POV Barry

Tenho que salvar a cidade. O mundo. Meus amigos e família. Tudo depende de mim agora.

Corro em direção aquele buraco negro. Tenho que conseguir fecha-lo.

É agora. Fecho meus olhos e corro mais rápido do que nunca.

De repente não escuto mais nada. Nem vento e nem gritos desesperados. Sinto que estou caindo. Continuo de olho fechado, se eu vou morrer é melhor assim, mas o impacto no chão não é tão forte como imaginei.

Finalmente abro meus olhos. Estou caído em um gramado em frente de uma casa. Olho em volta e a vizinhança está calma, tem casas parecidas umas com as outras, parece um bom lugar para alguém morar.

Olho para o céu e não havia nada, nem mesmo uma nuvem. Eu consegui? Salvei a cidade! Mas estudo tão calmo...

Será que haviam fugido dali com medo?

Chego na porta de entrada da casa em que eu “aterrissei”, e bato na porta.

Nada. Giro a maçaneta e a porta se abre.

–Oi? –chamo com cuidado- Tem alguém aqui?

Ninguém responde, então eu entro, está tudo bem arrumado. Ando mais um pouco pela sala e escuto a porta se abrindo. Me viro e vejo uma Caitlin, cheia de sacolas de supermercado.

–Barry?! Chegou cedo hoje! –ela perecia feliz- Uma ajudinha? –diz se referindo as compras.

O que está acontecendo?

–Claro... –pego tudo da mão dela e em segundos já estão na cozinha.

–Por que, ainda está vestido como Flash? –ela pergunta assim que eu volto.

–Eu acabei de salvar a cidade... –digo.

–Deve um dia cheio hoje? –Caitin fala, se aproxima muito de mim e tira minha mascara sorrindo.

–É eu... –tento entender algo mas ela me corta.

–Não precisa me contar agora, você parece cansado... –diz gentilmente- Suba e vai tomar um banho e descansar eu te chamo quando o jantar estiver pronto...

–Não estou cansado! –respondo. Estou confuso!

–Okay, então troca de roupa e me ajuda a fazer comida, Joe e Cisco vão vir jantar aqui hoje! O que você acha de lasanha?

–Pode ser...

Por que ela está agindo como se nada tivesse acontecido?

–Ótimo! –ela sorri, se aproxima mais e... Me dá um beijo?! Um beijo rápido, mas ainda assim foi um beijo! – Está tudo bem?

–Eu vou... Me trocar...

–Tá bom, te espero na cozinha!

Subo usando minha super-velocidade.

O que está havendo? Por que Caitlin me beijou? Não que eu não tenha gostado, mas somos amigos e ela está casada agora! Em falar nisso... Cadê o Ronnie, e cadê todo mundo?

Olho em volta e estou em um quarto de casal. Encima do criado mudo tem um porta-retratos, com uma foto minha abraçando Caitlin por trás. Não me lembro de ter tirado essa foto!

–Barry? –ela chama- Tudo bem aí em cima, amor?

Amor? Ok, definitivamente isso não acontece no meu mundo! Meu mundo... É isso! Eu não estou no meu universo! Corri tão rápido para fechar o buraco negro, que acabei indo parar em um universo alternativo, onde aparentemente, Caitlin e eu estamos juntos...

–Eu já estou indo... –aviso, me troco rapidamente e chego até ela- Cait, precisamos conversar...

Desligo o fogão, e a guio até o sofá. Nos sentamos e ela me olha confusa.

–O que foi, amor? –a doutora diz e pega na minha mão.

–Esse é o problema... –falo devagar, não quero magoa-la- Eu não sou seu amor... –quando digo isso ela solta minha mão- Não sou o Barry...

Seus olhos começam a lagrimejar. Tarde demais.

–Está... Está terminando comigo?! –uma lágrima escorre e meu coração se parte ao meio.

–Não! –digo rapidamente, limpo sua bochecha molhada e aproveito para acariciar seu rosto.

–Então eu não estou entendendo...

–É muito confuso... Vai parecer uma loucura... Mas é verdade!

