Fix me. escrita por Sherry


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Voltei!

Capítulo grande, pra fazer todo mundo feliz!



Esperei pra postar esse capítulo hoje, DIA INTERNACIONAL DA MULHER, porque o tema do capítulo tem muito a ver!
Espero que gostem pois é um capítulo bem explicativo!
LEIAM AS NOTAS FINAIS!

Sem mais, boa leitura sz'



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    3 anos depois...









O antigo apartamento que Castiel dividia com Lysandre, havia virado  quase um ateliê de artes, mas o moreno ainda morava lá, e Natalie era visita constante.

Castiel e Lucy, depois de muito tempo se resolvendo, acabaram comprando uma casa em um condomínio residencial perto do centro; A casa não era enorme, mas tinha uma garagem legal, e até um terraço; Um jardim pequeno na frente, e uma varanda com churrasqueira nos fundos.
A casa não era ostentosa, ou cheia de ornamentos como as casas da vizinhança, mas era muito bem decorada, e aconchegante; A grama era bem tratada, as arvores ligeiramente podadas, e as flores extremamente adoráveis, na opinião de Lucy.

A parte de dentro, era organizada e agradável. O chão de assoalho polido, paredes com cores sóbrias, tapetes e quadros vívidos traziam um ar de felicidade para a construção colonial.

— Se você já superou sua história com ela, por que ainda tem problemas com o Nathaniel? — Lucy perguntou, batendo a porta do carro.

Castiel entrou no veículo pelo lado do carona, e sentou-se, de cara fechada.
Lucy pegou o volante, e saíram da garagem em direção ao mercado.

Era julho, e estava um frio de rachar. Lucy havia tirado suas primeiras férias, desde que se mudara para cidade, e estava animada com sua festa de aniversário, ela queria fazer vários tipos de comidas, e convidar todos seus amigos para sua nova casa e comemorar seus 24 anos, mas Castiel se recusava a receber Nathaniel em casa, e Lucy achava o fim do mundo convidar todo mundo exceto o loiro.

— Lucy, a questão toda é: Por que você faz tanta questão desse cara no seu aniversário? — ele rebateu, irritado — Vale a pena brigar comigo, por causa dele? — completou, encarando-a com total frustração.

Lucy ficou calada por alguns segundos, enquanto dirigia lentamente pelas ruas escorregadias de inverno.

— Não é por causa dele Castiel, é por causa dela. — a loira respondeu, olhando-o pelo canto do olho — Desde que te conheci, eu sei que existe alguma rixa, confusão, ou sabe-se lá oque, com você e o Nathaniel por causa da sua ex, mas não tenho a menor ideia do que seja. Você não me fala oque aconteceu, e ninguém toca no assunto. — completou, ultrajada, apertando o volante tão forte, que sua luva rangeu entre seus dedos.

 Castiel fez sua famosa cara de “ Puta merda, essa não.” , e passou a mão pelos cabelos nervosamente.

— Você só precisa confiar em mim.  — ele respondeu, quase em um sussurro frustrado.
— Eu não sei de nada sobre essa história estranha, que fez você parar de falar com um amigo seu, e ainda sim, estamos morando juntos. — ela rebateu imediatamente, com os dentes trincados — Mais confiança do que isso, só se eu te vendesse minha alma. — completou, meio irônica.

É. Uma coisa que acontece com as pessoas quando elas convivem demais com Castiel, é aderir um pouco de sua ironia ácida.

Ele por sua vez, ficou em um silêncio mortal. O carro parecia zumbir tamanha a tensão.

— Se você já superou ela, por que ainda não fala com o Nathaniel? Por que ele não pode ir pra nossa casa? A casa não é minha também? Oque aconteceu pra todo esse rancor? — ela insistiu, aborrecida.
— Por que não quero falar com o Nathaniel. Por que não tem nada a ver ele lá em casa. Sim, a casa é sua também, você fez questão de me ajudar a comprar ela, mesmo não precisando, mas o caso não é de quem é a casa, e sim, por que você quer tanto aquele infeliz em uma data especial pra você?! Eu não sou o suficiente? — ele tagarelou, estressado, olhando-a fixamente.

Houve uma pausa de três segundos, onde Castiel pensou que Lucy fosse se virar e morde-lo, até arrancar um pedaço.

— Quer saber, isso é ridículo! — ela falou, dando um tapa no volante enquanto dirigia — Eu não posso conviver com você, se o fantasma da sua querida ex continua entre nós! — completou, parando o carro no acostamento.

