Black Magic escrita por Lervitrín8


Capítulo 6
Eu tô legal!


Notas iniciais do capítulo

AI CÉUS.



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Eu e Nat chegamos um pouco depois da meia-noite à 667 STAGE. Embora tenhamos combinado de sair de casa às 23h, Nat acabou se atrasando um pouco.

― Filha, quando quiser voltar eu posso vir pegá-las ― diz Dalla, mãe de Nat ao chegarmos em frente ao local da festa.

― Eu te ligo então, mãe ― ela responde. ― Qualquer coisa nós pegamos um táxi, não fique preocupada.

― Juízo, minha filha.

― Sempre tenho, mãe.

As cortesias que recebemos de Rose e Ricky nos davam acesso pela entrada e área VIP da festa e isso nos livrou de uma pequena fila. Fomos revistadas ao entrar na casa e logo em seguida recebemos uma pulseira que distinguia os VIPs dos demais. Confesso que me senti importante.

O local era bastante amplo, porém, estava bastante cheio, pelo menos o andar térreo que tocava música eletrônica. Fomos ao bar logo de início. Decidi pegar uma caipirinha de morango, já Nat escolheu uma de vinho. Caminhamos pelo local, com certa dificuldade e Nat me cutucava sempre que passávamos por algum garoto bonito; eu apenas sorria e concordava – ou não – com a cabeça.

― Quero beijar na boca, Candice ― Ouço Nat berrar.

― Sossega menina, acabamos de entrar ― respondo.

― Mas já consegui verificar vários rapazes atraentes ― ela confessa.

― Não vai me deixar sozinha, Nat! ― peço.

― Não vou! ― ela faz posição de juramento com a mão direita. ― Eu prometo.

― Acho ótimo! ― começo a rir.

― Ai Meu Deus! ― escuto alguém gritar e viro em direção à voz: Rose. ― Olha quem eu encontrei aqui, Ricky!

Rose está de mãos dadas ao irmão, que está muito bonito por sinal. Recebo um cutucão em minhas costas.

― Oi Rose. Oi Ricky ― sorrio para os irmãos.

― Meninas, ignorem a minha irmã ― ele sorri. ― Digamos que ela está um pouco alterada. Tem fraqueza para a bebida. Sabe como é, né?!

― E você? Não bebe? ― ouço Nat questionar. Olho para as mãos de Ricky e vejo que ele está tomando água.

― Hoje vou ficar cuidando dela ― ele menciona.

― Ai meu Deus, é a Bonnie! ― e Rose sai correndo em direção a tal garota conhecida, deixando Ricky para trás.

― Ela já é bem grandinha né? Vou deixar ela se virar sozinha ― Ricky dá de ombros, sorrindo. ― Vejo vocês em breve, garotas?

― Ah, claro! ― respondo. ― Até mais.

Ricky vai em direção ao piso superior e eu observo enquanto sobe as escadas de vidro, permitindo acompanhá-lo durante todo o trajeto. Ele percebe e pisca para mim antes de perdermos a visão.

― Acho que tem alguém aqui balançadinha ― Ouço Nat cochichar em meu ouvido.

― Coisa da sua cabeça! ― respondo automaticamente.

Henry? ― Nat grita e vejo um rapaz muito bonito vir em nossa direção.

― ― ―

Chego ao piso superior que é totalmente destinado às músicas Pop, Funk e um pouco de Hip Hop. O local não está tão cheio quanto o piso térreo, mas tem bastante gente.

― E aí Nik? ― cumprimento-o com um aperto de mão. Niklaus é um veterano das últimas fases de medicina. Fizemos uma ou duas cadeiras juntos, mas não tivemos muito contato, devido à dificuldade de lidar com o rapaz.

― Beleza, Ricky? ― ele responde sem esboçar expressão alguma.

― Não esperava te ver por aqui ― confesso.

― Prefere que eu saia?

― O local é tão meu quanto seu, Nik ― respondo, um pouco irritado. ― Acho que tem alguém ali precisando de ajuda.

Bom, pode ter parecido uma desculpa – relativamente tosca – para me livrar dele, mas, realmente avistei uma garota caída próximo aos sofás. Ao me aproximar, tiro ela do chão e coloco-a sentada no sofá.

― Está tudo bem com você? ― pergunto, mesmo já sabendo a resposta. A garota está bastante tonta e tenta focar meu rosto, espremendo seus olhos.

― Eu tô legal e meu nome é Miah! ― ela diz, sorrindo estranhamente.

― Você veio pra cá com quem Miah? ― questiono.

― O Gil me trouxe!

