Cicatrizes escrita por AuroraEverlark


Capítulo 7
Capítulo 6 - The Schreave Bônus


Notas iniciais do capítulo

Coming Back To You ♪♩♪♩
Nyaah volteiii, quem sentiu minha falta? o/
#BarulhoDeGrilos
Gostaria de pedir mil desculpas T^T
Mas o meu Wi-fi estava horrível - ainda está ruim essa bagaça.
Estou usando o da minha vizinha .-.
Vejam pelo lado bom, passei apenas 24 dias fora :P
Não demorei tanto assim :D
~LevaUmaFlechadaNoMeioDaCara
Okay, foco u_u'
Finalmente postei o capítulo bônus
Enjoy ❤



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A rainha América foi extremamente sutil quando utilizou o termo “anúncio do noivado” para aquilo.

Peguei uma taça de champanhe da bandeja de um garçom que passou em minha frente e engoli tudo de uma vez só, sem me importar com o olhar de repreensão de Marilyn. 

O salão estava lotado. Havia câmeras, repórteres, diversos convidados e muita comida - o que me fez sentir uma felicidade genuína. Eu arriscaria dizer, ao olhar todos os homens engravatados e mulheres de vestidos exuberantes, que todas as pessoas importantes de Illéa estavam presentes naquele lugar.

— Será que ainda dá tempo de fingir uma intoxicação alimentar e ficar presa no quarto? - Refleti comigo mesma as possibilidades.

— Nem ouse pensar nisso. - Marilyn respondeu atrapalhando meu plano. – Você só precisa sorrir, cumprimentar essas pessoas e aceitar o pedido de casamento.

— É, fingir uma intoxicação não parece convincente. Será que causar um pequeno incêndio é muito difícil? - A loira me encarava com os olhos arregalados.  – Você pode ser minha cúmplice, enquanto eu procuro algum fósforo na cozinha, seu trabalho é encontrar uma bebida fortemente alcoólica, que com certeza deve ter aqui.

— Nicole... - Sua voz estava alerta, transbordando cautela e horror.

— Estou brincando... - ou não. Tentei me distrair com as comidas que estavam sendo servidas.

— Finalmente te encontrei, nossos pais estão esperando. - A voz irritantemente agradável soou em meus ouvidos. Senti seus olhos me analisando minuciosamente. Confesso. Seu olhar me deixou incomodada. – A cor do vestido combinou com você.

Tive vontade de rir. Quem diria que o príncipe pegador reparava nesses detalhes. Antigamente, meu guarda-roupa se resumia em peças rosa e, em sua maioria, delicadas. Porém, depois do “ocorrido”, comecei a usar roupas – segundo minha mãe – desleixadas.

— Eu odeio rosa. - Respondi diretamente. – Sua mãe que achou esse vestido propício para a ocasião, eu queria usar um preto, que reflete o meu humor interno, mas imaginei que ela ficaria ressentida se eu não aceitasse o presente. 

Antes do idiota retrucar, olhares excessivos em nossa direção fez com que a gente encontrasse um grupo de garotas acenando para nós dois. Na realidade, era para Ahren. Bando de sem o que fazer. E antes que me julguem e digam que estou com ciúmes – que não estou –, aquelas meninas não tinham mais de quinze anos. O que anda acontecendo com esses jovens?

— É melhor irmos, minha mãe quer te apresentar algumas amigas. 

— Não quero conhecer as amigas de sua mãe. - Revirei os olhos. – Quero comer e torcer para que isso acabe logo.

Ele iria falar alguma coisa, mas uma criatura pequena de cabelo loiro surgiu em nossa direção.

— Ahreenn! - A garota, literalmente, se jogou nos braços dele. 

— Pode me soltar, Josie. - Ela protestou, mas se afastou. Ele fez uma careta e me encarou. – Essa é a minha namorada Nicole.

Tentei não prestar atenção como a palavra namorada saiu daqueles estúpidos lábios.

Se olhar matasse, esses seriam os meus últimos pensamentos. A tal da Josie estava se corroendo de raiva, certeza que ela fazia parte daqueles fã clubes ridículos do Ahren.

— Você já namorou garotas mais bonitas.

Uma pergunta, eu posso ser presa por bater em crianças?

— Ahren evoluiu nas suas escolhas. – O idiota e Marilyn assistiam tudo, se divertindo às minhas custas. – Afinal, você deve ter aprendido na creche que a beleza não é tudo na vida.