Castiel olhou para Lucy em uma mistura de receio e choque. Ela estava agitada, e com as mãos tremendo. Parecia que iria ter uma síncope.

— Lucy, não tem fantasma nenhum! — ele respondeu, preocupado.

Não era comum ver Lucy perder o controle ou agir de forma muito dramática. Essa atitude, normalmente, cabia a Castiel.

— Por que você quis ficar comigo, Castiel? — ela perguntou, em sussurro frustrado.

Se debruçou no volante e ficou com a cabeça baixa ali, os cabelos caindo por cima do rosto.

Houve um minuto de silêncio. Que diabo que pergunta era aquela?

— Por que você me deu uma aliança, se não consegue superar uma ex namorada da adolescência? — insistiu, levantando a cabeça.

Ela parou alguns segundos, com a expressão desolada, e acariciou a aliança de prata cheia de pedrinhas preciosas, por baixo da luva de frio.
Castiel havia dado aquela joia, que ela considerava um absurdo de cara, no dia que se mudaram para a nova casa; Ele disse que era um símbolo de seriedade na relação deles, e que quando se casassem de fato, ela veria oque era um aliança. A história do casamento, gerou uma certa comoção, já que Lucy tinha alguma implicância com qualquer cerimônia oficial de casamento.

— Eu te dei essa aliança, porque quero me casar com você. — ele respondeu, meio ríspido — Mas, por algum motivo secreto, você é contra casamento. — completou, cruzando os braços sob o peito.

Lucy virou o rosto para janela, e encostou a cabeça no vidro. Sua touca de frio estava escorregando de seus cabelos, e Castiel achava que ela parecia um elfo quando isso acontecia.

— Meu “segredo”, não envolve um ex namorado. — ela respondeu, com a voz quase mórbida, e voltou a dirigir.


Depois disso, o silêncio entre os dois foi quase mortal. Não se existiu na face da terra, uma ida ao mercado tão tensa.


...


— Acho que o problema todo, é a comunicação. — Lysandre falou, cheio de seriedade, enquanto levava o chá para a sala.

Depois da ida ao mercado mais macabra de sua vida, Castiel foi ver Lysandre, afim de desabafar e tentar colocar as ideias no lugar. Por incrível que pareça, seu amigo havia firmado um relacionamento com Natalie, e agora, era muito fácil falar de Lucy com ele.

— Comunicação?! — Castiel perguntou, jogado no chão da sala.

Agora, o sofá não estava mais ali, apenas um tapete, e vários quadros espalhados, alguns em cavaletes e outros apenas escorados na parede. O apartamento realmente havia virado uma espécie de ateliê.

— É cara, vocês precisam colocar pra fora. — o moreno insistiu, oferecendo uma xícara para Castiel.

O ruivo não aceitaria beber chá, mas estava realmente frio, e Lysandre era bom em preparar essas bebidas de gente fresca. Deveria ser algo em uma genética inglesa.

— Se ela botar alguma coisa pra fora, vai ser meu fígado, com um bisturi. — ele respondeu meio amargo, observando seu chá.
— Para de exagero, a Lucy não é agressiva. — Natalie respondeu, vindo do corredor.

Castiel virou-se para ela, afim de ouvir oque a morena tinha a dizer. Agora que Natalie estava com Lysandre, ela era bem menos insuportável, na opinião do ruivo.

— Hm, não sei se posso concordar com isso. — Lysandre opinou, cruzando as pernas, no banquinho onde estava sentado.

Natalie ignorou o comentário do namorado, e debruçou na bancada na cozinha, ficando de frente para Castiel.

— Pelo que eu percebi, tem muita coisa não resolvida entre vocês. — Ela começou, fazendo Lysandre assentir silenciosamente que sim  — E vocês, ao invés de abordar o assunto, abafam o caso. Vão deixando o barco cheio de problemas seguir o curso, sem direção. — explicou-se, indo se servir de chá.

Castiel bebeu seu chá, e refletiu por alguns segundos.

— Mas ficar remoendo o problema, não ajuda em nada. — ele chegou a conclusão, frustrado.
— Não é remoer, é resolver. Colocar em pratos limpos, pra seguir em frente. — Natalie respondeu, de costas na cozinha.
— Discutir o drama até os dois ficarem arrasados? Não vejo isso como solução. — o ruivo insistiu, perplexo.

Lysandre revirou os olhos, parecendo estar realmente cansado.

