––– Saky, tem certeza de que quer mesmo fazer isso? ––– a loira a olhava com as sobrancelhas para baixo, sua fala era cuidadosa e ela ficava pensando se amiga estava ou não fazendo o que era certo.

A rosada que já sorria, ao dar uma última olhada no espelho abriu ainda mais o sorriso. Se observava com olhar orgulhoso enquanto fazia poses sensuais.

––– Ino, esse plano é perfeito e eu tenho mais do que certeza que quero fazer isso! ––– dizia sem desviar atenção de seu próprio reflexo.

A loira suspirou fundo e se levantou da cama de Sakura. Ela sabia que aquela festinha de pijama entre ela e a rosada não era só para assistir séries e filmes enquanto comiam pipoca amanteigada, até mesmo para fazer guerrinhas de travesseiros ou pintarem as unhas uma das outras. Tinha um motivo muito maior por trás que a loira ainda não acreditava que a amiga iria levar mesmo a sério.

Até mesmo a Yamanaka que tinha uma certa loucura, morria de vergonha alheia ao pensar no que Sakura iria fazer. Apoiava a amiga em tudo, mas aquele ponto era forçado.

––– Me passa o batom Ino, que horas são? ––– ela perguntava enquanto ajeitava o cabelo.

A loira andou calmamente até a bolsa e retirou dela um batom de cor escarlate. O batom era dela, ela usava quando ia para alguma festa ou evento, mas sua amiga adorava a cor e sempre pedia emprestado. O alcançou para a rosada hesitante e depois olhou no seu celular as horas.

––– Agora são 1 hora e 57 minutos da manhã... Saky, ainda tem tempo de desistir ––– a Yamanaka tentava pela última vez fazer a rosada recuar.

Sakura contornou perfeitamente seus lábios com o batom emprestado e fez um biquinho para o espelho. Perfeita. Finalmente desviou o olhar do reflexo e se virou para a melhor amiga.

––– Você está louca? Morrer na praia não é uma opção! ––– ela falava percebendo que a ficha começava a cair, estava quase na hora... Ela conseguiria? Ou morreria de vergonha antes? ––– como estou?

Ela deu uma volta lenta, enquanto sentia suas pernas começarem a tremer involuntariamente.

Sua *lingerie vermelha era uma camisolinha aberta na frente abaixo dos seios, usava uma calcinha vermelha simples para complementar. Um laço grande e charmoso com corações pequenos pretos era usado para dar um toque final de sensualidade. Seu cabelo curto de tom rosado estava armado e a maquiagem leve, exceto pelo batom era penetrante. O rímel e o lápis deixavam seus olhos verdes esmeralda chamativos.

A loira forçou um sorriso amigável, não tinha mais jeito de impedi-la de fazer isso. Ela estava tão desesperada que provavelmente nem percebera o ponto que chegara.

––– Você está... Provocante, mas Saky, ninguém dorme desse jeito principalmente maquiada... –––a loira falava apoiando o queixo na mão esquerda, seu braço direito estava segurando o cotovelo esquerdo.

A rosada parou para pensar. Realmente. Mas já era tarde demais para voltar atrás, ela precisava agir. Senão nunca iria conseguir o que queria.

––– Ino, ele nem vai chegar a pensar nisso... Agora vamos! ––– ela falou balançando as mãos para se acalmar.

As duas respiraram fundo e saíram do quarto da rosada, o plano havia começado. Sakura parou do lado da escada que ficava de frente para o seu quarto e chamou Ino com a mão. A loira se aproximou silenciosamente com a face visivelmente preocupada. Sakura observou os degraus de madeira até o chão da sala de estar, logo virou a atenção para a amiga novamente que estava se segurando no guarda corpo de vidro, mais ao lado da rosada.

––– Ino, eu vou ir até a cozinha e quando você ouvir o barulho de alguma coisa quebrando você chama o Itachi e fala que eu me machuquei, tudo bem? Ele vai chegar lá e me encontrar apavorada com medo dos cacos de vidro toda sensual e vai perceber como sou bonita––– ela repetia sussurrando o plano para a loira que acenava positivamente com a cabeça.

––– Tudo bem... É a penúltima porta do corredor, né? ––– ela perguntava para confirmar.

Só faltava errar a porta e acordar o Uchiha errado.

––– Sim, não a última e sim a penúltima... Estou indo! ––– ela começava a descer as escadas rapidamente, mas fora impedida por Ino que segurava o seu braço.

––– Boa sorte ––– ela desejava a amiga.

A rosada sorriu tranquila:

––– Obrigada, vou precisar... ––– ela falou e logo a loira soltou seu braço.

A rosada correu até a sala quase tropeçando na escada. Observou o ambiente por algum tempo, a modernidade era bem presente ali, a decoração minimalista dava um charme impotente para a sala de estar. Logo seguiu para a sala de jantar com cores predominantes pretas e brancas. Passou pelo espaço entre o pilar e o balcão silenciosamente e adentrou a **cozinha. Observou tentando raciocinar e lembrar do que tinha que fazer.

Estava entrando em pânico.