Ver aquela menina bufando de raiva foi algo imperdível. Se minha mãe estivesse aqui estaria orgulhosa – afinal, não usei a força física -, fui uma verdadeira dama.

— Sim, beleza não é tudo na vida. - Falou cinicamente, enquanto me olhava de cima a baixo. Para meu alívio, evitando qualquer tipo de ato violento vindo da minha parte, uma música animada começou a ecoar pelo salão. – EU NÃO ACREDITO. Eu AMO essa música. Ahren dança comigo.

Conclui que adolescentes são seres exagerados. A pirralha lançou o mesmo olhar que eu fazia para o meu pai quando queria um livro novo – sempre fui uma criança estudiosa. Cof, cof.

— Josie, agora não.

Ele até tentou recusar, mas foi em vão. A garota o puxou para a pista de dança.

Eu e Marilyn nos deliciamos assistindo a garota se jogar no pescoço do idiota, enquanto o mesmo lançava um olhar de socorro em nossa direção.

Nunca me senti tão realizada assistindo o sofrimento alheio.

— Eu vou pegar alguma coisa para beber, você quer? - Marilyn perguntou.

— Não, eu vou atrás de uma fonte de chocolate que vi no meio do buffet. 

A loira seguiu em uma direção oposta a minha. 

Depois de esbarrar e cumprimentar algumas pessoas conhecidas. Pude ficar finalmente sozinha com a cascata de chocolate.

— Oi, você é a Nicole, certo? Já faz um tempo que a gente se viu e, muito provavelmente, você não se lembra de mim.

Ao procurar a dona da voz, encontrei uma garota de pele bronzeada, olhos e cabelos castanhos. Era nada mais nada menos que a gêmea do “idiota”.

— Lembro de você sim, Eadlyn.

Ela abriu um sorriso e estendeu a mão.

— Meus pais falaram bastante sobre você. - Será que falaram das minhas crises emocionais? 

— Espero que eles tenham falado apenas as coisas boas. - Brinquei. 

— Falaram que você é diferente das outras princesas. - Isso foi um elogio? – É um pouco exótica.

Exótica? Isso foi um elogio comparado aos adjetivos utilizados por outras pessoas.

— Isso é algo bom?

Recordei da primeira vez que encontrei com a rainha da Rússia, no jantar de noivado do Keith e Natasha. Vocês sabem que eu não gosto de chamar atenção, certo? – sou uma péssima mentirosa – Enfim, neste dia resolvi não usar os talheres. Comi o jantar inteiro com as mãos. A rainha Kira ficou uma fera e me chamou de monstrinha.

— As outras princesas são cansativas, você parece ser real.  - Ela deu um sorriso contido. – Eu pensei que Ahren estivesse com você.

— Ele estava, mas acabou me trocando por uma garotinha. - Apontei com a cabeça para a pista de dança onde eles estavam. – Acho que ela deve ser a líder do fã clube dele.

— E é mesmo. Aliás, você sabia que ela te odeia? Chorou e tudo quando descobriu sobre você. - Eadlyn respondeu rindo. Ergui as sobrancelhas. Sou tão odiável assim? – A Josie tem uma paixão platônica por Ahren desde sempre. E você, tecnicamente, namora com ele agora, então...

Que maravilha. Uma criança que me detesta por causa daquele idiota. Mais um problema que esse casamento me trouxe. O que eu fiz para merecer isso?

Enquanto eu lastimava sobre o meu azar, um rapaz bronzeado veio em nossa direção.

— Alteza, gostaria de dançar comigo?

Para minha surpresa, ele estava se direcionando a mim. Não sei dançar. Então quando eu tento pareço uma girafa desengonçada. Quando eu tinha dezesseis anos minha mãe me obrigou a fazer aulas de dança, mas ela percebeu que era uma péssima ideia quando fraturei sem querer o nariz do meu professor.

— Eu adoraria, mas meus pés estão bastante doloridos. - Olhei para a garota do meu lado e encontrei a solução perfeita para ficar sozinha. – Porém, para sua imensa alegria, tenho certeza que a futura rainha de Illéa ficaria honrada em dançar com você.

Eu sei que joguei sujo. Mas foi por justa causa: estou com fome e quero ficar sozinha. Eadlyn me olhou feio, mas aceitou e caminhou para a pista com o rapaz.

Fiz uma fiscalização básica do local. Bingo. Encontrei várias frutas e doces para comer com o chocolate da fonte. Eu estava, literalmente, no paraíso. Coloquei vários doces na boca de uma vez só.

— É quase um absurdo uma garota tão bonita estar sem companhia desse jeito.

