Candy Dream escrita por Aerith


Capítulo 23
Capítulo 23 - David


Notas iniciais do capítulo

'Em todos esses anos, todo esse tempo, eu nunca me iludi nem por um segundo que assim que reencontrasse David iríamos retomar a nosso antigo namoro, reencontrar nossos amigos e dizer Eu te amo um para o outro, a vida nunca seria tão perfeita e nem tão fácil como é numa novela, e eu nunca poderia retornar aos tempos de antigamente. Tudo que eu sempre procurei, e ainda procuro é simplesmente um Eu estou bem é isso que eu sempre quis, do fundo do meu coração...'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61980/chapter/23

Assim que falei com Phil depois de ter saído da delegacia, eu decidi comigo mesma que deveria descansar aquela noite, e no dia seguinte iria procurar por David. Phil dormiu na minha casa novamente mais dessa vez estávamos mais distantes um do outro, mesmo tendo esclarecido tudo. Havia uma certa aflição na casa, principalmente depois de ter reencontrado Rob, a aflição durava a noite inteira, eu não conseguia mais dormir, era como se minha vida fosse consumida por algo, meus sentimentos já se tornavam inexplicáveis...

Fechei meus olhos e esperei pelo sono que parecia que nunca viria, Phil estava deitado no chão novamente em uma cama improvisada, ele estava de costas para mim e eu agora encarava-o imóvel exceto pela sua respiração lenta, via que ele também já não conseguia dormir mais.

Normalmente quando as pessoas têm insônia ficam pensando na vida... Mas nada vem a minha cabeça agora, eu só via o vazio... Depois de ter falado com Robert não consigo mais pensar tanto em David, nem em nada, talvez agora eu só queira reencontrá-lo e disser o quanto eu senti sua falta.Só isso.

Em todos esses anos, todo esse tempo, eu nunca me iludi nem por um segundo que assim que reencontrasse David iríamos retomar a “nosso antigo namoro”, reencontrar nossos amigos e dizer ”Eu te amo” um para o outro, a vida nunca seria tão perfeita e nem tão fácil como é numa novela, e eu nunca poderia retornar aos tempos de antigamente. Tudo que eu sempre procurei, e ainda procuro é simplesmente um “Eu estou bem” é isso que eu sempre quis, do fundo do meu coração...

Depois do duro despertar na manhã seguinte, forcei-me a comer, falei com Phil, troquei de roupa e sai de casa. Um dia cinza com céu nublado, não havia nem sinal do sol, apenas um incomodo clarão branco que dizia ser dia. Não havia falado muito com Phil ele não ousou criticar o que eu faria nem insistiu em vir... Ele sabia que isso era algo meu em particular—Mesmo sendo parte dele também-- Ele teria tempo... Mais isso é algo que eu deveria fazer sozinha.

Enquanto parada no meio da calçada poucos metros de casa, peguei o pedaço de papel que Robert havia me entregue, estava guardado no bolso da calça, Coloquei-o no meio da palma da mão, engoli em seco, e comecei a desdobrá-lo lentamente... Ai que veio o choque. Não era o n° de uma casa, nem de um talvez endereço de trabalho ou mesmo de uma delegacia...

--Um Hospital?!—Exclamei a mim mesma.

“Hospital Santa Clara, Térreo, N° do quarto – 07”

Apenas isso, nenhum nome de rua bairro ou cidade... Apenas um nome de hospital e o n° de um quarto... Bom isso seria mais que suficiente.

Meu coração disparou a respiração pesada e como reflexo parei a primeira pessoa que passou em minha frente:

--Com Licença!—Segurei no ombro da mulher que passava que se assustou—Desculpe—Disse soltando o braço da mulher (O que eu estava fazendo?)!—Sabe onde fica o Hospital Santa Clara?

--Hm... Sei sim... —Disse a mulher ainda meio assustada—Fica a algumas quadras daqui, é um lugar grande não tem como errar, Deve ser umas oito ou nove quadras abaixo.

--Ok. Obrigada – Eu disse já em disparada, abaixo a oitos quadras, um hospital... Não deve ser tão difícil de encontrar.

