão compradas? - Perguntou a esposa, sentando no braço do sofá branco de couro.
– Sim. Elas estão dentro da minha gaveta de cuecas - O homem riu.
– Ótimo. Eu vou agendar a manicure e a cabelereira. Posso usar seu cartão?
– Claro, meu amor - Ele sorria ao olhar para a esposa. Ela era tão linda que parecia mentira. Ele a amava tanto, mas infelizmente, o sentimento não era recíproco da parte dela.
– Tudo bem. A Paulina vai vir hoje? Eu preciso que ela me ajude com as malas. - Paulina era a empregada porto-riquenha do casal.
– Eu não sei... Ligue para ela - Ele retirou o Iphone do bolso da camisa que estava usando e entregou para Jaqueline. A mulher levantou e foi caminhando em direção à cozinha, até que seu marido lhe chama.
– Querida, quando estivermos no Brasil, vamos ficar em algum hotel? - Jaqueline riu.
– Nosso hotel vai ser no subúrbio, na casa dos meus pais. - E foi para a cozinha. Ela não via a hora de chegar no Brasil, reencontrar sua filha. Queria que as horas passassem rápido, mas o relógio parecia ter parado, ou seu ponteiro estava rodando para trás.


Inácio e Isaac caminhavam tranquilos em direção à faculdade. Isaac contava para Inácio seus planos maquiavélicos, os quais ele estava disposto a colocar em prática até a meia-noite. Inácio ouvia tudo fascinado, queria logo que as horas passassem para que ele pudesse agir junto com os irmãos.
– Então me ouça - Falou Isaac. - Você vai sair daqui e vai até esse morro que eu te falei procurar pelo Patrick, e quero que diga que eu vou estar na casa do Fábio. - Isaac também havia planejado matar Patrick no apartamento de Fábio.
– Pode ser arriscado demais pra mim - Falou Inácio, temeroso.
– Se você não quiser fazer, não faça. - Falou Isaac, sem paciência.
– Não... eu vou fazer! E se eu não o encontrar? E se o tal Fábio não estiver em casa?
– Não pense no ''e se'', é fazer e ponto. Saiu daí, você já sabe... Ah, vamos nos encontrar na estação do metrô que você pega para vir pra cá, tá? Às 6 horas da tarde. Nem pense também em pisar em casa. - Isaac estava muito agressivo, e aquele comportamento estava assustando Inácio, que nunca havia visto o novo amigo daquele jeito. Ele tinha um grande propósito em matar aquele homem.
– Tudo bem, eu entendi. Ah, seja discreto com as armas, minha mãe é delegada, mas sabe como é...
– Tá! Agora entra e estuda direito. - Inácio sorriu
– Pode deixar, eu vou estudar direito. - Acenou para o amigo e entrou no prédio que ficava à alguns metros ali. Ele tinha se afeiçoado pelo outro, sentia que ele era o amigo que ele nunca havia tido na vida.
Isaac observou ao redor da faculdade do rapaz. Parecia que aquela faculdade tinha um padrão de alunos. A maioria era branca e tinha cabelos lisos. Ele sabia que jamais iria conseguir fazer uma faculdade, primeiro porque não terminou o ginásio, e segundo porque não tinha ajuda, tanto financeira, tanto psicológica. Mas, se as coisas melhorassem em sua vida, ele não iria exitar em voltar a estudar e ter um emprego digno. Olhou mais uma vez, e direcionou seu olhar para a porta da faculdade, onde havia alguns jovens conversando, e ele apostava todo o dinheiro que tinha que o que eles falavam eram futilidades. Respirou fundo, e deu as costas, indo tomar café da manhã em alguma padaria.