Senti uma respiração quente nas minhas costas. Virei e um par de olhos azuis estava me encarando. O garoto era bonito, mas não tinha mais de quinze anos. E eu não sou papa-anjo. 

— Antes só do que mal acompanhado. - Tentei falar com a boca cheia. 

— Posso me apresentar? - Falou rindo da minha falta de etiquetas, revirei os olhos. – Me chamo Kaden Schreave.

Isso é castigo. Outro Schreave? Isso explica a péssima cantada.

Após analisá-lo novamente, tive uma breve lembrança de reconhecimento da sua versão criança. E ironicamente, ele não me reconheceu.

— Ah, oi. Agora que já se apresentou, pode me deixar sozinha no paraíso.

Fiz um gesto com as mãos, indicando a fonte.

— Qual o seu nome? - Perguntou ignorando minha falta de educação. É, ele não se lembrou do meu lindo e angelical - nem tanto assim - rostinho.

Respira, Nicole. É apenas uma criança. Uma criança enxerida e inocente que está desviando sua atenção da comida.

— Pelo visto já conversou com a Nicole, filho. - Rei Maxon falou se aproximando. – Se lembra dela? A princesa da Itália e namorada do seu irmão.

A expressão de surpresa e reconhecimento estava presente no rosto de Kaden.

— Você está diferente. - Respondeu constrangido por ter tentado flertar comigo. Tadinho, mas bem feito.

— Você também, andou usando todo o fermento do castelo? Cresceu bastante em três anos.

Ele sorriu acenando com a cabeça, ainda sem graça.

— Nicole, querida, a América quer falar com você. - Rei Maxon chamou a minha atenção.

Essa mulher não desiste? Não consegui matar metade da minha fome.

— Onde ela está? – Perguntei, desistindo de fugir. Afinal, um soldado não foge a luta. 

Rei Maxon apontou para o outro lado da pista de dança. A rainha América conversava animadamente com mais três mulheres, além da minha mãe. Suspirei. Segui naquela direção dando passos de tartaruga. 

— Nicole, o vestido ficou incrível em você. - Rainha América parecia impressionada com a minha aparência, ou só com o vestido. Mais provável o último. — Permita-me lhe apresentar as minhas amigas, essas são Mary, Lucy e Marlee.

Apontou para cada uma em ordem. 

— Então você é a garota que o meu afilhado andou falando tanto? - Acho que se chamava Lucy, a quem perguntou. 

— O estrupício, quer dizer, Ahren andou falando coisas sobre mim? Vindo dele, duvido que tenha sido coisa boa.

Nicole... —  Rainha Nicoletta repreendeu.

— Ele contou que você era uma garota bem vivaz. - A mulher respondeu com um sorriso sem graça. — E acho que tinha razão. 

— Humm...

Ao perceber minha indisposição para conversar, as mulheres tentaram não se dirigir a mim enquanto conversavam entre si. Agradecida, me afastei delas e fui em busca de comida. Abordei alguns garçons e peguei alguns quitutes, só parando de comer quando minha barriga começou a doer. Estava entediada, então resolvi procurar por Marilyn ou, na pior das hipóteses, Ahren. Depois de algumas pessoas esbarrarem em mim, encontrei o pateta falando com um homem moreno de olhos verdes. Ele e Ahren pareciam preocupados.

— “... os rebeldes atacaram novamente. Eles estiveram na província Midston dessa vez”.

Inesperadamente, ao ouvir a palavra "rebelde" foi como se um gatilho tivesse sido disparado na minha cabeça e inúmeras lembranças vieram a tona. As minhas cicatrizes pareciam estar vivas e um profundo calafrio percorreu o meu corpo.

Era óbvio. Se a Itália não era seguro, por que em Illéa seria?

— Existem rebeldes em Illéa? – Perguntei com dificuldade.

Eles finalmente notaram a minha presença. O rapaz me avaliou e uma ruga formou-se em sua testa.

— Garota, é feio ouvir a conversa dos outros.

— Não quando o assunto me convém.

— Olha aqui...

Impedindo uma possível discussão, Ahren finalmente se pronuncia.

— Padrinho, gostaria de lhe apresentar a minha namorada e, também, princesa da Itália, essa é Nicole. – O homem de olhos verdes me encarava com intensidade. — Nicole, esse é meu padrinho, Aspen Leger. 

— É um prazer conhecê-lo. – Tenho certeza que meu rosto não havia um pingo de simpatia.

— O prazer é todo meu, alteza. – Nem parecia a mesma pessoa de minutos atrás.