–Só fala logo!

Respiro fundo e começo a contar tudo pra ela. Tudo o que descobrimos sobre Dr. Wells, minha volta ao passado, seu casamento com o Ronnie, e como eu cheguei aqui.

–... isso soa meio impossível, mas eu nunca inventaria uma coisa tão louca! –pego na mão dela de novo.

–Eu acredito. –ela responde e eu me surpreendo.

–Sério?

–Impossível é só mais um dia para nós! –Cait diz e eu sorrio- Como você vai voltar?

–Eu ainda não sei, mas com certeza Cisco vai pensar em alguma coisa... –respondo.

–Sabe o que é engraçado? Eu não consigo imaginar um universo onde não estamos juntos... –ela aperta mais minha mão.

–As coisas são diferentes... Somos muito amigos, mas existem outras pessoas... –falo com cuidado.

–Está falando da Iris? –ela ergue a sobrancelha e eu assinto.

–Como “nós” aconteceu? Quer dizer, eu era apaixonado pela Iris?

–Você sempre foi apaixonado por ela Barry, mas 2 anos atrás, fomos em um Karaokê... –Cait sorri com a lembrança e eu a acompanho.

–E cantamos Summer Nights?!

–Como sabe? –diz surpresa.

–Nem tudo é diferente! –rio e ela também.

–Bom, eu fiquei meio bêbada aquele dia, aí você levou para casa, e eu não me lembro do resto... No dia seguinte, você disse que havia se divertido muito e me convidou para sair de novo... No começo foi meio estranho, mas aí, alguns dias depois você me beijou e disse que valia a pena tentar, e foi isso, estamos juntos até hoje... –ela termina de contar ainda com um sorriso no rosto.

–Essa noite, aconteceu no meu universo também –sorrio- eu te levei para casa, e você pediu para eu te ajudar a tirar o vestido e colocar o pijama! –Caitlin fica vermelha- Eu juro que não vi nada! –tá, eu dei uma espiadinha, mas isso não vem ao caso– Você me pediu também para eu ficar até você pegar no sono!

–Obrigada! –ela sorri- Mas por que no dia seguinte você não me chamou para sair?

–Eu não sei... Nunca pensei sobre isso... –sou sincero.

–Agora você chamaria?

–Sim, eu chamaria sim! –respondo- Mas o que aconteceu com o Ronnie e a Iris?

–O Ronnie voltou, mas quando nos viu juntos, disse que só queria me ver feliz, porem foi em bora e não voltou mais depois. E a Iris, está viajando com o Eddie, eles estão muito bem juntos, marcaram até o casamento, e você vai ser o padrinho! –ela termina de falar e eu rio sobre o casamento.

–Ela sabe sobre o Flash? –pergunto e ela assente.

–Ficou brava no começo mas depois entendeu...

–Me fala mais sobre nós! –peço surpreso comigo mesmo por estar tão interessado em nossa vida juntos.

Ela sorri e fala sobre nosso primeiro encontro, nossas brigas, como eu sou teimoso, nossos lugares favoritos, momentos divertidos e até planos para o futuro.

Caitlin me mostra algumas fotos nossas juntas em seu celular. Eu pareço tão feliz e apaixonado.

–Somos muito felizes... –digo olhando uma foto (nós dois fazendo caretas engraçadas) no aparelho em suas mãos

–Sim, nós somos... –ela vira para mim. Nossos rotos estão muito próximos.

Olho para os seus lábios e sinto uma vontade estranha de beija-los. Eu me aproximo mais, meio que pedindo permissão, e ela responde se aproximando mais também. Isso é o suficiente. Eu a beijo e meu coração dispara.

Começou delicado, mas logo um calor sobe pelo meu corpo pedindo por mais, então aprofundo o beijo. Ela parece sentir a mesma coisa pois retribui com mais intensidade. Tento traze-la para mais perto, mas a campainha nos interrompe.

Nos separamos ofegantes. Isso foi... Meu Deus!