— Mulheres, não são como os homens Castiel, você já deveria saber disso. — o moreno respondeu, ganhando um sorriso de sua namorada.
— Vocês tão confabulando contra mim, só pode! — Castiel respondeu, perplexo com o entrosamento dos dois.

Se antes ele achava apenas Natalie esquisitona, agora Lysandre também estava no páreo. Eram realmente maravilhosos, casal de esquisitões.

— Lucy além de ser mulher, é canceriana, Castiel. — Natalie começou, segurando sua xícara de chá cheia de autoridade —  Essa é uma combinação muito delicada. Lucy é do tipo, acumuladora de sentimentos, ela vai guardando pequenas mágoas, pequenos assuntos não resolvidos, e quando aparece um problema de proporção considerável, ela já tá’ fragilizada e estressada de tanta coisa guardada. — explicou por fim.

Castiel cerrou os olhos, e encarou a garota. Como diabos ela sabia de tanta coisa?

— Concordo. — Lysandre, opinou, assentindo consigo mesmo.
— Desde quando vocês são amigas? — o ruivo perguntou, cético.
— Sou taurina. — a morena respondeu dando de ombros.

Aquilo não respondeu sua pergunta, então ele resolveu ficar em silêncio e refletir sobre oque ela havia dito... Não poderia discutir, oque a esquisitona falava sobre Lucy se encaixava bem na situação toda.

— Então, eu só tenho que chegar e abrir meu coração? — o ruivo perguntou, mesclando a seriedade com ironia.
— Basicamente. — Natalie respondeu, dando a volta na cozinha para ir até a sala.

Lysandre e Castiel ficaram conversando trivialidades, enquanto Natalie dava pequenos retoques em um quadro quase tão grande quanto ela.

Acabou almoçando uma comida chinesa que estava guardada na geladeira da noite passada, e percebeu que passar o tempo com os dois era uma boa coisa. Natalie de certa forma, também era sua amiga agora. Continuava esquisitona, andando por ai com roupas manchadas de tinta sem se importar, e com o cabelo mais curto do que nunca, mas era uma esquisitona legal. 

Quando deu por si, já se passavam das 16h.

— Pessoal, eu preciso ir, daqui a pouco a neve noturna começa e vou ficar preso pelo meio do caminho. — avisou, levantando-se do chão de supetão.

Natalie acenou para ele, de costas, com a atenção voltada para o quadro, e Lysandre o acompanhou até a porta.

— Valeu por tudo cara. — Castiel agradeceu, rapidamente.
— Mano, escuta. — o moreno falou, segurando-o pelo ombro.

Castiel parou, e se virou de volta para o outro. Trocaram aquele olhar cúmplice, de amigos, e ficou óbvio que alguma coisa séria, iria ser dita.

— Você não acha que ta na hora dela saber oque houve? — perguntou, fazendo uma leve careta receosa — Tipo, coisas não resolvidas entre vocês vai acabar com o relacionamento, e, será que vale a pena vocês se desgastarem por algo que você diz já ter superado?! — perguntou, retoricamente.

— Ela sempre foi tão segura e madura... Não achei que fosse algo que... Fizesse diferença. — o ruivo comentou, parecendo distante.

Lysandre deu um sorriso de compreensão. Desse tipo, que os professores dão quando seus aluninhos chegam a uma conclusão óbvia sobre a matéria.

— Poderia se tratar da Mulher-Maravilha, cara, mas se é uma pessoa em um relacionamento com amor, ela vai querer saber oque te incomoda, ou porque você age feito um imbecil. — explicou, em um tom casual.

Castiel fez um expressão amarga para o amigo, devido ao ‘imbecil’, mas acabou dando um pequeno sorriso de agradecimento.

— Valeu cara. — agradeceu mais uma vez, e se deram um soquinho com as mãos, de despedida.



...


— Você também deveria contar pra ele, porquê repudia tanto casamentos. — Alexy comentou, com os olhos no notebook.

Depois das compras, Lucy chamou Alexy e Rosalya, para sua casa. Ele iria escolher a playlist da festa, e ajudaria Rosa com a decoração. Os dois estavam batendo cabeça pra resolver os pequenos detalhes, enquanto Lucy adiantava o bolo e tagarelava sobre Castiel.

— Mas isso não é importante! — a loira resmungou, apontando a espátula para Alexy.
— Parece ser importante pra ele. — o amigo insistiu, puxando as pernas para cima da bancada, ainda com a atenção no notebook.
— Ok amiga, vou falar muito sério agora. — Rosalya começou, chamando atenção dos dois — Você parece uma mulher muito amargurada e sem esperanças, com todo esse desespero contra casamentos. — confessou, agarrada a um rolo de tecido, na porta da cozinha.

