O som do disparo assustou todos os convidados do baile que corriam para as saídas mais próximas, no entanto, os seguranças bloqueavam as saídas portando armas, qualquer um que tentasse sair da mansão seria baleado pelos guardas que tinham olhos avermelhados iguais os de Schneider Knight.

Desde o incidente no depósito de Harlem, Devilla tem acompanhado Alex e L com atenção. Fora ela quem salvou Kristoff da explosão catastrófica causada por Scarlett, e tudo porque Devilla não concorda mais com as atitudes e visões de sua antiga parceira. E depois de muito ponderar a respeito, a rainha shinigami finalmente tomou sua decisão. Ela estava no baile. E observava todos os presentes.

O disparo acertou a arma que estava na mão de Alex, lançando-a para longe. Fora Jeremiah quem disparou e, consequentemente, desarmou o loiro.

ㅡ Finalmente chegamos para a festa! ㅡ o ruivo debochava, apontando a arma para Alex, enquanto Hayako, mirava na cabeça de Scarlett. A morena apenas gargalhava da situação, ela não ousava se mover, continuava estática.

Alex ajoelhou-se no chão transtornado com a morte de Madeleine e Kristoff, mas principalmente com a morte de Curtis. Ele não se assustou com o disparo, estava perturbado demais para pensar com clareza. Lágrimas rolavam incessavelmente de seu rosto, ele não conseguia conter os gritos eufóricos de puro desespero e fúria que saíam de sua boca. Layout e Vex olharam para o lado no momento do disparo, o coração do detetive palpitou ao ver dois homens mirando armas na direção deles, mas principalmente, por ter reconhecido um dos homens.

ㅡ Jeremiah? ㅡ perguntou L, aproximando-se com cautela do palhaço. O homem circense encarava o detetive, mas não conseguia acreditar que Layout estava realmente diante de si.

ㅡ Layout? ㅡ arfou, encarando ele com pesar nos olhos. A história dos dois era intensa, complexa e estava diretamente ligada com o passado de ambos.

Aos poucos, o detetive se aproximava do antigo amigo de infância, mas Hayako mandava ele se afastar. Zero ouviu o disparo e observava todos de longe. Vex fez um sinal para que o hacker trouxesse as armas que ela havia guardado atrás do arbustos. Mas Zero não conseguia entender os códigos da garota.

ㅡ Seu filho-da-puta! Está envolvido nisso também? E agora, vai colocar a culpa em quem? ㅡ gritou L, seus olhos começavam a lacrimejar, suas mãos tremiam com o nervosismo e a adrenalina do momento. Vex sentia-se encurralada, ela não entendia o que estava acontecendo, mas não tirava os olhos de Scarlett, afinal a morena podia tentar fazer alguma coisa. Mas mesmo tentando prestar atenção na assassina, a garota não conseguia parar de encarar Layout. Em todos os anos de parceira, ela nunca o viu tão alterado e nervoso quanto estava naquele momento.

ㅡ Que papo é esse, Je? ㅡ questionou Hayako, alternando a mira de sua arma em Scarlett e L que insistia em se aproximar de Jeremiah. O ruivo encarava o amigo, mas se recusava a falar, era como se o arrependimento de anos viesse à tona de uma vez só.

ㅡ Vem cá! Quero olhar dentro dos seus olhos. ㅡ sem temer a morte, Layout se aproximou de Jeremiah e o agarrou pela gola de seu blusão, aproximando seu rosto do dele. Seus olhos perfuravam a alma temerosa e culpada do ruivo que não conseguia manter contato direto com o detetive.

ㅡ Repete o que você me disse naquela época. Repete ㅡ L agitava o corpo do palhaço na intenção de arrancar a força uma resposta, Hayako ordenava o detetive para se afastar, mas, estranhamente, Jeremiah acenava dizendo que estava tudo bem, como se merecesse tudo aquilo.

ㅡ Você precisa acreditar em mim. Eu jamais quis fazer aquilo. ㅡ o ruivo gritava no mesmo tom de Layout, olhando-o nos olhos, ele queria, de uma vez por todas, provar que estava falando a verdade, e abriria a mão de sua própria vida para isso.

ㅡ Você estuprou a minha irmã. Entende isso? Estuprou ela! ㅡ sem pensar, Layout afastou-se de Jeremiah e lhe deu um soco na lateral de seu rosto, fazendo o ruivo cair.

Hayako ajudou o amigo a se levantar, mas tentava processar o que Layout queria dizer com aquela acusação. Vex ficou boquiaberta com as palavras ditas pelo parceiro, ela estava sem chão e sentia-se uma inútil no momento. “Não posso fazer nada. Estou desarmada. Tem uma assassina em série bem na minha frente, e agora, L reencontrou uma pessoa do passado. Zero, me ajuda!” refletia, olhando para o lado para ver se o hacker preparava alguma coisa para ajudá-los.

ㅡ E como se não bastasse ter causado aquele horror pra minha irmã. Ainda tem posse de um desses cadernos demoníacos. Você é doente! ㅡ brandiu o detetive, encarando o palhaço caído no chão graças ao seu soco certeiro.

Jeremiah tinha agilidade e força o suficiente para desviar do soco e contra-atacar Layout. No entanto, ele não queria fazer mal ao antigo amigo de infância, para ele, tudo não passava de um mal-entendido e que podia ser resolvido.

Scarlett continuava quieta, afinal, a mira de Hayako era certeira, e ainda tinha os olhos esverdeados de Vex lhe observando, ela não podia se mover livremente no momento. Contudo, de alguma forma, ela começava a se familiarizar com o desabafo que acontecia diante de si. Afinal, ela também foi estuprada quando era mais nova.

ㅡ Pode me bater, pode me matar se você quiser. Mas tudo o que estou dizendo é verdade. Eu jamais tive a pretensão de fazer aquilo, Layout. Você sabe disso! ㅡ desabafava Jeremiah, tentando se levantar. Aquele triste fato do estupro teve como consequência uma vida perturbada e completamente apática que o palhaço foi obrigado a suportar sozinho.

ㅡ Aqueles monstros me obrigaram a fazer isso. Eu jamais, eu repito, jamais queria ter feito aquilo. E...ㅡ o ruivo tentava se defender, mas a irritabilidade de Layout era ímpar, ele o interrompia com gritos e grosserias.

ㅡ E o que? Gostou do que fez? ㅡ questionava L, usando seu tom de ironia e fúria juntos. Alex continuava ajoelhado no chão, ignorando todos os acontecimentos ao seu redor, era como se ele não conseguisse processar as informações.

ㅡ Eu os matei. Eu matei todos eles, inclusive meu próprio pai. ㅡ revelou Jeremiah, olhando diretamente nos olhos da pessoa que mais lhe julgou em toda a sua vida. E pela primeira vez, Layout ficou sem palavras.

ㅡ É muito fácil você chegar aqui, me socar e, como sempre, apontar o dedo na minha cara! ㅡ o tom do palhaço começava a aumentar, aos poucos ele parecia tomar as rédeas da situação.

ㅡ Eu tive que aguentar aquela nojeira por anos, minha consciência não ficou limpa depois disso. Acha que consigo dormir feliz hoje em dia? Prefiro ficar acordado do que enfrentar aqueles pesadelos. ㅡ desabafava Jeremiah, lembrando-se dos pesadelos que lhe infortunavam todas as noites desde que o estupro aconteceu.

ㅡ Você não faz ideia do lixo que eu me senti depois de ter feito aquilo. Eu fui te contar e o que você fez? Me julgou, me rejeitou, disse que me odiava. ㅡ as lágrimas rolavam do rosto do homem, em anos ele não chorava daquela maneira.

ㅡ E o que você queria que eu dissesse? “Meus parabéns?” Isso é tão difícil pra mim quanto pra você.ㅡ aos poucos, L retomava a cautela e tentava raciocinar sem que seus sentimentos e seu nervosismo atrapalhassem seu raciocínio.

Layout olhou para trás e Alex continuava ajoelhado e atordoado.. O detetive virou-se, ignorando completamente o palhaço, se aproximou do loiro e se ajoelhou do lado dele.

ㅡ Hey, acho que você não viu... ㅡ sussurrava no ouvido do garoto para que ele fosse o único a ouvir.

ㅡ Curtis foi escrito com “K” na folha do caderno. E como diz a regra, não surtiu efeito... ㅡ Antes de se virar e ter sua atenção roubada pelo disparo da arma de Jeremiah, Layout olhou atentamente a maneira como os nomes haviam sido escritos no caderno, e percebeu que o nome de Curtis estava com a grafia errada, podendo assim, não ter surtido efeito.

