"Algumas pessoas passam pela nossa vida e simplesmente passam. Outras ficam um pouco e deixam pegadas em nossos coraçoes... e nós nunca mais seremos os mesmos"  (Autor Desconhecido)

Pude sentir o peso da despedida em minhas costas, e me fazia querer cair de joelhos no chão, mas me mantive em pé. As lágrimas voltavam a meus olhos mais intensas do que nunca elas atrapalhavam minha visão fazendo o cenário à minha volta parecer borrado. Mas pude ver o rosto de David, ele sorriu para mim com os olhos cansados e beijou minha testa, nos encaramos por um longo minuto. Naquele momento parecia que o mundo girava ao nosso redor, as pessoas à nossa volta... Eu não via o rosto delas eu só via o rosto de David, elas apenas pareciam borrões insignificantes comparados com sentido da minha vida - que estava bem na minha frente.
David me abraçou novamente, um abraço tão forte e intenso que me fez perder o ar. Ele beijou minha testa e depois relaxou os braços a minha volta, afastou-se lentamente do meu corpo imóvel, eu não pude ver o seu rosto, estava com os olhos fechados para poder sentir ainda mais o cheiro maravilhoso que vinha do seu pescoço — eu tentava gravá-lo para sempre em minha memória...— Eu abri os olhos para ver o seu rosto ele me encarara. – Seu rosto estava sereno, as olheiras da falta de sono das últimas noites se destacavam em sua pele clara com seus olhos cansados (mas isso não pareceu interferir nem um pouco na sua beleza para normal).
Sem perceber nós estávamos de mãos dadas, era como se nossos corpos quisessem que estivéssemos juntos, assim como nossos corações—assim como nós.”Eu seguraria sua mão por toda a eternidade”.
A sirene do embarque de passageiros tocou novamente--Um som agudo irritante e mortal. David mudou o olhar – seus olhos pareciam estar mais tristes, ele afagou meu rosto, beijou minha boca rapidamente e ele soltou minha mão virando-se de costas para mim, puxou a alça da sua mala de carrinho vermelho escoro e começou a caminhar sem olhar para trás. Ele parecia olhar apenas para frente não percebendo o mundo ao seu redor.
 Quando David soltou minha mão me senti como se um garotinho tivesse soltado sua bexiga de gás e agora eu me sentia como um objeto vazio e sem sentido voando num mundo tão grande— um objeto sem significado, insignificante!
A sirene não parava de tocar e deveria estar muito alta por eu estar tão perto do trem, mas o som chegava abafado aos meus ouvidos-. Eles se negavam a escutar qualquer som alheio naquele momento. Os únicos sons que eu escutava eram os passos curtos e calculados de David e minhas lágrimas caírem irregularmente a uma a uma ao chão.
 As pessoas a minha volta pareciam andar em câmera lenta essas pessoas eram insignificantes para mim eu não conhecera nenhum delas — eu estava sozinha Robert e Phil haviam ficado para trás junto com meus pais, enquanto a multidão à minha volta andavam em câmera lenta, David me parecia andar rápido demais, achei que fosse minha imaginação mais vi pequenas gostas brilhantes caírem do rosto de David enquanto ele se afastava. -  Eu fitei suas costas, fiquei vendo, incrédula ele se afastar, caminhar até o trem.
Eu senti todos os músculos do meu corpo paralisarem e também podia sentir uma dor imensa no peito. Era uma dor aguda, que parecia aumentar a cada passo que David dava. Era como se ele estivesse levando junto com si metade do meu coração e agora a outra metade suplicara pela parte perdida.

                                 Mas isso foi a muito tempo...

 Três anos depois ...