Caro leitor, eu ando sem inspiração nenhuma, tanto que fazem alguns dias que não escrevo no caderno. A alegria parece ter ido embora, sem deixar nenhum resquício para trás, novamente, eu me sentia a sobra. Pela primeira vez em dias, eu sentia sono, mas as lágrimas que insistiam em cair levavam o sono para longe, e parecia ser mais uma noite que eu ficaria acordada chorando, numa levantada rápida para secar os olhos, percebi a magia que o choro fazia em minha íris, que era sempre negra, mas que agora estava esverdeada.

Outra vez, eu me sentia péssima. Nada mais estava conseguindo me convencer de que eu era alguma coisa. Porque de fato eu era nada. Eu nunca fui nada para ninguém, e não era nada menos que tolice da minha parte tentar mudar isso, no final, sempre vou ser trocada e/ou excluída, vou sempre ficar sobrando.

Eu não sou bela. Não sou inteligente. Não sou interessante. Não sou memorável. Eu sou nada, e precisava fixar isso na minha mente.

Oh, céus! Por que estou chorando novamente? Como me tornei tão infeliz em tão pouco tempo? Por que não podia ser simplesmente normal? Essas perguntas rodeavam minha mente agora, sempre voltando. Eu sou tão fraca, de onde veio tanta fraqueza?

Eu me sentia tão pequena, tão impotente; se é isso que chamam de vida, então não quero vive-la. Era necessário somente alguns segundos sozinha com meus pensamentos para cair em lágrimas. Estava entrando em colapso, e pressentia sua chegada. Cada novo dia, cada nova mágoa, cada novo pesar. Tudo podia simplesmente acabar, e eu estaria feliz, o vazio parecia a coisa mais parecia com felicidade que eu era capaz de sentir.

Que complexidade, não era possível, simplesmente não era. Eu só queria um momento de paz, um descanso, onde nada pudesse me perturbar, não, eu não desejava a morte, mas talvez algo parecido, não sei... Tudo parecia simplesmente complicado. Era algo que, provavelmente, eu nunca entenderia, e, honestamente, não estava disposta a entender. Acredito que continuarei a molhar folhas com minhas lágrimas, e que ainda me matarei por dentro por muito tempo, mas acredito que talvez algum dia essa dor passe, e eu não vá mais sentir nem lembrar dela, espero que esse dia chegue logo, mas já aceitei a possibilidade de nunca chegar a acontecer, também.