Hora de Recomeçar! escrita por Nany Babalu


Capítulo 16
Quando o adeus é preciso




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Na mansão Kido todos permaneceram imóveis, apenas observando o comportamento surpreendente do amigo. Shun não podia deixar Hyoga simplesmente ir embora dali, não daquela forma.
– Hyoga... - disse Shun quando o cavaleiro de Cisne já cruzava o portão de saída da mansão.
– Shun, não, por favor! Olha, preciso mesmo ir!
– Hyoga, vamos conversar! Diga o que está acontecendo! Não estamos entendendo seu comportamento, sua ida tão repentina! Sempre dividimos tudo, me deixe ajudar por favor!
– Shun, não há nada de errado! Eu apenas preciso encontrar meu caminho, preciso preencher o vazio dentro do meu peito. Aqui tenho a sensação de que minha vida não vai mudar. Carrego todo o peso do meu passado e esta cidade só me faz reviver todos os dias as más recordações!
– Mas esta cidade também abriga as pessoas que mais se importam com você, seus amigos, sua família! Hyoga, você é o meu melhor amigo! Se você for, uma parte de mim morrerá! Com quem vou dividir minhas alegrias, minhas tristezas, meus problemas? E quem vai ouvir você quando precisar desabafar? Quem vai cuidar de você quando ficar doente? Quem vai ficar do seu lado quando a saudade da sua mãe apertar? - Shun tentava desesperadamente mostrar a Hyoga que o seu lugar era ali.
– Shun, não fique assim! Não quero vê-lo triste. Obviamente vou sentir muito a sua falta, mas entenda que isso é algo que preciso fazer. Preciso me encontrar! Você não ficará só, tem os nossos amigos, agora June está de volta e, principalmente, tem o seu irmão.
– Mas você vai ficar só, Hyoga!
– Eu sei, meu amigo! Mas é assim que tem que ser!
– Hyoga, isso tudo é por causa da Eire? Isso é reflexo do medo de se apaixonar? É assim que você tenta se defender?
– Não diga bobagens, Shun! Não há nada entre nós dois, não poderia haver. Como uma mulher pode se apaixonar por alguém como eu, que carrega uma escuridão imensa dentro do coração?
– Agora é você que está dizendo bobagens, Hyoga! Você é uma pessoa incrível. Um homem cheio de qualidades! Todos nós carregamos alguma dor, algum pesar de nosso passado. Todos temos escuridão em alguma parte de nossos corações. Enfrentamos muita coisa, mas nada disso mudou quem somos em essência. Nada do que te aconteceu muda o fato de quem você é! Pare de achar que não é merecedor da felicidade e comece a permitir que coisas boas aconteçam em sua vida.
– Shun, já chega por favor! Tenho que ir. Tenho ainda algumas coisas para organizar. Amanhã partirei logo cedo, então vamos nos despedir agora. Sem lágrimas, Shun, por favor, eu não suportaria! Vou escrever pra você quando estiver instalado no Brasil. Vamos continuar nos falando. A tecnologia permite que fiquemos próximos mesmo geograficamente afastados!
– Não é a mesma coisa, Hyoga!
– Eu sei, Shun! Mas é o que posso fazer no momento! Isso é tudo o que posso ser no momento! Desculpe!
Shun abraçou Hyoga e não conteve as lágrimas! Não poderia! Pediu a Zeus que curasse o amigo de toda aquela dor, aquele sofrimento! Sabia que havia em Hyoga uma ausência que ninguém poderia suprir, um vazio que ninguém poderia preencher. Vencer tudo aquilo cabia única e exclusivamente ao cavaleiro de Cisne. Afastou-se daquele abraço e colocando a mão no bolso retirou um medalhão, o presente que todos haviam preparado para Hyoga. No verso, o desenho de um mapa. Dentro, uma pequena foto de Hyoga, Seiya, Shiryu, Ikki e Shun, e outra de sua mãe. Hyoga olhou o presente emocionado!
– Dentro deste medalhão está a sua família, Hyoga. As pessoas que te amam e que dariam a vida por você! Sua querida mãe, que hoje repousa tranquilamente sob a proteção de Zeus, e nós, seus amigos, que viveram os melhores e piores momentos da vida ao seu lado. E que estarão esperando ansiosamente o seu retorno. O mapa no verso representa o seu caminho de volta. Mas sabemos que você não precisa de direção, para voltar para casa basta seguir o seu coração. Estaremos esperando por você!
– Shun... - as lágrimas de Hyoga escorriam por sua face - eu queria dizer tanta coisa a vocês, mas só consigo dizer obrigada! Por favor, preciso ir.
E dizendo isso deu as costas para Shun e saiu o mais depressa que pôde. Não conseguindo evitar, contudo, o encontro que estava evitando todo o tempo. Próximo ao portão, na entrada da mansão, estava Eire, que mesmo tendo decidido não ir à despedida de Hyoga não suportou a idéia de não lhe dizer adeus e resolveu ir até a mansão.