ㅡ Ora, vocês são meus convidados. Não precisam ficar tão amedrontados, nada vai acontecer enquanto eu estiver no comando. Na verdade, algo já aconteceu! Eu fiz algo terrível, muito terrível, e envolve diretamente a família Prime... ㅡ Schneider falava no microfone para que todos pudessem ouvi-lo em alto e bom som. Scarlett formava um sorriso no rosto, ela sabia exatamente o que estava por vir. No entanto…

ㅡ Steve e Cornelia Prime foram mortos por minha causa. Eu mandei matá-los. Steve tinha uma visão diferente da minha na politica, então sabem como é né... Precisei me livrar dele. ㅡ Schneider olhava para seus convidados com um olhar vago, como se não fosse ele que estivesse falando.

A confissão do primeiro ministro foi o suficiente para fazer com que Curtis Prime despertasse de seu “desmaio”. Ele se levantou com dificuldade, mas encarava a imagem de Schneider nos telões com sangue nos olhos. Ele queria vingança e não precisava do caderno para matá-lo, Curtis queria socá-lo até a morte. No entanto, não parecia ser necessário.

ㅡ Eu fui muito levadinho, concordam? Então como punição, eu irei me dar o que mereço por mérito. Steve e Cornelia, isso é por vocês! ㅡ Inesperadamente, Schneider começou a cortar partes de seu próprio corpo com um canivete bem afiado, o sangue rolava por sua pele branca, ele se mutilava na frente de todos os convidados que gritavam de espanto e horror em ver aquela cena forte nas telas espalhadas pela mansão.

Curtis encarava tudo com estranheza, ele também não conseguia racicionar direito, mas assim que se lembrou dos nomes no caderno procurou seu irmão pelo do hall da mansão. Ele encontrou o corpo de Kristoff no chão, próximo as mesas, mas não ousou tocar nele, afinal, temia sentir a sensação gélida da morte. O moreno correu até os jardins dos fundos da mansão e pulou o enorme muro de espinhos, naquela parte da residência não havia guardas, e assim, ele conseguiu fugir. Curtis corria em direção ao seu apartamento, queria ver sua avó com seus próprios olhos.

Antes que pudesse pular o muro, as câmeras focalizaram seu corpo e rosto, Alex o viu fugir da mansão graças aos telões espalhados pela mansão.

ㅡ Impossível, eu mesma o matei! Mandei Schneider escrever o nome dele exatamente como é.ㅡ confirmou Scarlett, indignada ao ver Curtis Prime vivo.

ㅡ Bom, você é francesa então vou te dar um desconto…Curtis não se escreve com “K” mas sim com “C”, apesar do som ser bem parecido. Você provavelmente achou que o nome dele era igual ao de Kristoff, esse foi o seu erro. ㅡ revelou L, encarando a assassina com um sorriso debochado nos lábios.

A morena fervia em fúria, ela cerrou as mãos num punho tentando controlar seu ímpeto. Ela tentava se lembrar em que momento olhou diretamente para o rosto de Curtis, mas nenhuma lembrança lhe veio a mente. Scarlett jamais viu Curtis com seus olhos de shinigami, o que significava que ela não sabia exatamente como se escrevia o nome dele.

ㅡ Desgraçado. ㅡ murmurou Scarlett, mordendo os lábios.

Alex levantou-se do gramado, esperançoso. Ele sequer piscava ao ver a imagem de Curtis no telão. Seu coração disparou, e por um segundo, ele achou que teria uma parada cardíaca. Apesar de não demonstrar, Layout suspirou aliviado ao ver que Curtis ainda estava vivo. Infelizmente, ele sabia que Kristoff não teria a mesma sorte, afinal, o nome estava com a grafia correta. Vex continuava a mandar códigos para que Zero lhe trouxesse as armas, mas o hacker não entendia uma palavra sequer do que a garota tentava dizer.

Layout se virou para o lado e encarou Jeremiah por alguns segundos. Infelizmente foi tempo o suficiente para que Scarlett agisse. Ela rapidamente puxou um pedaço de folha do Death Note que estava guardado em seu decote, e juntamente com uma caneta começou a escrever rapidamente o nome de Layout Link. Vex e L estavam distraídos olhando para o lado e Hayako continuava atordoado com as revelações de última hora.

Quando todos perceberam que a morena escrevia mais um nome no caderno, já parecia ser tarde demais... Ela estava quase terminando de escrever a última letra do nome quando uma forte rajada de vento empurrou Scarlett e todos os outros presentes para trás. A assassina bateu com a cabeça na parede, deixando o pedaço de papel e a caneta rolarem no chão. Quando ela ergueu o olhar, vislumbrou a rainha shinigami no meio de todos, mas Devilla não parecia muito contente em rever sua parceira.

ㅡ Eu sabia que você viria, Devilla. Vamos! Mate eles! Mate todos eles! Eles merecem! ㅡ Scarlett beirava à loucura, os outros não podiam ver a rainha shinigami, o que dava a entender que a morena falava sozinha. No entanto, todos já imaginavam que o shinigami estivesse próximo. O único que enxergava Devilla era Yoko, o shinigami de Jeremiah.

ㅡ Só uma pessoa morrerá hoje. ㅡ afirmou Devilla, apontando seu dedo indicador para os presentes. Agora, mesmo sem terem tocado no caderno, todos poderiam ver a rainha, esse era só mais um de seus poderes adicionais como rainha dos deuses da morte.

Layout ficou espantado ao ver diante de seus olhos um shinigami. “É realmente um Deus da Morte”. pensava. Naquele momento, o detetive não sabia mais o que fazer para conter aquela situação. Os acontecimentos eram seguidos, como se tudo estivesse conectado. Mas por um estranho pressentimento, L sentia que não precisava fazer nada, a situação se resolveria sozinha. Pensando nisso, ele segurou no pulso de Vex e fez um sinal para que ela se acalmasse. Tudo o que eles podiam fazer era esperar e ver o que acontecia.

Scarlett não havia percebido a seriedade no tom de Devilla. Para a morena, a rainha estava apenas brincando.

ㅡ Anda logo, Devilla. Mate eles! Comece pelo L. Mate Layout! ㅡ gritava a mulher, apontando o dedo na direção do detetive. L manteve-se estático, não se movia. A rainha virou-se para trás e o encarou, ela sorriu para Layout e piscou para Vex.

ㅡ Depois de conhecer Joel, eu realmente achei que você fosse mudar, Scarlett. Depois de tudo o que aconteceu, você ainda quer vingança? ㅡ questionou Devilla, parando na frente da humana. A morena ficou assustada, ela não esperava aquela reação vinda da shinigami.

ㅡ Não, você não entende…ㅡ Scarlett parecia nervosa, ela tentava tirar algo de seu decote, mas Devilla levantou voo novamente, ela não queria ouvir que a humana tinha para dizer.

ㅡ Você me conhece, Devilla. Eles merecem isso. Eles merecem sim! ㅡ as mãos da mulher tremiam de nervosismo, ela levou as mãos até a sua cabeça e a balançava para frente e para trás. Jeremiah e Hayako mantinham calados, apenas observando.

ㅡ Não. Eles não merecem isso. Assim como você não mereceu o que fizeram com você. Mas isso não justifica o que está fazendo agora. ㅡ brandiu num tom autoritário, Devilla encarava a antiga parceira com desprezo e deixava isso claro em seu tom de voz.

ㅡ Como ousa comparar o que fizeram comigo? Eu fui estuprada, violentada e maltrada por toda a minha infância. Acha que eu merecia isso? Acha pequeno o tamanho da minha dor? Vocês não sabem, nunca saberão. ㅡ nesse momento, cada palavra que saía da boca de Scarlett era a mais sincera e pura possível, pela primeira vez ela estava sendo realmente verdadeira com os seus sentimentos e sem medo de mostrar para outras pessoas.

ㅡ Até acontecer com você. Vocês não sabem como eu me sinto, não sabem o que é sofrer da maneira que eu sofri. ㅡ desabafava a morena, encolhendo-se no canto da parede que foi arremessada graças a rajada de vento causada pelas asas de Devilla.

ㅡ Minha irmã também foi estuprada, Scarlett. É esse o seu nome, certo? Ela foi violentada por aquele cara ali. ㅡ afirmou Layout, apontando para Jeremiah que não ousava responder, simplesmente abaixou o olhar, evitando contato direto com L.