–Cleusa, você pode fazer o almoço hoje? A dona Denise pediu para que eu fosse ao mercado comprar algumas coisas para ela. - Cleusa revirou os olhos, e deixou a vassoura que usava para varrer o chão da cozinha encostada na porta e foi até a garota, que terminava de lavar a louça do café da manhã.
– Não! Por quê não faz você o almoço e eu vou fazer as compras? - Falou Cleusa, irada, apoiando sua mão na pia e olhando furiosa para Aline.
– Tudo bem, eu faço o almoço, e você faz as compras. Afinal, eu sou a cozinheira, não é? - Aline não tinha falado por mal, mas Cleusa entendeu aquilo como irônia. A empregada foi em direção à vassoura e voltou a varrer, colocando toda a raiva que ela sentia nos movimentos feitos com aquele instrumento de limpeza.
– Você sabe até quando vai trabalhar aqui? - Perguntou Cleusa.
– Não sei. Você quer muito que eu saia, não é, Cleusa? - Perguntou Aline, colocando os copos dentro de um armário, e fechando em seguida, para olhar diretamente para os olhos de Cleusa.
– Quero. - Falou Cleusa, sem pensar.
– Você acha mesmo que eu sou uma ameaça ao seu trabalho, Cleusa?
– Acho. Eu tinha destaque nessa casa antes de você chegar, e depois... me tratam de qualquer jeito. Eu prefiria quando você não trabalhava aqui. - Aline ouviu tudo sem expressar nenhuma reação.
– Entendi. Eu ofusco menos a minha presença aqui, pode deixar. - A garota passou pela outra servente e foi até a área de serviços. Pegou as roupas do varal e colocou em uma cesta para poder passá-las.
– Eu vou passar essas roupas. - Falou Cleusa.
– Pensei que você fosse ao mercado, Cleusa.
– Eu vou passar quando eu chegar do mercado.
– Não seria menos trabalho para você se eu passasse logo essas roupas? Você só iria ter que limpar o quintal e ir embora. Agora eu... Eu vou ter trabalho para fazer por aqui até a hora de dormir. Você queria estar no meu lugar? - Aline se aproximou de Cleusa e ficou atrás dela, com o rosto da altura do ombro esquerdo da mulher - Você nunca iria querer estar no meu lugar se soubesse de onde eu vim, quem eu sou e o que já aconteceu comigo. Então, não seja invejosa, muito menos egoísta. Vá logo ao mercado, enquanto eu passo essas roupas - Falou Aline, séria.
– Quer saber, Aline? Eu faço o almoço. Pode ir ao mercado agora, enquanto eu adianto essas roupas para você. - Aline sorriu sem mostrar os dentes, e retirou seu avental, indo até a sala, onde sua patroa havia deixado o dinheiro para as compras. Para ela, aquele discurso havia feito a outra empregada se sensibilizar, mas ela estava errada.

Fábio e Carolina assistiam aos desenhos que estavam passando no momento. Marli havia ligado para casa, e Carolina havia atendido. Ela não revelou sua doença, e Carolina não revelou que seu ''irmão'' estava ali. A ''mãe'' apenas havia dito que iria ficar no hospital por mais um dia, e que era para ela se comportar bem. Marli ainda não havia esboçado nenhuma reação decorrente a descoberta de sua doença. Ela iria esconder sua para a ''filha'' sua enfermidade até onde não pudesse mais.
– Carol, quando anoitecer eu vou precisar voltar para a minha casa, porque vou ter que resolver alguns problemas - Carolina murchou o rosto ao ouvir Fábio falar isso. O rapaz tomava um copo de suco e ela mastigava uma bala que havia encontrado na mochila.
– Por quê não espera a mãe voltar amanhã? Eu não quero dormir sozinha, Fábio.
– E não vai. Eu vou na minha casa, resolver tudo o que tiver que resolver, e lá pras 10 horas eu volto para dormir com você. Mas amanhã cedo eu vou embora. - Ele acarenciava o rosto da menina.
– Por quê?
– Você sabe muito bem que a mãe não gosta de me ver perto de você. - Ele queria muito revelar para a garota que ele era seu pai, e que podia agir legalmente para tê-la por perto, mas preferia se manter em silêncio. Na hora certa ela iria saber.
– Mas eu não entendo o motivo, Fábio. Você pegou o dinheiro dela, mas isso não foi tão grave, eu acho. Você pode pagar de volta.
– Princesa... - Fábio mordeu fortemente os lábios. Ele desejava muito fumar um cigarro, mas não iria fumar perto de Carolina. Priorizava o bem-estar dela.
– Mas não é? Você pode colocar outro no lugar, então por quê ela tem essa implicancia toda?
– Carol - Fábio ficou de pé, e respirou fundo. Como ele queria fumar... Pela primeira vez se deu conta de como o vício em cigarros era horrendo. Podia atrapalhar qualquer ocasião. Mas mesmo assim, ele não iria parar - Quando você ficar mais velha eu te conto. - Carolina ficou em pé e olhou fixamente para os olhos castanhos do ''irmão'' e balançou a cabeça negativando. Depois, caminhou até a cozinha, e pegou uma fruta na geladeira. Fábio, por sua vez, voltou a sentar e começou a prestar atenção na televisão. Ele pensou se teria que fazer alguma coisa para Patrick esta noite. Aquilo estava deixando-o exausto, ele PRECISAVA resolver o que tinha que resolver.

