Black Magic escrita por Lervitrín8


Capítulo 3
Que susto!


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, aí está o segundo capítulo. Espero que curtam!



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O meu segundo dia de aula acaba com uma vasta lista de trabalhos para entregar na próxima semana e uma relação significativa de livros que preciso ler para ontem! Bom, ninguém falou que estudar Literatura Inglesa seria fácil. Certa vez li em uma revista que cada pessoa possui três lugares principais que visita/fica durante o dia, os meus provavelmente serão: Universidade, Casa e Biblioteca; por sinal, estou indo para este último neste exato momento – e acredito que será o lugar entre os três que eu passarei mais tempo, durante esses anos de estudo.

Ao chegar ao local, decido ir diretamente à bibliotecária pedir ajuda. Vejo uma plaquinha sobre o balcão da recepção, mostrando seu nome e função. Minha mãe sempre comenta o quão importante é conhecer e chamar as pessoas pelo nome, e como a informação estava ali disponível...

― Olá Anne D’Pietro, boa tarde ― sorrio para a bibliotecária que instantaneamente me olha e retribui o sorriso.

― Raras são as pessoas que me chamam pelo nome ― confessa. Anne é tão nova quanto eu, não deve ter mais que 20 anos. Provavelmente atua aqui com bolsa ou estágio. ― Em que posso ser útil?

― Bom, preciso encontrar Hamlet no meio dessa biblioteca enorme, como faço? ― pela primeira vez paro para olhar o tamanho da biblioteca e preciso admitir, creio que nunca vi algo desse tamanho. Sinto que vou gostar muito de passar horas e horas aqui.

Pois é, sou viciada em livros. Inclusive, prefiro livros a pessoas. Também prefiro dedicar meu tempo entendendo um livro do que um ser humano. Bom, há exceções, minha mãe e minha tia são uma delas. São uma das únicas pessoas no mundo que eu realmente me importo, afinal, fui criada por ambas e o que sou hoje devo inteiramente a elas.

― Desculpe, como você se chama? ― ela questiona.

― Perdão, como pude esquecer? ― fico levemente corada. ― Meu nome é Candice.

― Prazer Candice! ― ela sorri. ― O professor já havia me avisado que muito provavelmente vocês viriam atrás deste livro, e por isso, estou com grande parte do acervo aqui comigo ― ela aponta a pilha de livros logo atrás da sua cadeira.

― Ainda bem que o estoque é grande ― brinco.

― Você provavelmente ainda não tem seu cadastro aqui, certo? ― confirmo com a cabeça, observando a generosidade da garota. ― Bom, iremos fazê-lo rapidinho.

Assim que Anne autoriza minha posse do livro, sigo em direção a uma das mesas vagas e percebo que quase não há mesas desocupadas. Grande parte dos alunos passa o período inverso na biblioteca, bom, eu entendo o porquê! Retiro um bloco de anotações de minha bolsa e começo a ler o livro e anoto no bloco as páginas que contém trechos importantes para a análise solicitada pelo professor. Confesso que não acho o livro um dos mais fáceis de ler, mas, quando é que Shakespeare foi fácil? De todo modo, vou me aprofundando na leitura e devorando os livros tarde a fora. Perdida no horário, procurar um relógio pela biblioteca e ao me levantar, deparo-me com uma garota sentada na mesma mesa, exatamente na cadeira da frente.

― Que susto! ― dou um pulo ao vê-la. A garota também está lendo um livro, enquanto devora uma barra de chocolate. Ela ri com a minha reação e eu me atrapalho por inteiro.

― Bom, eu pedi licença, mas você estava tão concentrada que nem me ouviu ― ela justifica.

― Nossa! Perdão! ― coro novamente. ― Eu realmente não vi você chegando.

― Sem problemas! ― ela sorri. ― Não sei como você consegue!

― Está falando dele? ― levo um tempo para entender que ela está falando de Shakespeare.

― Sim. Acho complicado.

― Eu também! Na verdade, estava concentrada tentando entender o que ele quer dizer ― brinco e vejo-a sorrir.

― Quer um pouco? ― ela me oferece um pedaço da sua barra, estou faminta e resolvo aceitar. Agradeço com um leve aceno de cabeça.

― O que você está lendo?

― É um livro sobre técnica vocal básica ― e me mostra a capa. ― O professor indicou.

― Você também é caloura?

― Sou sim!

― Boa sorte para nós, então.

― É, boa sorte!

O silêncio paira entre nós, gerando um pequeno desconforto em mim. No mesmo momento lembro que não perguntei seu nome e me vem a imagem de minha mãe à cabeça, me dando uma leve bronca.

― Você não me disse seu nome ― sorrio.

― É que você não perguntou ― ela dá de ombros, rindo.

― Estou mal educada hoje ― admito.

― Meu nome é Natalie Bloom, mas geralmente me chamam de Nat. E o seu?

― Meu nome é Candice ― sorrio. ― Anne Rambow ― completo.

― Você não está a fim de comer algo? ― ela questiona, ainda devorando a barra.

― Eu até que estou, mas, você está? ― indico a barra de chocolate com o olhar.

― Quero algo salgado, sabe? ― ela ri, envergonhada. ― Eu como muito, preciso confessar.

― E cadê as gordurinhas? ― brinco.

― Também estou procurando, e se Deus quiser, nunca irei achá-las!