ㅡ Mas diferente de você, ela não se limitou a dor. Ela correu atrás, enfrentou seus demônios e hoje em dia vive uma vida normal. Você foi fraca! Matou pessoas inocentes que nada tiveram a ver com seus traumas na infância. ㅡ Layout se aproximava cada vez mais da morena, ele a encarava diretamente, sem desviar o olhar. Scarlett estava fraca, desesperada, não sabia como reagir ou responder.

ㅡ Você merece estar onde está. No chão! ㅡ proferiu Layout, olhando Scarlett de cima antes de se afastar e voltar para o lado de Vex.

Devilla fechou os olhos, apenas ouvia tudo o que o detetive tinha a dizer. Aquela mulher forte, poderosa e que enfrentava Deus e o mundo parecia não estar mais ali. Onde estaria toda a coragem e determinação de Scarlett? Talvez na angústia de saber que não tinha para onde fugir daquela situação, ou simplesmente por saber que no fundo, merecia ouvir tudo o que lhe estava sendo dito. A redenção penetra profundo na carne e tem um efeito arrebatador na alma do ser humano.

A rainha ergueu sua mão direta e trouxe o caderno que estava na mesa de Schneider. Por um breve instante, Scarlett criou uma ponta de esperança, achando que que a shinigami iria lhe ajudar, quando, na verdade, Devilla parecia estar triste com o que estava prestes a acontecer.

ㅡ Não... ㅡ suplicava Scarlett, olhando nos olhos da shinigami que lhe encarava com tristeza.

ㅡ Você devia ter lido a última regra, Scarlett. ㅡ revelou Devilla, abrindo o Death Note prateado na última página.

Um flashback instantâneo passou pela mente de Scarlett e ela se lembrou que quando a shinigami disse que não poderia dizer qual era a última regra, ela não deu importância, disse que não lhe era interessante. O medo percorria por todo o seu corpo, naquele momento, a morena suplicava por sua vida. Ela tentava tirar o que parecia ser uma carta de seu decote, mas Devilla simplesmente ignorava.

ㅡ Uma das regras é não falar a respeito desta em particular, mas como eu não vou deixar você tocar novamente nesse caderno, eu irei dizer...ㅡ falava Devilla, procurando a última regra no caderno.

Scarlett pedia socorro, suplicava agitadamente, sua voz podia ser ouvida da esquina da mansão de Schneider, enquanto que os outros convidados continuavam encolhidos no hall da mansão. Alex continuava paralisado, e assistia aos acontecimentos, mas sua mente não conseguia parar de pensar em Curtis e no que o moreno faria ao ver Madeleine morta. Irritada ao ouvir os choros dos convidados, Devilla estalou os dedos e fez com que o controle mental do caderno nos guardas não surtisse mais efeito, fazendo eles morrerem de parada cardíaca. Afinal, uma vez que o nome é escrito no caderno, o único destino é a morte, até então.. Assim que os seguranças baixaram a guarda a caíram no chão, todos os convidados do baile correram para a saída, não demoraria muito para que a polícia chegasse ao local.

ㅡ Isso vai ser um problema. ㅡ sussurrou Layout para Vex. Alex continua sentado no gramado, apático, apenas pensando em Curtis e Madeleine.

ㅡ “A rainha shinigami pode tomar posse do caderno quando quiser, não precisando esperar o fim da vida do ser humano que o encontrou. Ela também pode fazer com que o ser humano sinta a dor de todas as mortes que causou com o caderno enquanto estava possesso dele”. ㅡ Devilla lia pausadamente para que não houvesse dúvidas. Layout e Jeremiah ficaram espantados, Scarlett parecia não ter entendido o que a shinigami disse ou fingia não ter entendido.

ㅡ Você vai sentir a dor de todas as mortes que causou para só então, morrer. Que tal começarmos pelo seu pai? Se lembra como o matou, não é? Você explodiu aquele trem e matou não apenas ele, mas como todas aquelas pessoas inocentes. Agora você vai sentir a dor de cada um deles!ㅡ sem ouvir o que a humana tinha para dizer, Devilla escrevia “Scarlett Legrand” numa página qualquer do caderno.

Segundos depois do nome ter sido escrito no caderno, Scarlett começava a gritar enlouquecidamente. Ela rolava no chão de tanta dor e sofrimento, sentia a carne de seu corpo arder em chamas, apesar de nada acontecer com o seu corpo fisicamente.. O caderno lhe causa dor ilusória, para os que a observava, parecia ser uma péssima atuação, mas Scarlett realmente sentia a dor como se ela estivesse sendo queimada viva. ㅡ Me ajuda Devilla, me ajuda! Você não sabe o que tá fazendo. Para, por favor! ㅡ suplicava por socorro, mas a shinigami fechou os olhos, a rainha se recusava a ver a dor de sua antiga parceira, Devilla só reabriria os olhos quando tudo estivesse terminado e Scarlett, morta.

A morena começou a sentir pausadamente a dor ilusória de todas as mortes que causou enquanto estava com a posse do Death Note prateado, ela sentiu a dor de todos os homens que tiveram sua genitália cortada e aquilo lhe fazia se contorcer freneticamente no chão. Jeremiah e Hayako desviavam o olhar, os gritos pavorosos e desesperados de Scarlett fez com que todos se recusassem a assistir aquela cena. Ela não parava de gritar, e apesar de ser uma assassina em série, L se comovia com a dor que a mulher sentia, não estava sendo fácil para eles que ouviam todos os gritos. Depois de um tempo, Scarlett parava de gritar, ela sabia que Devilla não iria ajudá-la. Com toda a força que ainda lhe restava, ela puxou duas cartas que estavam escondidas em suas vestes e as lançou na direção de Alex. Depois de sentir todas as dores causadas por ela mesma, e incluía a mutilação ao vivo de Schneider, a morena calou-se. Scarlett Legrand estava morta.

Devilla reabriu os olhos com um pesar e um arrependimento enorme em seu coração. Apesar de ser a rainha shinigami, ela não queria fazer aquilo, mas não viu outra alternativa. Scarlett precisava pagar por seus pecados e foi o que fez. Alex ficou sem reação ao ler a carta que Scarlett lhe lançou enquanto estava sentindo toda a dor ilusória do caderno. O loiro finalmente se reergueu e se aproximou calmamente de Devilla, ele esticou a mão para a shinigami para que ela pegasse a carta que Scarlett lhe deixou. A outra parecia ser de Agneta, sua mãe.

Curiosa, Devilla pegou o envelope das mãos de Alex e viu que ela mesma era o destinatário, abriu o lacre e começou a ler o conteúdo do pedaço de papel.

“Querida Devilla, você sabe, não tem sido nada fácil pra mim. Principalmente depois de te perder, até agora eu não entendi o motivo de sua ida, mas espero que retorne o mais rápido possível. Sinto saudades de você! De conversar com você. Não tenho vontade de conversar com mais ninguém. Afinal, quem conversaria comigo? Você é minha amiga, sinto que posso contar com você. Apesar de sua irreverência, eu não lhe vejo como um demônio, a vejo como um anjo. Espero que esteja bem. E olha, eu sei que eu te desapontei com a história do Joel, mas eu te prometo que tudo está para acabar. Estou cansada dessa vida, não quero mais vingança. Depois do baile, eu vou renunciar a posse do caderno. Voltarei para a França para cuidar da minha mãe, estou morrendo de saudades dela. Espero um dia poder apresentá-la a você. Um beijo, Dev. Nos vemos por aí!”

♥

Enquanto tentava digerir o conteúdo da carta, Devilla mantinha-se imóvel, como se tivesse sido petrificada. Shinigamis não choram, ou ao menos não deveriam. Mas a rainha sentia algo similar ao arrependimento, a culpa, se arrependia amargamente de ter matado a sua melhor amiga e só depois da mensagem escrita na carta ela percebeu o grande erro que cometeu, mas já era tarde demais, não dava para desfazer o que estava feito. No entanto...

ㅡ Há mais uma regra.ㅡ Devilla ofereceu o caderno de bom grado para Alex que estranhou a primeira vista. Insistente, a rainha balançava a mão para que ele pegasse o caderno. Desconfiado, o loiro aproximou-se calmamente da shinigami para pegar o caderno prateado. No momento em que ele tocou no caderno, Devilla desapareceu, levando o corpo de Scarlett junto de si. Ela parecia confusa, furiosa e arrependida com o que havia acabado de fazer. Mas antes de ir, fez com que o caderno abrisse novamente na última página, ela sabia que Alex iria querer fazer uso daquela condição.