― Gil é seu pai? ― questiono.

― Gil é o taxista, eu perguntei o nome dele, gosto de fazer amizade ― ela responde e logo em seguida tem ânsia de vômito. Por sorte foi somente ânsia, caso contrário, eu estaria ensopado de vômito. Decido sentar ao lado de Miah e não ficar mais agachado à sua frente.

― Certo Miah, eu vou cuidar de você. Estou de babá de duas hoje.

― Olha só quem eu encontro por aqui! ― escuto uma voz familiar. Uma linda e doce voz familiar.

― Viola! ― digo antes de me virar em sua direção.

― Pelo visto não sou a única ameaça para Suzy ― ouço-a dizer.

― Não! Quer dizer, é sim! Ah, você entendeu ― fico um pouco confuso. ― Eu acabei de conhecer Miah, ela está um pouco ruim.

― Sempre solícito.

― Você sabe. Onde está sua amiga? ― tento mudar de assunto, enquanto Miah encosta sua cabeça em meu ombro e passa seus braços em volta do meu pescoço.

― Viola, eles estão servind... ― Lauren percebe minha presença e vê Miah agarrada em mim, ficando estática por alguns segundos. ― É... Oi Ricky.

― Olá Lauren! Vocês se importam de ficar um pouquinho com a Miah? Eu volto em dois minutos. Preciso ir ao banheiro.

― Claro, tudo bem ― ouço Lauren responder.

― Valeu! ― me desvencilho dos braços de Miah e me levando, apoiando sua cabeça no encosto do sofá.

― ― ―

― Eu tô legal! ― digo para as meninas que sentam ao meu lado.

― Nós estamos notando! ― ouço uma delas responder.

― Sério mesmo! Eu consigo até dançar se eu quiser ― digo, tentando me levantar do sofá para provar que realmente estou bem, porém, sem sucesso. ― Só que no momento eu não quero.

Ouço as garotas rindo ao meu lado e isso me estimula muito. Tento levantar novamente: quero dançar, quero ir até o chão.

― É minha música! Preciso dançar! ― digo para a garota à minha esquerda.

― Não senhora! Pode sentando aqui e tomando essa garrafa de água, inteira!

― Minha mãe que te mandou aqui, né? ― digo.

― Prometo que se você tomar essa garrafa de uma vez só, nós acompanhamos você até a pista e vamos as três dançar a sua música! ― diz a outra garota.

― Jura?

― Claro que sim! ― ela afirma.

Pego a garrafinha de água e tenho dificuldade de tirar a tampa, mas uma delas me ajuda. De gole em gole vejo a garrafa esvaziar até que não resta mais nenhuma gota.

― Foi muito fácil, eu preciso de uma missão mais difícil ― digo.

― Como prometido, vamos lá dançar sua música.

Ambas me ajudam a levantar e me seguram até a pista de dança que aparenta estar mais cheia do que quando cheguei. Sem querer tropeço em meus próprios pés e esbarro em uma garota.

― ― ―

― É claro que tinha que ser você e suas amigas bêbadas ― Suzy diz.

Decido ignorar o comentário arrogante de Suzy e sigo com Lauren e Miah para a pista de dança, mas, sinto sua mão segurando meu braço. Solto Miah e vou para cima de Suzy.

― Garota! Eu não fiz exatamente nada para você. O mínimo que você pode fazer é me deixar em paz ― respondo.

― A sua amiga bêbada está te chamando, queridinha ― ela provoca.

― Na verdade ela está te chamando, Suzy. Ficou com vontade de vomitar assim que viu sua cara.

― Essa foi boa! ― ouço Miah dizer enquanto bate palmas desajeitadamente. ― Briga! Bri... ― Lauren coloca a mão sobre a boca de Miah.

― Repete! ― ela pede.

― Quer que eu repita a frase exatamente igual ou devo mudar algumas palavras para sua melhor compreensão? ― respondo.

Suzy me encara e sem dizer nada me dá um tapa no rosto. Sinto os dedos de sua mão queimando em minha pele e o sangue subir para minha cabeça. Agarro no rabo-de-cavalo dela e o puxo com toda a força, enquanto ela tenta me arranhar desesperadamente. Uma das minhas mãos continua puxando o cabelo de Suzy, enquanto utilizo a outra para revidar em seu rosto. Vejo de canto de olho Lauren entregar Miah para uma desconhecida, enquanto corre em minha direção, junto com outra menina, para me afastar de Suzy. Ricky e duas garotas chegam no mesmo momento e tiram Suzy de perto de mim.

― Você vai se arrepender por cada fio de cabelo que arrancou! ― Suzy grita enquanto é arrastada por Ricky.