Marli estava sentada em sua cama no hospital, e assistia a programação que passava na tv aquele horário. Havia uma moça, que também estava internada, deitada na outra cama ao lado.
– Você quer mudar de canal? - Perguntou a moça.
– Não... Acho que eles já devem passar aqui pra eu fazer alguns exames. - Falou Marli.
– Ah sim... - Respondeu a moça - O que você tem?
– Câncer - Respondeu Marli, com descaso. A fixa ainda não tinha caído.
– Eu sinto muito - A moça fez uma cara solidária.
– E você?
– Eu fiz um aborto, e acabei perdendo meu útero.
– Eu sinto muito, também.- No fundo Marli dizia ''bem-feito'', pois ela era totalmente contra ao aborto.
– Não sinta... - A mulher levantou da cama e ficou sentada.
– Era o seu primeiro filho?
– Não... eu tenho outros 3 filhos. Duas são gêmeas... As mais novas. Elas têm 6 anos, e eu tenho um de 8 anos, que é o mais velho.
– Eu tenho uma neta de 8 anos. A mãe dela não a quis, e eu criei como se fosse minha filha. Mas ela não sabe, ela acha que eu sou mãe dela e o pai dela é o irmão.
– Deve ser bem confuso, né?
– Não... até que não. E por quê você abortou, se já tinha outros filhos?
– São as condições, moça. O mais velho foi fruto do meu 1º casamento, o pai faleceu quando ele tinha 8 meses. Depois, eu fui morar com um cara, mas ele era envolvido com coisas erradas, e foi preso, e nisso eu descobri que estava grávida. Esse bebê era filho de um amigo desse cara, e ele jamais iria poder saber que eu engravidei enquanto ele esteve preso. - Marli olhava assustada para a mulher. Naquele momento ela se sentia muito mais superior que a outra, pois andava com suas coisas certas, e não precisava fazer coisas escondida, porque sabia que o destino sempre conspirava. E nesse enredo ela lembrou do filho e das coisas que ele fazia. Pensou se ele podia estar com alguma doença, ou alguma dívida que pudesse tirar a vida dela. Queria poder abraçá-lo e dizer que estava tudo bem, pois ela estava ali. Talvez, quando saísse dali fosse procurar por ele.