Alex começou a ler a penúltima regra da contra capa do caderno e ficou sem ar por alguns instantes. Ele viu naquelas poucas palavras uma forma de amenizar a dor de seu querido amigo Curtis. Contudo, havia um alto preço a ser pago. ㅡ Eu farei isso. ㅡ falou, virando-se para trás sem dar maiores explicações. Alex simplesmente começou a caminhar em direção a saída da mansão, ignorando completamente a presença de Layout e Vex.

Furioso, Layout correu na direção do loiro e o agarrou pelo braço esquerdo, puxando o caderno das mãos dele.

ㅡ Não posso permitir que você use esse caderno. ㅡ ele encarava Alex com seriedade, o detetive não estava disposto a deixar ninguém sair daquele local portando um daqueles cadernos. Alex mandou L abrir na última página do caderno e ler o conteúdo da penúltima regra.

O detetive então começou a ler o que estava escrito:

“Se um humano quiser, ele pode sacrificar sua vida para fornecer vitalidade para aqueles que foram mortos pelo caderno. Porém há limitações: Os humanos que serão revitalizados precisam(necessariamente) terem morrido de causas naturais, ou seja, parada cardíaca. Se eles forem mutilados de alguma maneira, esta condição não surtirá efeito. E o prazo(depois da morte natural) tem que ser de no máximo 24hrs, caso contrário, a condição não surtirá efeito. E o humano cuja vida será sacrificada pode oferecer sua vitalidade para até no máximo 2 humanos mortos pelo caderno, contudo, ele terá que fazer isso aceitando de corpo e alma todas essas condições, caso contrário, não surtirá efeito.

Para que a condição seja realizada, o humano deve escrever seu nome e rapidamente depois escrever ao lado o nome do humano(s) que foi(ram)( morto(s) pelo caderno. ”

Layout suspirou pensativo, ele sabia que nada adiantaria pegar o caderno das mãos de Alex, aquela altura o loiro já deveria ter vários pedaços de papéis guardados por suas vestes. O detetive engolia a seco, apesar de saber que nada deteria Alex, ele não queria que o loiro morresse daquela maneira. “Você tinha um futuro brilhante pela frente. Vale mesmo a pena?” refletiu, olhando no fundo dos olhos de Alex.

ㅡ Me prometa uma coisa, Layout. Quero que você absolva todos os crimes cometidos por Curtis. ㅡ naquele momento, Alex finalmente revelara que Curtis era fênix. Ele sabia que depois de morto, o moreno estaria indefeso e seria uma presa fácil para L e seus ajudantes. Ele se sacrificaria se tivesse a certeza de que Curtis ficaria bem depois de sua morte.

ㅡ Me prometa! ㅡ suplicava Alex, encarando o homem.

ㅡ Eu...ㅡ no momento em que Layout iria responder, Vex surpreendeu a todos portando duas armas, ela mirava em Jeremiah e Hayako que continuavam a observar.

ㅡ Larguem as armas, meninos. ㅡ ordenava Vex, sorrindo para Hayako. E apesar de odiar obedecer uma mulher, se viu obrigado a atender as ordens da garota. Antes que Devilla desaparecesse, enquanto todos estavam ocupados prestando atenção na rainha, Vex viu a oportunidade perfeita para se afastar e pegar suas armas reservas.

O som da sirene da polícia podia ser ouvido, os oficiais se aproximavam rapidamente do local.

ㅡ Precisamos sair daqui. E vocês irão vir conosco! ㅡ Layout apontava para Jeremiah e Hayako que o encaravam com atenção.

ㅡ Venha Alex, vamos resolver isso juntos. ㅡ L sorria para o loiro, apesar de não estar muito confiante em como tudo aquilo iria terminar.

Zero apressou todos para que entrassem na caminhonete o mais rápido possível. Jeremiah e Hayako entraram na parte detrás do veículo. Por segurança, Vex preferiu ir junto com os dois homens para garantir que eles não iriam fazer nenhuma gracinha. Hayako encarava a mulher com raiva, mas ao mesmo tempo, interesse. Já Jeremiah mantinha seu olhar vazio, como se ainda digerisse tudo o que ouviu de Layout. E apesar de ainda estar muito sentido com a revelação, o detetive parecia ignorar todo o seu passado com o palhaço na intenção de focar no presente e resolver tudo de uma vez por todas. O hacker pisava no acelerador, eles iam em direção ao apartamento dos Prime.

Curtis preferiu subir as escadas correndo, ele não iria aguentar esperar o elevador subir por conta própria. Chegando no andar do apartamento de sua avó, por um instante, ele relutou em não girar a maçaneta da porta. Ele sentia medo, pavor… Queria encontrar sua avó como sempre encontrou, sorridente e sempre lhe esperando com um beijo..

Mas dessa vez foi diferente.

No momento em que ele abriu a maçaneta, vislumbrou o corpo de sua avó caído no chão. O garoto empurrou a porta com uma força descomunal, ele correu em direção ao corpo de Madeleine, mas ela já estava morta. A mulher segurava um porta-retratos no momento em que morreu com a parada cardíaca causada pelo caderno. Era como se ela soubesse o que lhe iria acontecer e se despedia de seus netos pela foto que ela guardava com tanto esmero e carinho. Curtis não conseguia tocar em sua avó, suas mãos tremiam, seu coração acelerava constantemente. Ele simplesmente não conseguia acreditar no que seus olhos viam.

ㅡ Eu matei minha família. Matei todos eles. Isso tudo foi minha... ㅡ Curtis levou suas mãos até a cabeça e apertava fortemente seus cabelos, sua vontade era de sair e destruir tudo, mas ele sabia que só havia uma coisa que merecia ser destruída, ou melhor, um alguém…

“Eu os matei. Vovó, me perdoe. Eu sinto muito. Jamais quis que a senhora morresse, eu preciso de você. Kristoff, cadê você? Vocês não podem me deixar sozinho aqui! Mamãe? Papai? Alguém? “ Curtis ajoelhou-se ao lado do corpo de Madeleine e abaixou a cabeça. O moreno delirou com a imagem de sua querida avó morta, estranhamente Madeleine parecia ter morrido com um sorriso nos lábios. Como se ela tivesse feito tudo o que podia para seus netos. “Pessoas boas sempre escolhem as decisões corretas” lembrava Curtis dos dizeres de sua avó.

A caminhonete de Vex finalmente chegara ao local. Layout decidiu deixar Zero de vigia no térreo do prédio para que se algo desse errado, eles poderiam fugir. Contudo, o detetive não achava que algo pudesse realmente dar errado. Se aproximando do elevador, Alex, Layout, Vex, Jeremiah e Hayako subiam juntos até o décimo primeiro andar. Chegando lá, Vex ordenou que os dois homens circenses aguardassem no corredor junto com ela. Alex e Layout se aproximavam da porta do apartamento de Curtis, mas do lado de fora já era possível ouvir os choros e lamentos do garoto.

Antes de abrir a porta, Alex chorava junto com o amigo, ele não conseguiria conter suas emoções no momento em que abrisse aquela porta. Layout segurava o braço do loiro, o detetive também se controlava para não chorar.

ㅡ Você tem certeza disso? ㅡ questionou, olhando no fundo dos olhos de Alex. Ele fazia questão de ouvir uma resposta sincera do garoto.

ㅡ Absoluta. Curtis perdeu tudo, não posso deixar as coisas como estão. Ele precisa da avó e do irmão. ㅡ falava Alex, sorrindo para o homem.

ㅡ E você? Do que precisa? ㅡ indagou Layout, sensibilizado.

ㅡ Que ele seja feliz! ㅡ a resposta foi o suficiente para que L percebesse que Alex estava realmente decidido, nada poderia pará-lo. O homem suspirou e como uma despedida, ele simplesmente abraçou o loiro, acariciando sua nuca.

ㅡ Onde vou encontrar um substituto como você?ㅡ perguntou num tom retórico, ele sabia que jamais encontraria alguém tão inteligente, prestativo e de bom coração como Alex.

ㅡ Apenas me prometa... ㅡ insistiu Alex, afastando-se de L para que pudesse olhá-lo nos olhos.

ㅡ Eu prometo.ㅡ revelou Layout.

Alex sabia que o detetive poderia estar mentindo e que logo depois dele se sacrificar, Curtis podia ser preso ou até mesmo sentenciado a morte, mas ele não podia fazer mais nada exceto confiar no homem diante de si, e ele confiava. Depois de se despedir, Layout finalmente entregou o caderno prateado nas mãos de Alex, ele se sentiu como se estivesse dando uma arma para o garoto. Depois de respirar fundo, Alex tomou coragem para entrar no apartamento e fechar a porta atrás de si. Sem olhar para o corpo de Madeleine, o garoto se aproximou de Curtis, se ajoelhou na frente dele, abraçando-o.