Lucy escancarou a boca, e quase deixou seu queixo cair dentro da massa do bolo.

— Uma mulher precisa querer se amarrar judicialmente com alguém, pra ser esperançosa? — a loira perguntou, perplexa — Rosa, o casamento precisa de duas testemunhas. — esbugalhou os olhos, fazendo Alexy rir — Você já notou que tudo que envolve testemunha, é ruim? É como se fosse um crime! — completou, exasperada.

Alexy colocou o notebook de lado, para rir quase que desesperadamente, e Rosalya entrou na cozinha, muito séria, carregando o seu rolo de tecido.

— Amiga... — Rosalya começou, mas Lucy puxou um tabuleiro de aço do armário, e o bateu com tanta força em cima da pia, que o barulho calou a morena de cabelos prateados.
— Estávamos falando, do porque o Castiel não me conta nada sobre o caso entre ele Nathaniel e Debrah, e vocês reverteram a conversa pra como o Castiel se sente, sobre eu não gostar de casamentos. — a loira tagarelou, jogando a massa do bolo na forma — Vocês são amigos de quem? — ela perguntou, virando-se para os dois com a forma nas mãos.

Rosalya estava com a expressão meio chocada, e agora, Alexy olhava as duas sem achar a menor graça.

— Somos amigos de vocês dois. — Alexy respondeu, em um sussurro magoado.
— Talvez ele precise de tempo, Lucy... — Rosalya ponderou, pendendo a cabeça para o lado levemente.

Lucy abriu o forno e enfiou a forma lá dentro, quando voltou-se novamente para os amigos, notou uma terceira companhia na cozinha.

Castiel havia chegado, e estava parado, olhando-os, na porta da cozinha.

Houve uma pausa pra lá de dramática, onde os dois se encararam com tanta intensidade, que Alexy e Rosalya, sentiram vontade de sair correndo.

— Pra onde vai esse tecido? — Alexy perguntou a Rosalya, pulando da bancada rapidamente.

Era óbvio que ele estava querendo melhor o clima, disfarçar e sair fora.

— Pro painel de aniversário, claro. — Rosalya respondeu, entrando na jogada.

Ela desenrolou o grande rolo revelando metros, e metros de tecido rosa champanhe.

— Ah, ótima ideia escolher crepe, é um tecido pesado, porem fluido, não vai ficar escorregando, e ainda vai ter aquela leveza. — o garoto comentou, acariciando o tecido sutilmente.
— É, não é? — Rosalya respondeu demonstrando uma certa animação — Também escolhi alguns adereços vermelhos, pra decoração não ficar muito infantil com esse tom de rosa tão suave...

Os dois saíram da cozinha conversando amenidades sobre a preparação festa, como se nada tivesse acontecido. Como se aquele climão não estivesse implantado entre Lucy e Castiel.

A loira começou a limpar a bancada, a pia, lavar a louça, enquanto colocava algo a mais no fogo. Castiel foi até a geladeira, pegou uma cerveja, encostou-se na bancada onde Alexy estava previamente, e ficou observando Lucy trabalhar por poucos segundos.

Ela fingiu que ele não estava ali, e continuou suas tarefas, até que em sua agitação, acabou trombando o quadril nele.

— Quer ajuda ai? — ele perguntou, meio sem jeito, vendo como ela estava esbaforida.

Ela negou com a cabeça, e foi saindo da cozinha. Castiel a segurou pelo braço.

— Você não vai começar com isso né? — ele perguntou, parecendo cansado.
— Com que? — ela perguntou, azeda.

Castiel não sabia se ficava com raiva, ou excitado. Ela era uma gracinha quando fazia aquele biquinho... E isso somado a blusinha de alças sem sutiã, o shortinho jeans e as meias felpudas que ela usava... Uma mistura perigosa de fofura com sensualidade.

— Quando você ta com raiva de mim, e começa a limpar tudo! — ele soltou o braço dela e começou a gesticular — Ai você fica super cansada quando chega a noite, deita e dorme que nem uma pedra e eu fico acordado boladaço. — tagarelou, levemente exasperado.

Lucy franziu suas sobrancelhas delicadas, e cruzou os braços. Ela parecia estar ponderando oque ele falava.

— Não percebi que eu fazia isso. — comentou, parecendo realmente sincera — Mas a casa precisa ser limpar de qualquer forma  — explicou, cruzando os braços — Meu aniversário é amanha, então, preciso deixar as coisas prontas. — completou, dando um suspiro.