— Existem rebeldes aqui em Illéa? – Questiono diretamente.

— Isso é um assunto confidencial, alteza. – O tal de Aspen me respondeu polidamente.

— Mas eu PRECISO saber.

Acho que as feições do meu rosto denunciava todo o desespero que eu estava vivendo, porque pela primeira vez Ahren me olhou cautelosamente.

— Fique calma, Nicole. Se isso é tão importante para você, eu conto. Mas não agora, aqui não é o local adequado para isso. – Ahren olhava em volta, evitando que outras pessoas pudessem nos ouvir.

Mesmo contrariada, confirmo com a cabeça e tento lembrar como se respira normalmente.

Do outro lado do salão, percebo rainha América e rei Maxon fazendo um sinal em nossa direção. Ahren confirma com a cabeça e analisa meu estado.

— Chegou a hora. 

— Hora? A hora do quê? – Pergunto confusa, ainda pelo choque.

— Do pedido, você acha que consegue fazer isso? – Era um péssimo momento, mas quanto mais cedo esse pesadelo acabar, melhor. Por isso aceno positivamente com a cabeça. — Então eu vou na frente e depois é a sua vez.

— Bom, boa sorte para vocês dois. Estarei torcendo pelo casal. – Aspen Leger deseja e se afasta, indo em direção do local onde a família Schreave, meus pais e as amigas da rainha América estavam.

Ahren também se afasta, mas seguindo o caminho do palco centralizado no salão. Observei o pateta cumprimentando as pessoas e subindo os degraus com tranquilidade.

Minhas mãos estavam suando e tive medo da comida dentro do meu estômago exigir sair dele.

— Boa noite a todos, gostaria de agradecer a presença de cada um que está presente aqui hoje. Imagino que a maioria de vocês estejam curiosos, mas antes de revelar o motivo pelo qual estamos reunidos, preciso revelar algumas coisas. – Ahren deu uma pausa e seus olhos passaram pelo aglomerado de pessoas em frente ao palco, desviando-os para a minha direção e fixando os mesmos nos meus. – Durante muito tempo, eu vivi sem saber o que era amor, desconhecendo a profundidade desse sentimento, mesmo lendo sobre ele nos livros e o vendo na relação dos meus pais. Mas foi só na pessoa mais impensável e única desse mundo que o encontrei da forma mais pura e serena.

Quem olhasse Ahren daquele jeito, pensaria que ele estava, de fato, perdidamente apaixonado. Conclui que o idiota era um excelente ator e senti raiva por isso.

— Você, Nicole, foi a pessoa que despertou esse sentimento tão genuíno em meu ser. Apesar de poucas pessoas saberem sobre o nosso relacionamento, a partir de hoje desejo que cada nação saiba o quão perdidamente apaixonado estou.

Um burburinho começou a se espalhar no salão e senti as pessoas olharem em minha direção. Como eu queria ser um avestruz agora e, assim, enfiar minha cabeça dentro de um buraco.

É, a ideia do fogo não era tão ruim assim.

— Eu sei que somos novos, mas ainda assim quero tornar nosso amor eterno. Não quero você apenas como a garota que eu amo, mas se você me permitir, que seja como a esposa que eu amo.

Acho que esse é o momento em que eu saio correndo fazendo cara de paisagem.

Sentindo minhas pernas relutantes, caminhei de maneira mecanizada em direção ao palco, me esforçando ao máximo para não expressar o meu desgosto. Não sei como, mas consegui chegar no local. Ahren se ajoelhou na minha frente – sempre quis que ele fizesse isso – e abriu uma caixinha vermelha. O anel nenhum pouco simples me lembrava uma algema de luxo.

— Nicole, me dê a honra de ser o homem mais feliz do mundo, você aceita se casar comigo?

Senti o "não" se formar na ponta da minha língua. No entanto, o olhar dos meus pais e dos Schreaves pesaram sobre mim. Lembrei dos rebeldes e de como esse pesadelo me fez chegar até aqui.

Ahren me olhava com expectativa, provavelmente prevendo o "não".  

Com medo de voltar atrás, disse por fim:

— Sim, Ahren, eu aceito me casar com você.


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Notas finais do capítulo

#Tenso '-'
Eaew? O que vocês acharam do capítulo?
Deixem review (mesmo que seja para reclamar)
Amanhã começa as minhas aulas ;-; /morre
Então, tentarei postar essa semana ainda. (Mas não vou dizer quando) :x
Vejo vocês em breve. ♥-♥