ㅡ Minha avó, Alex. Minha avó... ㅡ Curtis engasgava com o choro, ele não conseguia acreditar que sua família estava morta. Alex respirava pesadamente, lágrimas também rolavam de seu rosto, mas ele tentava se controlar ao máximo para acalmar o amigo. Ele ergueu a cabeça de Curtis e o encarou no fundo dos olhos. Aquela era a primeira vez que ele se encontraram cara a cara depois do beijo e Alex ainda tinha muitos sentimentos guardados por Curtis em seu coração.

ㅡ Me escute. ㅡ disse calmamente, segurando o rosto do garoto.

ㅡ Você vai ficar bem. Sua família ficará bem. Só me prometa que vai se livrar desse caderno, Curtis. ㅡ Alex falava como se Madeleine e Kristoff não estivessem mortos e aquilo fez com que Curtis não entendesse uma só palavra do que o loiro dizia. O loiro ergueu o olhar e encarava Takarashi com fúria.

ㅡ Quero que você suma com aquele caderno! ㅡ ordenou Alex, mas ele não era possuidor do caderno.

ㅡ Eles estão mortos. Como ficarão bem? Isso é culpa minha Alex. Minha… Não tenho mais família e tudo por causa daquele maldito caderno. Não quero mais ele! ㅡ gritou Curtis para que todo mundo ouvisse. O prédio inteiro estava no grande baile realizado pelo primeiro ministro, era provável que todos já estivessem nas delegacias mais próximas denunciando as cenas de horror que presenciaram na mansão do político. Takarashi ouviu o pedido de Curtis, mas não considerou um “abrir mão” oficial do caderno.

ㅡ Hey, tudo bem. Respire...ㅡ Curtis chorava nos ombros de Alex que acariciava a cabeça do moreno com carinho e ternura. Alex se recusava a olhar para o lado e ver o corpo de Madeleine. O loiro se afastou do moreno, agora olhava-o cara a cara. Sem pensar, aproximou seus lábios dos dele selando-os num beijo que, até então, Curtis não sabia que tinha sabor de despedida. O garoto correspondia aos afetos do loiro, mas ele não tinha cabeça para beijar Alex naquele momento, não depois do trauma de ver sua avó morta no chão de sua sala.

Antes de se afastar, Alex olhou no fundo dos olhos dele e disse: ㅡ Eu amo você. Jamais se esqueça disso! ㅡ revelou para Curtis o que realmente sentia. Rapidamente, Alex fez o sinal para que L entrasse no apartamento e se aproximasse do Curtis, segurando-o.

ㅡ H-hey. O que é isso? O que vão fazer comigo? Alex? ㅡ Curtis se debatia sem saber o porque aquele homem o segurava.

ㅡ Eu sou o L e não, não faremos nada a você. Isso é apenas para te conter. ㅡ revelou Layout, olhando nos olhos de Curtis que não acredita numa só palavra que era dita por aquele sujeito.

ㅡ O que é tudo isso, Alex? O que vai fazer? ㅡ questionava Curtis freneticamente, o garoto estava perturbado demais com todos os acontecimentos daquela terrível noite.

ㅡ Acima de qualquer coisa, eu quero a sua felicidade, Curtis. ㅡ sorria Alex, pegando uma caneta de cima da mesa de estar do apartamento de Madeleine. Ele tirava a tampa da caneta e abria calmamente o caderno, Curtis não conseguia entender o que o garoto iria fazer.

ㅡ Eu disse que você teria a sua felicidade e vou cumprir com a minha promessa. ㅡ antes de começar a escrever seu próprio nome no caderno, Alex Moore deu uma última olhada em Curtis, em L e nas coisas ao seu redor, seriam seus últimos segundos de vida.

ㅡ Diga que amo meus pais. Espero que um dia eles possam me perdoar pelo que irei fazer. ㅡ foi tudo o que Alex disse antes de começar a escrever seu nome no caderno prateado. Assim que terminou de escrever seu sobrenome, ele rapidamente transcreveu o nome de Madeleine Kristoff ao lado do seu e os ligou fazendo uma linha por meio dos nomes, como ordenado na condição.

Inesperadamente, Alex começava a se desmanchar em poeira, era como se ele estivesse se transformando em areira brilhante. Curtis ficou boquiaberto e com os olhos arregalados com o que via, ele não estava entendendo o que era tudo aquilo. ㅡ Sempre te amarei. ㅡ o som da voz de Alex ia se desmanchando juntamente com seu corpo que se tornava pó. Alex Moore simplesmente desapareceu.

A poeira que o loiro se tornou voou na direção do corpo de Madeleine que parecia ingerir aquele material, depois de alguns segundos, Curtis percebeu que a mulher havia voltado a respirar, seu corpo inspirava e respirava normalmente, mas Madeleine continuava com os olhos fechados. Ela havia voltado a vida, estava apenas dormindo. O mesmo aconteceu com Kristoff que voltou a respirar no momento em que a ambulância chegara na mansão do primeiro ministro. De toda forma, ele foi levado pelos paramédicos em uma maca.

Depois que Curtis percebeu que sua avó começou a respirar novamente foi que ele entendeu o que aconteceu o do que Alex abriu mão. ㅡ Seu maldito. Como pôde deixar ele fazer isso? ㅡ Curtis agitava-se, tentando socar o rosto de Layout, que o controlava com a força de seu braço, mas Curtis era ágil e por pouco não acertou o detetive.

ㅡ Acha que eu estava de acordo com isso? Ele me fez prometer que eu não faria nada com você. Ele se sacrificou para você não perder a família que você mesmo destruiu. Nem que você vivesse mil anos você mereceria o amor daquele garoto. ㅡ quando Layout finalmente soltou Curtis, o garoto caiu no chão, chorando pela morte de seu amigo. Ele não conseguia acreditar que Alex abriu mão de sua própria vida pra poder “renascer” sua avó e seu irmão.

ㅡ Ele abriu mão de tudo por você. ㅡ falava L com o tom de voz alterado. Apesar de engolir o choro, ele não conseguiu conter as lágrimas que rolavam de seu rosto.

ㅡ Você não tem ideia do que ele já fez pra te ajudar, Curtis. ㅡ comentou, virando-se de costas para o garoto. Curtis continuava sentado no chão, tentando entender como e porque Alex faria isso com sua própria vida.

ㅡ Se não fosse por ele, eu já teria te pegado. ㅡ revelou. Layout continuava de costas para o Prime, ele não queria que o garoto lhe visse chorar, mas o detetive também sentia a perda de Alex.

ㅡ Ele me fez prometer que não faria nada a você. Então, parabéns Curtis. Você venceu. E é esse o seu prêmio. Espero que tenha percebido o que pessoas que usam esse caderno ganham no final. ㅡ Layout despedia-se do garoto com palavras duras e quando ele estava prestes a abrir a maçaneta da porta e sair do apartamento de Curtis, eis que Devilla ressurge, empurrando L para trás para que ele não saísse.

ㅡ O que você quer? ㅡ questionou L, irritado.

Logo depois de fugir da mansão de Schneider com o corpo de Scarlett, Devilla não parava de ler e reler a mensagem da carta que sua amiga lhe deixou.”Ela iria desistir. Então por que, Scar? Por que precisou fazer tudo isso?” refletia a shinigami tentando acalmar seu coração. Havia uma maneira, talvez a maneira mais lunática de se resolver toda aquela bagunça. Seria uma outra chance dada pelos deuses, contudo, o alto preço a ser pago seria indispensável. Devilla ainda segurava o corpo de Scarlett em seus braços, ela estava fria e aos poucos endurecendo cada vez mais.

ㅡ Eu sempre quis receber uma rosa. ㅡ contava Devilla, sentando-se no sofá da casa de Curtis. E só então ela se lembrou que o garoto ainda não podia vê-la, a rainha então ergueu seu dedo indicador fez com que o moreno pudesse vê-la sem precisar tocar no caderno.

ㅡ Como assim, quem é você? ㅡ questionava Curtis, assustado. Layout não parava de encarar a shinigami, ele sabia que ela não havia retornado só para trazer o corpo de Scarlett, havia algo a mais.

