capítulo 1

"lay it on me"

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— Não, não e não.

Rose Weasley repetiu pela a vigésima quinta vez para a melhor amiga que segurava um laptop no colo e insistia na maior, mais idiota, ridícula e estúpida ideia de todos os tempos:

Cadastrar Rose Weasley em um site de namoros.

Não que a ruiva tivesse alguma coisa contra sites de namoro (ela tinha), encontros à cega e amor a primeira digitada, mas aquilo era — literalmente — imbecil. Principalmente quando se tratava de Dominique. Dominique tentando cadastrar ela em um site de namoros! Isso era um grande absurdo!

Mesmo que a prima da garota e estudante de medicina — vai vendo — fosse o cupido em forma de gente na Terra, Rose conseguia se lembrar dos diversos quase-possíveis-em-potencial-namorados que a loira havia arranjado para ela.

Nenhum deles deram certos.

Nunca deram.

Talvez pela a exigência da aluna de francês, a personalidade forte, o signo de Áries, ou até mesmo o sobrenome Weasley; mas ela não tinha tido boas experiências amorosas durante toda sua vida, desde que seus peitos cresceram. Se é que eles cresceram— mas sua genética não vinha ao caso no momento.

Vida 1 x 0 Rose.

Porém se cadastrar em um site de namoro online estava fora de qualquer alternativa de arranjar um namorado, definitivamente.

Definitivamente.

— Rose! Qual é… — Dominique resmungou. — Não custa nada e só leva dez minutos… - A loira falou olhando para a tela do computador e depois para o rosto cheio de sardas da prima, que não tirava os olhos de um programa de TV sobre mulheres ciganas-irmãs que atiravam saltos nas outras (ou qualquer coisa com força o suficiente para levar alguém para o hospital).

— Serão dez minutos desperdiçados da vida, Dominique! O ser humano passa em média seis anos da sua vida dormindo, e eu simplesmente não posso perder o meu tempo me cadastrando em um site que tem como visão fazer dinheiro em cima da solidão de pessoas acima de 18 anos! — argumentou Rose, impaciente pela insistência da outra.

Mas se havia alguma coisa que Dominique Weasley não deixaria acontecer seria ser derrotada.

—Por favor, Rô! São só algumas perguntas básicas como seu nome e hobbies, não é nada de mais. E, além disso, você já perde seis anos da sua vida, dez minutos não vão fazer diferença.

Rose nem respondeu.

— Sem contar que você pode escolher o tipo de garoto mais atraente…

— Objetificação sexual — Rose bufou.

— Ou não, se preferir você pode escolher pela a personalidade, sabe?! Ninguém quer namorar um psicopata, eu não quero namorar um psicopata, você não quer, ninguém quer… Todo mundo quer namorar um cara tipo... — olhou para o teto, tentando encontrar um exemplo que convencesse sua amiga a fazer o que ela pedia — Tipo Harry Styles, e que goste de cachorros.

A ruiva encarou Dominique com a sobrancelha levantada e um sorriso.

— Como você pode ter tanta certeza de que Harry Styles não é um psicopata?

Domi não respondeu.

Céus, com era difícil convencer aquela cabeça dura a fazer alguma coisa interessante além de enfiar sua cara gorda em um livro. Ela sempre estava lendo algum livro, e isso deixava sua prima nos nervos. Por que Rose não tinha nascido como uma pessoa normal?!

— Dez minutos! — A estudante de medicina insistiu, jogando seu corpo contra a poltrona vermelha do dormitório que dividia com a amiga e dando um gole no seu chá de limão fitness.

A ruiva dos Weasley’s até levantou a sobrancelhas, aquilo não era sério, não era possível…

— Dominique, é provado pela a ciência que encontros as cegas tem mais de 60% de chance de darem errados do que relacionamentos gerados de forma causal e imprevista. É a ciência, não eu.

— Então você “tá” falando que não vai dar uma chance para o seu coração, a seu futuro amor, a possibilidade de conhecer a pessoa que vai mudar a sua vida por causa de um artigo científico? — Dominique usou seu poder de persuasão através das palavras na garota que revirava os olhos e voltava a assistir o programa das irmãs ciganas assassinas em potencial. Rose realmente amava ver um bom barraco pela televisão. — E eu acredito na ciência, mas pelo menos dou chances ao amor.

