Pov. Barry

Abro meus olhos com dificuldade, pisco algumas vezes para me acostumar com a luz do sol. Ainda meio desnorteado sento na cama, assim que me dou conta do ambiente que estou, as memórias de ontem a noite aparecem e um sorriso automático surge nos meus lábios. Olho para o lado e a cama está vazia. Me levando e vou em direção a cozinha.

Só foi vê-la e meu coração já dispara.

Ela está lá, descalça e com seu cabelo preso em um coque bagunçado, de costa concentrada em algo no fogão. Eu nunca vi Cait assim. Tão natural, tão perfeita. Poderia ficar observando-a assim por muito tempo.

–Oh! –diz ao se virar de repente e me ver- Bom dia dorminhoco! –abre um sorriso encantador me fazendo sorrir também.

–Bom dia! –respondo sem graça.

–Fiz panquecas... –fala me mostrando o prato e levando até a pequena mesa redonda, já arrumada com um par de canecas e pratos e uma cafeteira no centro junto com a calda para as panquecas.

Sorrio pra aquilo também. Fazia tempo que não sento e tomo um café da manhã descente. Minha mãe sempre preparava uma mesa parecida com essa, antes de eu ir para escola. É tudo sempre na correria agora.

Me sento e ela acompanha.

–Você quer leite? –pergunta ao se servir com café.

–Não, obrigada. –digo e me sirvo também.

–Por que você está tão quieto?

–Nada... –sorrio pondo a gostosura no meu prato e logo depois a calda- Só é muito legal, sentar e tomar café com panquecas! Faz tempo que não faço isso! –de repente me sinto um completo esquisito por falar isso. Mas ela completa:

–Então somos dois! –sorri- Como estão? –pergunta depois de um tempo.

–Deliciosas! –sou sincero.

O silêncio se instala no ambiente, mas aquele do tipo agradável. Eu não cansava de ficar olhando para ela enquanto comia. Tão linda. Cada traço do seu rosto limpo de maquiagem, sua franja caindo desordenadamente em sua testa, e aqueles lábios perfeitamente desenhados esboçando um sorriso fixo.

Ela deve ter reparado que eu a fitava pois, abaixou o olhar sem graça e se escondeu atrás de sua caneca de café, tomando um gole demorado. Eu não queria deixa-la constrangida, mas não conseguia evitar.

Desde ontem, no momento que eu decidi ficar, algo claramente havia mudado dentro de mim. Não quero parecer desesperado, mas a única coisa que passa pela minha cabeça a gora é como seria incrível se todas minhas manhãs fossem iguais a essa.

O toque do meu celular ecoa pelo lugar, me tirando dos meus pensamentos. Procuro de onde vem o som e meus olhos param no meu smoking jogado no sofá.

Me levando para pegar e Cait começa a tirar a mesa.

O nome do Joe aparece brilhando na tela. Ah não! Esqueci de avisa-lo! Deve estar preocupado!

–Oi! –atendo.

–Onde você está? –fala com seu tom de pai- Eu te liguei milhares de vezes!

–Desculpa por não avisar! –encolho os ombros- Estou na casa da Caitlin...–digo bastante sem graça.

–Caitlin? –ele se surpreende- Nossa Caitlin?

–Ela mesmo... –respondo, sabendo que quando chegar em casa haveria perguntas.

–Você dormiu aí?

–Tipo isso... Mas não é nada do que está pensando! –completo rapidamente.

–Okay... –diz pouco convencido- Vem logo! Está atrasado!

Droga! Esqueci, hoje é segunda! Estava bom demais para ser verdade!

–Já estou a caminho! –falo e desligo.

–Algum problema? –Cait aparece.

–Não, é só que eu esqueci que eu ainda tenho um trabalho na delegacia!

–Ai meu Deus! –ela arregala os olhos- Cisco! Ele deve estar pirando no laboratório!

–Tenho que ir! –falo em relutância.

–Eu sei! –responde compreensiva- Também tenho!

–Ok! Obrigado pelo café! Estava incrível!

–Obrigada por ficar! –sorri e então suas bochechas ganham um tom rosado. Meu coração se derrete- Agora vai, antes que seja demitido!

–É... –dou risada- Te vejo depois!

Digo e saio à contra gosto.

[...]

Pov. Caitlin

Não sei o que há de errado comigo...