– Eire... - Hyoga sentiu tremer todo o corpo! Que estranha sensação seria aquela? - Eire, eu sinto muito!
– Não mais do que eu, Hyoga! - Disse Eire com lágrimas nos olhos! - Não mais do que eu!
Hyoga não disse mais nenhuma palavra. Olhou uma última vez para Shun e depositou os olhos nos de Eire por um tempo que pareceu uma eternidade... e então se foi!
Shun observou tudo e sorriu por dentro. Hyoga voltaria, tinha certeza, e Eire era a garantia disso! Foi até a garota que lutava contra as lágrimas e a abraçou forte!
– Eire, escute, Hyoga precisa deste tempo sozinho para se curar. Mas ele voltará. Por favor, espere e confie. Vai ficar tudo bem!
– Mas eu não entendo, Shun. Por que tem que ser assim?
– Nós também não entendemos, mas vamos esperar que ele volte! O Hyoga sempre foi um amigo muito atencioso, companheiro, mas sempre enigmático. Eu acho que o conheço mais que todos, por isso te digo para esperar. Ele voltará. Agora limpe as lágrimas, vamos encontrar os outros, certo?
– Sim! - Eire respondeu, tentando esboçar um sorriso, mas sentindo uma grande solidão dentro do peito.
Dentro da mansão, o clima não era de festa. Poucas palavras quebravam o silêncio. Seiya se afastou de todos e foi até a cozinha. Saori aproveitou a oportunidade e foi ao seu encontro.
– Seiya, é bom ver você por aqui. Eu senti sua falta, você sumiu completamente pelas últimas semanas.
– Acho que tenho todos os motivos pra isso, não é Saori?! - disse o rapaz com uma visível mágoa na voz.
– Seiya, não faça isso por favor! Acima de tudo somos amigos, sempre fomos. Eu não poderia suportar seu desprezo, seu silêncio.
– Não se preocupe, Saori. Em breve você não terá que conviver com o incômodo da minha presença. Seika e eu vamos embora da cidade! - Seiya tinha quase raiva na expressão de sua face.
– Não! Por favor, não! - as lágrimas de Saori já se formavam. - Por favor, eu não suportaria não ver mais você. Não vá Seiya, não vá. - Saori correu ao encontro de Seiya.
– Pare, Saori. Eu não posso mais ficar aqui, vendo você sem poder te tocar. Você colocou um abismo entre nós dois. Não posso simplesmente ficar aqui e fingir que está tudo bem. A distância entre nós dois é o melhor agora. Vou terminar de matar esse amor que você já começou a destruir...
– Seiya... - Saori estava assustada com aquele que estava a sua frente. Havia tanta dor, tanto ressentimento naquele que sempre foi o amor de sua vida. Sentia que Seiya nunca mais a perdoaria.
– Saori... Ah, nos perdoem! Nós viemos ajudar a servir o jantar, não sabíamos que... - Shyriu e Shunrei ficaram sem graça com a cena a sua frente, Saori chorando e Seiya com uma expressão de raiva nunca antes vista.
Ao vê-los, Saori se afastou de Seiya e correu para seu quarto. Com apenas um olhar, Shiryu pediu a Shunrei que fosse atrás da amiga. Quando ela saiu, voltou-se para Seiya.
– Arrisco dizer que as coisas entre vocês não estão caminhando muito bem, não é?!
Seiya soltou um pesado e doloroso suspiro, e permitiu que seu corpo caísse sem forças na cadeira, cobrindo o rosto com a mão. Ikki e Shun também entraram na cozinha a procura dos amigos. Olharam, sem nada entender, de Shiryu a Seiya. Todos se sentaram ao lado do cavaleiro de Pégaso e se prepararam para ouvir os lamentos do amigo.
Seiya contou tudo aos amigos e ali, lado a lado, todos intimamente pensavam que embora o sofrimento com as batalhas havia acabado, as dores provocadas pelo mundo real, pela vida comum, estavam só começando. Eles teriam que aprender a conviver com sentimentos, frustrações e decepções que não haviam sonhado experimentar. Antes mergulhados em incontáveis batalhas, não sobrava tempo para pensamentos comuns. No entanto, sentados ali, eram finalmente pessoas comuns!
Ikki sorriu e pensou na ironia de tudo aquilo... Quem diria que viver uma vida era mais difícil que sobreviver às batalhas?!
(continua...)
Quase se passaram 10 anos desde quando atualizei esta fic pela última vez! Pra falar a verdade já nem me lembrava que tinha começado a escrevê-la! Recebi com grande surpresa o comentário de alguns colegas (aliás, não consegui responder ninguém por aqui, se puderem mandar o e-mail seria ótimo) bastante queridos que pediram para continuar a fic, então resolvi terminar. Entretanto, não sei no que isso vai dar, afinal 10 anos é muito tempo e já nem me recordo do fim que pretendia dar a história! Mas vamos lá, vou tentar fazer o meu melhor e espero que gostem! 10 anos se passaram e Cavaleiros do Zodíaco ainda é o meu anime preferido! Vida longa aos nossos amados cavaleiros! S2 S2 S2


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