ㅡ Ora, desculpe minha falta de educação. Me chamo Devilla, sou a Rainha dos shinigamis, certo Tarakashi? ㅡ a rainha apresentou-se fazendo uma reverência formal a Curtis, e logo em seguida, piscou para Takarashi que sorriu na direção da deusa.

ㅡ Você não voltou para se apresentar, o que quer?ㅡ perguntou L, olhando seriamente para Devilla que parecia não ter gostado do tom de voz do humano.

ㅡ Vocês humanos são bem engraçados! Sabe que eu posso te matar da maneira que eu bem entender, e ainda sim, não se importa de falar comigo desse jeito. É fascinante, corajoso e ridículo ao mesmo tempo.. ㅡ o comentário de Devilla fez com que Layout recuasse alguns passos, apesar de todos estarem sensibilizados, traumatizados e aflitos com aquela intensa noite, Devilla tinha toda razão. Ela poderia matar todos em nome da lembrança de Scarlett, mas ela não faria isso, na verdade, ela cumpriria a promessa que fez a todos desde que se revelou na mansão do primeiro ministro.

ㅡ Eu disse que apenas uma pessoa morreria hoje e cumprirei parcialmente com essa promessa. ㅡ Devilla levantava-se do sofá, pegando seu caderno prateado da mesa onde Alex o deixou. Sem explicações, ela simplesmente esticou seu braço e entregou o caderno nas mãos de Curtis que o aceitou sem entender a intenção da rainha. Takarashi começava a imaginar o que Devilla pretendia fazer, mas ele não acreditava que ela seria capaz disso… A rainha sorriu para o shinigami de Curtis, confirmando a dúvida dele.

ㅡ Vou repetir. Sempre quis receber uma rosa. Elas são belas… Repletas de cor, beleza e apesar de sua ingenuidade e delicadeza, podem ser perigosas e perfurantes com seus espinhos. ㅡ explicava Devilla, olhando para o teto. Curtis tentava compreender o que a shinigami dizia, mas não conseguia entender nada. Layout percebeu que ele devia parar de pensar e começar a agir, mesmo seu raciocínio exato não conseguisse compreender o que a shinigami queria dizer com aqueles enigmas, mas ele tinha um bom pressentimento.

ㅡ Rápido Curtis, pegue uma rosa! ㅡ brandiu Layout, procurando pelo jardim da sacada do apartamento de Curtis alguma rosa para pegar e entregar para Devilla. Curtis arqueou a sobrancelha, sua mente ainda estava uma bagunça por ter visto seu melhor amigo desaparecer diante de si. O moreno encontrou uma rosa avermelhada nos jardins de sua avó, aquela rosa era uma das mais queridas e preciosas de Madeleine, mas ele sabia que se fosse por um bom motivo, até mesmo sua avó entregaria-a..

Depois de retirar a rosa, Curtis se aproximava da rainha para entregar a ela, no entanto, a shinigami movimentava sua cabeça negativamente, dizendo que não era para lhe entregar.ㅡ Ah, muito obrigada, Curtis! Estou tão feliz! Agora coloque a rosa no meio da caderno. ㅡ explicava Devilla, sentando-se novamente no sofá. Ela olhava para Scarlett com um sorriso nos lábios, toda aquela dor iria acabar e a deusa cumpriria sua promessa.

Sem questionar, o moreno folheava o caderno prateado entregue pela shinigami até encontrar a folha do meio. Assim que a encontrou, colocou a rosa entre uma folha e outra como ordenado por Devilla.

ㅡ Perfeito. ㅡ elogiava a shinigami.

ㅡ O que é tudo isso?ㅡ questionou Layout.

ㅡ Só uma pessoa morrerá hoje. ㅡ Devilla respondeu com um sorriso nos lábios. Ela aproximou-se lentamente do ouvido de Curtis e sussurrou para que só ele ouvisse:

ㅡ Agora coloque fogo no caderno! ㅡ revelou Devilla, afastando-se do garoto.

ㅡ Como assim? Colocar fogo? Isso vai destruí-lo...ㅡ a shinigami não respondia, apenas acenava positivamente com sua cabeça, era como se ela não tivesse permissão -mesmo sendo a Rainha- de revelar o que estava fazendo.

ㅡ Faça isso, Curtis. ㅡ ordenou L que apesar de também não entender o que estava acontecendo, conseguiu decifrar a mensagem contida nos comentários da shinigami.

O moreno pegou o isqueiro dado por Alex e o aproximou da ponta do caderno, ele perguntou se a shinigami tinha certeza que queria ter seu caderno destruído e ela apenas acenou positivamente. Eis que Curtis finalmente incendiou a lateral do caderno, aos poucos, a capa, contra capa e todas as folhas ardiam em chamas, mas até então, a rosa estava intacta, como se ela não fosse capaz de ser queimada. Devilla apontava suas mãos para os céus, nesse momento, seus olhos estavam mais vermelhos que nunca.

ㅡ Preciso que me prometam uma coisa...ㅡ Devilla mantinha toda sua energia e concentração voltada para o céus, era como se sua aura estivesse se conectando com seu mundo de origem, o Mundo dos Shinigamis. Nesse momento, Takarashi apenas ria da situação, ele sabia exatamente o que iria acontecer, mas não acredita que a rainha tivesse mudado tanto para fazê-lo.

ㅡ Que não irão fazer mal a Scarlett!ㅡ revelou, gritando com tanto poder que era emanado de seu corpo. Era se o seu mundo lhe sugasse de volta, mas ela mantinha-se firme, exatamente como a rosa que não queimava, apesar de seu caderno já estar todo destruído. Layout e Curtis arquearam a sobrancelha, o detetive olhou para trás e viu o corpo da morena próximo ao da shinigami.

ㅡ Eu jamais a deixaria impune, não depois de tudo que el..ㅡ antes que Layout desse sua palavra final, Devilla lhe ofereceu um trato que lhe parecia mais que satisfatório.

ㅡ Consigo trazer Alex de volta a vida também...ㅡ contou, virando-se para o detetive e olhando nos olhos deles.

ㅡ Mas eu preciso que me prometam. Scarlett já sofreu muito! Eu a fiz sentir a dor de todas as mortes que ela mesma causou, não há mais necessidade de puni-la. E se tudo der certo, ambos irão voltar sem ter a memória do caderno. ㅡ contudo, Devilla calculou mal o tempo que conseguiria suportar toda a descarga de energia e aos poucos seu corpo era puxado de volta para o mundo dos shinigamis.

ㅡ Rápido, não vou aguentar...ㅡ gritava Devilla, segurando-se com a rosa que Curtis colocou no meio do caderno.

O moreno dizia que sim, mas o detetive continuava a relutar. Será que Scarlett mudaria se esquecesse do caderno e viesse a vida como uma pessoa normal?

ㅡ Ela precisa de uma outra chance. ㅡ finalizou Devilla, mantendo-se firme no mundo dos humanos.

ㅡ Feito! Nos traga Alex de volta. ㅡ respondeu, olhando esperançosamente para a deusa shinigami que parecia trazer alguma coisa dos céus para dentro do apartamento de Curtis. O caderno prateado continuava a pegar fogo, da folha que estava a rosa começava a sair um pó brilhante, era a mesma “areia” que Alex se transformou logo depois de fazer uso da regra do sacrifício.

ㅡ O que você vai fazer ? ㅡ perguntou Layout tentando entender as ações da shinigami, mas o que ele realmente queria saber era por que ela faria isso?

ㅡ O caderno sendo queimado anula a regra do sacrifício, mas não se preocupe, a rosa garante que o efeito permaneça nos revitalizados. Ou seja, Alex retornará, e Madeleine e Kristoff continuarão vivos. ㅡ explicou Devilla , recebendo toda a descarga de energia que saía dos céus em seu corpo.

ㅡ Então a rosa é o que está te ligando a esse mundo ainda. É por isso que você ainda não foi sugada para o seu mundo... ㅡ racionava L, tentando entender o show de luzes.

A shinigami sorriu ao ouvir as palavras do rapaz. ㅡ Você sempre foi inteligente, não é? Esse é um acordo que os Reis e Rainhas podem fazer com humanos há milênios. Os shinigamis realizam “desejos” e fornecem poder aos humanos com o Death Note, enquanto que, se os humanos nos fornecem o que queremos, podemos ter mais poder e fazer coisas que, até então, seriam impossíveis. ㅡ contava, mas o tempo de Devilla já estava para acabar. A energia dos céus começavam a consumir todo o seu corpo, aos poucos ela ia desaparecendo.