Não olhei para trás, mal agradeci a mulher que me orientou. Não sinto mais minha respiração... Por que quanto mais eu corro mais lenta eu vejo que sou? Correria muito mais, engoliria todo o ar que viesse e moveria minhas pernas ao máximo... Não consigo!

Depois de correr desesperadamente de longe eu o avistava, devia ter uns cinco andares e era totalmente pintado de um rosa delicado, Tinha o nome em letras gigantescas e em ferro... “Hospital Santa Clara” Não havia erro, era ali.

Entrei a uma recepção meio vazia e monótona. Era um hospital particular. Havia duas recepcionistas e uma enfermeira no local. Segurei meu coração na palma da mão, engoli em seco, e segui meio tonta até a alta bancada que havia bem no meio da recepção à frente de cadeiras vazias... Onde no local só havia uma criança enfezada que esperava atendimento.

--Com Licença... —Eu disse tímida.

--Pois não?—Disse a recepcionista interrompendo a conversa com a enfermeira.

--Vim... Fazer uma visita.

--Sim, Sim... Mais o horário de visita só começa daqui a meia hora—Disse ela—Pode esperar até ele.

--Ok... —Embromei um pouco mais disse

Virei-me para elas, e sentei no segundo lugar da segunda fileira meu corpo todo parecia tremer de medo e ansiedade, meu coração só batia mais rápido que pensei estar na beira de um infarto fulminante. Foi a “meia hora” mais demorada e aflita que já tivera na vida. Minhas mão e pernas tremiam senti meu rosto ficar branco e logo achara que não poderia nem falar mais...

--Pronto Mochinha!—Exclamou a recepcionista a mim dando-me um sinal de positivo com a cabeça—Nome de quem deseja visitar, por favor...--- Disse ela rapidamente enquanto preparava os dedos sobre o teclado do computador a sua frente.

Engoli em seco comprimi meus dedos uns com os outros e finalmente disse...

--É quarto... 07... David... Térreo --Gaguejei.

--Ah o D.! Então você já está informada de tudo.—Disse a mulher sorrindo.

“D.”? Como assim “D.”

--Ah... Você por acaso o conhece?—Disse surpresa.

 --Claro!—respondeu ela—O David está aqui há alguns meses desde que fora transferido. É um rapaz chamativo por ser tão bonito. Ele é amável e... É uma pena o imprevisto que tenha acontecido. Tão novo...

--“Imprevisto”...?

--Sim... Bom, Fiquei um pouco surpresa por ele receber uma visita assim agora, os únicos que vêm aqui são os pais dele. Quem é você?

--Sou... Hm... Uma Amiga.

--Amiga? Hm... Espere um pouco você não seria a Alice não é?

--Sou, Por que? –Como essa mulher sabe quem sou?

--Alice! Ele fala muito de você, nem faz idéia, ele disse que era muito bonita e estou vendo que ele não mentiu—riu ela.

O que? Como assim ele fica contando histórias de mim para a... recepcionista... E Como assim “alguns meses”. Ele está alguns meses nesse hospital? Mais o que ele tem afinal de contas?

--Ele sempre diz que te ama e é triste vê-lo chorar quando conta como deixou você... Ele sempre diz o quanto sente sua falta e o Quanto te ama!!—Sorriu ao repetir o “quanto me ama” pensar nisso fez surgir um efeito bobo em mim e saiu com tanta força que incendiou meu coração.

Então ele ainda me ama... Se isso for verdade preciso vê-lo já.

--Preciso vê-lo logo então. —Disse à mulher.

--Tudo bem... mais antes... Há quanto tempo vocês não se vêm?—ela ficou séria

--Há Um... Bom tempo—eu respondi estranhamente tímida.

A recepcionista segurou minha mão que estava descasando no balcão e disse olhando profundamente em meus olhos:

--É... –ela embromou—Como posso dizer isso... – Era óbvio que ela estava tentando dizer algo duro do qual desviava o olhar e se intimidava a dizer.