Castiel colocou uma mão na cintura dela.

— Você não precisa fazer essas coisas... Sabe que a gente pode contratar alguém pra fazer tudo. — ele falou suavemente, tentando uma aproximação furtiva.

— Não é ruim. Eu gosto de cozinhar, você sabe. — ela respondeu, a meia boca, desviando o olhar.

Ah, ela era tão prendada e linda! Ele se inclinou para frente em um rompante, afim de beija-la, mas coisas não eram assim tão fáceis com Lucy; Ela botou a mão no rosto dele o impedindo de consumar o ato.

— Ah, qualé! — ele retrucou, com a voz abafada pela mão dela.
— Ainda to com raiva de você. — ela confessou, tirando a mão do rosto dele, e dando um passo para trás.
Aaah! — ele resmungou, jogando as mãos para o alto — A gente não pode só transar, e ai fica tudo bem? — perguntou, desolado.

Lucy ignorou completamente a ultima frase dele, botou as mãos nos quadris, e o encarou seriamente. Ele resmungou novamente, agitado. Sabia que ela estava remoendo aquela historia chata que envolvia ele Nathaniel e Debrah.

— Você quer mesmo falar sobre isso? — ele perguntou, derrotado.

Ela assentiu.

— Tenho duas considerações a fazer. — ele anunciou, arqueando uma sobrancelha.

Lucy semi cerrou os olhos desconfiada, normalmente era ela quem fazia as considerações nas D.R’s.

Com a convivência, conseguiram adquirir esse jeito pra lá de singular de “discutir a relação”. No princípio Castiel achou muito sistemático e meio mecânico, mas com o tempo ele percebeu que era o único jeito pacífico e racional, que duas pessoas com personalidades tão fortes e diferentes, poderiam resolver alguma coisa.

— Vou te falar sobre a treta com o Nathaniel, mas você também vai me falar por que abomina tanto os casamentos. — ele anunciou, com as mãos para trás do corpo, em uma pose bastante profissional.
— Me parece justo. — ela assentiu, mais maleável — E qual a segunda consideração? — perguntou, novamente desconfiada.

A pose profissional dele se desfez completamente, o cinza de seus olhos ganharam um brilho tão intenso, que por um segundo pareciam prateados, e um sorrisinho maroto tomou conta de seu rosto.

— Vamos transar, agora? — ele perguntou, puxando pela cintura.

Ele a levantou em seu colo, e começou a beija-la no pescoço, tão afobado que ela começou a sentir cócegas, e esperneava enquanto ria.

Lucy se segurou no pescoço dele, pois ele a segurava de forma que seus pés não tocavam mais o chão; Sem avisos, ele a colocou por cima da bancada da pia, e alguns objetos como, tabuleiros e travessas, acabaram caindo dentro da pia, fazendo barulho.

Com o barulho ela se sobressaltou, e parou de rir. Ele estava entre as pernas dela e segurando seus quadris no bancada, com os olhos fixos nos dela. Ela estava ofegando levemente, e seus olhos anteriormente rígidos, estavam da cor de chocolate derretido.

— To com saudades... — ele sussurrou, passando a mão para dentro do shorts dela.

Ela apertou os olhos, e fechou as pernas, impedindo-o de avançar com aquela mão perigosa.

— Você ta me ludibriando... — ela resmungou, tão doce que nem parecia aquela mulher estressada de segundos atrás.
— Para de ser tão orgulhosa... — ele mandou, olhando-a fixamente nos olhos — Abre as perninhas amor, eu faço daquele jeito que voc-

E, foram interrompidos gloriosamente!

— Gente, tudo bem? — era a voz de Rosalya, entrando na cozinha.

Lucy empurrou Castiel de forma tão brusca e inesperada, que conseguiu pular da bancada e se afastar dele em um supetão impressionante.

— Tudo, tudo bem. — Lucy respondeu em um rompante constrangido.

Ela deu um sorriso nervoso para Rosalya, que sorriu de volta, maliciosamente, entendendo oque estava acontecendo ali.

Uh, vocês dois hein! — Alexy exclamou, aparecendo nas costas de Rosalya.

Castiel não fez cara feia, ele só se escorou na bancada e cruzou os braços, enquanto lançava olhares cínicos para Lucy, que tentava ignora-lo.

