Pov. Jazmyn

Estava, calmamente, fazendo um almoço para James e eu em minha cozinha, quando escuto um berro. Tínhamos voltado da Dinamarca há dois dias e, desde então, estávamos estudando loucamente para as provas, que seriam essa semana. Eu estava enlouquecendo, isso sim. As últimas provas do ano. Elas decidiriam se eu iria me formar ou não. Hoje era domingo, ou seja, amanhã começava as tão temidas avaliações. Quando voltamos, fui à casa de Tate para pegar Alfredo, e o moreno estava em uma crise purpurinada, onde ele chorava e estudava ao mesmo tempo. É, as provas estavam afetando a todos.

Bom, voltando ao grito: desliguei o fogão e corri até a sala. A cena com que me deparei foi, no mínimo, estranha. James estava murmurando algumas coisas inconformado, enquanto caminhava de um lado ao outro, em frente a um computador, onde eu podia ver seus pais, me fazendo perceber que ele estava em uma ligação pelo Skype. Pelo visto, James murmurava em francês, e seus pais apenas riam de seu filho.

– Jay? – pergunto incerta, me aproximando.

– Eu não acredito. – ele exclama olhando para o computador.

– Essa é a Jazmyn? Cadê ela? – a mãe dele pergunta sorrindo.

– Olá. – falo, me posicionando em frente à tela.

– Tudo bem, querida? – ele pergunta docilmente.

– Eu preciso me sentar. – James reclama, se jogando no sofá.

Ele estava pálido, e mal se mexeu quando Alfredo subiu no sofá e posicionou a cabeça em seu colo. Eu estava começando a ficar preocupada.

– O que houve? – pergunto o olhando.

– O que houve? O QUE HOUVE? – ele pergunta gritando e apontando para o computador. – Eles é o que houve.

– Oh Deus. – murmuro revirando os olhos, fazendo seus pais rirem.

– Eles se comportam como... Como adolescentes! – Jay comenta indignado.

– James, olha para mim. Foco, aqui! O que aconteceu? – falo, balançando minhas mãos em frente de seu rosto.

– Ela está grávida! – ele responde, apontando para sua mãe.

– Oh! – exclamo olhando para a tela. – Parabéns!

– Obrigada, querida. – Lorelai responde sorrindo.

– James, fale parabéns. – digo, olhando para o loiro.

– Não. Eles não me amam. – ele responde irritado.

– James, não fale bobagens. – sua mãe o repreende.

– Por que ter outro filho? Vocês não me amam mais? Eu não fui suficiente? – ele pergunta irritado.

– James, fique quieto. Você sabe que nada disso é verdade.

– Bom, não é o que parece... – ele responde virando o rosto, me fazendo rir. – E você rindo!

– Porque isso é, no mínimo, cômico. – respondo rindo. – Nosso filho vai ter um tio da sua idade.

– Filho? – seus pais perguntam. Eu olho acusadoramente para James.

– Você disse que iria contar a eles. – falo irritada.

Depois de eu ter dado a notícia a James, combinamos que iriamos contar para nossas próprias famílias, separadamente. Meu pai e Katherine adoraram a novidade, comentando tudo que iriam ensinar ao bebê. Por outro lado, Dominique ficou incrivelmente surpresa e irritada. Tenho plena consciência de que ela achou que meu casamento não duraria muito tempo, e então eu me apaixonei pelo meu marido. A vida brinca com as pessoas.

– Pois é... Esqueci. – James fala se encolhendo. – É que ela estava brava comigo! Ai, eu não queria ir falar com ela...

– Cala a boca, James. – falo e me viro para a tela. – Eu estou grávida.

– Ah, isso é incrível, querida! – Lorelai vibrou. – Quantos meses?

– Dois. – respondo sorrindo.

– Eu estou de quatro! – ela fala, e então um guarda entra no cômodo que eles estavam, avisando-os de um compromisso. – Temos que ir! Amamos vocês! Jazmyn, faça James crescer, sim?

– Pode deixar. – respondo sorrindo e então desligo o computador.

– Meu irmão e meu filho terão dois meses de diferença. – James bufa e eu começo a rir.

Ele me olha irritado. Encostei-me no sofá e suspirei. Nossa família era louca. De repente, James deita sua cabeça no meu colo e levanta minha blusa.

– James! – exclamo rindo.

– Ela está normal. – ele fala, encarando minha barriga.

– Ela vai mudar quando eu estiver com quatro ou cinco meses, amor. – eu falo, acariciando seus cabelos.

– Eu quero que nosso bebê venha logo. – ele fala, me olhando.

– Eu também. Mas agora eu quero estudar, estou com medo de amanhã. – comento, fazendo uma careta. James ri e me beija.

***

– Eu não passei naquela prova. – falo para Ashley, enquanto caminhávamos até o ginásio, para nossa aula de educação física.

– Relaxa, eles vão entregar os resultados ainda essa semana. – ela fala revirando os olhos.

– Como eles conseguem dar a prova e corrigir na mesma semana? – pergunto incrédula.