Aline havia acabado de chegar do mercado, e colocou as coisas em cima da mesa. Da sala de jantar dava para ver Cleusa fazendo o almoço. Denise havia telefonado para a casa e dito para antiga empregada que ela não iria almoçar em casa, mas Aline não sabia. Cleusa, aproveitou a deixa para por seu plano em prática.
– Aline? Já chegou? - Perguntou Cleusa, ainda entretida na panela.
– Cheguei. Você quer ajuda? - Perguntou Aline, indo até a mulher na cozinha.
– Não... - E Cleusa continuou de costas para a garota. Então, Aline caminhou até a geladeira e pegou uma garrafa de água, pois estava com sede. Quando abriu a porta para colocar a garrafa na geladeira, ouviu Cleusa chamando por ela.
– Aline?
– Oi? - A ação durou um milésimo de segundo, mas as consequências seriam eternas. Aline sentiu toda a quentura em seu rosto, ombro e braço. Cleusa havia jogado uma panela inteira com água quente no rosto da menina, que apenas berrou de dor, procurando por alguma coisa gelada para passar na face. Cleusa, por sua vez, desligou o fogão, e começou a colocar as compras em seus devidos lugares. Ela, não pensou nenhum minuto sequer que aquela atitude poderia a fazer o emprego, mas agiu com toda a irritação que sentia pela menina. Aline chorava descontroladamente, aquilo estava doendo muito.
– Ora, cale a boca - Falou Cleusa. - Aline sabia que não devia entrar na casa daquela maneira, mas foi até o banheiro de Denise, e abriu o chuveiro frio, despejando toda a água em seu rosto queimado. Ela se atreveu a se olhar no espelho, e viu aquele rosto moreno vermelho, mas muito vermelho. Ela chorava de dor, de tristeza por ter sido bombardeada daquela maneira. Era a 3º vez que sofria agressão de alguém sem nenhuma razão. Mas vingança é um prato que se come frio, e Cleusa iria ter o que merecia.


Isaac estava sentado na mesma estação de metrô que combinou com Inácio. Lia uma cartilha sobre HIV que havia recebido de um ativista na porta do metrô. ''Agora é tarde'', pensou ele. Parecia que tinham pegado a vida dela, e mostrado o oposto de como agir. Ele rasgou a cartilha e jogou no lixo, quando viu Inácio descendo as escadas indo até ele.
– Trouxe as armas? - Falou Inácio.
– Sim... uma faca e um revólver nessa mochila aqui. - Isaac sacodiu as costas para mostrar a mochila.
– E que horas agimos?
– Que horas você combinou com o Patrick? - Inácio bateu forte com a palma da mão na testa. - Eu não fui até lá.
– Puta que pariu!
– Calma! - Falou Inácio - Eu vou passar lá agora.
– Em cima da hora?
– É. Fica aí, que eu já volto. - Inácio entrou no primeiro metrô que passou e foi em direção ao morro onde morava Patrick. Ele queria impressionar Isaac, então tinha que fazer as coisas direito.


Fábio NECESSITAVA de um cigarro urgentemente. Ele observou que Carolina estava quase dormindo, e aproveitou a deixa para sair de fininho.
Quando ele ia abrir a porta da cozinha, ouviu a voz manhosa da menina.
– Onde está indo? - Perguntou Carolina, encostada no batente da cozinha. Fábio respirou fundo.
– Para a minha casa. Eu vou fazer umas coisas e como eu te prometi, eu vou voltar às 10.
– Me deixa ir com você. Eu não quero ficar sozinha...
– Não posso, Carol. Eu preciso ir, eu vou voltar, tá? Eu prometo.
– Tem certeza? - Falou Carolina com os olhos cheios de água.
– Tenho. Se comporte e não abra a porta. Se o telefone tocar, e não for eu quem estiver ligando, ou a nossa mãe, desligue.
– Tá. - Ele foi até a menina e beijou o topo da cabeça dela - Eu te amo. - E saiu, deixando a menina sozinha.
Fábio caminhou tranquilamente pelas ruas do bairro, indo até um ponto de ônibus para ir para sua casa. Ele desejava mais do que tudo fumar. Iria fumar dois maços, se pudesse. Ele adorava ficar com a filha, mas tinha sua vida fora da casa da mãe, e enquanto as coisas não estivessem resolvidas, ele não iria se deixar aproveitar o momento mais precioso de sua vida.
O rapaz entrou no ônibus, pagou a passagem e sentou no banco da frente. Havia uma moça loira natural sentada ao lado dele. Ele notou que a mulher estava dando mole para ele, pois puxava assunto, e enclinava as costas para que ele pudesse ver os seios dela. Se ela soubesse que ele preferia algo que ela nunca iria ter...
Então ele desceu, e caminhou durante 10 minutos até sua casa. Mas, quando ia entrar no ''prédio'' onde morava, lembrou de comprar seus preciosos cigarros, então caminhou até o bar mais próximo para fumar e beber alguma coisa.