— A gente não queria atrapalhar sério! — Rosalya anunciou, séria — Mas é bom saber que vocês já fizeram as pazes... — completou, lançando o sorrisinho malicioso que deixava Lucy roxa de vergonha.
— Oque vocês querem?  — Castiel perguntou, em um tom muito casual.
— Ah, a gente só veio ver se tava tudo bem... — Alexy começou, andando pela cozinha, até seu notebook na bancada — Ouvimos uns barulhos lá de fora, e pensamos que vocês tavam se matando aqui dentro. — explicou, dando um sorriso polido, com o notebook nos braços.

Rosalya pigarreou, e sorriu também.

— Mas já que não estão quebrando a casa, a gente volta pros nossos afazeres e vocês podem voltar pros seus! — a morena de cabelos prateados falou, acenando para Alexy sair da cozinha.
— Desculpa mais uma vez por atrapalhar gente! Por favor, continuem. — Alexy falou, em um tom brincalhão.
— Não tudo bem, eu vou com vocês. — Lucy falou, apressando-se para sair da cozinha — Preciso ajudar a organizar as coisas. — completou, alcançando os dois.
— Não, não. Você fica. — Rosalya mandou, segurando-a pelos braços, e virando-a de volta, na direção de Castiel.

O ruivo por sua vez, observava os três com uma expressão muito tranquila.

— Pode deixar Rosalya. — Castiel falou, mas seus olhos estavam em Lucy .
— Acho bobeira você ficar evitando ele. — Alexy deu sua opinião, fazendo Rosalya assentir com ele. — E além do mais, você tem uma panela no fogo ai. — completou.
— Pois é, bobeira não é?! — Castiel comentou, dando um sorriso meio maldoso — Não se pode evitar o marido pra sempre. — ele explicou, dando uma golada em sua cerveja.

Lucy ficou rígida com aquela palavra, “marido”. Rosalya e Alexy ficaram parados ao lado da amiga, esperando para ver se ela teria uma crise, e nesse tempo, Castiel passou ao lado deles, e muito deliberadamente falou:

— A gente se vê mais tarde, na cama, amor.
 
...


Marcou-se 22:15 e toda a decoração havia sido feita, Alexy e Rosalya foram embora, prometendo que chegariam cedo no dia seguinte para ajudar a fazer alguns salgadinhos e canapés.

Lucy se despediu dos amigos, e voltou para a cozinha. Estava cansada, queria tomar um banho quente e esticar o corpo, mas ainda estava constrangida demais com Castiel depois daquela história de “marido”; Fala sério, ela estava fazendo 24 anos, que tipo de mulher forte e independente, arruma um marido com 24 anos?

Foi mecanicamente até o forno, retirar o bolo já frio de lá de dentro. Desinformou-o, e observou a textura, tão distraída, que se assustou quando ouviu o barulho de Castiel ao seu lado, fechando a geladeira.

Ela quase deu um pulo, e ele mostrou a garrafa de água para ela.

— É só a inofensiva água da geladeira, Lucy, não oferece risco a sua vida. — ele comentou, cheio de ironia.

A loira fez uma expressão azeda para ele, e se esticou para pegar a batedeira no armário a cima da bancada.

Ele assistiu ela se esticar para pegar o utensílio por alguns segundos, enquanto bebia sua água.

— Vi que eles foram embora agora pouco. — começou, despretensiosamente — Não acha que já ta tarde? Dá pra confeitar esse bolo amanha. — completou, fazendo-a desistir de pegar a maldita batedeira.
— Vou aproveitar que to de férias, e colocar esses armários mais baixos. — ela reclamou, cruzando os braços.
— É assim que você comunica ao seu marido, que vai fazer uma reforma na casa? — ele perguntou, com um olhar afiado.

Era óbvio que estava querendo provoca-la, e ela não poderia deixar-se afetar.

— É assim que meu marido, foge do acordo que fizemos mais cedo? — ela perguntou, cheia de ironia, quase engasgando na parte do “marido”.

— Eu iria pedir pra você repetir a parte do marido, mas acho que se você falar isso de novo vai ter um derrame. — ele ressaltou, em um tom bem descontraído.

Lucy respirou fundo, guardou o bolo novamente e foi saindo da cozinha a passos fundos.

Ela entrou no quarto, encontrando o ps4 ligado, com o joystick jogado em cima da cama. Claro que Castiel estivera jogando vídeo-game a tarde toda enquanto ela corria pra lá e pra cá pra arrumar sua festa. Isso só a irritou ainda mais. Se bem que, quando ele tentava ajudar era ainda pior, ainda bem que era rico, porque se precisasse fazer as coisas por si mesmo, morreria! Lucy respirou fundo e tirou esses pensamentos venenosos de sua mente, estava com raiva e ressentida, não deveria ficar inflando a negatividade.