Quem eu quero enganar? Barry Allen é o que há de errado comigo! Por que eu fui pedir para ele ficar ontem? Estava cansada, frágil e, diga-se de passagem, encantada com a visão do meu melhor amigo de smoking... Não consegui resistir! E agora os momentos da noite passada, se repetiam sem parar na minha mente.

Olho para Jay, que conversava com Cisco, e percebo que não sinto absolutamente nada por ele. Não estávamos namorando, mas meio que me acostumei com sua presença e fomos nos aproximando... Nada comparado com minha amizade com Barry, claro!

La vem eu colocando o velocista no meio dos meus pensamentos de novo!

–Voltei! –uma rajada de vento me tira dos meus pensamentos. Automaticamente me viro para vê-lo, já era uma mania examina-lo com os olhos de cima a baixo, só para ter certeza que ele estava todo inteiro- Eram só bandidos normais, tirei eles do banco e a polícia fez o resto!

–Que bom! Um dia de folga! –Cisco sorri.

Meus olhos para acima de sua cintura, em uma mancha mais escura. Como médica sei de longe que é sangue. Me levanto da cadeira no mesmo momento indo em sua direção.

–O que é isso? –pergunto preocupada passando a mão pelo tecido grosso.

–Não é nada demais, um dos bandidos estava com um canivete eu não percebi... –ele dá ombros.

–Deixa eu ver! –falo de imediato.

–Estou bem! É sério! –Barry sorri e em um segundo estava do outro lado do córtex usando jeans e uma camisa branca.

–O que eu estou ouvido é que tem sangue no meu traje! –o Latino reclama.

–Barry, vamos para minha sala, quero ver isso! –falo indo em direção ao local.

–Mas eu disse que estou bem!

–E eu disse que quero ver isso!

Chegando ele senta na maca e levanta a camisa, mostrando seu abdômen definido, tento ser profissional o suficiente para não olhar, mas é meio difícil!

–Viu! Eu disse! –fala, e só então levo meus olhos para a pequena cicatriz.

–Eu só precisava ter certeza! –cruzo os braços.

–Como sempre Doutora Snow! –diz com um sorrisinho e (para minha tristeza) abaixando a blusa.

–Só gosto de me certificar que você está bem! –me defendo.

–Eu sei! E amo isso em você!

Dito isso sinto minhas bochechas esquentarem e fico com raiva de mim mesmo por não saber nem disfarçar.

–Você está vermelha! –abre mais o sorriso.

–Não estou não! –nego e rapidamente me viro saindo da sala.

Pov Barry

–Hey Cait! –a chamo antes que saia do laboratório, todos já haviam ido embora.

–Fala! –ela se vira. Como sempre, encantadora, com um vestido roxo e saltos elegantes pretos.

Tentei o dia inteiro não olhar para ela e não se lembra de ontem, quando ela me pediu ajuda para tirar o vestido, mas era automático toda vez que meus olhos automaticamente vagam pelas suas pernas.

–Então... –tento arrumar coragem para perguntar sem desmaiar- Eu só queria saber.... Se você... Assim, se quiser, não precisa se não quiser! Tudo bem pra mim! Mas seria legal sabe? É que...

–Barry! –ela me corta- Por que está nervoso? Vai direto ao ponto!

–Não estou nervoso! –minto.

–Está sim! Sempre fala demais quando fica nervoso! –sorri.

–Okay... –me rendo e respiro fundo- Quer ir sair comigo? –digo tudo de uma vez! Como arrancar o curativo.

–Era por isso que está nervoso? –Cait ri delicadamente, e eu me sinto um idiota- Eu adoraria sair com você! –responde me surpreendendo. Um idiota muito sortudo, talvez.

–Sério!?

–Por que não? Vamos? –estica a mão para mim.

–Agora?! Ah, claro... –não consigo esconder minha felicidade, e entrelaço nossos dedos fazendo meu coração saltar- Mas eu não preparei nada!

–Tenho filmes, o telefone da pizzaria, e um sofá bem grande para nós dois! –sorri.

–Não poderia ter planejado algo melhor!

–Ótimo! –Caitlin se aproxima mais de mim.

–Perfeito! –me aproximo também e finalmente nos beijamos.

Um beijo rápido e simples, mas o suficiente para fazer minha pulsação acelerar e as borboletas nos meus estomago aparecerem.

E tudo bem porque partir de agora, se depender de mim, oportunidade para beija-la é o que não vai faltar.

Talvez seja cedo demais para pensar nisso, mas a única coisa que eu desejo nesse momento é poder ficar ao seu lado para sempre.