Essa mulher me assustava, eu pensava em uma simples gripe ou algo mais grave como uma virose, mas acho que o fato de estar a meses aqui e esse papo estranho da recepcionista... Não era algo tão simples, Isso me assusta — quero vê-lo agora mais do que nunca.

--Eu quero vê-lo agora... –repeti para um tanto de alivio a mulher.

--Sim, acho melhor vê por si só—ela continuou—Olhe é só seguir reto, a área dos pacientes com câncer fica a uns 25 metros à frente.

“Câncer”?! Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça me deixando tonta o suficiente para cair no chão... Mas eu não poderia cair agora. Tive vontade de chorar ao mesmo tempo em que o desespero crescia em mim. Não disse mais nada à recepcionista nem ao menos agradeci —A segunda vez que faço isso hoje--  acho que ela entendeu ao ver o desespero estampado em meu rosto e ainda soltou um “sinto muito...”Ao ouvir aquilo sai em dispara pelo corredor não havia muitas pessoas à frente apenas alguns médicos e enfermeiros passando mal notaram minha presença, já deviam estar acostumados ao desespero alheio.        

Naquela hora não conseguia raciocinar mais nada... Havia apenas uma coisa em minha mente que ocupava total espaço “David” Como ele estaria? Como assim “Câncer”? O que vou dizer a ele?

Bom, terei todas essas respostas agora.

Passei por várias salas até chega à porta que a enfermeira havia dito. Estava escrita “Ala: pacientes com câncer”. Era esse o lugar.

Abri a porta devagar como se eu estivesse ali sem permissão e não quisesse ser vista. Andei poucos metros contando quartos até chegar a “o quarto” Estava com um “07” grande e bem legível, não haviam dúvidas.

Meu coração parecia saltar à garganta minha respiração estava tão acelerada ao ponto de ser considerada ofegante, agora mais do que nunca meu corpo estava trêmulo — no estágio de convulsões. Pergunto-me se conseguiria falar algo nesse estado. Tenho medo de abrir a bocó agora parar tentar soltar algo, Será que minha voz irá funcionar.

“Droga! Preciso me concentrar merda!” Não sou de falar palavrões mais nessa situação foi a 1ª palavra que veio à minha mente. Engoli em seco e reuni toda minha coragem e mesmo com as mãos trêmulas bati à porta a minha frente. Duas batidas rápidas. E logo depois ouvi o mesmo doce som que ouvira em meus sonhos e em meus delírios... O Som que achei ter esquecido no tempo e que nunca mais achei que fosse lembrar. Pensei que ele me traria mais convulsões e desconforto mais foi exatamente ao contrário ele me trouxe o alivio como um banho frio no dia mais quente do ano inteiro. Só que de um frescor diferente e totalmente doce. Era a voz dele.

--Quem é? Pode entrar!—Ele disse suavemente.

Congelei por alguns instantes, acho que meus músculos relaxaram o suficiente para não se mexerem mais. Minha respiração parou e logo podia sentir que literalmente meu coração ia saltar do peito cada batida parecia me empurrar mais para frente. O que vou dizer? Com que cara vou entrar?

Comprimi meus olhos e tive vontade de chorar Como uma criança que está para admitir para a mãe que quebrou seu vaso favorito. Não posso simplesmente entrar e dizer “Olá David! Há quanto tempo! Mim te fazer uma visita como está?” Não conseguiria dizer tudo isso e não tenho tanta cara de pau.

--Tem alguém aí?—Ele disse de dentro do quarto pareceu se mexer e levantar da cama.

Senti como segurasse meu coração entre aos mãos. Mais o soltei para segurar a maçaneta e entrar na sala. Era mais forte que eu.

Corajosamente abri a porta dei meio passo à frente... ele estava ali, Em pé... Na minha frente. Senti meu rosto ferver e seu olhos arregalarem como se eu fosse um fantasma bem ali na porta de seu quarto. Ele estava com a roupa do hospital não tinha nenhum tubo ou aparelho ligado ao seu corpo, mas não pude deixar de notar as marcas de injeção. Estava mais branco, pálido, do que como costumava vê-lo, seu cabelo não caía mais sobre os olhos estavam bem mais curtos mais ainda pareciam os mesmos, ele tinha olheiras nos olhos – Isso era novidade, apesar de não ser tão perceptível pelos olhos— ainda continuava com os mesmos olhos de esmeralda—Os mesmos que me afinaram e me hipnotizavam.

