Hora de Recomeçar! escrita por Nany Babalu


Capítulo 14
Shun e June - Doce aroma do amor




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14. Shun e June – Doce aroma do amor.
Hyoga havia tomado uma importante decisão. Ao seu lado, paralisado pela notícia, seu amigo Shiryu o observava com muita atenção. O cavaleiro de Cisne parecia determinado e, apesar dos inúmeros protestos do amigo, não fez menção alguma de mudar de idéia.
– Mas e quanto a Eire? – Shiryu tentava inutilmente convencê-lo a ficar.
– Shiryu, não posso mudar minha decisão com base no que poderia acontecer entre mim e Eire. Se ao menos tivéssemos tido algo... Algo que me desse esperança de uma possível relação... Mas não houve nada entre nós!
– Se não houve a culpa é toda sua! Hyoga, por favor, reconsidere. Se não for por Eire então ao menos desista dessa idéia por seus amigos.
– Eu é que devo pedir, por favor, Shiryu. Não insista, pois já tomei minha decisão. – Cisne tentava expressar firmeza em sua voz sem magoar o amigo. – Agora me deixe ir, pois tenho inúmeras coisas para organizar e o tempo que tenho é muito pouco.
– Então é isso? Vai embora sem nem ao menos se sentir triste por nos deixar? – Shiryu parecia estar realmente revoltado com a atitude do amigo que já deixava o quarto – Hyoga, não me ignore desta maneira! – Dragão aumentara o tom da voz.
– Amigo, entenda que não posso mais viver desta maneira... – Hyoga voltou o olhar para Shiryu, que pode ver perfeitamente as inúmeras lágrimas que escorriam desesperadamente por seu rosto.
– Hyoga, o que há com você? – Shiryu correu ao encontro do amigo e o abraçou docemente – Meu amigo, por que está chorando? Por que existe tanta tristeza em sua alma?
– Shiryu, me escute com muita atenção... – disse Hyoga tentando censurar as próprias lágrimas – Você, assim como Seiya, Shun, Ikki e a Saori foram e sempre serão as partes mais importantes de minha vida. Os meus momentos de felicidade foram todos ao lado de vocês. Quando perdi minha amada mãe, encontrei em vocês o bálsamo de consolo que tanto necessitava. Enfrentamos inúmeros desafios juntos e nossa amizade sempre foi capaz de ultrapassar qualquer barreira! Mas, agora que as batalhas terminaram, não consigo encontrar um motivo para continuar a viver. Talvez isso possa parecer egoísmo meu, mas se eu não for embora daqui, tentar outra vida, respirar outros ares, vou acabar enlouquecendo. Preciso descobrir se existe alguma mudança capaz de acalmar meu espírito e reviver a chama que ainda brilha, porém fraca dentro de mim.
– Hyoga... Eu gostaria de encontrar uma solução... Gostaria de poder fazer algo por você... Mas acho que isso não está a meu alcance. – Shiryu dizia com os olhos lacrimejados – Então, o máximo que posso fazer é aceitar sua decisão e torcer para que você encontre o que procura.
– Obrigado, meu amigo. Vou levar comigo as memórias que tenho de vocês, a minha única família.
Sem mais palavras, Cisne se retirou do apartamento. Sabia que seria muito difícil viver longe daqueles que sempre amou. Mas sentia uma grande necessidade de se afastar daquele mundo em que vivia. Obviamente não estava certo de que a decisão que tomara era correta, mas não queria permitir que a dúvida transparecesse em seus olhos, pois isso seria sua maior fraqueza. Agora que havia revelado sua decisão não podia mais voltar atrás, sabia que tinha que seguir em frente. Apesar de seus inúmeros esforços, entretanto, Hyoga não conseguia evitar os pensamentos constantes que se apossavam de sua mente, em todos os momentos era Eire que perturbava sua certeza, que dava asas a suas dúvidas. Sentia que, por alguma razão, Eire atraia seu desejo de ficar, de não ir embora. Concentrou-se o máximo possível em seus deveres, tentando, inutilmente, apagar a imagem da garota e sua voz delicada que soava como um pedido de súplica para que não a deixasse.