― Você está bem? ― pergunta Lauren.

― Garota maluca! ― exclamo.

Nos aproximamos de Miah e da garota que a segura, enquanto sua amiga que ajudou a apartar a briga também se aproxima.

― Senhoritas ― diz um dos seguranças da casa. ―, preciso que as cinco se retirem do local.

― Mas nós não fizem... ― tenta dizer uma das garotas.

― AS CINCO! ― ele grita. ― Por favor, me acompanhem até a saída.

― ― ―

Maldita hora que eu e Candice estávamos passeando pelo piso superior! Enquanto uma garota pediu ajuda para segurar sua amiga “levemente” embriagada, Candice foi tentar separar a briga. Resultado: envolvidas – sem querer – na confusão e expulsas da festa.

Seguimos o segurança pela saída de emergência e em menos de um minuto estamos no lado de fora da 667 Stage. Caminhamos em direção à praça em frente à casa, para deixarmos a bêbada sentada.

― Mil desculpas, garotas ― diz a ruiva. ― Minha intenção nunca foi tirá-las da festa.

― Sem problemas ― responde Candice. ― Não estava muito animada mesmo.

― E essa garota? ― pergunto, apontando em direção à bêbada.

― Não conhecemos ― responde a esbofeteada.

― Como? ― questiono incrédula.

― Um amigo pediu para que cuidássemos dela por alguns minutos ― ela responde. ― Inclusive foi o rapaz que separou a briga e possivelmente o motivo dela.

― Iiiih, Ricky? ― pergunta Candice.

― Você o conhece? ― ela questiona.

― Ele que nos deu a cortesia para entramos na festa ― Candice explica. ― Na realidade conhecemos a irmã dele, Rose. Ela conseguiu as cortesias com ele.

― Parece que esse garoto está em todo lugar ― sinto a garota desabafar. ― Bom, eu sou a Viola. Essa aqui é minha amiga, Lauren e temos a bêbada, Miah, como companheira essa noite.

― Eu tô legal! ― Miah diz aos berros, enquanto sorri e arregala os olhos.

― Eu sou a Nat.

― E meu nome é Candice!

― Esperamos realmente não ter arruinado a festa de vocês – Viola diz.

― Eu só estava de paquera com meu professor de música, mas tudo bem, tenho alguns bons anos pela frente para recuperar essa noite ― começo a rir descontroladamente. Acho que todas possuíam um bom nível de álcool no sangue, porque me acompanham nas gargalhadas sem motivo.

De repente um carro para exatamente em nossa frente e o vidro do carona abaixa, mostrando a barraqueira na direção, com uma garota ao lado.

― Da próxima vez você não me escapa! ― ela ameaça.

― Vamos embora, por favor ― pede a garota ao lado.

― Calada Ellie! ― ela grita.

― Por favor, Suzy! ― Ellie pede, de cabeça baixa. Suzy dá a partida no carro e some rapidamente.

― Acho que você tem uma inimiga ― Miah comenta e todas nós rimos novamente.

― ― ―

― Como vocês vão embora? ― Nat pergunta.

― Eu e Viola dividimos um quarto, vamos pegar um táxi, não moramos longe.

― E Miah? ― Candice questiona.

― O Gil me leva! ― Miah responde. ― O segurança sabe a senha pra eu entrar.

― Acho que é melhor levarmos ela pro nosso quarto, Lauren ― Viola sugere.

― Tudo bem...

― Eu e Candice moramos perto da praça KeriKer. Já enviei uma mensagem para minha mãe vir nos buscar. Querem carona? ― Nat questiona.

― Nós moramos a 5 minutos da praça. Se não for incômodo ― respondo.

― Peço pra minha mãe levar vocês em casa. Miah pode dar trabalho.

― Obrigada! ― sorrio.

A mãe de Nat nos deixa bem próximas ao local onde moramos. Antes de descer do carro fico com o número de Nat, para que possamos manter contato. Eu e Viola carregamos Miah para dentro do quarto e Viola indica a sua cama, onde deitamos Miah que já está entre sono. São quase 4:00h e então percebo como o tempo passou depressa. Viola faz uma cama no chão, com vários cobertores e pega uma almofada da minha cama para usar como travesseiro e deita-se de imediato.

Antes de deitar escovo meus dentes e sinto um peso enorme em minhas costas. Talvez seja de tanto segurar Miah. Também estou exausta e assim que deito em minha cama pego no sono.


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Notas finais do capítulo

E então? :|
1 beijoca, 1 paçoca e até o próximo capítulo.