Inácio havia chegado até a comunidade onde morava Patrick, e encontrou o homem em sua casa, lendo jornal.
– Olá. - Falou Inácio, se borrando de medo do homem, que nem se quer esboçava cara ou reação de mau. Se ele não soubesse quem era, jamais desconfiaria que ele era mau, ou um traficante.
– Pois não? - Respondeu Patrick, cujo a porta de sua casa estava aberta, e o rapaz podia ter uma visão plena de sua sala.
– Eu vim comprar... coca... - Falou Inácio, cautelosíssimo.
– Como conseguiu me encontrar? - Perguntou Patrick.
– Através do Fábio... Eu compro drogas com ele, mas ele não estava afim de me vender, e mandou que eu viesse até você.
– Ah sim... Ele disse isso?
– Disse!
– Hm... - Patrick dobrou o jornal que lia, e o colocou sobre o sofá, ficando em pé. - Entre, e feche a porta. Inácio entrou, e acatou o pedido do homem.
Patrick abriu as gavetas de um armário que ficava perto da cozinha, e tirou um saquinho com pó branco e entregou para o garoto.
– É 20.
– O Fábio me vendia por 5.
– Tá brincando, né?
– Não... - Patrick bufou. Percebeu o motivo de estar tendo fechamento vermelho do caixa. - Eu não sou o Fábio.
– Ele me disse que estava querendo que você vá lá, pois ele conseguiu uma hora com um tal de Isaac. - Patrick, que arrumava as notas em outra gaveta, virou de frente para o garoto.
– Ele disse a hora?
– Disse. Às 8 horas.
– Hm... daqui à 1 hora e meia?
– Sim. Eu vou indo. - O garoto entregou a nota de 20 para Patrick e caminhou até a porta. O dono da casa fechou a porta da sala com força, e Inácio caminhou em passos rápidos até o metrô. Tinha pouquíssimo tempo.


Patrick avisou para Juk que era para ele chegar ao apartamento de Fábio às 9 horas da noite. Pegou sua arma favorita, e a colocou no bolso da calça. Depois, saiu de casa e desceu o morro indo até o seu kadett que estava estacionado na entrada do morro.
Era uma felicidade muito grande saber que poderia estraçalhar o rapaz que feriu um de seus melhores ''funcionários''. Mas ele não sabia dos detalhes envolvidos por trás dessa atração repentina até a casa de Fábio.


Isaac e Inácio chegaram até o apartamento de Fábio às 7 e 40, 20 minutos antes do combinado. Inácio já sabia a tecnica para arrombar aquela porta, e arrombou sem dó. Entrou no apartamento vazio, o que era sorte, pois iria deixar uma surpresa para Fábio, assim quando ele chegasse, isto é, se fosse tudo conforme o planejado.
Inácio foi apagou todas as luzes e se escondeu na cozinha. Isaac sentou em uma poltrona que ele arrastou até a direção da porta, para ficar frente a frente com Patrick. Havia um revólver em sua mão direita, e a esquerda estava posicionada estratégicamente, acaso houve algum imprevisto.
O relógio digital barato de Isaac dizia que eram 7 e 55, faltavam 5 minutos para um homicídio acontecer. Inácio sentia vontade de levantar e ir embora dali, mas não iria desapontar ao amigo. Aline ficou de fora, pois Isaac queria preservar a vida da irmã.
Patrick estacionou o carro na esquina da casa de Fábio, e foi caminhando tranquilamente, até o local combinado. Subiu as escadas e se posicionou em frente à porta de Fábio. Deu duas batidas e ouviu uma voz que não era a de Fábio, falando : Entre, está aberta. E Patrick abriu.


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