ㅡ Eu disse que só uma pessoa morreria hoje, bom, serei eu. Eu quebrei muitas regras ao contar sobre acordos e sobre a última regra na frente de vários humanos, eu seria morta de um jeito ou de outro. Pelo menos assim eu me sacrifico por Scarlett. ㅡ explicava.

ㅡ Por favor, Layout e Curtis.. Deem outra chance para ela. Eu não estarei mais aqui. Mas espero que ela seja feliz. Depois de tudo que ela sofreu na infância, ela merece. E eu a fiz pagar por tudo o que fez...ㅡ Devilla despedia-se pedindo proteção absoluta para a assassina em série que Layout buscou por tantos meses.

Devilla havia finalmente desaparecido, seu corpo deu lugar ao pó brilhante que se transformava aos poucos no corpo de Alex. Scarlett voltava a respirar, mas estava desacordada. E como prometido pela shinigami, todos os “revitalizados” retornariam á vida sem as lembranças do caderno.

ㅡ Eu não imaginei que ela fosse se sacrificar por meros mortais. ㅡ comentava Takarashi, olhando para Curtis. Layout não podia ouvir os comentários do Deus da morte, mas também havia entendido o que a rainha fez.

ㅡ Ela abriu mão da própria vida pra poder trazer de volta, Scarlett e Alex. Ela sabia que nós só iríamos concordar com esses termos se ela pudesse trazer de volta Alex e foi isso que ela fez. ㅡ explicava calmamente L, sentando-se na poltrona. Curtis sentou-se ao seu lado e lhe encarava com repulsa e admiração ao mesmo tempo.

ㅡ O que vai acontecer agora? Vai nos matar? ㅡ questionou Curtis, olhando nos olhos de L.

ㅡ Eu fiz uma promessa e a manterei. Mas você terá que abrir mão da posse do seu caderno e entregá-lo para mim. Alex não se lembrará de nada disso quando acordar, e eu imagino que o seu caderno esteja com ele...ㅡ Layout raciocinava, ele não podia deixar nenhum buraco no plano que estava prestes a por em prática. “Se tudo der certo, conseguirei inocentar todos eles de uma vez só”, pensava.

ㅡ Quanto a Scarlett, eu terei um problema maior. Já que o rosto dela foi divulgado pela imprensa e todos acham que ela é a assassina...ㅡ respirava fundo, Layout não parecia estar muito seguro de sua decisão, mas ele sabia que era a única maneira de convencer as pessoas.

ㅡ Terei que aparecer publicamente para todo o mundo. Esse é o único jeito de acreditarem em mim. Logo depois que eu aparecer, irei contar que o assassino controlou pessoas inocentes, e isso incluía Scarlett, mas agora ele está morto e a população não tem mais o que temer. ㅡ detalhava L, pensando em todos os prós e contras de suas deduções, ele sentia falta de sua flauta que lhe ajudava a raciocinar com mais clareza. Sua mente já estava cansada e conturbada demais para conseguir se concentrar. Ele, como todos os outros, precisava descansar.

Curtis olhava para o detetive com admiração, ele não tinha dúvidas de que aquele homem era L. E o fato de não prendê-lo ou matá-lo era simples; Alex. Foi sempre o amigo o tempo todo, e agora, o moreno só queria ter sua vida normal de volta.

ㅡ Takarashi, o caderno está dentro do aquário na casa de Alex. Você já foi até lá, sabe onde fica. Eu não quero mais essa vida, não quero mais esse poder. Eu renu...ㅡ L correu e tampou a boca do menino para que ele não terminasse a fala.

ㅡ Espere… Shinigami, você pode fazer Curtis dormir assim que ele renunciar a posse do caderno? ㅡ o detetive preocupava-se com a reação de Curtis ao ver sua avó e uma desconhecida caídas no chão de sua sala, e como ele estaria sem suas memórias, seria um enorme susto.

Brincalhão, Takarashi deu uma cutucada na cabeça de L, simbolizando que sim. Depois disso, ele confirmou para Curtis.

ㅡ Isso tudo está para acabar. Quando você abrir os olhos, você verá outro mundo... ㅡ respondeu Layout, pedindo para o garoto se deitar no sofá de sua casa.

ㅡ Eu vou cuidar de tudo, apenas feche os olhos e diga as palavras. ㅡ concluiu, Layout.

ㅡ Eu renuncio a posse do meu Death Note! ㅡ brandiu Curtis. Naquele momento, seus olhos caíram de cansaço, ele já havia adormecido. Takarashi apenas gargalhava da situação e ao ouvir as palavras do garoto, voou em direção a mansão de Alex para buscar o que lhe era seu por direito, o caderno..

3 dias depois;

O presidente dos Estados Unidos estava aflito, os olhos de todos os curiosos ao redor do mundo estavam ligados na emissora oficial do governo. Layout iria aparecer publicamente em menos de 5 minutos. Vex ajudava o detetive a arrumar sua roupa, ele não parecia nervoso.

ㅡ Tem certeza disso? ㅡ questionou Vex dando a última chance de voltar atrás, porque depois que a identidade fosse revelada, o mundo inteiro saberia quem é a pessoa por de trás da sigla.

ㅡ Esse é o preço que eu tenho que pagar. ㅡ sorriu para a amiga, suas vestes já estavam bem arrumadas. Antes de se levantar, Layout encarava Vex com orgulho. Ele levou a mão até o rosto da garota e a acariciou.

ㅡ Estou muito orgulhoso de você.ㅡ afirmou, selando um beijo na bochecha esquerda de Vex.

Um sinal ecoou pelo salão, era hora de Layout entrar ao vivo para todo o mundo. Ele respirou fundo e seguiu até o local arranjado pelo próprio presidente. O detetive sentou-se na poltrona trajando uma roupa branca com detalhes dourados, negros e vermelhos em seu colete. A expressão de seu olhar transmitia naturalidade, imponência e confiabilidade, elementos necessários para fazer com que o povo acreditasse no que ele estava prestes a dizer. As câmeras estavam prontas e a gravação iria começar...

ㅡ Olá moradores de Manhattan, de Nova Iorque, dos Estados Unidos e, de todo o mundo. Estou aqui porque tenho algo para contar á vocês. ㅡ pronunciava calmamente cada palavra para que todos entendessem com clareza.

ㅡ O caso de Fênix e da assassina que conhecemos como Viúva Negra, foram atentados que feriram pessoas inocentes. Digo isso com autoridade pois… Eu sou o L. ㅡ Focou seu olhar na câmera mostrando seriedade, o principal desafio era fazer com que todos que estivessem assistindo, realmente acreditasse no que estava sendo dito.

ㅡ A imagem da mulher que circulou por vários tabloides e websites sendo acusada de assassina, é falsa. Scarlett Legrand foi apenas mais uma das vítimas desse caso. Ela não deve nada a justiça. ㅡ explicava calmamente, respirando fundo para não demonstrar nervosismo, mas Layout não parecia alterado, na verdade, ele acreditava em cada palavra que dizia para o povo. “Ela já pagou por seus pecados. Da pior maneira possível… Não deve mais nada a ninguém.”, pensou.

ㅡ O responsável por todos aqueles ataques já foi capturado. Não precisam se preocupar, o governo tem tudo sob controle. De L para o mundo. Obrigado por sua atenção! ㅡ a transmissão foi finalizada, dando lugar a um intervalo comercial reflexivo para fazer os telespectadores refletirem sobre o que haviam acabado de ouvir e principalmente, questionar se aquele homem na televisão era realmente L como dizia ser.

ㅡ Não acho que eles irão acreditar com tanta facilidade. ㅡ aposta Vex, tentando imaginar a mente das pessoas que assistiam tudo pela televisão.

ㅡ Se sou ou não o L, isso não é relevante. Na verdade, essa dúvida foi o que me convenceu a fazer isso. O fato de não acreditarem me deixa um pouco no anonimato. ㅡ revela L, pensando na reação do povo ao ouvir suas palavras. “Seria engraçado se outro desses cadernos caíssem na terra, e uma pessoa qualquer me matasse..” O detetive gargalhava com a suposição.

Alex e Curtis assistiam tudo pela televisão. Devilla conseguiu apagar por completo a memória do loiro, qualquer lembrança a respeito do caderno foi descartada, inclusive, o fato de ter conhecido L e seus ajudantes. A rainha imaginou que seria prudente Alex não se recordar que conhecia L e por isso conseguiu embaralhar a mente do humano ao ponto que ele não pudesse se lembrar de nada a respeito da noite do baile. Curtis também perdeu todas as lembranças que envolviam o caderno, no entanto, Takarashi não era tão poderoso quanto Devilla para apagar por completo as lembranças dele, o máximo que o shinigami conseguiu fazer foi desarrumar as lembranças do dia do baile. Curtis acha que reconheceu o rosto de L, mas na verdade, ele não tem certeza, pois não consegue se lembrar de nada.