E nisso ela estava certa. Rose não podia nunca duvidar da fé no amor que a prima tinha, nunca. Desde o colegial, quando toda a família estudava na mesma escola, a loira juntava os casais mais improváveis, prováveis, e exóticos. E o incrível era que eles davam realmente certo. Contudo o curioso era que nem em Hogwarts, onde elas estudavam juntamente com o resto da família, Dominique não tinha encontrado a pessoa perfeita para a prima.

Mas ela não desistiria.

A loira nunca desistiria.

— Eu não disse isso, eu quero dizer que a probabilidade de um relacionamento obter sucesso é maior se…

Antes mesmo que Rose pudesse terminar sua frase Dominique se levantou da poltrona vermelha e andou em direção a garota com cabelos com cor de cobre, sabe? Aquele de fio de cobre de poste de luz… Só que ruivo.

— Como você pode ter tanta certeza se não quer nem tentar?! — Dominique perguntou, na esperança que a chama da paixão brotasse no coração da amiga mesmo ela sabendo bem o suficiente que não seria algo nada bom se o coração dela começasse a pegar fogo, literalmente.

— A questão é…

A Weasley foi cortada novamente.

— A questão é que você devia pelo menos uma vez na vida tirar a sua bunda gorda desse sofá maldito e parar de assistir esse programa maldito e fingir que está tudo bem quando não está! Rose, você é a minha prima, nós crescemos juntas, nós temos os mesmos amigos, mesma escola, mesma faculdade, até os mesmos namorados nós já tivemos! Quer dizer… tínhamos, não importa. Eu sei quando está tudo bem com você e quando não está! E agora... Agora você não “tá” nem um pouco bem… — falou com a voz forte que deu uma pequena vacilada no final, porém aquela era a verdade.

Rose Weasley não estava bem.

E Dominique teve certeza disso no mesmo dia que Peter McGwan — um estudante de jornalismo e politicamente correto de 20 anos — quebrou o coração da garota no mesmo segundo que disse “Ok então” e desapareceu da vida da menina. Não que ela esperasse que ele voltasse por ela em cima de um cavalo branco e com uma armadura de ouro – a ruiva era realista o bastante para saber que isso não aconteceria. Porém ele tinha sido a primeira e única pessoa por quem ela havia se apaixonado de verdade em toda a sua vida, só que ele simplesmente disse “Ok então”. Aquele maldito “Ok então” que destruía tudo, que demonstrava que ele não sentia o mesmo que ela.

E ele havia ido embora sem se querer dizer adeus.

— Domi… — Rose começou. Não queria tocar no assunto, não com a prima, que apesar de sempre estar ali pra ela não deixaria de chamar o único cara de quem ela gostou de filho da mãe. E tudo que ela não queria ouvir era alguém dizendo que ele nunca iria merecer ela. Seu único desejo era ficar olhando para as ciganas com saltos nas mãos, batendo umas nas outras.

— Apenas dez minutinhos — tentou de novo.

“Até que nem é muito tempo assim…” Rose pensou, contudo “site de namoros” era algo quase humilhante e desesperador na cabeça dela. E ela não estava desesperada, ou pelo menos tentava se convencer disso. Mas a verdade era que agora, com o término de suas esperanças, não sabia o que fazer, e talvez — apenas talvez — fazer um perfil não fosse tão ruim assim.

— Eu não sei, eu vou pensar — a Weasley disse dando um gole em sua Pepsi de baunilha edição limitada e promocional. — Sei lá, tipo, eu nem saberia o que escrever e tudo mais…

— Eu te ajudo! — A alegria voltou no mesmo segundo pra voz de Dominique, que puxou o laptop de volta para perto de si e colocou na página já aberta e pronta para responder todas as perguntas do site.

— Pode ser então, mesmo… Não tem nada pra fazer… — Rose concordou olhando para seus pés com meias brancas totalmente sujas.

“Mal sei ligar uma máquina de lavar roupa e quero decidir minha vida amorosa por um site, um exemplo a ser seguido” Imaginou ainda olhando para os pés, e fez uma careta só de pensar em tirar aquelas manchas escuras.

A loira nem conseguia acreditar, ela deu dois pequenos pulos de alegria e um abraço apertado ao redor da amiga que ainda tentava prestar atenção no programa das ciganas.

— Ok, ok! Primeira pergunta: Loiros, morenos ou ruivos?

Rose revirou os olhos por estar se metendo nisso, sabia que se arrependeria, mas nem se quer pensou duas vezes ao responder.

— Loiros.