Entrou no banheiro, ligou a água quente da banheira, e se olhou no espelho. Aquela era a Lucy que conhecia? Nunca estive com a pele ou o cabelo mais bonito... Aquela era a Lucy, filha de uma mulher sofrida e independente, que a criou sozinha? Aquele era seu legado?

Oque estava fazendo com sua vida, afinal? Morando com um cara podre de rico, de férias, fazendo uma festança de aniversário! Ah, deuses, se sua mãe descobrisse que ela estava vivendo essa vida, chamaria ela de encostada e preguiçosa, e teria que lidar com isso pelo resto da vida!

Se despiu e entrou na banheira com água quente. A água estava na altura de seus seios, e os sais de banho deixavam um cheiro agradável no ar; Desta forma, começou a relaxar o corpo, e fechou os olhos.

— Amor? — a voz de Castiel fez Lucy quase pular da banheira.

Ela se ajeitou novamente, e olhou para Castiel de lado, com uma expressão pra lá de sofrida. Ele estava parado na soleira da porta do banheiro, e parecia estar ali há um bom tempo.

— Minhas brincadeiras te ofenderam tanto assim? — ele perguntou, com uma careta de quem estava se sentindo o homem mais culpado do mundo — Não foi minha intenção, eu juro. Só queria te deixar sem graça, e ver suas bochechas vermelhinhas. — explicou-se, entrando no banheiro lentamente.

Lucy negou com a cabeça, e afundou na banheira quase que completamente, ficando com água até a altura do queixo.

— São outras coisas também. — ela confessou, olhando para ele de baixo pra cima.

Castiel se abaixou e sentou-se em cima do carpete, ao lado da banheira.

— Pode falar. Vamos conversar. — ele falou por fim, dando um suspiro meio cansado no final.
 — Vou dividir o problema em três tópicos. — ela começou, erguendo-se da banheira o suficiente para a água voltar a altura de seus seios.

Castiel rolou os olhos e assentiu. Claro que ela teria que dividir e classificar os problemas, claro que sim, se tratava de Lucy, ela era irritantemente metódica, mas ele gostava da organização, as vezes.

— Primeiro tópico, você já sabe, o seu problema com Nathaniel. Segundo tópico, meu problema com casamentos, e terceiro tópico minha mãe vai chegar pro meu aniversário amanha. — ela assinalou, agitando as mãos na água, e observando as bolhas que se formavam.

Castiel enfiou a mão na banheira, e segurou as mãos dela para que a loira parasse com agitação na água.

— Tudo bem, ta tudo bem. — ele garantiu, com um olhar incentivado para ela.

Ela assentiu, ele soltou a mão dela, e acabou ficando escorado na beirada na banheira.

— Vamos por partes... Por que sua mãe vir pro seu aniversário, é um problema? — ele perguntou, meio descontraído — Finalmente vou conhecer a sogrinha! — completou dando um sorriso.

Lucy tentou sorrir também, mas fez um careta.

— Acho que eu que deveria ta nervoso com isso. — ele comentou, como se apenas agora estivesse realmente pensando no assunto.
— Minha mãe, ela... Hmm. Tem conceitos bem formados quanto as mulheres. — ela explicou, desviando o olhar.

Castiel demorou cinco segundos pra entender oque aquela frase queria dizer.

— Deixa eu adivinhar, essa coisa de você abominar casamentos tem a ver com a sua mãe. — ele arriscou, com uma sobrancelha erguida.
— É... — ela respondeu meio sem jeito.

Castiel deixou sua boca abrir levemente, e estalou a língua nos dentes.

— Os cosmos não estão colaborando comigo! — ele começou, naquele tom que as pessoas sempre achavam que era de irritação, mas Lucy sabia que era gracinha dele — Com uma mulher braba dessas, a mãe tinha que ser um amor. Mas não, eu arrumo uma Lucy, e uma sogra feminista! — completou, olhando-a de lado rapidamente.

Lucy deu uma risadinha, e mostrou a língua rapidamente.

— Não é tão ruim assim. — ela começou, encolhendo-se na banheira — Eu só não quero decepcionar ela, sabe? E ser aquele tipo de mulher que ela me educou, pra não ser. — explicou, parecendo muito fragilizada.

