Garoto de Papel (Hiato) escrita por Risoto


Capítulo 7
Você me faz sorrir sem motivo


Notas iniciais do capítulo

*JUROSOLENEMENTENÃOFAZERNADADEBOOOOM*

OI GENTE! *foge das pedras*
MIL DESCULPAS!
Ta rolando uns bugs loucos no meu email e no da minha beta, e não sei porque raios o capítulo foi parar na caixa de spam. Só quando eu perguntei que percebemos.
Beeem, para compensar, 1500 palavras! Juro que estou tentando aumentar, juro mesmo.
Mil beijoooos ♥



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Não gosto da casa do meu pai.

Eu não me sinto segura lá. Parece artificial, ás vezes. Como se a estrutura de família perfeita que opta por não ter filhos fosse uma fachada para os poucos dias que eu fico lá. Meu pai e a namorada estão sempre sorrindo, sendo gentis, nunca ficam bravos. Eles não parecem reais.

Tento sempre ficar um pouco com meu pai, só com ele. Conversar, algo assim. Mas ela sempre está lá. Sempre. Nunca fico só com ele.

Sinto sua falta.

Ele começou a namorar com Adriana Cavalcanti dois meses depois da separação. Foi uma facada. Eu ainda nutria esperanças dele ainda amar minha mãe, e que um dia voltariam a ser meu pais, juntos. Odiei ela e todas as suas tentativas de se aproximar de mim. E com o transcorrer dos anos, minhas esperanças foram sumindo e caindo em esquecimento, e só me restou a opção de aceitá-la.

— Oh, Alana, querida! — Adriana exclamou, levantando do sofá e largando uma revista de fofoca na mesinha de centro. — Vamos, vamos, vá se trocar, vamos sair daqui meia hora.

Percebi que ela usava um vestido azul escuro elegante, de alças e esvoaçante. Achei que íamos jantar no McDonald’s. Tinha pegado apenas uma calça jeans preta e uma blusa cinza. Ótimo.

— Eu... Hum... Não peguei uma roupa muito chique, não pensei que iríamos a algum lugar caro.

— Tudo bem, querida, coloque a roupa que trouxe, ou uma que já está no seu armário, se preferir. — ela disse sorrindo, mas eu sabia que ela queria que eu fosse tão linda quanto ela.

Atravessando o corredor até meu quarto, vi meu pai saindo do banho. Só de imaginar que ele fazia isso quando está a sós com Adriana me fez ter ânsia.

— Oi, princesinha! — meu pai exclamou, sorrindo, abrindo os braços. Não me movi, apenas sorri.

— Eu não vou te abraçar, você está só de toalha!

— Pois eu vou te abraçar de qualquer jeito, mocinha! — e correu até mim. Fugi em direção ao meu quarto, rindo e trancando a porta, enquanto ele rugia e dizia que me pegaria. Eu estava me divertindo muito, mas ouvi a voz de Adriana dizer algo como “deixe a menina se trocar, Willian!” e ele parou.

Por favor, pai, volte. Era brincadeira.

Coloquei minhas roupas rapidamente, já sem nem mais sentir a alegria de alguns minutos atrás. Pensei seriamente em usar um chinelo em forma de protesto por não terem me avisado o tipo de roupa que deveria trazer, mas acho que pagaria mico demais. Calcei um par de tênis qualquer e sai, passando os dedos nos meus fios de cabelo, com preguiça de pentear.

— Vamos? — falei num suspiro, observando os trajes chiques dos dois a minha frente. Depois coloquei o dedo num furo da minha blusa. Pois é.

Eles não demonstraram, mas sei que não estavam felizes com minha aparência. Nem ao menos passei um grama de maquiagem, e alguns de meus cravos estavam aparentes, fato que contrastava gritantemente com a pele lisa e perfeita de Adriana.

Assim que o carro saiu da garagem, os pensamentos vieram. Malditos transportes automotivos. Daniel veio direto em minha cabeça, seu sorriso e o sol batendo em seu rosto, a risada sincera e cada parte de seu ser que me fazia suspirar. Aquilo não era justo, por que as coisas não voltavam ao normal?

Queria minha vida de volta.

Nem tive tempo de organizar as ideias, e já estávamos parados na frente de um restaurante que eu nunca havia visto antes. Havia uma parede de vidro com água escorrendo e um aquário com peixes variados. Um segurança na porta e um manobrista me diziam que eu ficaria completamente deslocada. Acompanhei meu pai e Adriana até a porta, e conforme fomos avançando, o aquário era substituído por uma pequena lagoa. A iluminação era baixa e casais em mesas de dois estavam por todo o lugar.

Meu pai foi direto em direção ao fundo do local, perto das janelas e do jardim. Procuramos um lugar vago, e percebi que aquela era a parte das famílias. Sentamos numa pequena mesa, e logo o garçom veio nos atender. Sentei-me de costas para a parede, já que não havia ninguém atrás de nós, e talvez assim eu conseguisse disfarçar minha roupa.

Os pratos nem haviam chegado quando senti um cutucão em meu ombro. Virei-me e me deparei com um par de olhos castanhos e pele no meio termo entre negro e branco. Sorriso amplo, cabelo encaracolado. Aquele era Arthur, meu colega de classe.