Longe das angústias de Hyoga, Shun parecia alheio a tudo o que ocorria a sua volta, pois não tinha conhecimento da decisão tão repentina do amigo, já que Ikki resolvera que aquela não seria a hora oportuna para dizer a novidade para o irmão. A felicidade estampada no rosto do cavaleiro de Andrômeda era imensamente visível. Pela primeira vez sentia que a oportunidade que esperava há tanto tempo estava realmente chegando. Afinal, Fênix tinha toda razão quando disse que Shun e June não haviam se quer conversado sobre o propósito da mudança da garota para perto da pessoa que mais amava. A verdade é que o amor dos dois parecia tão obvio que ambos não se sentiam a vontade para falar sobre o assunto. Além disso, sabendo que ambos eram correspondidos nesse sentimento, ficaram esperando a atitude um do outro com relação a tudo. Mas depois da conversa que teve com Ikki, Shun percebeu que já era hora de decidir sobre o futuro daquele amor. Amava June e era amado, portanto não havia motivo nenhum para esperar. Como alguém que descobre um mundo novo dentro de si, Andrômeda sentia-se pronto para tomar em seus braços a mulher que sempre amou e dizer a ela que jamais se separariam. Parado a porta do apartamento de June, Shun respirou fundo antes de chamá-la.
– Olá... – disse Shun meio sem jeito, ao ver o quão linda estava a garota à sua frente – Podemos ir?
– Oi Shun... – June estava muito corada – Podemos ir agora mesmo... Já estou pronta.
– Que bom que você aceitou o meu convite, está um dia maravilhoso lá fora!
– Eu achei uma ótima idéia! Estava mesmo precisando sair um pouco... Agora que Shunrei está namorando o Shiryu e Eire está se dedicando mais aos estudos, quase não tenho companhia para conversar e distrair um pouco.
– E quanto a Saori?
– Ela está muito distante. Acredito que algo tenha acontecido, pois me parece que Saori está carregando uma tristeza enorme na alma, está desanimada e prefere não ver ninguém.
– Será que isso tem algo a ver com o Seiya? Você sabe que entre eles existe um grande sentimento, não é?
– Sim, eu sei. Isso é bem visível. Você notou algo diferente no comportamento de Seiya?
– Pra falar a verdade, já faz um bom tempo que não o vejo. Ele também anda afastado de nós. Acho que tudo isso deve ter alguma relação. Depois vou procurá-lo para saber se há algum problema.
– Também vou fazer uma visita a Saori.
– Bom, este é o lugar do qual lhe falei... – dizia Shun indicando à garota um grande jardim a céu aberto, em plena praça pública – Não é lindo?
– Nossa, não sabia que existia algo tão belo por aqui. Definitivamente não conhecia este lugar – respondia June maravilhada pela magia do parque.
– Gosto de vir aqui durante o dia. É calmo e muito tranqüilo, além da paisagem incomum que podemos observar. As pessoas costumam visitar este lugar para relaxar. Realmente é muito agradável, não é!
– Sim, certamente você tem um bom gosto.
O jardim onde Shun levara June era maravilhosamente encantador. Havia inúmeras árvores espalhadas por toda a sua extensão e, devido à primavera, todas estavam bastante floridas, o que definia o colorido vivo do local. Grandes roseiras completavam a decoração. Enquanto pequenos raios de sol iluminavam o jardim por entre as copas das árvores, escutava-se o singelo canto dos pássaros. Shun sentou-se ao lado de June em uma belíssima fonte de águas cristalinas que se localizava bem ao centro do local. Permaneceram calados por algum tempo, ambos observando a paisagem que enchia seus olhos de luz e alegria. Contudo, partiu de June a iniciativa de iniciar aquela conversa.
– Shun, diga-me uma coisa... Por que foi o seu irmão quem me ligou para falar com você? – June indagou por algo que estava em dúvida.
– Bom... – Shun sentiu a face corar, mas percebeu que não podia recoar, deveria falar a verdade e permitir que seus sentimentos se transparecessem de uma vez – Olha June, perdoe-me pelo o ocorrido. O meu irmão é muito brincalhão, mas na verdade, ele só fez por mim algo que eu mesmo não me sentia seguro para fazer – disse o cavaleiro olhando bem em seus olhos.
– Não se sentia seguro? Por que você fala assim? – June retribuiu o olhar profundo de Shun.
– Eu gostaria de convidar você para sair comigo, para conversarmos... Mas nunca tive coragem. Hoje, Ikki somente me deu um empurrãozinho para que eu trouxesse você até aqui.
– Se escolheu este lugar é porque se trata de algo muito especial... O que é?
– Você, minha querida June... É você quem é especial. – Andrômeda dizia enquanto tocava suavemente alguns fios de cabelos que insistiam em esconder o belo rosto da amazona.