Meu coração ainda está celerado. E aquela sensação, já tão conhecida por mim, de borboletas no estomago voltam a aparecer –nunca pensei que outra pessoa além de Iris ia me fazer sentir isso-, mas dessa vez, duas vezes mais forte.

A campainha soa outra vez. E Caitlin se levanta para abrir a porta.

–Oi –ela diz. Ainda estou estático no sofá, mas consigo reconhecer a voz de Cisco e Joe.

–Atrapalhamos algo? –Cisco pergunta aposto que sorrindo.

–Não! –Cait parece sem graça.

Os três finalmente chegam na sala.

–Hey, cara! –meu amigo me cumprimenta com um toque, seguido por Joe que apenas fala um “Oi”.

Sorrio e eles se sentam em um sofá oposto ao que eu estou.

–Então... O que teremos para o jantar? –meu pai adotivo pergunta e Caitlin arregala os olhos.

–Hm... Pizza? –ela sugere.

–Achei que iria cozinhar para gente... –diz Cisco.

–Houve um imprevisto... –ela responde e olha para mim.

–Sei... –um sorriso malicioso surge nos lábios deles e Cait fica vermelha- Mas não precisamos saber os detalhes...

–Não tem nada a ver com isso Cisco!

Pedimos a pizza, e começo a contar tudo que aconteceu para os dois. Quando termino, Joe está me olhando como se eu fosse louco e Cisco está parecendo uma criança que acabou de entrar na loja de doce.

–Cara, isso é incrível! –meu amigo exclama- Quero dizer é meio perigoso e bizarro, mas é incrível!

–Não! Não é não! –digo- Você tem que me ajudar a voltar!

–Tá, eu vou pensar em alguma coisa!

–Isso é muita informação para mim! –Joe finalmente diz algo.

–Tudo bem... É melhor vocês dois irem para casa descansar e pensar em alguma coisa! –Caitlin fala gentil como sempre.

–Ela tem razão... –concordo.

Logo em seguida os dois se despedem e eu e Cait ficamos sozinhos novamente.

–Então... Será que eu posso tomar um banho? –pergunto.

–Ah, claro! –ela sorri- Esqueceu que a casa é sua?

–Verdade! –rio.

–Pode subir, vou pegar uma toalha para você!

Eu subo e ela me entrega a toalha e depois entro no banho.

{...}

Eu não sei como aconteceu, mas em um minuto estávamos deitados na cama de casal assistindo filme, e agora estamos trocando caricias e beijos.

Tá, eu me aproximei e beijei ela no meio do filme, aí ela respondeu e não paramos. Eu deveria parar, não é certo ficar tirando proveito da situação, mas quando eu a beijo, quase me esqueço que essa não minha vida de verdade.

–Você tem mesmo que voltar? –Cait pergunta acariciando meu rosto. Esse era meu medo, não podemos nos apegar um ao outro.

–Tenho... –surro e lhe dou outro beijo.

–Por que? –ela pergunta quando nos separamos.

–Porque meus amigos e minha família estão me esperando...

–Mas lá não estamos juntos... Aqui sim! E seus amigos estão aqui também!

–É complicado... Podemos não estar juntos lá como um casal, mas eu preciso voltar para minha amiga Cait... Eu sinto falta dela...

–Eu estou bem aqui! –ela se aproxima e me beija.

Então eu percebo a diferença. Essa não é a minha Caitlin. A Caitlin que eu conheço estaria preocupada com as milhares de possibilidades de alguma coisa sair do lugar, estaria me encarando e me dando um sermão por eu não ser responsável o suficiente, estaria andado de um lado para o outro tentando pensar em alguma coisa (adoro assisti-la fazendo isso) e principalmente, estaria colocando meu bem estar em primeiro lugar na sua lista de prioridades (não que eu goste disso, mas é uma coisa que não posso mudar nela). E assa sim é minha Dra. Snow.

–Desculpa... –me afasto e se sento na cama- Eu não posso fazer isso...

–Achei que você gostasse de nós dois... De mim... –ela diz fazendo o mesmo.

–Eu também achei, mas a Cait que eu gosto está lá onde eu moro, provavelmente surtando de preocupação nesse momento... Olha, você acha que é por mim que está apaixonada, mas não é! É pelo seu Barry!

