O Suserano escrita por chibilele


Capítulo 3
O Noivado




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Beta: Eris T.

 

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A tensão no ar era quase palpável durante o curto intervalo de tempo no qual Artur colocou a mão da filha sobre a do jovem Malfoy. Ginny não teve coragem de encarar a família, e muito menos Harry, mas não abaixou a cabeça e se deixou ser conduzida por Draco até o meio do salão. Sob as bênçãos do contente pai e da surpresa dos outros convidados, ela dançou esplendidamente a valsa que o loiro mandou tocar. A valsa que dava o início oficial à festa. A valsa que Harry esperava que ela dançasse com ele.

Os aplausos não foram menores por conta do choque. O salão foi completamente preenchido pelo som que as mãos produziam, encantadas com a apresentação do casal.

Ginny sabia que, enquanto durasse a festa, a mãe nada diria para não estragar aquele momento único em sua vida, mas não sabia como encararia a família e, principalmente, Harry. Havia mentido para o pai dizendo que amava a Draco, já que ele não aceitaria que ela se casasse com quem não queria apenas para libertá-lo. Agora, teria de mentir para todos e condenar-se a uma infeliz vida ao lado do mimado Malfoy.

- O que acha de anunciarmos nosso noivado hoje? – Perguntou Draco.

- O quê? – Ela arregalou os olhos, assustada. – Espere, Malfoy, minha família não está preparada para isso... Nem o Harry...

- Não me chame de Malfoy, faz parecer que não somos íntimos. – Ele riu da expressão irritada que surgiu no rosto sardento dela. – E por que não? Acho melhor anunciarmos agora.

Ela sentiu asco ao ouvi-lo a chamar pelo nome, mas conteve-se.

- E por que é melhor?

- Porque eu quero.

Ela o olhou, cheia de ódio. Por que ele fazia aquelas coisas com ela? Ela nunca fizera nada para ele – quer dizer, brigas de infância não contam, certo? –, por que fazê-la sofrer tanto ao separá-la do homem a quem amava? Por quê?

Com a derrota no rosto, ela deixou que ele, pouco antes do baile encerrar, anunciasse o noivado. Ela não teve coragem de olhar para o rosto de Harry ou da família; não queria ver a dor ou o desapontamento que eles sentiam, mas, ainda assim, novamente o salão explodiu em aplausos e em congratulações aos noivos.

Ao final da festa, antes que ela fosse embora, Draco lhe deu um beijo na bochecha e desejou-lhe boa noite. Ela apenas o ignorou e virou as costas, acompanhando em silêncio a família, que a julgar pelo silêncio e pelo clima pesado deveria ter acabado de ouvir a notícia de um funeral, não de um noivado.

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- Draco Malfoy. – Disse Fred com nojo.

- Por que ele? – Perguntou George.

- E o Harry? – Perguntou Ron, tomando as dores do amigo.

- Ginny, o que aconteceu? – Charlie parecia preocupado.

- Por que papai acha que você ama aquele engomadinho? – Indagou Bill.

- Acho uma sábia decisão. – Disse Percy. – Draco Malfoy pode lhe dar tudo o que quiser, além de ter uma ótima posição social, claro. Quem sabe ele não nos faça ascender também?

- Calado, Percy! – Disseram, em uníssono, os outros cinco irmãos. Percy nunca soube se foi Fred ou George a acertar-lhe um tapa na cabeça.

- Ginny, o que foi aquilo? – Perguntou Ron.

- Não posso mudar de opinião? – Perguntou ela, tornando irritação toda a tristeza que sentia. – É sobre a minha vida que falamos, isso não interessa a nenhum de vocês. Se não gostam, ótimo, isso não é meu problema. Eu vou me casar com o Draco, quer gostem, quer não. Fatos são fatos, e vocês não podem mudá-los. Agora, vou indo, boa noite.

E ela saiu, pisando forte, indo banhar-se em seu quarto, sozinha, deixando rolarem livremente as lágrimas que por toda a noite ela havia prendido.

Jogou-se em sua cama sem falar com ninguém. Abraçada ao travesseiro, deixou rolar as últimas lágrimas que jurou chorar por algo que Draco lhe fizesse. Adormeceu tão profundamente que nem percebeu quando Bill abriu a porta e a cobriu, dando-lhe um beijo na bochecha marcada pelas lágrimas. Embora não soubesse o que acontecia, ele tinha a certeza de que não havia sido por livre e espontânea vontade que Ginny se casaria com Draco, mas também sabia que, conhecendo a irmã, ela nada lhe contaria.

Naquele instante, Bill desejou que Ginny ainda fosse a criança que ele costumava colocar no colo e afastar todos os medos.

O dia seguinte amanheceu igualmente ensolarado, mas dentro d'A Toca o clima estava bem diferente. O tratamento entre os membros mais jovens da família Weasley – com a óbvia exceção de Percy – estava diferente, especialmente no que dizia respeito à caçula. Nem mesmo os gêmeos brincavam com ela, que contava com o apoio desinteressado de Bill. Ron parecia especialmente irritado. Ele anunciara que começaria a conversar com Harry e Hermione do lado de fora da casa e Ginny estava terminantemente proibida de se aproximar deles, e ainda dissera a Bill que ele "tinha que escolher um lado". Molly, que a tudo ouvira, lançou um olhar tão ameaçador ao filho que ele se calou – bem, ela ter um atiçador nas mãos também ajudou bastante.

Para azar da pobre ruiva, Ron e seus amigos haviam sentado próximos aos pomares e Molly ordenara à filha que recolhesse as maçãs que já estivessem maduras. Aproximou-se em silêncio e em silêncio permaneceu, colhendo de costas as maçãs, magicamente. Mas ela conseguia sentir em suas costas os olhares. O olhar de Ron, envergonhado; o olhar de Hermione, preocupado; o olhar de Harry, cheio de dor. Não teve coragem de encarar nenhum deles.

Ron e Bill só entraram em casa quando já era noite, pois eles estiveram estudando magia. Suados, cansados e risonhos, ambos os rostos mostraram espanto ao verem a família Malfoy sentada em sua sala. Embora tentassem disfarçar, era óbvio o desgosto do Sr. e da Sra. Malfoy ao verem uma casa tão humilde. Ron sentiu as orelhas esquentarem.

- Entrem, meninos. – Disse Molly, meio desajeitada. – O Sr. e a Sra. Malfoy vieram aqui para conversarmos sobre o casamento.

Além da família Malfoy, apenas Ginny, Molly, Artur e Percy estavam na sala. Os outros irmãos davam sua mostra de desaprovação ao matrimônio e Ron decidiu juntar-se a eles, mas Bill ficou ao lado da irmã e Ginny agradeceu em silêncio pelo apoio.

- Estamos pensando em fazê-lo no começo do outono. – Disse Narcissa Malfoy.

- Mas não está perto demais? – Perguntou Molly, que tentava adiar o máximo possível a união para que a filha pudesse ter mais chances de pensar. Ela não apoiava a filha, mas não poderia proibi-la de se casar com o herdeiro das terras onde morava..

- Não perto o suficiente para que não façamos algo esplendoroso. – Disse Lucius Malfoy.

- Ah, bem... – Atrapalhou-se Molly. – Se Ginny aceitar...

- Aceito. – Disse a ruiva prontamente.

Draco Malfoy abriu um meio sorriso e acertaram-se os últimos detalhes do que prometia ser o maior casamento que o mundo bruxa já prestigiara.

 


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