– Eles precisam, semana que vem é a formatura. – ela fala dando de ombros.

– Mas e se alguém não passou? Não pode refazer? – pergunto assustada.

– Não aqui. Tem que refazer o ano todo.

Oh Deus. Eu não iria passar. Tinha acabado de fazer a prova de matemática, então eu soube, com certeza, que eu não iria passar. Mas, tentei esquecer tudo por um tempo, me concentrando em sobreviver à maldita aula de Ed. Física. Eu odiava essa matéria.

Ash e eu entramos no ginásio e seguimos para os vestiários. Abri meu armário, e logo estava com o uniforme próprio para a aula. Esperei Ashley, então seguimos para o grande campo, onde outras alunas já esperavam o professor. Quando o mesmo chegou, o silêncio foi imediato.

– Essa é a última aula do ano! – falo o professor, sorrindo. – Então, obviamente, vamos fazer algo que quase não fizemos durante o ano, mas que eu tenho certeza que vocês gostam: corrida.

A reclamação foi geral: ninguém queria correr. O professor não estava em condições de conversa, apenas fechou a cara e nos mandou alongar. Essa seria a pior aula. Enquanto me alongava, vi Tate caminhando em minha direção. Ele sentou-se no chão, ao meu lado.

– Você não tem aula? – pergunto o olhando.

– Eu falei que estava com dor na mão. – ele dá de ombros. Olho para frente e vejo muitos garotos, correndo no campo, jogando futebol.

– Mas vocês estão jogando futebol. – falo confusa, me dirigindo à pista de corrida, que ficava em volta do campo.

– É, bem, eu falei isso antes de saber o que era a aula. Rezemos para que o professor não se lembre. – ele responde me acompanhando.

Rindo, começo a caminhar ao lado de Tate. Ashley estava mais a frente com a turma dela, já que era um ano mais nova. Era estranho, mas aulas como educação física e artística eram feitas com outras séries, por alguma razão.

O professor grita que devemos alternar entre correr e caminhar, e que agora era hora de acelerar. Começo a ''trotar'' com Tate, e não me sinto muito bem. Eu odiava correr, isso eu já sabia. Minha respiração logo ficava falhada, por eu não ter resistência. Eu fazia balé e equitação, claro, mas balé eu aprendi desde pequena, e parei justamente porque tinha muito busto e ‘traseiro'; e equitação, bom, é pelo equilíbrio que eu consigo me manter em cima do cavalo. Correr nunca foi meu forte.

Tate falava alguma coisa, mas eu simplesmente não prestava atenção. Não iria parar de correr, pois o professor estava de mal humor, e provavelmente descontaria em mim, mas eu estava me sentindo muito mal. De repente, uma pessoa, Ashley eu acho, passou correndo por mim e esbarrou em meu ombro. Essa foi a brecha que meu corpo achou para desmoronar. Ouvi gritos, mas estava ficando escuro, e eu estava tonta. Tate estava perto de mim, e o professor chegou preocupado. Em estado de choque, agarro a camiseta de Tate, puxando-o para perto de mim, e sussurro:

– Eu estou grávida.

Ele arregala os olhos e então fala para o professor que ele se responsabilizava por mim, e que me levaria à enfermaria. Ele concorda e então manda todos voltarem a correr. Sinto meu corpo sendo levantado e Tate começa a caminhar, sussurrando que tudo ficara bem. Ele pergunta se eu comi, e eu nego com a cabeça. Estava tão preocupada com as provas que faria hoje, que me esqueci de comer. Acho que gravidez mais jejum mais corrida é igual a uma situação ruim.

Logo estávamos na enfermaria. Tate explicou a situação, pulando a parte da gravidez. A enfermeira mediu minha pressão e concluiu que eu deveria comer algo salgado. Continuei deitada enquanto Tate comprava algo para eu comer na cantina. Depois de alguns minutos, a porta se abre rapidamente, revelando um James com as bochechas rubras, por correr.

– Jazmyn. – ele murmura andando em minha direção.

Coloco uma mão em seu peito, lembrando-o que não estamos sozinhos, e que somos, tecnicamente, irmãos aqui. Ele se irrita e beija minha testa. A enfermeira explica o ocorrido e eu passo os próximos minutos ouvindo o sermão de James sobre como eu deveria comer antes de sair de casa.

– Por que você caiu? – ele pergunta irritado. – Por que não parou?

– Porque o professor estava irritado, e eu não queria que ele descontasse em mim. – reviro os olhos. – E eu cai quando Ashley esbarrou em meu ombro.

– E por que ela esbarrou em seu ombro? – ele pergunta confuso. – Por que ela corria tão perto?

– Eu não sei, James. – respondo, também confusa. – Ela só esbarrou, deve ter tropeçado, sei lá.

– Você não sai mais de casa sem comer. – ele fala autoritário, e eu sorrio.

É engraçado como as coisas viram. Antes, eu tinha que cuidar de mim e de James. Agora, ele estaria cuidando de mim, e de nosso filho. Engraçado como um bebê muda as pessoas.