Pov. Jazmyn

Acordei sentindo muito frio, e me encontrando sozinha na cama. Eu não acreditava no dia que tive ontem. O voo foi chato, mas quando descobri onde estava... Santiago! Nunca fui ao Chile antes, e aqui está tremendamente frio e hoje, pela primeira vez na minha vida, eu iria ver a neve. Obviamente a noite foi fechada com chave de ouro, porque, é claro, eu tinha que agradecer meu ilustre marido, se é que vocês me entendem.

Resolvi me levantar e tomar um banho. James deve ter ido pedir café da manhã no quarto, ou alguma coisa assim. Depois de alguns minutos, sai do enorme banheiro e coloquei minha lingerie, procurando alguma roupa na minha mala.

– Por que a senhorita tem sutiã e calcinha de onça? – James pergunta atrás de mim. Estava tão preocupada em achar algo que não ouvi a porta atrás de mim.

– Porque é bonitinho. – respondo o olhando pelo espelho em minha frente.

– E quem vai ver que é bonitinho? – ele pergunta, franzindo a testa.

– Eu, você... Meu amante. – falo dando de ombros.

– Engraçadinha. – ele responde encostando minhas costas em seu corpo e mordendo meu ombro carinhosamente.

– E quem disse que eu estou brincando? – sussurro em seu ouvido e coloco algumas roupas na cama.

– Eu. – ele fala dando de ombros.

– Quem sabe eu não sou só sua...

– Mentir é feio, Jazmyn. – ele me repreende, dando um pequeno tapa em meu bumbum e se jogando na cama. – E ontem não pareceu que você fosse de mais ninguém...

– Idiota. – rio e jogo um sapato nele.

– Vamos, vamos comer para a ruivinha ter força para enfrentar a neve. – ele fala caminhando em direção à pequena sala do quarto.

Sorrindo, corro atrás dele e me jogo em suas costas, fazendo o loiro rir.

***

Entrei na minivan logo depois de James, sentando-me na janela. Esse veículo nos levaria até um lugar onde poderíamos esquiar na cordilheira dos Andes. Eu estava muito nervosa e feliz ao mesmo tempo. Não nevava na cidade, então eu ainda não havia visto a neve.

– Eu não acredito que você veio de salto. – James fala balançando a cabeça.

– O que? É neve, não deserto. E é salto grosso. E é quentinho. – falo para o loiro. – Ah, você é muito alto, como espera que eu te beije?

– Esse salto não realmente faz você ficar da minha altura, Lovebird.

– Mas ajuda. – falo fazendo beicinho.

– E eu posso simplesmente posso fazer isso. – ele fala se inclinando e me beijando. – Viu? Simples e prático.

– Odeio simples e prático. Eu gosto de maneiras originais. – falo olhando pela janela, e o loiro ri.

A van começa a andar, mas logo para. O guia explica que ali é uma loja para comprar a roupa para esquiar, já que o equipamento já está lá na montanha. Eu não queria descer, mas James me obrigou, e logo estávamos nós dois dentro da pequena loja.

– Eu não vou usar nada disso. – falo observando tudo que tinha no local.

– Você prefere morrer de frio? – ele pergunta erguendo uma sobrancelha.

– Você sabe que isso é sexy, não sabe? – pergunto apontando para sua sobrancelha. – Claro que sabe, faz o tempo todo.

– Gracinha. – James murmura rindo e me beija.

Eu estava ficando muito acostumada com isso. E eu gostava.

– Experimenta isso. – ele fala me alcançando um par de botas pretas e encardidas.

– Não, obrigada. – respondo sorrindo.

– Isso não foi um pedido, Love. – ele comenta sorrindo sarcástico.

Bufando, pego as botas e coloco-as.

– Não gostei. – respondo ainda sentada.

Muito calmamente, James se agacha até minha altura e me pergunta:

– Elas servem? É só isso que eu quero saber.

– Eu não sou uma criança. E sim, elas servem, mas eu não gostei delas e...

– Então nós vamos levar. – ele fala, beijando minha bochecha.

– Mas...

– Vamos para os casacos.

***

Estamos há vinte minutos nessa van, e já começamos a ir em direção à Cordilheira. James me obrigou a alugar as botas, luvas e um casaco enorme, que me deixava parecendo uma baleia. Se eu estava irritada? Não, imagina.

– Daqui a pouco aparece a neve, Jaz. – ele comenta, e eu o olho com uma expressão assassina. – Essa roupa ficou linda em você.

– Eu aconselho a calar a boca. – falo entre dentes.

James simplesmente me beija. Tenho quase certeza que essa é a tática dele para me fazer calar a boca e ficar feliz novamente.

– Eu sei o que você está fazendo. – murmuro perto de seus lábios, e o loiro sorri.

– Ah é? Jaz, olha pela janela.

E quando eu olho, vejo partículas brancas grudadas dela. Estava nevando. Imediatamente, coloco minhas mãos no vidro e olho para fora. A paisagem ficava cada vez mais branca, enquanto subíamos. Era tudo tão lindo. Então o motorista parou.

– Parada para olhar a neve! – o guia fala com seu sotaque estranho.