– Shun... – a voz da garota soou rouca e fraca – A última vez em que ficamos assim, tão próximos, foi quando nos despedimos na Ilha de Andrômeda...
– Sim, eu me lembro. E já faz muito tempo desde que nos separamos ao final do treinamento com o Mestre Albion...
– Eu nunca pude esquecer a expressão de alegria que você mantinha nos olhos por saber que finalmente poderia encontrar seu adorado irmão – a garota sorriu ao lembrar da cena que descrevia a Shun.
– É verdade. Eu não cabia em mim mesmo de tanta felicidade... Mas, sabe que algo me deixou muito triste aquele dia...
– E o que foi?
– Estava muito contente por reencontrar meu querido irmão, isso é bem verdade. Mas o fato de estar indo embora da Ilha significava também nossa separação. Por isso, me despedi de você com uma grande dúvida e um grande pesar no coração. Temia não te ver novamente – Shun pegou as mãos de June e as colocou junto ás suas, acariciando-as.
– Eu também me senti desta forma, imaginava que a distância entre nós iria crescer muito, a ponto de você me esquecer. Mas, eu entendia que você tinha um destino como cavaleiro de Atena, e devia cumpri-lo a qualquer custo. Foi justamente por isso que não contestei a sua partida. Entretanto, a Ilha de Andrômeda jamais foi a mesma sem você.
– Eu sinto muito por ter deixado você, June.
– Não, você não deve se desculpar. Como já disse, esse era seu destino. Depois que você se foi, o mestre Albion percebeu minha tristeza e a falta que você me fazia, então pediu para que eu tivesse calma, pois um dia você voltaria. Porém, ele nos deixou antes que pudesse ver o seu retorno – June disse quase como um suspiro e ao lembrar da morte do adorado mestre, algumas lágrimas escorreram por sua face.
– Ah, June. Por favor, não chore. – Shun tomou a garota em seus braços e a envolveu.
– Sinto tanta falta dele... Ele foi como um pai para todos nós e era um grande homem... – June lembrou, encostando sua cabeça no peito de Shun, para aproveitar seu carinhoso abraço.
– Eu também sinto muitas saudades dele. Mas, prefiro lembrá-lo em vida, preservando a sua imagem bastante viva em meu coração.
– Gostaria de ter feito algo por ele...
– E você fez. Honrou a armadura de Camaleão com os ensinamentos que ele nos passou. Tenho certeza que ele está muito orgulhoso de você.
– Sim...
– Só desejaria que ele pudesse compartilhar deste mundo tão tranqüilo em que vivemos hoje, graças às forças de todos os cavaleiros e a proteção de Saori.
– Você tem razão. Proporcionamos à todos deste planeta uma vida cheia de paz e tranqüilidade. Nossos esforços foram recompensados, pois quando olho para as crianças, sei que elas merecem ser felizes em um mundo repleto de amor e alegria.
– Todos nós merecemos ser felizes, minha querida June – disse Shun, segurando levemente em seu rosto e o erguendo, de modo que os olhos da garota pudessem encarar os vivos olhos do cavaleiro.
– Então me mostre esta felicidade, Shun – ela respondeu, sentindo uma grande palpitação no coração ao ser beijada pelos lábios quentes e doces de Andrômeda.
– Eu amo você, June – ele disse após beijá-la.
– Eu também te amo, Shun... Sempre amei...
– Perdoe-me por esconder esse sentimento por tanto tempo. Mas tinha medo de que não fosse correspondido – disse, enquanto acariciava sua face.
– Sempre foi você a razão pela qual eu vivi todo esse tempo. Esperei por você até hoje e esperaria mais se preciso fosse. Daria minha vida para receber um beijo seu... Para sentir seus carinhos...
– A espera acabou, pois agora estamos juntos e nada poderá nos separar. Eu quero viver ao seu lado para sempre, quero que seja minha mulher, minha companheira por toda a vida. És o meu bem mais precioso, a luz que ilumina minha vida e me dá forças para acordar todos os dias. Amo-te com toda minha alma, e amarei para todo o sempre.
– Obrigado por seu amor, meu querido. Prometo retribuí-lo sempre e amar você com todas as forças de meu coração. Prometo estar sempre ao seu lado e dar-lhe tudo de mim. Serei sempre sua. Unicamente sua.
E ali permaneceram. Entre juras e promessas de amor, entregaram suas almas e seus corações. O tempo parou exatamente no instante em que se beijaram e deu a eles a chance de recuperar todos os momentos perdidos. A partir dali, começariam uma nova vida.
(continua...)


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