Castiel ficou alguns segundos em silêncio, em respeito ao receios de sua amada. Ela parecia tão... Singela, e sensível. Não mereceria sofrer pelas coisas que ele não queria falar só por ciúmes e orgulho.

— Tenho certeza que quando sua mãe nos ver juntos, vai entender que oque tem entre a gente, é maior do que conta bancária e status social. — garantiu, parecendo muito mais seguro do que realmente se sentia.

Lucy deu sorrisinho meio triste, e suspirou.

— É mais ou menos por isso que detesto casamento. A minha mãe foi obrigada a se casar com quinze anos, pra salvar a família da pobreza. Parece ridículo, não é? Parece uma história de séculos atrás, mas o interior de uma cidade há quarenta anos atrás, ainda era retrógrado. — suspirou, parecendo desconfortável por estar falando aquilo —  Depois de três anos casada, descobriu que estava sendo traída. Na verdade, ela pegou no flagra, ai ela largou ele. — deu de ombros, com um fio de voz.

Castiel assentiu, dando razão ao fato de sua sogra ter deixado o marido safado.

— Ele era um canalha, ela foi certa em largar ele. — ele apoiou, seriamente.
— É, mas... Há quarenta anos atrás, em uma família tradicional do interior... — Lucy abaixou a cabeça — Na época não existia nem o divórcio ainda, era o chamado desquite. Mulheres “desquitadas”, não conseguiam emprego, tinha uma fama terrível, e ninguém as levava a sério. — completou, olhando a ondulações na água.

— Como ela conseguiu dar a volta por cima? — Castiel perguntou, intrigado.
— Ela se mudou. — Lucy deu um sorriso misterioso — Veio pra França morar com a meia irmã. — contou, lançando um olhar sapeca para o ruivo.

Castiel arregalou os olhos, meio chocado.

— Pera, sua mãe não é francesa? — ele perguntou, perplexo — Você é francesa? — perguntou novamente, curioso — Com não sei dessas coisas? — estava chocado.

Ela deu uma rápida risada, compreensiva.

— Não costumo falar disso, não gosto de contar pros outros os problemas pessoais da minha mãe! — explicou, meio emburrada.
— Ok, ta legal. — ele respondeu, levantando as mãos em rendimento — Prossiga seu relato. — completou, com um pequeno sorriso gentil.
— Minha mãe não é francesa, mas o pai dela era. Ele era militar engravidou minha avó lá no Brasil, e voltou pra França pra ficar com a família dele. Depois que ele morreu, a meia irmã da minha mãe entrou em contato com ela, e ela veio morar com ela. — contou sem muito interesse.

Castiel tentou assimilar toda a informação, e fez as contas. Pelo que Lucy havia contado, ela não era filha do primeiro casamento de sua mãe, se fosse teria quase quarenta anos. O pai que Lucy nunca falava sobre, e aparentemente nutria um certo rancor, era outro cara, talvez o segundo marido; Definitivamente, sua sogra tinha dedo podre pra homem.

— Sim, Castiel, eu sou francesa. — ela respondeu, revirando os olhos — Mas, o caso é que, o casamento em si não é um sinal de boa coisa pra gente... Esse pedaço de papel trouxe muita complicação e sofrimento pra minha mãe... E ela sempre foi o exemplo de mulher forte e independente pra mim, então, eu sempre detestei o matrimonio legalizado por associação. — explicou por fim, aparentando realmente muito cansado por estar falando daquilo.
— Entendi. Você não quer sentir que tá traindo os princípios de vocês. — ele assentiu, compreensivo.

Lucy assentiu, dando um sorriso afetado. Era incrível como Castiel conseguia ser compreensivo e adorável em um momento, e  abominável  em outro.

Castiel ficou em silêncio por alguns segundos, e neste meio tempo em que ele refletiu, Lucy acabou cochilando na banheira; Então, ele apanhou uma toalha de banho, para  pegar Lucy no colo e leva-la para cama; Ela ainda resmungou alguma coisa, querendo que ele contasse sobre a misteriosa confusão “ Nathaniel, Castiel e Debrah”, mas ele não queria que ela dormisse tarde. Entendia que ela estava mental, e fisicamente cansada, merecia dormir. No outro dia, contaria tudo a ela.
Lucy merecia saber, mas por enquanto sua rainha estressadinha, precisava descansar.


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Notas finais do capítulo

Então, a pedidos,fiz mais uma pequena mudança no escript e ainda não terminei a fanfic! Aguardem pelo menos mais dois capítulos depois desse!

Comentários sempre são bem vindos!sz'



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