–Eu não estou entendendo, não somos as mesmas pessoas?

–Não. –respondo- As escolhas que fazemos no passado define quem somos hoje! Você está apaixonada pelo cara que te pediu em casamento, ele se parece muito comigo, mas não sou eu! Me desculpa...

–Tudo bem... -Ela sorri-... Acho que entendi.

Retribuo o sorriso e nos deitamos para dormir.

{...}

Cisco havia descoberto um jeito de eu voltar para casa. Estava mais do que pronto para isso.

Dou um abraço no Joe que me fala para tomar cuidado.

Cisco me explica o que fazer e me deseja boa sorte.

Cait me abraça. “Tchau! E vê se me chama para sair!” ela diz e eu respondo que vou, assim que tiver uma oportunidade...

Hora de voltar para casa!

***

Sinto que estou caindo de novo. Dessa vez o impacto no chão é maior. Eu gemo de dor.

–Barry! –escuto aquela voz familiar e cheia de preocupação.

Abro os olhos e sorrio. Minha Cait está ajoelhada ao meu lado segurando no meu ombro.

–Você está bem? –ela fala com desespero.

–Estou! –sorrio ainda mais olhando para o seu rosto que estampava confusão e alivio.

–Você conseguiu! Fechou o buraco! Tem certeza que está tudo bem? –ela diz e tira a minha mascara analisando meu rosto- Foram os 10 min mais preocupantes da minha vida! Nunca mais faça isso! –ela briga comigo.

Rio. Essa é definitivamente minha Caitlin.

(Dez minutos? Eu voltei exatamente para o dia que eu fui embora!)

–Desculpa... –peço. E sua expressão suaviza.

–Nós todos ficamos preocupados... –Joe fala e pela primeira vez minha atenção sai do rosto da Cait e eu olho em volta.

Claro, todos estavam lá, como quando eu saí.

Eu me levanto e estendo minha mão para Caitlin se levantar também.

Olho para meus amigos e nada havia mudado. Ainda estavam assustados por tudo que aconteceu com o Flash reverso, minha volta no tempo e a morte do Eddie.

–Eu estou bem... –repito.

–Vamos entrar antes que alguém te veja! –diz Cisco se referindo ao Flash.

Voltamos para o laboratório e o silêncio permanece. Não sei o que dizer a eles.

–Vou te examinar para ter certeza que está tudo bem... –a doutora Snow se pronuncia, percebendo meu desconforto- E não adianta recusar esse é o meu trabalho! –ela dá um mini sorriso e eu retribuo.

–Eu quero ir para casa! –Iris diz olhando para o pai. Depois tenho que conversar com ela.

–Eu te levo... –Joe concorda e os dois saem pela porta.

–Vamos... –Cait fala e eu a acompanho até a sala onde havia os aparelhos médicos.

–Estou bem, é sério... –digo sentando na maca.

–Eu sei! –ela sorri- Só queria te tirar daquela situação...

–Obrigada... Foi um dia cheio...

Ela assentiu e se aproximou me dando um abraço. As borboletas na boca do meu estomago voltam. Eu enterro a cabeça no seu pescoço quando ela sussurra um “vai ficar tudo bem”.

–Cait? –uma voz quebra nosso momento. Ela se vira e Ronnie entra na sala- Está tudo bem? –ele olha preocupado para mim.

–Está sim! –respondo forçando um sorriso. Porém, não havia como ficar com raiva do Ronnie, ele é um cara legal.

–Podemos ir para casa? –ele se vira para a morena.

–Claro! Você também deve ir para casa descansar....

Ela se vira para mim mais uma vez e me manda um sorriso, antes de dar a mão para o marido e sair.

É, eu voltei para o mundo real, onde aparentemente o “herói”, não consegue salvar a mãe, não fica com a garota e não consegue pegar o vilão (se não fosse pelo Eddie estaríamos todos mortos agora) ... Mas apesar de tudo, uma parte de mim está aliviado por ter conseguido voltar para casa...