Me levanto imediatamente, passando por cima de James e descendo da van. Eu estava em contato com a neve. Caminhei para frente da van e olhei ao meu redor. Tudo tão branco, tão lindo. As outras pessoas da van tiravam fotos ou sentavam na neve, enquanto eu apenas ergui minha cabeça e deixei a neve cair em meu rosto. Ouço James me chamar, e viro com um grande sorriso. Ele tinha uma câmera, e tirou foto do momento, me fazendo rir. Tiro minha luva e pego um pouco de neve, era molhada, obviamente, e tão gelada. Parecia besta, mas eu fiquei um pouco incrédula com a velocidade que ela se derretia. E então, eu fui atingida.

James havia jogado uma bola de neve em mim, e estava com uma cara de menino travesso. Começo a correr atrás dele, até escorregar e cair no chão. James vem até mim rindo.

– A ruiva mais desastrada do planeta. – ele comenta, ajudando-me a levantar.

– Palhaço. – resmungo, fazendo o mesmo rir.

Logo estamos dentro da van novamente, e ela continua a subir. De repente, ela simplesmente para, e então começa a trancar quando o motorista tenta acelerar. O guia sai da van e, junto com alguns outros homens que sei lá de onde vieram, começa a falar em espanhol algumas coisas.

– Provavelmente estão colocando as correntes nos pneus. – James fala me acalmando.

E então, a van começa a deslizar para trás e tudo que eu consegui ouvir foi o motorista gritando.

– Carlos! A van está indo, Carlos! Carlos!

Eu não sei o que ele falou, mas parecia desesperado pelo Carlos, nosso guia. Então a van trava novamente.

– Nós vamos morrer. – resmungo jogando a cabeça para trás.

– Tão positiva. – James revira os olhos.

– Eu sabia que devia ter avisado papai. – continuo dramaticamente. – Eu nem tive filhos!

– Você é tão dramática. – ele comenta rindo.

O motorista pede para todos nós sairmos da van, porque estávamos fazendo muito peso. Logo estávamos no frio da neve. É, bom, ela não é tão bonita assim depois de um tempo. Brinquei um pouco com James, mas logo eu estava simplesmente congelando. Os homens responsáveis pelo transporte começaram a ligar para outras pessoas, e cada van que descia parava para saber o porquê deles estarem parados no meio na curva. Portanto, depois de um tempo, todas as mulheres, incluindo eu mesma, estavam convictas que nós iriamos morrer.

James tentava me distrair, mas eu continuava tremendo de frio. Ele estava ficando preocupado, pois meus lábios estavam ficando roxos. O loiro me abraça e me beijava ocasionalmente, para, segundo ele, esquentar meus lábios.

***

Já se passara oito horas e nada de uma ajuda chegar. Conseguimos andar alguns quilômetros a mais, porém logo a van trancava e tínhamos que descer novamente. James encontrou uma posição confortável, sentando em um tronco de árvore cortado, comigo em seu colo. Dou graças a Deus por ainda ser de tarde, portanto tinha sol. O sol aquecia meu rosto e eu já estava menos pálida. Eu tinha fome, e precisava ir no banheiro. James disse que eu poderia ir ali, como as outras mulheres da van, mas eu definitivamente não iria fazer isso. O que me restava era esperar.

***

Finalmente, depois de dez horas no meio nas curvas, conseguimos chegar a um ponto de esqui. Não era o ponto programado, mas foi o que eles conseguiram. Nossa van seria trocada lá, portanto tínhamos uma hora naquele espaço, antes de escurecer e eles nos levarem para a cidade novamente.

Eu estava com muita raiva, e James também. Por causa da pequena queda de neve, todos ‘’brinquedos’’ e esquis estavam indisponíveis. Podíamos apenas comer, tomar chocolate quente, que por acaso, era muito caro, e brincar na neve. Optei pela terceira opção.

James havia entrado para reclamar com a organização turística, enquanto eu fiquei do lado de fora, totalmente sozinha. Aquele lugar estava deserto. Procurei pelo lugar com mais neve amontoada e comecei a montar um boneco de neve. Bom, pelo menos eu tentei. O corpo dele era basicamente nada, pois eu simplesmente não conseguia fazer nada.

– Boneco de neve? – aquela voz rouca pergunta atrás de mim.

– Pelo menos você consegue ver que é isso. – eu respondo olhando para o monte de neve em minha frente, e então olho para James por cima de meu ombro. – Eu sou péssima nisso.

– Eu te ajudo. – ele fala e se ajoelha ao meu lado.

Em meia hora, James conseguiu montar um boneco de neve lindo. Eu não sei como ele fez, mas ficou perfeito. Ao fim, nós levantamos e olhamos para o boneco. Não consegui resistir e abracei meu marido pela cintura, apertando meu rosto em seu peito. Logo eu estava cercada por seus braços.

– Obrigada. – sussurro. – Isso é perfeito.

– Isso foi horrível, Lovebird. – ele fala revirando os olhos. – Mas eu sabia que você não ia admitir.

– Para, James. Não foi sua culpa.

– Verdade, mas mesmo assim, nós vamos estar fora daqui amanhã.

– O que? – pergunto me afastando um pouco. – Já vamos voltar?

– Jaz, amor, já quer sair de sua lua de mel? – ele pergunta rindo. – Nós vamos viajar para o segundo local de nossas férias.

– E qual seria?

– Austrália.

Uma ruiva na Austrália... Isso definidamente seria uma experiência boa.