Respirou e tentou relaxar. Depois de alguns segundos percorreu o piso de mármore passando pelos armários. Ela não sabia direito como era a separação das comidas na cozinha, afinal a empregada que preparava tudo e ela quase não precisa ir para lá.

Escolheu um armário qualquer perto do fogão, ao abri-lo viu pacotes de massa e molhos. Praguejou, não era ali. Ela precisava encontrar algo que quebrasse e fizesse muita sujeira. Pelo menos se tivesse pensado nisso antes, poderia ter pesquisado de tarde na cozinha, ou pedido para a empregada fazer uma comida em uma vasilha de vidro.

Ela respirou profundamente ao perceber que não adiantava ficar se martirizando porque não teve a ideia antes, não adiantava chorar por algo que já havia passado. Expirou e constatou que na geladeira deveria ter alguma coisa que quebrasse.

Claro, o suco!

Fechou o armário e ia andando silenciosamente até uma das duas geladeiras de cor prateada. Antes que encerrasse a distância de dois metros ouviu um barulho na escada e se desesperou completamente. “Era para chamar ele só quando eu desse sinal! Essa Ino...”. Ela percorreu os olhos ao redor procurando algum lugar onde pudesse se esconder, não conseguia nem raciocinar direito, o pavor era tanto e ela podia sentir o tremor desde os dedinhos do pé até os fios de cabelo.

Suspirou e correu confusa pela cozinha. Enquanto observava, avistou o bar que ficava na cozinha americana. A parte de baixo dele ficava contrária a porta, isso significava que se alguém fosse ir para a cozinha atacar a geladeira de madrugada, não a veria se não fosse em direção do bar. Ela sorriu por dentro e correu em direção do esconderijo, enquanto corria distraidamente e rapidamente esbarrou em um vaso de vidro que caiu e se quebrou no chão, a água com as flores margaridas se espalharam pelo chão da cozinha.

Ela desesperada e paralisada ouviu os passos mais rápidos em direção da cozinha, acordou do transe e correu até a parte mais escondida do bar e se espremeu debaixo dele.

––– Quem está aí?! –– Podia ouvir uma voz quase como um grito percorrer a cozinha.

Ela congelou. Não era a voz de Itachi.

~*~

A loira não sabia o que fazer, vira Sasuke descendo em direção da cozinha há poucos minutos. Sorte que se escondera. Mas, se acalmou ao ouvir o barulho de vidro se chocando no chão, isso era um sinal de que tudo tinha ficado bem e ela devia prosseguir com o plano.

Pelo menos era o que achava.

Ela hesitou e pensou se talvez, a rosada acabara derrubando o vidro sem querer e afins. Mas entre um e outro, era melhor chamar Itachi, senão se fosse mesmo parte do plano, após a rosada ficaria uma fera coma a amiga depois de Ino não ter chamado o moreno.

Ela correu até a penúltima porta e respirou. Tentou forçar a respiração e parecer ofegante, arregalou os olhos e levantou as sobrancelhas. Bateu na porta três vezes bruscamente. Não ouviu resposta, bateu mais três e se deparou com um Uchiha sonolento e sério.

––– O que foi agora? ––– ele perguntou esfregando a mão nos olhos.

––– A-a Sakura... Ela... Ela se machucou! ––– Ino falava fingindo estar ofegante enquanto apontava em direção da escada.

O moreno a encarou e logo depois, correu em direção escada a baixo.

––– Onde ela está? Foi grave? Precisa ir no hospital?! Ai meu Deus! Justo hoje que tem prova? ––– ele perguntava contido enquanto andava rápido na frente da Yamanaka percorrendo todo lugar com o olhar.

Ino se apressava para acompanhar seus passos, mas ele era muito rápido mesmo não correndo.

––– Ela está na cozinha, não sei, acho que não, você tem prova hoje? ––– ela perguntava enquanto corria atrás do moreno.

Eles chegaram no local e deram de cara com o vaso partido em pequenos cacos de vidro no chão. As duas flores de margarida estavam desajeitadas e espalhadas no chão. Uma pequena poça de água se formava no chão. Eles olharam ao redor da cozinha e encontraram Sasuke segurando em faca de cortar carne em frente ao fogão.

Não encontraram Sakura.

Ino e Itachi confusos encararam Sasuke que estava com uma face tensa enquanto segurava a faca fortemente na mão.

––– Sasuke? ––– Itachi perguntou confuso.

––– Itachi? Você também ouviu? ––– o mais novo perguntou cauteloso.

––– Ouvir o que? Cadê a Sakura?

––– Que Sakura? Deve estar dormindo no quarto.

––– Não, ela está aqui...

––– Então foi ela?

––– Ela o que?

––– CHEGA! ––– A rosada apareceu detrás do bar e gritou raivosa, não aguentava mais aquela discussão.

Os dois garotas a observaram pasmos pela sua vestimenta. A loira bateu com a mão na testa enquanto percebia a confusão que aquela situação tinha criado. Antes que falassem qualquer coisa, ouviram mais pessoas atrás deles e deram de cara com Fugaku e Mikoto chegando assustados, Fugaku carregava um vaso de porcelana com desenhos africanos e a mulher chegava atrás dele escondida com medo visível em sua face.