Assim que o olhei diretamente nos olhos dele um choro súbito surgiu aos meus. Não consegui encará-lo desviei o olhar a tremedeira voltou e a única coisa que consegui sussurrar horrivelmente foi um “Sinto muito...”.

Ele deu rápidos passos em minha direção e disse. O que me pareceu à beira das lágrimas também. Ele me abraçou subitamente e me envolveu em seu braços como se eu fosse sair correndo, me abraçou forte o bastante parar eu sentir seu coração abatendo tão rápido como o meu. Eu não queria que ele me soltasse agora.

--Por Favor... Se você for outra alucinação... Apenas prometa que vai ficar mais um pouco e eu poderei dormir se sonhar com você como agora.—Disse ele 

Eu não pude responder apenas assenti em silêncio.

Não acredito... Era ela era ele mesmo! E estava aqui, agora, em meus braços! Com o mesmo cheiro perfeito e maravilhoso me seduzia ainda mais, me apertando tão forte a ponto de conseguir apenas inalar o suficiente de oxigênio. Era ele... Era ele mesmo! Esperei tanto tempo por esse momento.

Não pude conter as lágrimas, não pude evitar de beijá-lo, não pude evitar de tentar o impossível de trazê-lo para mais perto, assim como ele também não. Assim que ele me beijou senti que uma corrente elétrica passasse por meu corpo como se um laço que tivesse sito partido traçasse um nó com a parte perdida... Nunca senti um alivio tão profundo. Como se você tivesse perdido algo tão valioso e agora o encontrou. Era algo tão forte que tocava a alma não estávamos abraçados apenas pelo nosso corpo nossas almas estavam entrelaçadas de novo. Não pude evitar de olhar para seu rosto, nunca vi David chorar, nunca... Isso era o que me fazia pensar que esse momento era mais impossível ainda. Bom impossível ou não... Ele estava acontecendo.

Ficamos ali abraçados, chorando um no ombro do outro. Não dissemos uma palavra sequer, não paramos para dizer o quanto sentimos falta um do outro ou o que nos aconteceu, se estávamos bem ou não todos esses anos... Nada mais importava agora, o que eu havia vivido até chegar aqui parecia agora uma coisa distante como se eu tivesse vivido em uma outra vida. E o que são essas palavras quando poderíamos estar abraçados? Chorávamos aliviados um ao outro.

Nas minhas lágrimas haviam todas as palavras que eu não conseguia dizer... Todas as que ele queria ouvir, estavam ali naquele momento-- E ele sabia disso assim como eu sabia que ele dizia o mesmo.

Apenas 3 palavras se mostravam necessárias naquele momento algo que dizíamos em lágrimas mais que queríamos ouvir da voz um do outro. Ele me beijou profundamente e disse ao pé do ouvido como eu sempre sonhava, como eu sempre sabia...

--Eu te amo... –Ele disse e eu repeti com minha própria voz a ele.

Logo o mundo poderia ter acabado, e por que não acabou? Seria o fim perfeito. Eu estava com David, e não era um sonho ou alucinação era ele ali de verdade, em meus braços. Não haviam duvidas... Ele me amava e eu o amava também.

Senti naquela hora... O Buraco do meu peito foi tampado e a metade do meu coração devolvida... Eu estava completa de novo. Totalmente completa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nossa há quanto tempo eu não posto... Que vergonha >//< Bom a única coisa que posso dizer é... Muito obrigada vc leitora(o) Que leu está história agradeço de coração ToT Então... Este foi o Cap. mais esperado desde o 1° o reencontro de Alice/David no próximo vou explicar mais sobre o cancêr de David e desenrrolar a história ^^ Sim ainda há coisas surpreendentes para acontecer então não deixe de ler.
Mil desculpas pela demora xP
Não tão atenciosamente

Aerith



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Candy Dream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.