Já “namoramos” uma vez. Ele tinha uma queda (lê-se uma queda de penhasco) por mim no nono ano. Eu estava na minha fase de superação depois da minha primeira decepção amorosa com o Garoto do Terceiro Ano, e ele se aproximou justo nesse momento. Beijamos-nos (meu primeiro beijo), mas logo depois terminei o que nem tinha começado. Não estava preparada.

— Você por aqui! Não sabia que viria! — ele exclamou contente. Tentei pegar um pouco daquela animação emprestada, para não parecer que eu estava morta.

— Arthur! Nem eu sabia que viria, para falar a verdade. Olha as roupas que estou usando. — afastei-me da mesa e abri os braços. Ele analisou a blusa e sorriu.

— Você está linda.

Ei. Calma lá.

Corei um pouco, e sentia o olhar de meu pai e Adriana em nós. Virei-me para encarar os dois.

— Esse é Arthur, um colega de classe — apontei para ele, que também estava corado —, Arthur, este é meu pai, Willian, e a minha madrasta, Adriana.

— Olá, muito prazer. — ele estendeu o braço para apertar a mão dos dois, que o fizeram. Eles sorriam, então fiquei mais tranquila.

Após a cena constrangedora, Arthur se dirigiu a sua mesa, e acenei para seus pais, que também sorriam para nós.

— Se quiser, pode chamar seu amigo para jantar conosco. — meu pai ofereceu.

— Passo. — respondi simplesmente, sem vontade de falar. Estava cansada, e o culpado estava do outro lado da cidade.

Passei o jantar inteiro com um olhar distante, pensando, totalmente desconfortável. Eu não queria estar ali, não era meu lugar. Eu devia estar com minha mãe, ajudando-a com as provas da faculdade e vendo um filme na FOX. Eu não me sentiria como estou me sentindo agora, como se não fosse bem-vinda. Talvez Mel estivesse lá em casa, pronta para fazermos uma maratona de Harry Potter pela milionésima vez.

Chegando à casa de meu pai, fui direto para minha cama. Ouvi ele me chamar, mas ignorei, coloquei meu pijama e deitei.

Não aguento ficar aqui.

*

Ao que parece, meu pai também não aguenta que eu fique lá.

Eu deveria voltar para casa só segunda à tarde, porque meu pai me levaria para a escola. Mas cá estou eu, entrando em meu prédio com minha mala nas costas. Pedi para voltar mais cedo, e ele me atendeu sem nem pestanejar.

Atravessei o pátio devagar, para aproveitar o céu noturno. Gosto de sentir essa brisa bater em meu rosto. Deixa-me calma e tranquila.

Vi um pequeno feixe de luz no jardim. Com meus olhos acostumados a luz, percebi que quem estava lá era Daniel. Estava lendo. Respirei fundo, tomando uma decisão. Andei até ele, tropeçando algumas vezes, nervosa.

— Oi.

Ele olhou para mim e sorriu (um sorriso lindo, diga-se de passagem). Bateu a mão no banco, indicando para que eu me sentasse ao seu lado.

— Oi. O que faz por aqui? Não devia estar na casa do seu pai? — o olhei confusa, enquanto me sentava.

— Como sabe?

— Vi você saindo e perguntei para sua amiga Melissa aonde iria.

Não respondi. Eu não tinha o que falar. Por que vim me sentar aqui? Totalmente idiota de minha parte. Com certeza vou soltar alguma besteira e acabar com qualquer imagem boa que esse garoto tenha de mim.

— O que você está lendo? — acabei por perguntar.

— Ah, “Os 13 porquês”. Muito bom. — olhei para o livro, mordendo os lábios. Queria muito lê-lo. Ele percebeu minha expressão e sorriu.

— Quer emprestado? — ofereceu. Eu queria. Queria muito. Mas isso significaria ter que devolver. Eu teria que bater em sua porta, conversar com ele, olhar para ele, essas regras sociais. Balancei a cabeça.

— Não, obrigada. Você nem terminou ainda. — dei o assunto por terminado. Ele fechou o livro, virou-se para mim e colocou a mão no colo. Estava tão perto que conseguia perceber o reflexo de um pequeno poste em seus olhos.

— Parece que você não gosta de mim. — me assustei. Pigarreei, colocando a mão na boca.

— E o que te faz pensar isso? — sussurrei nervosa.

— Talvez pelo fato de você ter batido a porta na minha cara sem nem ao menos saber quem eu sou?

— Sobre isso, me... Desculpe. Eu não o que deu em mim, não é nada pessoal. — afastei-me um pouco. Não sei se estou com bafo, e ele estava muito perto mesmo.

— Desculpada — ele disse satisfeito, virando-se para frente novamente — Meu Deus! — exclamou, segurando minhas mãos. — Suas mãos estão geladas! — então simplesmente segurou-as pero da boca e soprou ar quente.

Meu coração estava disparado. Acho que ele teve ter ouvido.

Desvencilhei-me delicadamente dele. Recompus-me e levantei.

— Eu... Hum... Muito obrigada por... Conversar comigo. Tenho que ir. Tchau.

E subi.

Por que estou sorrindo?


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Notas finais do capítulo

Momento cute ♥♥♥♥
Não foi nada UAU, mas foi alguma coisa, né? Se gostaram, comentem, nem que seja uma ameaça de morte
Amo vocês,
Mil beijos ♥
*malfeitofeito*