― Amém Irmã!

― Amém!

― ― ―

No segundo dia, eu e Viola tivemos um pouquinho de sorte: nossas aulas eram somente no final da tarde. Estávamos cansadas e resolvemos aproveitar o tempo para dormir, eu pelo menos fiz isso. Apesar de ser o meu segundo dia aqui e de estar acostumada com a ideia de dividir quartos – afinal, venho de um orfanato –, estava muito ansiosa com a confirmação da aquisição do meu apartamento, que estava para sair a qualquer instante. Comprei o apartamento com a herança que recebi do meu pai, e como Ohio será o meu lugar nos próximos anos, decidi comprar um muito perto da Universidade.

Viola e eu fomos caminhando para a Universidade. A minha aula começava 40 minutos antes da dela, mas ela resolveu sair antes para me fazer companhia. Apesar de conhecer ela apenas há um dia, confesso que gostei.

― Comentei que minha estadia no quarto está com tempo contado? ― sorri, ao puxar o assunto.

― Não comentou! ― ela pareceu um pouco confusa. ― O que aconteceu?

― Estou esperando a confirmação da compra do meu apartamento, este aqui, por sinal ― apontei para o prédio, enquanto caminhávamos. ― Oitavo andar.

― Nossa! Parabéns! ― ela se empolgou. ― Não acredito que você vai me deixar sozinha ― ela me acusou, dramatizando.

― Logo vem outra menina e você me esquece! ― afirmei.

― Não acredito que você leva nosso relacionamento dessa maneira, Lauren!

― Abobada!

Continuamos caminhando, enquanto a conversa fluía naturalmente, ao chegarmos na Universidade Viola começou a andar lentamente.

― O que foi?

― É uma escada.

― Sim, estou vendo, Viola.

― Eu cai ontem ― ela fica levemente vermelha, envergonhada. ― Sou um pouco desastrada.

Ofereço o braço para Viola, que se apoia em mim firmemente. Subimos as escadas tranquilamente e vejo um pequeno sorriso em seus lábios.

― Vejo que alguém não precisa mais roubar o namorado alheio para subir escadas.

― Como? ― questiono. Não faço ideia de quem seja essa linda morena dos olhos azuis. Estou impressionada!

― Não estou falando com você!

― Bom, desculpe, mas não sei do que você está falando ― Viola afirma. ― Licença, temos mais o que fazer.

Sinto o braço de Viola me puxar para frente, então, continuo caminhando em direção á Universidade, porém, algo faz Viola parar: a garota segura seu ombro.

― Só um aviso, novata: Fale com ele mais uma vez e eu vou infernizar cada dia que você estiver em Ohio.

Dessa vez em quem puxo Viola para não precisarmos mais aturar aquele showzinho medíocre. Ao entrarmos na Universidade, caminhamos até um dos bancos livres e sentamos rindo.

― O que foi isso? ― questiono. ― Ela me assustou.

― Ontem um rapaz me viu caindo na escada e prontamente foi ajudar. Em seguida ele acompanhou até a minha sala e ficou até o término da minha aula me esperando, para que pudéssemos almoçar juntos. Bom, não havíamos combinado nada e eu fiquei bem surpresa quando ele apareceu na minha frente, confessando o porquê de estar ali. Eu estava faminta e como não conheço nada por aqui, aceitei o convite. Foi só.

― Foi só? ― começo a gargalhar. ― Tudo isso SÓ no primeiro dia de aula?

― Não deixe as coisas piores, Lauren.

― Então pelo visto esse cara tem namorada.

― Pelo visto aquele cara tem namorada ― Viola faz um leve sinal com a cabeça, espero alguns segundos e casualmente olho para a esquerda e vejo o garoto que ela mencionou se aproximando do nosso banco. Confesso que fiquei um pouco assustada.

― Oi Viola ― ele tem um belo sorriso.

― Oi Ricky, essa aqui é minha colega, Lauren ― ela nos apresenta.

― Olá Ricky, prazer.

― O prazer é todo meu em conhecer as amigas de Viola.

― Será que posso dizer que a recíproca é verdadeira? ― Viola diz, brincando.

― Como assim? ― pelo jeito ele não entendeu a brincadeira.

― Sua NAMORADA veio gentilmente falar comigo hoje ― ela explica.

― Eu não tenho namorada.

― Talvez você tenha e não sabe ― me intrometo.

― E já aviso ― Viola diz. ― Ela me parece um pouco possessiva, tome cuidado.

Suzy... ― ele diz, pensando alto.

― Então você a conhece!

― É uma longa história Viola, mas não há com o que se preocupar. É... Eu preciso ir. Minha aula começa em poucos minutos! Eu encontro você, Viola.

― Até mais! ― ela se limita em dizer, enquanto dou um breve aceno ao garoto.

― Me parece que ele gosta de você ― digo.

― De mim e de mais quantas? ― ela ri. Adoro o senso de humor desta menina!


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Notas finais do capítulo

Pessoas do meu coração. Todas as personagens irão aparecer, certo? Porém, não posso apresentá-las todas no mesmo capítulo, então, por favor, tenham paciência. Mesmo aquelas que não serão uma das CINCO calouras - sim, aumentei uma - irão ser fundamentais para a história, e eu arrumei um jeito bem bacana para isso.
Espero que gostem!

Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo.



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