O atentado foi tido para a mídia como “um planejamento de Schneider para alcançar o topo do governo”. O político, não conseguiu resistir aos seus delírios psicóticos, e acabando por ser mutilar diante de todos os seus convidados, mas não antes de assumir a responsabilidade pela morte de Steve e Cornelia Prime, pais de Curtis. Madeleine continua a assistir sua televisão em seu quarto, e sempre aguarda Curtis próximo a porta quando ele sai para o colégio. Kristoff alcançou o posto mais alto do esquadrão de bombeiros e agora trabalha quase sempre fazendo plantão.

ㅡ Você me ama? ㅡ perguntou Alex, com os dedos cruzados com os de Curtis. O loiro abriu um largo sorriso para o garoto.

ㅡ Amo. Incondicionalmente. ㅡ respondeu Curtis, puxando delicadamente os lábios inferiores de Alex com a sua boca.

Curtis se assumiu bissexual e hoje namora publicamente com Alex Moore. Madeleine alegrou-se imensamente ao saber que eles estavam namorando. “Curtis não poderia estar ao lado de uma pessoa melhor…” refletia. Apesar de ser um pouco mente fechada, Kristoff acabou aceitando, afinal, a felicidade do seu irmão era o que importava para ele. Os pais de Alex já tinham suspeitas quanto a homossexualidade de seu filho e aceitaram a relação positivamente.

Logo depois de Curtis renunciar a posse do caderno, L e Vex cuidaram para que todos despertassem em suas devidas casas. Layout ordenou que Jeremiah e Hayako ficassem do lado de fora do edifício até que tudo estivesse finalizado. O detetive sabia que o antigo amigo não iria fugir, não enquanto tinham assuntos pendentes. Vex cuidou para que Scarlett despertasse no apartamento que alugou quando foi flagrada pelos irmãos Jo, ken e po. A partir dali, eles acreditaram que a morena voltaria para a França e foi o que ela fez.

Assim que Scarlett despertou, ela não se recordava de nada do que havia acontecido, na verdade, ela sequer sabia o que havia nos Estados Unidos. Arrumou suas coisas e viajou rumo a França para ficar com sua mãe, contudo, por um estranho instinto, ela quis passar na casa de Joel e pegar uma fotografia para vê-lo sempre que quisesse. Mas assim que entrou na casa do homem teve uma surpresa ainda melhor… Era Joel sentado em sua poltrona que balançava, o homem abriu um enorme sorriu ao ver a morena.;

ㅡ Eu sabia que reapareceria. ㅡ foi tudo o que Joel disse antes de se levantar e abraçar carinhosamente a mulher que parecia não se intimidar com o homem. Depois de alguns segundos encarando-se, Scarlett toma as rédeas da situação e puxa o homem aproximando os corpos, selando um beijo ardente e apaixonante.

Layout cuidou para que Joel soubesse de tudo que havia acontecido. O homem tinha ciência de que a morena havia perdido a memória e que não lembrava mais do caderno, o detetive acreditava que na companhia de uma pessoa com a alma e o coração tão bom quanto Joel, Scarlett pudesse mudar e se tornar uma pessoa melhor. No entanto, ele mantinha sua promessa anterior. A mulher estava sempre sendo seguida e vigiada por agentes escolhidos a dedo por L, e qualquer ato que transmitisse desconfiança, eles tinham a permissão de prendê-la. Contudo, Layout acreditava que não seria mais necessário. Depois de se reencontrarem, Scarlett levou Joel para sua casa na França e lá eles pretendem oficializar a relação num futuro próximo. A mãe da morena, Agneta, apesar de ainda não conseguir falar, sorriu ao ver sua filha ao lado de um homem.

Jeremiah e Hayako ficaram do lado de fora do edifício enquanto L e Vex cuidavam de tudo antes que os envolvidos despertassem do sono. Assim que eles desceram, Layout aproximou-se do Jeremiah sem cerimônia. O detetive já fechava seu punho pronto para dar mais um soco no rosto do ruivo que não parecia querer reagir, porém, de última hora, o detetive abraçou o palhaço, envolvendo as costas do rapaz num abraço de desculpas, redenção, perdão.

ㅡ Eu não sabia que se sentia dessa forma. Me desculpe...ㅡ sussurrou no pé do ouvido do amigo que correspondeu ao abraço. Lágrimas rolavam do rosto de ambos, enquanto que Hayako tinha olhos apenas para Vex.

Com ciúmes, Zero saiu da caminhonete e parou ao lado de Vex, mostrando que ela já estava acompanhada.

ㅡ Isso não é fácil. ㅡ a voz de Jeremiah falhava por causa do choro, Layout afastou-se do amigo e tentava acalmá-lo com um sorriso em seus lábios.

ㅡ Tudo bem, teremos tempo para conversar depois. Mas eu preciso que faça uma coisa para mim...ㅡ comentava L.

ㅡ Preciso que você abra mão do seu caderno. Não posso permitir que continue usando ele. ㅡ revelou, olhando com seriedade para o rosto do amigo.

Jeremiah gargalhou do pedido do rapaz. ㅡ Eu não me importo com esse caderno. Quero a nossa amizade de volta. Se é isso que quer, então tudo bem… Hayako. Eu perderei todas as memórias do caderno, não quero que toque nesse assunto nunca mais! ㅡ respondia Jeremiah, afinal, o amigo ainda teria lembranças do caderno.

ㅡ Ah não, eu não vou conseguir ficar quieto. Então passe a posse do caderno pra mim eu renuncio ele. ㅡ sugeriu Hayako, olhando para Yoko para saber se aquela ideia funcionaria. Yoko afirmou dizendo que seria possível.

ㅡ Pode funcionar. Vamos lá...ㅡ Layout afastou-se dos dois e Jeremiah renunciou a posse do caderno, entregando-a para Hayako que logo em seguida fez o mesmo. Ambos esqueceram por completo da existência do caderno, o que tornou o trabalho de L mais fácil. Layout e Jeremiah tiveram uma conversa dramática e rigorosa, e apesar do palhaço não se recordar, L sabia que ele matou todos os que lhe obrigaram a estuprar sua irmã. E depois de muito conversar, Layout perdoou Jeremiah e depois pediu perdão por ter sido tão injusto com o amigo.

Vex estava sentada no sofá comendo iogurte, enquanto L tocava sua flauta na sala de estar. Zero continuava a jogar no computador central do apartamento. ㅡ Preciso saber. O que realmente te fez aceitar tudo aquilo? ㅡ questionou Vex, curiosa.

ㅡ Todos tiveram infâncias difíceis. Todos eles tinham motivos para usarem o caderno, ele estavam sensíveis, perturbados, traumatizados. ㅡ respondia Layout, acertando as notas com a sua flauta.

ㅡ O que realmente me fez acreditar foi a esperança. Vi nos olhos de cada um deles. Eles merecem outra chance. Uma chance de provar que são boas pessoas. Se você alimenta o mal, então o mal irá crescer. Agora se você alimenta o bem então...ㅡ Layout deixou a frase no ar para que a garota pudesse completar.

ㅡ Então o bem irá crescer. ㅡ concluiu Vex. Layout sorriu para a garota e acariciou sua cabeça.

ㅡ Só queria que houvesse uma maneira de destruirmos esses Deuses da morte de uma vez por todas. ㅡ desabafou, sentando-se ao lado de Vex.

Naquele momento, Ryuuk ouvia o desabafo do detetive assistindo tudo pelo portal do mundo dos shinigamis. O rei dos deuses da morte gargalhou quando soube que Devilla se sacrificou para salvar a vida de humanos.

ㅡ Ela não é merecedora. ㅡ respondeu ao Takarashi que acabara de voltar ao mundo dos shinigamis com seu caderno na mão.

“Então ele quer destruir todos os shinigamis, não é?” ponderava Ryuuk, abrindo seu caderno dourado de Rei shinigami. A última e principal regra daquele caderno era:

“Este caderno é capaz de matar um shinigami”.

Aquilo fez o deus da morte ter uma ideia e gargalhar com aquilo.

ㅡ Quem sabe um dia...ㅡ ponderou, imaginando como seria deixar o caderno dourado cair na terra...