Bro me disse uma vez que para sermos cool, nós só temos que agir como cools.

E aqui estou eu, nervoso e irritado, meus olhos traindo isso. Mas é por isso que eu uso os óculos de sol. Ninguém pode ver meus olhos vermelhos, e o resto do rosto é fácil de mudar.

Meus cabelos claros cortados curtos me dão uma boa passabilidade, meu rosto é um pouco fino demais, mais do que eu queria, mas talvez eu consiga passar. Minha respiração é limitada, meu peito dói pelo binder, mas vale a pena. Ao me olhar no espelho, vejo o cara gostoso que sou.

As vezes machuca, pois Bro escorrega e me chama de Debra, mas ele sempre pede desculpas e me chama de Dave novamente.

Bro sempre foi muito compreensivo com a minha condição e muito gentil comigo. Somos uma família LGBTAQ+, ao que penso.

Só Bro e Rose sabem o que sou. E eu fico com medo dos outros descobrirem, porque sei que eles vão me julgar. Principalmente John, ele com certeza vai rir de mim.

Teve uma época que fui apaixonado por John Egbert. Mas ele é heterossexual e isso me magoa pra cacete. Se ele soubesse quem eu sou, será que ele gostaria de mim? Mas isso ele faria por achar que sou uma garota, e isso eu não quero.

Jade entenderia. Ela é tão gentil, tão doce comigo. Ela costuma ser compreensiva.

Eu só não quero pensar no que aconteceria com meus amigos se eu contasse a verdade. Será que eles começariam a me tratar no feminino? Será que eles diriam que sou uma armadilha? Será que eles diriam que eu os enganei o tempo inteiro?

E Karkat. Ah, Karkat. Eu gosto tanto dele, será que ele se importaria?

É tão difícil ser eu mesmo. Me sinto perdido o tempo todo. E esse corpo em qual estou preso parece que não me pertence, me sinto sufocando.

Meu nome é Dave Strider.

E eu sou um homem trans.